EFEITOS DA APLICAÇÃO DE SUCO DE AGAVE (Agave Sisalana) E URINA DE VACA, CURTIDOS SOBRE PLANTAS DE ALGODOEIRO COLORIDO VERDE

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1 EFEITOS DA APLICAÇÃO DE SUCO DE AGAVE (Agave Sisalana) E URINA DE VACA, CURTIDOS SOBRE PLANTAS DE ALGODOEIRO COLORIDO VERDE Francisco Kerles Ramalho (Faculdade de Agronomia de Pombal FAP / agroafb@bol.com.br), Artur Franco Barrêto (FAP), João Rodrigues de Sousa (FAP), Aristarco Dias de Araújo Filho (FAP), André Japiassú (FAP), Norono Pedrosa Lacerda (FAP), Pablo Sobral Dias (FAP), Rondynelli Sobral Dias (FAP); Luiz Erlon Leandro Zógob (FAP), Ivanildo Freire de Medeiros (FAP). RESUMO - Avaliaram-se os efeitos fitotóxicos da aplicação de suco de Agave sisalana e urina de vaca, curtidos, (SCASUV) sobre plantas de algodoeiro colorido cultivar BRS verde. O experimento (DIC com seis tratamentos e cinco repetições) foi realizado no município de Pombal, Paraíba, no período de abril a maio de Aos 20 dias após a emergência as plantas foram pulverizadas com misturas de suco de Agave sisalana e urina de vaca nas concentrações (agave, urina de vaca): (0, 0) (35, 1); (50, 0,8); (65, 0,6); (80, 0,4); (95, 0,2) %. Após 48 horas da aplicação verificou-se a fitotóxidade utilizando uma escala de notas (intensidade dos sintomas), calculou-se ainda o percentual de plantas afetadas. Todas as plantas apresentaram sintomas de fitotóxidade; as que receberam as concentrações (65, 0,6) e (80, 0,4)% foram as mais afetadas, ficando os efeitos de acordo com a escala de notas, como baixa e média; as plantas pulverizadas com a concentração (35, 1)% foram as menos afetadas; fitotóxidade muito leve. Essa queima se deve provavelmente ao ph ligeiramente ácido e das proporções das substâncias encontradas na análise fitoquímica: taninos, alcalóides, saponinas e cumarinas e a urina de vaca que é rica em N e K. Palavras-chaves: agave, biofertilizante, fitotoxidade. EFFECTS OF THE APPLICATION OF TANNED AGAVE (Agave Sisalana) JUICE AND COW URINE, ON PLANTS OF GREEN COLORED COTTON ABSTRACT - Studies were carried out to evaluate the phytotoxic effects of the application of tanned Agave (Agave Sisalana) juice and cow urine on plants of colored cotton plant cultivar green BRS. The experiment (completely randomized design, with six treatments and five repetitions) was accomplished in the district of Pombal, Paraíba, in the period of April to May of 2005.To the 20 days after the emergency, the plants were powdered with mixtures of tanned agave juice and cow urine in the concentrations (agave, cow urine): (0, 0) (35, 1); (50, 0,8); (65, 0,6); (80, 0,4); (95, 0,2)%;. After 48 hours of the application the phytotoxicity was verified using a scale of notes. It was still calculated the percentage of affected plants All the plants presented phytotoxicity symptoms; the ones that received the concentrations (65, 0,6) and (80, 0,4)% were the most affected, classified as low and medium; the powdered plants with the concentration (35, 1)% had been the less affected ones; (very light phytotoxicity). That burns were probably owes to the ph lightly acid and the ratio of the substances found in the phitochemistry analysis, and the cow urine that was rich in N and K. Key words: agave, biofertilizer, phytotoxicity.

2 INTRODUÇÃO O algodoeiro devido aos produtos e subprodutos que dele resulta nas indústrias têxteis e extrativistas, tem a sua exploração revestida de ampla importância sócio-econômica no contexto das regiões produtoras (ARAÚJO et al., 1997). O algodão de fibra verde é mais valorizado no mercado internacional, além de ser um produto ecologicamente correto já que dispensa o tingimento artificial que polui o meio ambiente (CARVALHO et al., 2004). O suco, ou extrato, obtido durante o desfibramento do agave (Agave sisalana Perrine) mostrou atividade anti-helmíntica com relação ao nematóide de galhas do tomateiro (GONÇALVES JÚNIOR, 2002), constituindo essa informação em um acréscimo aos relatos de atividades biocidas (PIZARRO, 1998). A urina de vaca devido a sua composição rica em N e K, baixo custo, efeito rápido, fácil aquisição, e por melhorar a qualidade dos produtos colhidos constitui-se um excelente biofetilizante. Além do mais, tem proporcionado o controle de fitodoenças (GADELHA e CELESTINO, 1992). No entanto, leva-se em consideração o fato de que os produtos utilizados no controle fitossanitário são benéficos à cultura quanto ao controle de pragas e patógenos, porém podem apresentar efeito fitotóxicos, até mesmo aqueles originados de plantas e animais (CARVALHO et al., 2002). O presente estudo foi realizado com o objetivo de avaliar o efeito fitotóxico da aplicação de diferentes concentrações de suco de Agave sisalana e urina de vaca, curtidos, em plantas de algodão colorido da cultivar BRS verde. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado nos laboratórios e casa de vegetação da Faculdade de Agronomia de Pombal, Pombal, PB, no período de abril a maio de As sementes de algodão colorido, cultivar BRS verde, foram adquiridas no Centro Nacional de Pesquisa do Algodão (Embrapa Algodão), Campina Grande, PB. O suco empregado foi procedente do município de Monteiro, PB, obtido a partir da mucilagem resultante do desfibramento manual das folhas de Agave sisalana, a urina de vaca foi coletada pela manhã e deixada para curtir a sombra, por um período de 72 horas. Na casa de vegetação o plantio do algodoeiro realizou-se em vasos, sendo as sementes colocadas a 1,5 cm de profundidade em substrato constituído por areia e matéria orgânica mineralizada. No quinto dia após a emergência, realizou-se o desbaste, deixando cinco plantas por vaso. O suco foi empregado um ano depois (suco curtido) da sua extração, sendo definidos os seguintes tratamentos (diluições): T = testemunha (plantas não tratada); SCASUVd1 = 35% de suco curtido de Agave sisalana + 1% de urina de vaca + 64% de água destilada (ph = 4,4); SCASUVd2 = 50% de suco curtido de Agave sisalana + 0,8% de urina de vaca + 49,2% de água destilada (ph = 4,4); SCASUVd3 = 65% de suco curtido de Agave sisalana + 0,6% de urina de vaca + 34,4 % de água destilada (ph = 4,3); e SCASUVd4 = 80% de suco curtido de Agave sisalana + 0,4% de urina de vaca + 19,6% de água destilada (ph = 4,3); SCASUVd5 = 95% de suco curtido de Agave sislana + 0,2 % de urina de vaca + 0,8% de água destilada (ph = 4,3). As aplicações efetuaram-se em plantas com 20 dias após a emergência, por meio de pulverizações realizadas com auxílio de um borrifador manual. Cada diluição foi aplicada na razão de 200 ml por grupo de 5 plantas de algodoeiro. Segundo a análise fitoquímica do suco, realizada, no laboratório de Farmacotecnia do Curso de Farmácia da

3 UEPB/Campina Grande, PB, foram constatados taninos, alcalóides, saponinas e cumarinas na composição destes. Os efeitos fitotóxicos foram avaliados nas folhas 48 horas após a aplicação, atribuindo-se notas de acordo com a intensidade dos sintomas, conforme a escala proposta pelo Comitê de Métodos do Conselho Europeu de Pesquisa sobre Plantas Daninhas (EWRC, 1964): 1 = Nulo; 2 = Muito leve; 3 = Leve; 4 = Baixa; 5 = Média; 6 = Quase-forte; 7 = Forte; 8 = Muito forte; 9 = Total (Destruição completa). O delineamento estatístico foi o inteiramente casualizado com seis tratamentos e cinco repetições. Para a efetivação da analise de variância os dados de plantas afetadas, foram transformados em arco seno X / 100. As médias dos testes referentes a fitotoxidade foram comparadas pelo teste de Tukey (p = 0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os efeitos dos tratamentos foram significativos em todas as aplicações, quanto à percentagem de plantas afetadas com sintomas de fitotoxidade, e quanto à intensidade da fitotoxidade (Tab. 1). Estudando a aplicação de sucos de agave de dois genótipos diferentes (Agave sisalana e do Agave híbrido 11648) sobre plantas de algodoeiro (BARRÊTO, 2003) verificou efeito semelhante, ao aplicar os sucos puros em plantas com 10 e 35 dias após a germinação. Para a variável percentagem de plantas afetadas (Tab. 2), 100 % das plantas foram afetadas sendo esses tratamentos iguais entre si. Esses resultados se assemelham aos obtidos por Barrêto, (2003), quando testou a aplicação de sucos puros de Agave híbrido em plantas com 10 dias depois de germinadas. Essa queima se deve provavelmente ao ph ligeiramente ácido do suco de agave e das proporções das substâncias encontradas na análise fitoquímica: taninos, alcalóides, saponinas e cumarinas Segundo Ferreira (1995) a urina de vaca, que é rica em N e K, e que, provavelmente, associada ao suco de agave, tenha contribuído para os efeitos fitotóxicos nas plantas. Os valores de fitotoxidade do suco curtido de Agave sisalana nas plantas de algodão encontram-se na Tabela 2. Na aplicação do suco aos 20 dias após a germinação, as plantas que receberam as diluições SCASUVd3 e SCASUVd4 foram iguais entre si e as que mais sofreram queimaduras (notas = 4,4 e 5,0), diferindo da testemunha e das plantas tratadas com a diluição SCASUVd1 que foram as menos afetadas (nota = 2,3) pela aplicação das diluições do suco curtido e urina de vaca. De acordo com a escala utilizada (EWRC, 1964), esses valores foram, classificados como baixo a muito leve. Tabela 1. Análise de variância (Quadrado médio) de plantas afetadas pela aplicação do suco curtido de Agave sisalana e urina de vaca aos 20 dias após germinação do algodoeiro colorido, cultivar BRS verde, Pombal, PB, Plantas com 20 dias de idade Fonte de GL Percentagem de plantas com sintomas de Intensidade da fitotoxidade Variação fitotoxidade Tratamentos , 25** 10,48** Resíduo 24 0, ,05 CV (%) 1,7 30,6 ** e * Significativo pelo teste F, a 1% e 5 % respectivamente de probabilidade; ns não significativo.

4 Tabela 2. Resultados obtidos para as variáveis percentagens de plantas afetadas e fitotoxidade para a aplicação de suco curtido de Agave sisalana em plantas de algodoeiro colorido verde aos 20 dias após germinação, Pombal, PB, Diluições com suco curtido de Agave sisalana e urina de vaca 20 dias após a germinação Plantas afetadas % Arco seno X / 100 Fitotoxidade Test. Água destilada 0,00 0,00 b 1,00 c SCASUVd ,54 a 2,32 bc SCASUVd ,52 a 3,30 ab SCASUVd ,53 a 4,40 a SCASUVd ,52 a 5,08 a SCASUVd ,53 a 4,00 ab Dms 0,04 2,01 Test.- Testemunha; SCASUVd1 = 35% de suco curtido de Agave sisalana + 1% de urina de vaca + 64% de água destilada; SCASUVd2 = 50% de suco curtido de Agave sisalana + 0,8% de urina de vaca + 49,2% de água destilada; SCASUVd3 = 65% de suco curtido de Agave sisalana + 0,6% de urina de vaca + 34,4 % de água destilada; e SCASUVd4 = 80% de suco curtido de Agave sisalana + 0,4% de urina de vaca + 19,6% de água destilada; SCASUVd5 = 95% de suco curtido de Agave sislana + 0,2% de água destilada. Médias nas colunas seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey (p = 0,05). Dms - Diferença mínima significativa. CONCLUSÕES 1. Em geral as aplicações provocaram fitotoxidade de muito leve a baixa nas plantas tratadas; 2. Mesmo em baixas proporções o suco curtido de Agave sisalana (35%) em mistura com a urina de vaca (1%) provocou fitotoxidade nas plantas de algodão. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, J. M.; OLIVEIRA, J. M. C.; SANTOS, J. J.; VALE, D. G.; OLIVEIRA, M. L.; CARTAXO, W. V.; SILVA, M. B. Unidade de intervenção: uma estratégia de transferencia de tecnologia para o pequeno produtor. Campina Grande: Embrapa CNPA, p. (Documento, 51). BARRÊTO, A. F. Efeito da aplicação de suco de Agave com relação ao controle de ácaro rajado Tetranychus urticae (Koch, 1836) e a ocorrência de fitotoxidez em plantas de algodoeiro (Gossypium hirsutum L. r latifolium Hutch). Areia: UFPB, Cap. 3. Dissertação (Mestrado em Agronomia)-Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba. Areia. CARVALHO, C. L.; ALVES, V.; DOMINGUES, F. G.; HERNANDEZ-TERRONES, M. G. Propriedades herbicidas dos extratos de sucupira-preta e sucupira-branca. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS, 23., 2002, Uberlândia-MG. Anais... Uberlândia-MG: p 4.

5 CARVALHO, L. P de; BELTRÃO, N. E. de M.; COSTA, J. N.; ANDRADE, F.P.; SILVA, O. R. R. F.da; ARAÚJO, G. P. de; ALVES, I.; Ministério da Agricultura pecuária e Abastecimento, Campina Grande, (Informativo). EUROPEAN WEED RESEARCH COUNCIL. Respost of three third and fouth Medetings of European Weed Research Council committee on Methods. Weed Research, v. 4, p. 88, FERREIRA, E. A. A extração de bovinos e as perdas de nitrogênio nas pastagens tropicais Seropédica: UFRJ, p. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio de Janeiro Seropédica. GADELHA, R. S. S. e CELESTINO, R. C. A. Controle da fusariose do abacaxi através da utilização de produtos orgânicos. Rio de Janeiro:.Pesagro-Rio, p. (Comunicado Técnico 217). GONÇALVES JÚNIOR, H.; Avaliação de extratos de agave no controle de galhas radiculares do tomateiro. Areia: UFPB, p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Centro de Ciências Agrarias - Universidade Federal da Paraíba, Areia. PIZARRO, A. P. B. Utilização do extrato de agave Americana Linnaeus no controle de Boophilus microplus, Veterinária Noticia, v. 4, n. 1, 1998.