Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário

Transcrição

1 Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário

2 Com paralisações, Indicador de Confiança dos MPEs recua 7,8 pontos em junho Depois de oito meses seguidos pontuando acima dos 50 pontos, o Indicador de Confiança dos Micro e Pequenos Empresários recuou em junho de 2018, marcando 46,4 pontos. Na comparação com o resultado do mês anterior, houve um recuo expressivo de 7,8 pontos ou, em termos de variação percentual, de 14,2%. Com isso, reverte-se o ganho de otimismo observado ao longo do último ano, e o Indicador volta a pontuar perto do que mostrava em junho de 2017 (46,9 pontos). De acordo com a metodologia, resultados acima de 50 pontos mostram que otimismo prevalece entre os empresários; resultados abaixo mostram que o pessimismo prevalece. O cálculo do indicador considera o desempenho e as expectativas da economia e dos negócios das micro e pequenas empresas. jun/17 mai/18 jun/18 Indicador de Confiança 46,9 54,1 46,4 Indicador de Condições Gerais 32,2 42,5 33,4 Condições Gerais dos Economia 29,0 39,2 28,8 Condições Gerais da Negócios 35,4 45,7 38,0 Indicador de Expectativas 58,0 62,9 56,1 Expectativas para os Economia 54,0 58,1 49,0 Expectativas para a Negócios 62,0 67,7 63,2 O resultado de junho reflete a paralisação dos caminhoneiros ao final de maio. Por quase duas semanas, a paralização evidenciou a dependência do sistema rodoviário na matriz de transportes do país, um problema estrutural de longa data, e provocou o desabastecimento do varejo, afetando o funcionamento de estabelecimentos pela falta de produtos e pela dificuldade de deslocamento dos clientes. Além do impacto sobre a rotina das cidades, o movimento também chamou a atenção para os elevados preços dos combustíveis e para a excessiva carga de impostos, reforçando a percepção negativa de empresários e consumidores sobre o desempenho recente da economia. Não por acaso, a queda foi mais acentuada no componente que mede o desempenho dos últimos seis meses. Na percepção dos próximos meses, também houve recuo, porém mais moderado, conforme se verá. Sobre a atividade dos setores de comércio e serviços, a CNDL estimou perdas de R$ 27 bilhões como consequência da paralisação. Além disso, as projeções de especialistas para o crescimento

3 do PIB recuaram para menos de 2,0% em março, situavam-se próximas de 3,0%, segundo o Boletim Focus, do Banco Central. Evidentemente, o recuo das expectativas não decorre somente da paralisação, mas também outros eventos, como as oscilações recentes do dólar e as incertezas que são próprias de um ano eleitoral. Em síntese, o novo cenário refletido nos dados de confiança reativa a memória do período mais crítico da crise e pede a atenção para o encaminhamento de gargalos estruturais, como é o caso dos transportes, aumentando à urgência de medidas que injete novo ânimo nos agentes econômicos. Avaliação dos últimos meses Componente que avalia as condições gerais da economia nos últimos seis meses recua de 42,5 pontos para 33,4 pontos O Indicador de Condições Gerais registrou 33,4 pontos, bem abaixo do que se observou em maio (42,5 pontos). O resultado ficou abaixo dos 50 pontos, evidenciando que a maioria notou alguma piora, ao analisar conjuntamente o desempenho da economia e dos negócios. Dentro da avaliação das condições gerais, o desempenho da economia marcou 28,8 pontos, enquanto o desempenho dos negócios marcou 38,0 pontos. Em termos percentuais, 66,4% disseram que a economia piorou nos seis últimos meses em maio de 2018, esse percentual era menor, de 46,3%. Já o percentual dos que notaram melhora foi de 10,6%. No tocante aos negócios, 48,5% disseram que os negócios pioraram, ante 35,9% que tinham a mesma opinião em maio. Outros 16,9% perceberam melhora no seu negócio. Entre os que avaliam que o quadro de sua empresa piorou, 78,1% imputam a piora à redução das vendas por conta da crise. Além desses, 38,1% citam o aumento dos preços dos insumos e matérias primas. Já para aqueles que notaram melhora do seu negócio, 50,4% notaram aumento das vendas; a melhora da gestão da empresa (44,4%); a modificação do mix de produtos e serviços oferecidos (21,5%); e a redução dos custos da empresa (12,6%). Razões para a piora dos negócios % Com a crise, as vendas diminuíram 78,1% Os preços dos insumos, matéria prima e/ou produtos aumentaram 38,1% A inadimplência cresceu 12,4% Independentemente da crise, atuo em um ramo que está em baixa 5,2% Outro 8,8%

4 Expectativas para os próximos meses Expectativas recuam, mas permanecem acima dos 50 pontos. 53% estão confiantes com o futuro dos negócios Quando a análise se detém sobre os próximos seis meses, os resultados também mostraram piora com relação ao último mês. O Indicador de Expectativas, que compõe a confiança medindo o que os empresários esperam para os próximos meses, marcou 56,1 pontos, acima dos 50 pontos, porém abaixo do que se observara no mês anterior e do mesmo mês do ano passado (62,9 pontos e 58,0 pontos, respectivamente). Também nesse caso, quando os empresários olham para o próprio negócio, o quadro traçado é melhor do que quando olham para a economia. No primeiro caso, a pontuação foi de 63,2 pontos, enquanto no segundo foi de 49,0 pontos. Em ambos os casos, houve recuo com relação a maio. Em termos percentuais, 53,1% disseram estar confiantes no futuro do próprio negócio, ante 13,6% que manifestaram pessimismo. Pensando na economia, 31,8% disseram-se confiantes, ante 32,3% que se mostraram pessimistas. Entre os empresários que demonstram confiança no negócio, as principais razões para o otimismo são o fato de estarem fazendo uma boa gestão da empresa (42,1%) e de estarem investindo no negócio (35,8%). Também há aqueles que não sabem ao certo explicar as razões de seu otimismo (33,2%); e a percepção de que atua em um segmento que está em alta (11,1%). Motivos para a confiança nos negócios % Tenho feito uma boa gestão do negócio 42,1% Estou investindo no negócio 35,8% Não sei por que, mas tenho o sentimento de que as coisas vão melhorar 33,2% Porque atuo num segmento que está em alta 11,1% Porque a economia está dando sinais de melhora 8,9% Outro 4,7% Já entre os micro e pequenos empresários que apontam otimismo com os próximos meses da economia, a maioria (63,4%) não sabe ao certo dizer as razões. Também há os que apontam que o país tem um amplo mercado consumidor (15,7%). A melhora de indicadores econômicos foi mencionada por 15,4%, enquanto a melhora do cenário político foi mencionada por 9,8%.

5 Motivos para a confiança na economia % Não sei, mas estou otimista, sinto que as coisas irão melhorar 63,4% O país tem um amplo mercado consumidor 15,7% Alguns indicadores econômicos já dão sinais de melhora 15,4% O cenário político está mais favorável 9,8% Concordo com as medidas econômicas que estão sendo adotadas pelo governo 5,5% Outro 4,3% Embora a maioria relativa dos micro e pequenos empresários manifeste boas expectativas com relação ao futuro do próprio negócio, há os que se dizem pessimistas. Entre esses, a razão mais citada é o fato de as vendas estarem em baixa, lembrada por 56,0%. Outro motivo importante foi a percepção de que é difícil empreender no país, citada por 36,7%. Além disso, esses empresários mencionaram o acúmulo de dívidas (15,6%); a falta de recursos para investir no negócio (13,8%); e o fato de atuar num setor que está em baixa (9,2%). Motivos para o pessimismo nos negócios % As vendas estão em baixa 56,0% Considero difícil empreender no Brasil 36,7% Porque acumulei dívidas e preciso quitá-las 15,6% Não tenho recursos para investir mais no meu negócio para que ele se mantenha 13,8% Atuo num setor que está em baixa 9,2% Outro 8,3% Entre aqueles que ainda manifestam pessimismo com os próximos meses da economia, a maior parte teme as incertezas políticas, citadas por 64,0%. Em seguida, 27,9% colocam o pessimismo na conta das instituições e leis do país que, segundo dizem, não favorecem o desenvolvimento do empreendedor. Além desses, 26,0% dizem discordar das medidas econômicas que vem sendo adotadas e 24,8% citam o receio de novas dificuldades econômicas pelo aumento dos preços e desemprego. Motivos para o pessimismo com a economia % Há muitas incertezas políticas 64,0% As instituições e leis do país não favorecem o crescimento 27,9%

6 Discordo das medidas econômicas que vem sendo adotadas 26,0% Risco de dificuldades econômicas, com aumento dos preços e queda do emprego 24,8% Outro 5,4% Desempenho das vendas Para quase um terço dos micro e pequenos empresários, desempenho das vendas foi ruim em maio. 39% esperam aumento do faturamento para os próximos 6 meses A maioria relativa dos micro e pequenos empresários (37,8%) avaliou o desempenho das vendas, em maio, como regular. Para 30,9%, o desempenho das vendas foi bom e para 31,3%, foi ruim. Quando questionados sobre o que esperam para o faturamento de seu negócio nos próximos seis meses, 39,4% diz esperar crescimento; 46,0% esperam estabilidade e 8,3% esperam queda. Desempenho das vendas em maio Regular 37,8% Ruim ou Péssimo 31,3% Bom ou Ótimo 30,9% Entre aqueles que esperam ver o faturamento crescer, a maior parte (43,5%) diz estar buscando novas estratégias de vendas. Além desses, 30,5% fiam-se na crença de que tudo dará certo, 26,0% apostam na melhoria da gestão e 24,4% falam na diversificação do seu portfólio de produtos. Ainda de acordo com a sondagem, 45,1% dizem ter conseguido realizar alguma melhora no negócio, ante 54,9% que não conseguiram. As principais melhorias foram a reforma da empresa (47,1%); a compra de equipamentos e maquinário (36,3%); a qualificação da mão-de-obra (16,9%) e a ampliação do estoque (16,6%). No tocante ao pagamento das despesas fixas que compõem o negócio, 31,4% dizem ter atrasado ao menos um compromisso financeiro. Entre os que atrasaram, 53,8% mencionam a conta de energia. Também merece destaque o atraso no pagamento da conta de água (34,3%); a fornecedores (27,1%); aluguel e condomínio (25,5%), entre outras. Depois de ultrapassar a marca dos 50 pontos em outubro de 2017, apontando a prevalência do otimismo entre os micro e pequenos empresários, o Indicador recuou de modo expressivo em

7 junho. O resultado reflete a recente crise em torno do preço dos combustíveis, que por sua vez, deverá impactar o ritmo já lento da retomada econômica. A queda observada em junho pode bem ser apenas um episódio isolado, mas a proximidade com o calendário eleitoral lança incertezas que decerto influenciarão o humor dos empresários. Para que a confiança se restabeleça, encorajando o investimento e consequentemente o crescimento da economia, será preciso superar a pauta da crise e retomar a agenda de reformas que eliminem a incerteza fiscal e favoreçam o empreendedorismo, conforme reivindica boa parte dos empresários que se declaram pessimistas. Metodologia A pesquisa abrange todo o território nacional e considera somente as empresas de micro e pequeno porte que atuam no Varejo e no Setor de Serviços. Ao todo, são consultados 800 empresários, que avaliam a evolução da economia e dos negócios nos últimos seis meses e revelam suas expectativas para os próximos seis. As sondagens são realizadas nos 10 primeiros dias úteis de cada mês. O Indicador de Confiança (IC) é uma média ponderada de dois outros indicadores: o Indicador de Condições Gerais e o Indicador de Expectativas. Por meio do Indicador de Condições Gerais, busca-se medir como os empresários avaliam a evolução da economia e do seu negócio nos últimos seis meses. Por meio do Indicador de Expectativas, busca-se medir o que os empresários esperam para a economia nos próximos seis meses. Em ambos os casos, a escala dos indicadores varia de zero a 100, tendo como ponto neutro o valor de 50. Assim, para valores abaixo de 50, o Indicador de Condições Gerais da Economia mostra que, na percepção dos micro e pequenos empresários, as Condições Gerais da economia pioraram nos seis meses; para valores abaixo de 50, o Indicador de Expectativas para a Economia mostra que os empresários estão pessimistas com os rumos do país; valores acima de 50 indicam que os empresários estão confiantes. A mesma regra vale para os indicadores de negócios. Como média ponderada dos demais indicadores, o IC (Indicador de Confiança) também varia de zero a 100. O número irá refletir a avalição dos micro e pequenos empresários sobre o presente e o futuro da economia e de seus negócios. Abaixo de 50, indicará falta de confiança; acima de 50, indicará confiança.