UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE HUMANIDADES DEPARTAMENTO DE LETRAS VERNÁCULAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE HUMANIDADES DEPARTAMENTO DE LETRAS VERNÁCULAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA PATRÍCIA DE OLIVEIRA BATISTA A TOPONÍMIA CEARENSE NO SÉCULO XIX FORTALEZA 2011

2 PATRÍCIA DE OLIVEIRA BATISTA A TOPONÍMIA CEARENSE NO SÉCULO XIX Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Linguística da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Linguística. Área de concentração: Linguística. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Emilia Maria Peixoto Farias. FORTALEZA 2011

3 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca de Ciências Humanas B337t Batista, Patrícia de Oliveira. A toponímia cearense no século XIX / Patrícia de Oliveira Batista f. : il. color., enc. ; 30 cm. Dissertação (mestrado) Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades, Departamento de Letras Vernáculas, Programa de Pós-Graduação em Linguística, Fortaleza, Área de Concentração: Linguística. Orientação: Profa. Dra. Emilia Maria Peixoto Farias. 1.Nomes geográficos Ceará Séc.XIX. 2.Toponímia. I. Título. CDD

4 PATRÍCIA DE OLIVEIRA BATISTA A TOPONÍMIA CEARENSE NO SÉCULO XIX Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Linguística da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Linguística. Área de concentração: Linguística. Aprovada em: / /. BANCA EXAMINADORA Prof.ª Dr.ª Emilia Maria Peixoto Farias (Orientadora) Universidade Federal do Ceará (UFC) Prof. Prof. Dr. Antonio Luciano Pontes Universidade Estadual do Ceará (UECE) Prof.ª Dr.ª Maria Elias Soares Universidade Federal do Ceará (UFC) Prof.ª Dr.ª Maria do Socorro Silva de Aragão (Suplente) Universidade Federal do Ceará (UFC)

5 À minha mãe, Irene.

6 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por tudo. À minha família, pelo apoio em todos os meus desafios. À minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Emilia Maria Peixoto Farias, pelo profissionalismo com que me conduziu desde o período de iniciação científica, pela orientação criteriosa e pelas palavras valiosas de incentivo. Aos professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Linguística, em especial à Prof.ª Dr.ª Maria Elias Soares, pelas críticas fundamentais, tanto durante suas aulas, como no exame de qualificação do projeto de pesquisa. Ao Prof. Dr. Antonio Luciano Pontes, pelas importantes críticas e sugestões para o desenvolvimento deste trabalho. À Prof.ª Dr.ª Maria do Socorro Silva de Aragão, pela contribuição com sugestões bibliográficas. Ao Prof. Dr. Expedito Eloísio Ximenes, pelo incentivo no desenvolvimento desta pesquisa, pelas valiosas informações compartilhadas e, sobretudo, por ter me contagiado com o seu apreço pela Filologia e pela Linguística Histórica. À Prof.ª Dr.ª Rosemeire Selma Monteiro-Plantin, por ter me acolhido no Estágio de Docência no curso de Letras durante o curso de Mestrado. Aos mestres e amigos dos grupos de pesquisa Tradições Discursivas do Ceará (TRADICE) e Práticas de Edição de Textos do Estado do Ceará (PRAETECE), pelo ambiente familiar com que acolhem todos os seus integrantes e pelos momentos de aprendizado. Aos amigos do Programa de Pós-Graduação em Linguística e do Curso de Letras, pelo convívio saudável e pelas críticas e sugestões. Aos funcionários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC), pela atenção especial no fornecimento de informações e documentos para esta pesquisa. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo incentivo financeiro necessário ao desenvolvimento deste trabalho.

7 O valor de um topônimo transcende, certamente, ao próprio momento do batismo, na medida que se presta a um fim utilitário a identificação dos lugares. Mais evidente se torna esse aspecto, quando houver uma adequação entre o nome escolhido e o local por ele designado. Um topônimo que se revista de tais caracteres tende a se tornar insubstituível, no seio da comunidade, porque lhes exprime a marca da história (DICK, 1992, p. 207).

8 RESUMO A Toponímia é a ciência que estuda os nomes próprios de lugares. Os estudos toponímicos têm se revelado de grande importância para o resgate de características culturais, ideológicas e linguísticas dos grupos humanos que habitaram ou habitam um dado lugar, bem como para a recuperação de aspectos físicos do próprio lugar. Com base nessas considerações, o objetivo deste trabalho foi descrever a motivação toponímica de 54 nomes de lugares que aparecem registrados nos 67 autos de querela editados por Ximenes (2006) e traçar o perfil toponomástico do Ceará oitocentista até os dias atuais, a fim de identificar as possíveis mudanças toponomásticas ocorridas ao longo do tempo. Os fundamentos teóricos e os procedimentos metodológicos que nortearam esta pesquisa tiveram como base as contribuições de Dick (1992), que descreveu um modelo taxionômico toponímico, o qual apresenta 27 taxes, sendo 11 de natureza física e 16 de natureza antropocultural. Os dados foram registrados em fichas lexicográfico-toponímicas que constituem o modelo proposto por Dick (2004). Verificou-se que 53% dos topônimos são de natureza antropocultural e 47% são de natureza física. A partir de pesquisa bibliográfica e documental, foi possível reconstituir importantes aspectos históricos, geográficos, culturais e linguísticos do Ceará por meio da análise de seus topônimos. Palavras-chave: Lexicologia. Toponímia. Motivação toponímica. Toponímia cearense.

9 ABSTRACT Toponymy is the science of proper names of places. Toponymic studies have proved great importance for the rescue of cultural, ideological and linguistic features of groups of humans who lived or live in a given place, as well as for the recovery of the physical aspects of the place itself. Based on these considerations, the aim os this study was to describe the toponymic motivation of 54 place names out of the 67 ones recorded in the records of complaint edited by Ximenes (2006) and to describe the toponomastic profile of Ceará from nineteenth century to the present days, in order to identify possible toponomastic changes occurring over time. The theoretical fundaments and methodological procedures that guided this research was based on the contributions of Dick (1992), who described a taxonomic toponymic model featuring 27 taxes, out of which 11 are physical natured and 16 are of antropocultural nature. Data were recorded in lexical-toponymic cards which is the model proposed by Dick (2004). It was found that 53% of the toponyms are of antropocultural nature and 47% are of physical nature. From literature and documental research, it was possible to reconstruct important aspects of history, geography, culture and linguistics of Ceará through the analysis of its place names. Keywords: Lexicology. Toponymy. Toponymic motivation. Toponymy of Ceara.

10 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ficha 1 Modelo de ficha lexicográfico-toponímica Ficha 2 Modelo de ficha lexicográfico-toponímica preenchida Ficha 3 Ficha lexicográfico-toponímica adaptada Ficha 4 Ficha lexicográfico-toponímica adaptada e preenchida Gráfico 1 Distribuição dos topônimos nas categorias de natureza física e antropocultural Gráfico 2 Distribuição dos topônimos em taxes léxico-semânticas de natureza física Gráfico 3 Distribuição dos topônimos em taxes léxico-semânticas de natureza antropocultural Quadro 1 Municípios da Mesorregião 1 (Noroeste Cearense) Quadro 2 Municípios da Mesorregião 2 (Norte Cearense) Quadro 3 Municípios da Mesorregião 3 (Região Metropolitana de Fortaleza) Quadro 4 Municípios da Mesorregião 4 (Sertões Cearenses) Quadro 5 Municípios da Mesorregião 5 (Jaguaribe) Quadro 6 Municípios da Mesorregião 6 (Centro-Sul Cearense) Quadro 7 Municípios da Mesorregião 7 (Sul Cearense) Quadro 8 Classificação e definição dos topônimos de natureza física Quadro 9 Classificação e definição dos topônimos de natureza antropocultural Quadro 10 Classificação léxico-semântica dos topônimos cearenses do século XIX 59

11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO BREVE CRONOLOGIA DOS ESTUDOS TOPONÍMICOS TOPONÍMIA: princípios teóricos A atividade humana de nomeação Lexicologia, Onomástica e Toponímia: definições Toponímia e interdisciplinaridade O topônimo O signo linguístico, o signo toponímico e a questão da motivação Origem e importância Estrutura Classificação léxico-semântica dos topônimos Taxes de natureza física Taxes de natureza antropocultural PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A pesquisa documental A pesquisa bilbiográfica Técnicas para coleta e delimitação do corpus Classificação dos topônimos em Meso e Microrregioes Instrumento de registro e arquivamento dos dados Classificação dos topônimos em taxes Taxes de natureza física Taxes de natureza antropocultural Procedimentos e critérios para análise dos dados A TOPONÍMIA CEARENSE EM DOCUMENTOS DO SÉCULO XIX Perfil toponomástico do Ceará no século XIX Percurso toponomástico e taxionômico dos nomes de lugares cearenses Percurso toponomástico dos denominativos de vilas Percurso taxionômico dos denominativos de vilas Percurso toponomástico dos denominativos de povoações Percurso taxionômico dos denominativos de povoações... 87

12 5.2.5 Percurso toponomástico dos denominativos de serras Percurso taxionômico dos denominativos de serras Percurso toponomástico dos denominativos de ribeiras e rios Percurso taxionômico dos denominativos de ribeiras e rios CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS APÊNDICES APÊNDICE A Corpus extraído dos 67 Autos de Querela APÊNDICE B Fichas lexicográfico-toponímicas dos topônimos cearenses do século XIX

13 12 1 INTRODUÇÃO O ato de nomear é uma atividade humana tão antiga quanto a própria linguagem, por meio do qual são registradas e perpetuadas características culturais, sociais e linguísticas dos indivíduos nomeadores. O denominativo de lugar, por sua vez, desde os tempos mais remotos, orienta o homem na ocupação dos espaços geográficos e na demarcação de seu território. A Toponímia, subárea da Onomástica, investiga os nomes próprios de lugares e, de forma interdisciplinar, os aspectos extralinguísticos que subsidiam o ato denominativo, aspectos históricos, geográficos e sociais, por exemplo. No Brasil, os primeiros estudos em Toponímia concentravam-se na etimologia das palavras de língua indígena, com vistas a uma reconstituição também de natureza histórica e geográfica. Dick (2006, p. 94), quando traça o panorama dos primeiros estudos sobre Toponímia no Brasil, mostra que, no início, devido às condições de colonização, os estudos concentravam-se [...] mais nas línguas da terra, especialmente no tupi antigo, do que no próprio elenco denominativo do português. Interessava às pesquisas tradicionais a perspectiva descritiva da língua, tendo como base suas características etimológicas e morfológicas e os dados da significação dos nomes geográficos. Considerado o pioneiro, Sampaio (1901) 1 destacou-se na investigação toponímica brasileira com a publicação de sua obra O tupi na geografia nacional, em que apresenta um estudo sobre a influência do tupi nos topônimos brasileiros (TIZIO, 2009). Posteriormente, surgem os trabalhos de Cardoso (1961) 2, como a publicação Toponímia Brasílica, elaborada a partir de investigações sobre a influência das línguas karib e arawak na toponímia da Amazônia. Outro importante colaborador para os estudos toponímicos no Brasil foi Drumond (1965) 3, que pesquisou os topônimos de origem bororo da região Centro-Oeste. Em sua obra Contribuição do bororo à toponímia brasílica, evidencia a ausência de sistematicidade metodológica na investigação toponímica e sinaliza que os estudos toponímicos brasileiros feitos até então tinham como base os nomes de origem tupi. Atualmente, a Toponímia busca, entre outros objetivos, recuperar as motivações 1 SAMPAIO, Teodoro. O tupi na geografia nacional CARDOSO, Armando Levy. Toponímia Brasílica. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, v. 09, 1961, 475p. (Coleção General Benício). 3 DRUMOND, Carlos. Contribuição do bororo à toponímia brasílica. São Paulo: Instituto de Estudos Brasileiros/USP, 1965.

14 13 que influenciaram a constituição dos nomes de lugares, relacionadas às circunstâncias de formação dos espaços ocupados pelo homem, contribuindo para a elucidação de informações valiosas sobre a memória social de grupos humanos. Os topônimos, na condição de registros vivos da cultura de um povo, comprovam a riqueza lexical de uma língua, já que neles são preservados valores, crenças e tradições que marcaram uma sociedade. Nessa perspectiva, a partir do levantamento de bibliografia sobre estudos toponímicos no estado do Ceará, observamos que as investigações sobre o seu perfil toponomástico são escassas frente à tradição de pesquisas em Toponímia desenvolvidas em outros estados brasileiros, principalmente no que diz respeito à busca da motivação semântica dos topônimos contemporâneos aos períodos mais remotos da ocupação do território cearense. A partir disso, sentimos que um trabalho voltado para um período histórico específico, neste caso o início do século XIX, poderia ampliar o conhecimento sobre a realidade toponímica cearense, bem como resgatar os aspectos socioculturais preservados em seus topônimos. Diferentemente da maioria das pesquisas toponímicas, que partem de registros hodiernos para se recuperar o passado dos lugares, o nosso ponto de partida é o próprio passado, documentos oitocentistas denominados autos de querela. Acreditamos que quanto mais próximos forem esses documentos da época de ocupação da Capitania do Ceará mais informações eles podem nos revelar sobre as circunstâncias de ocupação e o contexto motivacional do ato denominativo do espaço ocupado. Nossa escolha por registros do século XIX justifica-se, primeiramente, por pertencerem a um período da história do Brasil caracterizado pela circulação de grande volume de documentos públicos e oficiais. Trata-se de manuscritos originais e muitos deles sem uma cópia, de onde advém a importância das edições paleográficas e filológicas que garantem a preservação desses documentos antigos. Os autos de querela são documentos que pertencem à esfera judicial, nos quais estão registrados diferentes tipos de crimes ocorridos na Capitania do Siará Grande. Neles há informações diversas sobre a vida e os costumes das pessoas do século XIX, bem como informações sobre a situação geográfica, política, social, administrativa e cultural da colônia de um modo geral. A escolha por autos de querela deve-se ao fato de esses registros já se encontrarem editados e publicados, conforme normas de edição semidiplomática adotadas por Ximenes (2006) para conservação de informações o mais próximo possível dos manuscritos. Nesta perspectiva, o presente estudo insere-se em um ciclo de investigações

15 14 filológicas na dimensão linguística, que busca caracterizar a língua quanto aos seus aspectos paleográficos, textuais, discursivos, lexicais, para citar alguns, recuperados em documentos antigos. Estudos dessa natureza vêm sendo desenvolvidos por pesquisadores como Ximenes (2004, 2006, 2009), responsável por impulsionar, no Ceará, as pesquisas em Filologia, e por outros pesquisadores que compõem os grupos de pesquisa Tradições Discursivas do Ceará (TRADICE) e Prática de Edição de Textos do Estado Ceará (PRAETECE). O TRADICE, enquanto integrante do Projeto para a História do Português Brasileiro (PHPB), tem como objetivo reconstituir a história linguístico-social do Brasil, por meio da caracterização de diferentes práticas discursivas atinentes aos diferentes períodos da história da nossa língua. Já o PRAETECE tem como objetivo a preservação de documentos e edição de textos para estudos da língua portuguesa e da história social e cultural do estado do Ceará. Diante do exposto, objetivamos nesta pesquisa: (i) descrever a origem e a motivação de 54 nomes de lugares cearenses coletados em documentos do século XIX; (ii) classificar os topônimos com base nas categorias taxionômicas de natureza física e antropocultural propostas por Dick (1992); (iii) analisar qualitativa e quantitativamente os topônimos de acordo com as taxes de natureza física e antropocultural; (iv) traçar o percurso onomástico dos 54 topônimos a fim de resgatar a história de mudança desses denominativos. As hipóteses que orientaram esta pesquisa são: (i) os topônimos cearenses refletem aspectos da realidade sócio-histórica do período em que ocorreu a nomeação; (ii) o léxico toponímico de lugares cearenses do século XIX tem como base taxes de natureza física e antropocultural; (iii) qualitativamente, o resgate de informações históricas sobre o território cearense contribui sobremaneira para o esclarecimento das mudanças toponomásticas, bem como da causa motivacional de cada denominação; (iv) quantitativamente, as taxes de natureza antropocultural se sobrepõem às de natureza física. Nosso trabalho está organizado em sete capítulos: o primeiro, Introdução, apresenta a motivação da pesquisa e os objetivos delineados nesta investigação; o segundo, Breve cronologia dos estudos toponímicos, apresenta as principais investigações toponímicas realizadas em diferentes países, no Brasil e, especificamente, no Ceará, de modo que conheçamos a literatura produzida sobre o tema. O terceiro capítulo, Toponímia: princípios teóricos, apresenta os aspectos da atividade humana de nomeação; os conceitos relacionados à Lexicologia, à Onomástica e à Toponímia; os aspectos interdisciplinares existentes entre Toponímia e outras áreas do conhecimento; os fenômenos linguísticos concernentes ao signo toponímico e a classificação léxico-semântica dos topônimos.

16 15 O quarto capítulo, Procedimentos metodológicos, trata das diretrizes de execução desta pesquisa; do instrumento de registro e arquivamento dos dados; da classificação dos topônimos em taxes e dos procedimentos e critérios para análise dos dados. O quinto capítulo, A Toponímia cearense em documentos do século XIX, apresenta a análise e a discussão do enquadramento dos topônimos no modelo taxionômico proposto por Dick (1992), que taxes são mais recorrentes e as transformações toponomásticas de cada lugar, encerrando com a descrição das singularidades do perfil toponímico cearense oitocentista. Posteriormente, são apresentadas as Considerações finais, seguidas das Referências e dos Apêndices, em que constam as fichas lexicográfico-toponímicas de todos os topônimos analisados e o detalhamento do corpus. Nesta perspectiva, o presente estudo pretende contribuir para a ampliação e o enriquecimento dos estudos toponímicos no Ceará seguindo uma tendência histórica, para o incentivo à realização de trabalhos filológicos e paleográficos fidedignos aos documentos manuscritos, necessários à reconstituição do passado da nossa língua, bem como para o aprofundamento das teorias sobre modelos taxionômicos toponímicos recentemente desenvolvidos e para a confirmação de sua aplicabilidade.

17 16 2 BREVE CRONOLOGIA DOS ESTUDOS TOPONÍMICOS Os estudos sobre nomes próprios de lugar mostram que esses designativos além de constituírem o léxico comum de uma língua, também são responsáveis pela preservação de valores culturais e ideológicos pertencentes a uma determinada comunidade geográfica. Revestido de importância linguística e extralinguística, o topos tem sido objeto de reflexão ao longo dos séculos. Apresentamos, a seguir, alguns trabalhos realizados sob o âmbito da Onomástica e da Toponímia em diferentes partes do mundo, no Brasil e, especificamente, no Ceará. Como corpo disciplinar sistematizado, a Toponímia, ciência que estuda os nomes próprios de lugar, surgiu na Europa, mais particularmente na França, por volta de 1878, com Auguste Longnon, responsável por introduzir os primeiros estudos regulares na École Pratique des Hautes-Études e no Colégio de França. Após a morte de Longnon, alguns de seus alunos publicaram, por volta de 1912, a obra Les noms de lieu de la France, a partir do curso ministrado pelo professor (DICK, 1992). Em 1922, Albert Dauzat, por ocasião de uma conferência na mesma École Pratique, retomou os estudos toponímicos interrompidos com a morte de Longnon. Em sua Chronique de Toponymie, Dauzat reuniu uma bibliografia com diversas fontes e trabalhos até então publicados sobre nomes antigos de lugares. Segundo Dick (1992, p.1), com vistas à sistematização dos processos de investigações toponímicas, Dauzat organizou o I Congresso Internacional de Toponímia e Antroponímia, em 1938, reunindo vinte e um países. As propostas de estudos contempladas no evento podem ser assim resumidas: realização periódica de congressos internacionais de Toponímia e Antroponímia; criação de uma Sociedade Internacional de Toponímia e Antroponímia; criação, nos países que não possuírem, de departamentos oficiais para a elaboração de glossários de nomenclatura geográfica e sistematização dos processos de pesquisas. O segundo Congresso Internacional de Toponímia e Antroponímia também foi em Paris, em 1947, e o terceiro em Bruxelas, em De acordo com Lillo (1995), a partir daí organizou-se um Comitê Internacional de Ciências Onomásticas, que fundou a revista Onoma. Simultaneamente, surge a revista Onomástica, editada por Dauzat, a qual foi posteriormente conhecida pelo nome de Revue Internationale d Onomastique. Com o passar do tempo, as pesquisas em Toponímia disseminaram-se por diversas partes do mundo. Na Europa, destacaram-se as contribuições de Pospelov, que descreveu três

18 17 modelos de orientação temática que marcaram as pesquisas na antiga União Soviética: problemas gerais de teoria toponímica e de métodos de pesquisas geográficas; os nomes geográficos da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS); nomes geográficos de países estrangeiros. Pospelov destacou as contribuições do Instituto de Linguística da Academia de Ciências da Ucrânia e a Sociedade Geográfica Russa, os quais possuem Comissões Toponímicas (DICK, 1992). No que concerne aos estudos toponímicos na Espanha, podemos destacar o trabalho de Nieto Ballester (1997), que, em seu Breve diccionario de topónimos españoles, apresenta uma análise significativa de topônimos espanhóis influenciados por diferentes etnias: pré-romanos, relacionados aos topônimos que já existiam antes da romanização da península Ibérica; latino-românicos, trazidos pelos romanos; moçárabes, palavras remanescentes da língua latina falada nos territórios dominados pelos árabes; germânicos, surgidos no período de enfraquecimento do Império Romano na Península Ibérica; e árabes, topônimos trazidos a partir do século VIII quando se iniciou o domínio árabe na Espanha. Sobre estudos de topônimos portugueses, podemos destacar os trabalhos de Vasconcelos (1931) 4 e Carvalhinhos (2003, 2004, 2005, 2007). Vasconcelos (1931), em sua obra Opúsculos Vol. III, sugere uma divisão dos estudos dos nomes geográficos em três níveis: classificação por línguas, estudo das transformações fonéticas e da formação gramatical do topônimo e divisão dos nomes em categorias segundo as causas que os originaram (TIZIO, 2008, p. 20). Carvalhinhos (2003, 2004, 2005, 2007) vem somar importantes contribuições no que concerne aos estudos toponímicos de Portugal. Em Onomástica e lexicologia: o léxico toponímico como catalisador e fundo de memória. Estudo de caso: os sociotopônimos de Aveiro (Portugal), Carvalhinhos (2003) analisa topônimos portugueses que denominam profissões, instituições, delimitações de terras ou aspectos da vida rural. Os topônimos analisados demonstraram uma tendência conservadora na toponímia do país, além da permanência de arcaísmos, palavras cujo surgimento provável terá sido no século XVI, e predominância de topônimos que refletem a relação entre o homem e a terra e as atividades agrícolas. Em A onomástica e o resgate semântico: as antas, Carvalhinhos (2004) apresenta um estudo sobre a lexia anta, que em Portugal refere-se a um monumento de pedra e no Brasil de animal, e discute sobre a importância do contexto extralinguístico como forma de esclarecer as interpretações sobre a motivação de dado topônimo. 4 VASCONCELOS, José Leite de. Opúsculos. v. III. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1931.

19 18 Em Hierotoponímia portuguesa: os nomes de Nossa Senhora, Carvalhinhos (2005) analisa os hierotopônimos referenes à entidade Nossa Senhora e propõe uma subcategorização semântica, a fim de identificar a motivação do segundo elemento, isto é, o título específico dado a Nossa Senhora. Nesta perspectiva, a pesquisadora identificou que os títulos atribuídos a Nossa Senhora refletem o estado de espírito dos devotos (Senhora dos Aflitos, Senhora da Piedade), objetos ou fatos sagrados, lugares e elementos físicos referentes à natureza (Nossa Senhora dos Olivais, Senhora das Areias, Senhora da Estrela, Senhora do Vale, Senhora da Fonte) etc. Carvalhinhos (2007), em seu artigo Arcaísmos morfológicos na toponímia de Portugal, analisa alguns topônimos presentes na região portuguesa de Aveiro a fim de exemplificar casos de arcaísmos morfológicos, representados por sufixos em desuso na atualidade, os quais remetem, pelo menos, ao século X. A autora esclarece que pela natureza cristalizada dos morfemas estes auxiliam na recuperação do significado dos topônimos, evidenciando informações concernentes a épocas pretéritas do lugar estudado. Em relação às pesquisas toponímicas sobre a África, Dick (1992, p. 3) descreve que foram realizados os seguintes estudos: a forma de registro dos topônimos nativos, considerando-se a heterogeneidade linguística; um apanhado geral sobre a toponímia sulafricana; a toponímia berbere no Saara Ocidental; a grafia dos topônimos marroquinos e a formação dos nomes tribais dos berberefones do Marrocos. Em relação à Ásia, Dick (1992, p. 3) apresenta os estudos sobre a toponímia da Turquia, os quais procuraram descrever a influência dos topônimos da Ásia-Média sobre a Ásia-Menor, em virtude da migração, e a relação entre Toponímia e vida social em Istambul. No que concerne aos estudos toponímicos no continente americano, destacam-se os trabalhos desenvolvidos nos Estados Unidos e no Canadá, principalmente em virtude de nesses países existirem diversos pesquisadores e órgãos especializados em Toponímia. Nos Estados Unidos, destaca-se a revista Names, publicada oficialmente pela American Name Society, fundada em 1951, em Detroit. Alguns dos principais objetivos desta revista são: estudar a etimologia, a origem, o significado e a aplicação das mais diversas categorias de nomes (geográfico, pessoal, científico, comercial e popular); divulgar os resultados desses estudos e conscientizar o povo americano sobre a importância dos nomes em todos os campos do conhecimento humano. Um dos colaboradores da revista Names é George Stewart, autor da obra Names of the land e de A classification of place names, em que apresenta nove categorias discriminativas sobre os mecanismos de nomeação dos lugares.

20 19 De acordo com Dick (1992, p. 25), embora seja plausível a tentativa de sistematização de uma classificação toponímica, a aplicabilidade das categorias propostas por Stewart pode não satisfazer a todos os casos, pois alguns topos podem não ocorrer em todos os sistemas onomásticos, de forma a limitar o emprego das taxes. No Canadá, destaca-se o Grupo de Estudos de Coronímia e de Terminologia Geográfica, que existe desde 1966 e que, embora seja associado ao Departamento de Geografia da Universidade de Laval (Québec), pretende integrar todas as áreas que se interessam pelo tema, principalmente a linguística, a história e a antropologia. Sobre os estudos toponímicos no Chile, podemos citar o trabalho de Lillo (1995), que analisou os topônimos pré-hispânicos e hispânicos da região de La Araucanía, no sul do país, aprofundando os estudos toponímicos ao privilegiar a busca pela motivação inicial que influenciou o denominador no momento em que batizou os lugares estudados. Os topônimos estudados por Lillo (1995) são em sua maioria de origem mapuche 5, seguidos pelos topônimos de colônias europeias não hispânicas e, posteriormente, os nomes de origem hispânica. Os topônimos hispânicos caracterizam-se pela presença da cruz, da espada e do diabo. No caso dos topônimos mapuches, destacam-se nomes relacionados ao meio natural (morfotoponímia) e cultural (mitotoponímia). No que diz respeito às pesquisas toponímicas no Brasil, destacamos as importantes contribuições de Dick (1980) 6 e Santos (1983). Em sua tese de doutoramento intitulada A motivação toponímica. Princípios teóricos e modelo taxeonômicos, Dick (1980) estudou as principais motivações semânticas dos topônimos e propôs um modelo de taxionomias léxico-semânticas que têm servido de modelo para diversas pesquisas (DICK, 1992). Santos (1983), por sua vez, apresenta uma rica bibliografia de 169 trabalhos sobre Toponímia. A obra divide-se em duas partes: Toponímia Geral, relacionada à Geografia, à Cartografia, à categorização dos nomes de cidades e rios brasileiros; e Linguística Geral, que aborda a questão dos nomes de lugares relacionados à cultura indígena e ao folclore brasileiro. Seguindo o percurso histórico de pesquisas brasileiras sobre Toponímia, é possível mencionar outros importantes trabalhos de Dick. Na obra A motivação toponímica e 5 Segundo Lillo (1995), o nome mapuche designa o conjunto de tribos indígenas que viviam dos dois lados da Cordilheira dos Andes e falavam um mesmo idioma, mapudungun, que tinham os mesmos costumes, crenças e organização intena. 6 DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. A motivação toponímica. Princípios teóricos e modelos taxionômicos. Tese de Doutoramento. FFLCH-USP, 1980.

21 20 a realidade brasileira (1990), a pesquisadora apresenta o processo de transformação da toponímia brasileira, sob uma perspectiva fonética, bem como discute sobre os principais modelos taxionômicos que servem de referência para pesquisadores na atualidade. Em Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea de estudos, Dick (1992) apresenta algumas reflexões sobre o desenvolvimento da Toponímia no Brasil, desde os primeiros estudos às perspectivas de pesquisas futuras, discute sobre a estrutura, a função do signo toponímico e o problema das taxionomias toponímicas, bem como apresenta breves trabalhos a respeito dos topônimos de origem indígena e africana, dos aspectos funcionais da Antroponímia e do Atlas Toponímico do Estado de São Paulo. Dick (1996) apresenta a relação entre Toponímia e Dialetologia para o estudo da linguística geral. A autora afirma que para o esclarecimento da estrutura dos registros onomásticos é importante relacioná-los aos estratos dialetais e etnolinguísticos da região pesquisada. Em A Motivação Etno-toponímica. Perspectivas Sincrônicas e Diacrônicas, Dick (1998b) discute sobre a motivação toponímica, pautada como verbalização de ideias, pensamentos, sentimentos e simbolismos religiosos, por exemplo, a qual resulta de um pensamento particularizante de indivíduos isolados ou de um grupo social. Dick (1999), em seu artigo Contribuição do léxico indígena e africano ao português do Brasil, apresenta os principais campos de interferência indígena no vocabulário do Português Brasileiro (PB) analisados a partir de um corpus que corresponde ao período do quinhentismo ao setecentismo. As principais influências léxicas de origem indígena aparecem na: fitonímia, zoonímia, hidronímia, geomorfonímia, ergonímia e, menos recorrente, noonímia ou cultura espiritual. Quanto ao contato do PB com as línguas africanas, verificamse os seguintes campos léxico-semânticos: fitonímia, zoonímia, litonímia, toponímia, hieronímia (deuses e cultos) e outros relacionados a festas, danças, moléstias, doenças etc. Dick (2006) apresenta alguns aspectos conceituais de Toponímia e um breve percurso do desenvolvimento dessa área de investigação no Brasil, com o objetivo de introduzir estudantes no conhecimento científico dos estudos onomásticos e toponímicos. Posteriormente, apresenta os métodos e as fontes para a pesquisa toponímica. O estudo apresentado por Dick (2006), o caso do projeto Atlas Toponímico do Estado de Minas Gerais ATEMIG, segue a realização da proposta-matriz do Atlas Toponímico do Brasil ATB dividida em três etapas: a análise dialetológica dos designativos de unidades municipais, tendo como referência as camadas linguísticas que influenciaram o português brasileiro, a portuguesa, a indígena e a africana; o levantamento dos acidentes

22 21 geográficos dos municípios (rios, lagoas, serras, bairros, vilas, sítios etc.), a classificação segundo o modelo tipológico taxionômico para se chegar ao traço motivador comum do município; e, por último, a representação cartográfica dos dados levantados. Dick (2007a) faz referência a topônimos dos séculos XVI ao XVIII registrados por August Saint-Hilaire, em sua viagem às nascentes do São Francisco no início do século XIX. Neste aspecto, este trabalho se aproxima com o que estamos desenvolvendo por estudar topônimos registrados em documentos de sincronias distantes. Em seu artigo A terminologia nas ciências onomásticas. Estudo de caso: o Projeto ATESP, Dick (2007b) apresenta um breve percurso histórico dos estudos onomásticos, faz considerações a respeito da terminologia toponímica de natureza taxionômica e retoma reflexões que ela fez em estudos anteriores para defender a natureza terminológica dos topônimos e dos antropônimos. Seguindo uma perspectiva histórica, destaca-se o estudo de Santos e Seabra (2009), que, a partir de dois mapas históricos, o Mapa da Capitania de Minas Gerais com as Divisas de suas Comarcas (1778) e a Carta Geográfica da Capitania de Minas Gerais (1804), analisam os topônimos de assentamentos da população da Comarca do Serro Frio, território que envolve municípios das mesorregiões geográficas do Jequitinhonha, Norte de Minas e Metropolitana de Belo Horizonte. Nesse estudo, constatou-se uma maior produtividade de topônimos de natureza física, os hidrotopônimos e os litotopônimos. No Brasil, atualmente, para a coleta e o registro de dados toponímicos, os pesquisadores se utilizam de diferentes fontes, que incluem desde cartas topográficas, arquivos de órgãos oficiais, a relatos orais de moradores e documentos diversos. A maioria das pesquisas visa a contribuições teóricas para o refinamento de modelos taxionômicos de classificação dos topônimos, resgatando informações sócio-históricas, etimológicas, etnolinguísticas e culturais, tanto de natureza sincrônica como diacrônica. Muitas dessas pesquisas são utilizadas como fonte de dados na elaboração de atlas linguísticos de cidades e regiões. Na Região Sudeste, uma das mais produtivas no que concerne a estudos em Toponímia, destacam-se os trabalhos de Lopes (2008), Fazzio (2008), Tizio (2008) e Tizio (2009). Lopes (2008) analisou 177 topônimos que denominam acidentes geográficos físicos e humanos da zona rural de São João Batista da Glória (MG), fazendo o resgate históricosocial, utilizando, inclusive, relatos orais com pessoas dos lugres estudados. Fazzio (2008) estudou a relação entre as escolhas toponímicas e a realidade sociocultural e linguística dos habitantes de Promissão (SP) no momento da nomeação.

23 22 Tizio (2008) analisou os nomes atribuídos ao rio Tietê (SP), desde seus hidrotopônimos aos aglomerados urbanos distribuídos ao longo de toda a sua extensão, verifica como esses nomes foram dados e por quais alterações eles passaram ao longo do tempo e conclui com uma proposta de lei para normalização da nomeação de hidrelétricas e logradouros públicos no Brasil. Em seu trabalho de doutoramento, Tizio (2009) analisa os nomes dos loteamentos que deram origem a oitenta bairros de Santo André, a partir do estudo toponímico em uma perspectiva diacrônico-contrastiva, a fim de se alcançar fatores que levaram à fixação desses nomes. Em Minas Gerais, destacamos o trabalho de Santos e Seabra (2009), no qual analisam os topônimos de assentamentos da população da Comarca do Serro Frio, território que envolve municípios das mesorregiões geográficas do Jequitinhonha, Norte de Minas e Metropolitana de Belo Horizonte. Na Região Sul, destacam-se os trabalhos de Zamariano (2006), Toponímia paranaense do período histórico de 1648 a 1853, que investiga os nomes dos municípios paranaenses fundados nesse período; e de Moreira (2006), A toponímia paranaense na rota dos tropeiros: Caminho das Missões e Estrada de Palmas, que analisa a influência do ciclo econômico do Tropeirismo registrada em topônimos paranaenses. Na Região Centro-Oeste, merece destaque a diversidade dos estudos toponímicos, como os de: Santos (2005), que analisou os topônimos que constituem o município de Barra do Garças, localizado na microrregião do Médio Araguaia (MT); Dargel e Isquerdo (2005), que analisaram os estratos linguísticos referentes aos acidentes geográficos do Bolsão Sulmato-grossense; Maeda (2006), referente aos nomes de Fazendas localizadas no Pantanal Sulmato-grossense; e Carvalho (2010), que analisou os topônimos de córregos, ribeiras, rios, serras etc, que constituem a mesorregião Sudeste Mato-grossense. Na Região Norte, mencionamos os trabalhos de Sousa (2007a), que aplicou os procedimentos metodológicos descritos em Dick (1992, 2001) para a elaboração do atlas toponímico do Estado do Acre; Carneiro (2007), que descreveu a realidade toponímica do território Wapixana (RR) a partir de aspectos dialetológicos; e Andrade (2006), que analisou cerca de topônimos de origem indígena, registrados em 127 cartas topográficas do estado do Tocantins. Na Região Nordeste, destaca-se o trabalho de Curvelo (2009), intitulado Topônimos maranhenses: testemunhos de um passado ainda presente. Neste trabalho, a pesquisadora descreve o léxico onomástico dos 217 topônimos do estado do Maranhão,

24 23 distribuídos em cinco mesorregiões, com o objetivo de investigar a motivação toponomástica desses designativos e determinar qual das categorias taxionômicas, a de natureza física ou a de natureza antropocultural, prevalece na ação nomeadora maranhense. Além disso, a autora estabelece o percurso onomástico dos 217 topônimos e agrupa-os em quatro sincronias: 1600, 1700, 1800 e Quanto ao estudo dos topônimos baianos, podemos citar o trabalho de Oliveira (2008), intitulado Iconicidade toponímica na Chapada Diamantina: estudo de caso, no qual são analisados 108 topônimos designativos de sítios turísticos na área conhecida como Circuito do Diamante. Diferentemente de outros trabalhos que seguem o modelo metodológico do ATB, em Oliveira (2008) os signos toponímicos são analisados quanto as suas propriedades semânticas e icônicas. No que diz respeito aos atlas toponímicos desenvolvidos ou em desenvolvimento no país, destacamos o Projeto Atlas Toponímico do Brasil: parte geral e variantes regionais - ATB, coordenado pela professora Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick, da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. A proposta inicial do ATB foi ampliar o estudo toponímico a todos os estados do país seguindo a metodologia já adotada no desenvolvimento do Projeto ATESP Atlas Toponímico do Estado de São Paulo, que partia de uma pesquisa cartográfica dos 573 municípios que constituíam o Estado na época do levantamento. As cartas consultadas para o desenvolvimento do ATESP foram elaboradas pelo Instituto Geológico do Estado ou pela Prefeitura de São Paulo, além disso, também foram consultados, como fontes complementares, documentos históricos referentes aos locais investigados. Também estão vinculados ao ATB o Atlas Toponímico do Estado de Minas Gerais Projeto ATEMIG; o Atlas Toponímico do Estado do Mato Grosso do Sul Projeto ATEMS; o Atlas Toponímico do Tocantins ATT ; o Atlas Toponímico de Origem Indígena do Tocantins Projeto ATITO; o Atlas Toponímico da Amazônia Ocidental Brasileira Projeto ATAOB e o Atlas Toponímico do Estado do Ceará Projeto ATEC 7. Além destes, estão previstos os levantamentos cartográficos dos Estados da Paraíba, Maranhão e Goiás. No projeto ATEMIG, são investigados os nomes de cidades mineiras distribuídas em 10 Mesorregiões que compõem o Estado, com cerca de 850 municípios. O ATEMS, coordenado pela professora Aparecida Negri Isquerdo, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, integra mais duas Instituições de Ensino 7 Sobre o ATEC, encontramos pouquíssimas referências e publicações, todas demonstrando ser ainda um projeto embrionário.

25 24 Superior, a Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul e a Universidade Federal de Grande Dourados, além da rede municipal de ensino de Mato Grosso do Sul e de Goiás. De caráter interinstitucional, o ATEMS é uma variante do ATB e objetiva a catalogação, a análise e a cartografação da toponímia oficial do estado. A base de dados do ATEMS já contém cerca de topônimos. O ATT, coordenado pela professora Karylleila dos Santos Andrade, tem por objetivo o estudo da motivação dos designativos de lugar registrados em cartas municipais. Além do estudo dialetológico, são investigadas a etimologia, a estrutura gramatical e a correção fonêmica dos topônimos coletados. Na elaboração do ATITO, também sob a coordenação da professora Karylleila dos Santos Andrade, foram investigados topônimos de origem indígena de natureza física (rio, córrego, ribeirão) e antropocultural (fazenda, sítio, chácara etc.). Os resultados parciais indicam que a língua tupi prevalece na motivação dos topônimos identificados nas cartas topográficas do Estado do Tocantins. O ATAOB, sob a coordenação do professor Alexandre de Melo Sousa, da Universidade Federal do Acre, tem sido desenvolvido desde O ATAOB tem como objetivo geral traçar o perfil toponímico do Estado do Acre, a partir dos designativos de lugar registrados em cartas topográficas oficiais. Em relação ao estado do Ceará, não identificamos ainda pesquisas sistemáticas sobre a motivação toponímica e as análises de categorias taxionômicas, já que a maior parte dos estudos reporta-se à origem, à etimologia e às transformações toponomásticas dos designativos de lugar. Ao longo do tempo, muitos pesquisadores buscaram dados em registros oficiais do estado, sejam eles atuais ou concernentes a épocas distantes. Diante da dificuldade de coletar os topônimos em mapas cartográficos, os nomes eram retirados de cartas régias, datas de concessão de sesmarias, ofícios e portarias, já que o passado revela a ausência de uma tradição em elaborar cartas topográficas sobre o Ceará, devido a sua ocupação tardia em relação às demais capitanias do país, iniciada somente nos primeiros anos do século XVIII. De acordo com Jucá Neto (2010), o Ceará, em virtude da ausência de atrativos econômicos e por ainda pertencer à Capitania de Pernambuco até 1799, teve pouca visibilidade inclusive nos registros cartográficos. No fim do século XVII e no século XVIII, o Ceará foi registrado como terra inóspita, e durante os anos setecentos ainda não possuía uma demarcação oficial de suas fronteiras territoriais. O primeiro registro cartográfico do Ceará de que se tem notícia foi elaborado pelo

26 25 engenheiro e naturalista João da Silva Feijó, em Capitania do Ceará; Dividida/pelo Campo Illuminado de cor, em que aparecem registradas as vilas de Fortaleza, Arronches, Messejana, Soure, Aquiraz, Aracati, Icó, Crato, Campo Maior, Sobral, Granja, Vila Nova del Rei, Viçosa e Montemor o Novo (JUCÁ NETO, 2010). Em 1812, também de autoria de Feijó, foi elaborada a Carta Topographica / da / Capitania do Ceará / que a / SAR / o Príncipe Regente / Nosso Senhor / Dedica / Luiz Barba Alardo de Menezes, em que aparecem registradas 16 vilas cearenses, Aquiraz, Aracati, Arronches, São Bernardo, Campo Maior, Crato, Fortaleza, Granja, Icó, São João do Príncipe, Messejana, a Vila Nova d El Rei, Sobral, Soure, Monte Mor-o-Novo D América e Vila Viçosa Real (JUCÁ NETO, 2010). Apesar dos esforços de Feijó, os registros não eram precisos. Em alguns casos, havia vilas registradas na primeira carta e omitidas em outras. Além disso, os registros cartográficos não davam conta de todos os acidentes geográficos contemporâneos à sua elaboração. Dessa forma, os documentos manuscritos conseguiam suprir as informações referentes aos mais diversos espaços que constituíam o território cearense. Muitos nomes de lugares, com suas localizações e transformações, foram registrados em documentos da esfera judicial e administrativa, por exemplo, e foram recuperados e preservados em estudos de diversos pesquisadores que deixaram um legado inquestionável sobre a história do Ceará, dentre os quais é inegável a contribuição de Studart (1923, 1924) e Seraine (1946, 1947, 1948, 1961). Nas edições de número XXXVII e XXXVIII, da Revista do Instituto do Ceará, Studart (1923), a pedido da Sociedade de Geographia do Rio de Janeiro, em comemoração ao 1º centenário da Independência do Brasil, apresenta um artigo, dividido nos dois volumes mencionados, sobre a Geographia do Ceará, no qual faz todo um resgate histórico sobre a ocupação do território cearense, desde as primeiras visitas, às concessões de sesmarias, dos primeiros governadores a criação das vilas que constituíam o espaço cearense. O pesquisador apresenta uma relação de cerca de 160 mapas e cartas topográficas que registravam o espaço brasileiro, de modo geral, e alguns o território cearense, principalmente a sua costa. Na segunda parte do artigo, publicada em 1924, Studart apresenta detalhes da geografia do Ceará, desde informações sobre aspectos físicos, constituição geológica, à descrição de enseadas, bahias, portos, lagos, lagoas, montanhas, serras, rios e riquezas minerais, além de fazer um percurso das cidades cearenses, retomando fatos a época da criação das vilas e povoados. Seraine (1948), em seu artigo Contribuição à toponímia cearense (continuação),

27 26 publicado na edição LXII da Revista do Instituto do Ceará, apresenta um panorama sobre os primeiros estudos em toponímia no Estado. Este artigo é a segunda parte de outro publicado com mesmo título no volume anterior, o de número LXI, no qual apresenta um levantamento de designativos indígenas de localidades cearenses. Seraine (1948) aponta dados preciosos, pois resgata a memória linguística e cultural do povo cearense. O pesquisador mostra informações etimológicas e históricas das principais vilas, como Acaraú, Aquiraz, Baturité, Crateús, Caucaia, Icó, Ipu, Uruburetama etc. Além disso, apresenta as leis que autorizaram a elevação e transferência das vilas e as possíveis mudanças toponomásticas ocorridas nesse processo. Em Topônimos de Portugal no Ceará, Seraine (1961) apresenta um levantamento de topônimos de origem portuguesa que substituíram nomes indígenas vigentes até o início do século XIX e descreve o processo de mudança toponomástica dessas localidades, revelando as leis e decretos régios que instituíram tais mudanças. Falcão (1993) publicou o Pequeno Atlas Toponímico do Ceará, no qual apresentava os topônimos de 200 povoados, 672 distritos e 184 municípios cearenses. Nesse estudo, o pesquisador apresenta uma substanciosa coletânea dos nomes de lugares do Ceará e faz um levantamento das principais leis e decretos nacionais e estaduais que normatizaram a ação denominativa de lugares ao longo da história. Nessa obra, são apresentadas, também, em alguns topônimos, características etimológicas e notas sobre a história política e social relevantes para a compreensão do nome do lugar, além da localização das meso e microrregiões cearenses contemporâneas à publicação da obra. Destacamos, ainda, a elaboração o trabalho de Sousa (2007b), que analisou a toponímia das praias cearenses, cuja descrição mostrou haver predominância de topônimos de natureza física nesse ambiente geográfico estudado. A partir dos trabalhos apresentados, identificamos uma bibliografia escassa em relação à toponímia cearense. Muitos trabalhos apresentam apenas uma lista de topônimos, seguidos de suas etimologias e do contexto histórico em que surgiram. Face à pesquisa desenvolvida por Sousa (2007b), fazem-se necessários, portanto, outros estudos que investiguem a motivação toponímica dos denominativos cearenses, fundamentados nos modelos teóricos e metodológicos norteadores das pesquisas toponímicas recentemente desenvolvidas ou em desenvolvimento. Nesta perspectiva, no próximo capítulo, apresentamos os princípios teóricos da Toponímia, a natureza interdisciplinar, os fenômenos linguísticos concernentes aos topônimos e o modelo de classificação léxico-semântica dos topônimos.

28 27 3 TOPONÍMIA: princípios teóricos 3.1 A atividade humana de nomeação Por meio da linguagem, o conhecimento, os costumes e as crenças são registrados e perpetuados de geração a geração, de modo a constituírem a memória individual e social dos grupos humanos. A ação de nomear as coisas tem acompanhado o homem no curso de sua existência e é uma atividade linguística indispensável a qualquer grupo social, por permitir ao homem apropriar-se, de forma simbólica, da realidade. Para Biderman (2001, p. 13), a nomeação da realidade [...] pode ser considerada como a etapa primeira no percurso científico do espírito humano de conhecimento do mundo. É pelo processo de nomeação que o homem registra seu conhecimento não apenas sobre aspectos biofísicos, como também sobre valores pessoais e sociais que emergem do universo que o cerca. Os nomes auxiliam o homem a se organizar no tempo, no espaço ou em seu grupo, pois são responsáveis por ordenar os dados da experiência humana e armazená-los em categorizações linguísticas. Nesta perspectiva, a nomeação é a atividade responsável pela geração do léxico das línguas naturais, pois, como afirma Biderman (2001, p. 13), [...] ao reunir os objetos em grupos, identificando semelhanças e, inversamente, discriminando os traços distintivos que individualizam esses seres e objetos em entidades diferentes, o homem foi estruturando o mundo que o cerca, rotulando essas entidades discriminadas. É por meio desses rótulos que o homem interage com a realidade. Dessa forma, diferentes grupos humanos classificaram a realidade de acordo com suas experiências, inseridos em contextos culturais distintos. Segundo Biderman (1998c, p. 179), [...] o vocabulário exerce um papel crucial na veiculação do significado, que é, afinal de contas, o objeto da comunicação lingüística. [...] o léxico é o lugar da estocagem da significação e dos conteúdos significantes da linguagem humana. [...] no aparato lingüístico da memória humana, o léxico é o lugar do conhecimento sob o rótulo sintético de palavras os signos lingüísticos. O léxico é uma forma de registrar o conhecimento do universo que nos cerca, pois está diretamente relacionado ao processo de nomeação e à apreensão cognitiva da realidade. Para Sapir (1961, p. 21), O léxico de uma língua é que mais nitidamente reflete o ambiente físico e social dos falantes. Dessa forma, o léxico representa um campo especial de depósito dos valores socioculturais de um povo, pois [...] em certo sentido, a trama de padrões culturais de uma civilização está indicada na língua em que essa civilização se

29 28 expressa. (SAPIR, 1961, p.21). Notemos que esse raciocínio coincide com a colocação de Biderman (1998a, p. 12) de que o léxico é considerado um patrimônio vocabular das línguas naturais. Para as línguas de civilização, esse patrimônio constitui um tesouro cultural abstrato, ou seja, uma herança de signos lexicais herdados e de uma série de modelos categoriais para gerar novas palavras. Os modelos formais dos signos lingüísticos preexistem, portanto, ao indivíduo. No seu processo individual de cognição da realidade, o falante incorpora o vocabulário nomeador das realidades cognoscentes juntamente com os modelos formais que configuram o sistema lexical (BIDERMAN, 1998a, p. 12). Assim, o léxico assume diferentes papeis, pois nomeia ao mesmo tempo que designa, descreve, sugere, delimita etc. De acordo com Biderman (1998b, p. 112), [...] quando o referente é um objeto da realidade física, a nomeação pode chegar a um grau máximo de identidade entre palavra e coisa referida praticamente identificando o nome com seu referente. É o caso dos nomes próprios, sobretudo topônimos. 3.2 Lexicologia, Onomástica e Toponímia: definições A ciência que estuda o léxico de uma língua é a Lexicologia. Segundo Biderman (2001, p. 16), A Lexicologia, ciência antiga, tem como objetos básicos de estudo e análise a palavra, a categorização lexical e a estruturação do léxico. O léxico, o objeto de estudo da Lexicologia, constitui-se, para Biderman (1998a, p. 11), como [...] uma forma de registrar o conhecimento do universo. A palavra, portanto, não é apenas uma forma de identificação, mas um registro que assegura a existência de um referente extralinguístico, que até o momento do batismo tinha sua existência despercebida pelo homem. Segundo Vilela (1994, p. 10), A Lexicologia costuma ser definida como a ciência do léxico de uma língua [...] e tem como objeto o relacionamento do léxico com os restantes subsistemas da língua, incidindo, sobretudo, na análise da estrutura interna do léxico, nas suas relações e inter-relações. Identificando a possibilidade de relacionar o léxico de línguas diferentes, Houaiss, Villar e Franco (2009, p. 1750) definem a Lexicologia como [...] parte da lingüística que estuda o vocábulo quanto ao seu significado, constituição mórfica e variações flexionais, sua classificação formal ou semântica em relação a outros vocábulos da mesma língua, ou comparados com os de outra língua, em perspectiva sincrônica ou diacrônica.

30 29 A Onomástica, por sua vez, representa um dos campos de investigação da Lexicologia. Para Dubois et al. (1993, p. 441), Onomástica é o ramo da Lexicologia que estuda a origem dos nomes próprios. Divide-se, às vezes, esse estudo em antroponímia (que diz respeito aos nomes próprios de pessoa) e toponímia (que diz respeito aos nomes de lugar). Esse posicionamento assemelha-se à colocação de Dick (2001, p. 81), para quem o sistema onomástico utiliza-se dos mesmos constituintes disponíveis no léxico virtual de uma língua, ou seja, as palavras que inicialmente integram o léxico de uso comum na língua passam à categoria de nomes próprios, ou topônimos, ao nomearem lugares. Na mesma perspectiva, Dick (1992) define a palavra toponímia como sendo de origem nas palavras gregas topos (lugar) e onyma (nome), significando nome de lugar, ou seja, a ciência que estuda a origem e a significação dos nomes de lugares. A pesquisadora considera que o estudo toponímico abrange os designativos geográficos de natureza física (rios, riachos, córregos, serra etc) e os de natureza antropocultural (aldeias, povoados, cidades, bairros, patrimônios etc). A Toponímia, como afirma Dubois et al. (1993, p. 590), [...] é o ramo da Linguística que se ocupa da origem dos nomes de lugares, de suas relações com a língua do país, com as línguas de outros países ou com línguas desaparecidas. Dick (1990, p. 22) considera que a toponímia representa algo além de um recorte do léxico da língua comum, é como um depósito de informações sócio-histórico-culturais. Dessa forma, os topônimos, [...] além de distinguirem, identificarem os acidentes de um determinado espaço geográfico, também se constituem como verdadeiros testemunhos históricos, podendo registrar fatos e ocorrências de momentos diferentes da vida de uma população, razão pela qual o nome adquire um valor que transcende ao próprio ato da nomeação. Assim, se a toponímia de uma região pode ser considerada como a crônica de um povo, registrando o presente para o conhecimento das gerações futuras, o topônimo configura-se como o instrumento dessa projeção temporal. (DICK, 1990, p. 22). Na mesma perspectiva, Dargel e Isquerdo (2005, s/p) salientam que a Toponímia não se detém apenas no estudo linguístico, ou seja, contrariam a concepção tradicional de que o estudo do topônimo limita-se à descrição intralinguística de busca da etimologia, da estrutura morfológica e do significado, pois se trata de uma [...] disciplina de caráter aberto, inacabado, dinâmico e interdisciplinar. Nieto Ballester (1997) considera que o estudo da origem dos nomes de lugares não é a única atribuição da Toponímia. O pesquisador espanhol afirma que

31 30 A toponímia (do grego topos, <<lugar>>, ónoma, <<nome>>) pode ser definida como o estudo da origem e significação dos nomes próprios de lugar, quer se trate de nomes próprios de núcleos de povoações (cidades, vilas, aldeias, etc), quer de nomes de regiões, de montes, de lagos, de mares, etc. Como tal disciplina científica é, por sua vez, uma parte dos estudos gerais de onomástica, disciplina esta que pode ser definida de forma mais geral como o estudo da origem e significação dos nomes próprios, sejam estes antropônimos (nomes próprios de pessoa), topônimos, etnônimos (nomes de povos ou estirpes) (NIETO BALLESTER, 1997, p. 11, tradução nossa) 8. Esse posicionamento é claramente admitido pelo antropólogo e toponimista venezuelano Salazar-Quijada (1985), para quem a Toponímia representa [...] o estudo integral, no espaço e no tempo, dos aspectos históricos, geográficos, econômicos, sócioantropológicos e lingüísticos, que permitiram e permitem que um nome de lugar tenha origem e subsista. Nieto Ballester (1997, p. 12) também associa os estudos toponomásticos a outras áreas do conhecimento e acrescenta que a Toponímia se trata, essencialmente, de estudos linguísticos, por isso o pesquisador [...] deverá ter necessariamente importantes conhecimentos de fonética histórica, lexicologia, morfologia e dialetologia (entre outras áreas linguísticas) de uma ou mais línguas, em função do território estudado. Esta natureza linguística, contudo, não impede que sejamos bem conscientes do território em comum que a toponímia divide com outros estudos humanísticos. É importante dizer que da história do lugar, de sua economia, da flora e agricultura são absolutamente imprescindíveis em nossos estudos. A toponímia, portanto, necessita dos conhecimentos de todos estes campos de estudo e, por sua vez, proporciona dados de considerável valor a todos eles. (NIETO BALLESTER, 1997, p. 12, tradução nossa) 9. O estudo toponímico está inserido no campo de investigação linguística, mas é importante que o pesquisador busque informações extralinguísticas relacionadas à história, à cultura e à geografia do território estudado para assegurar confiabilidade aos seus resultados no que diz respeito, principalmente, à busca da motivação toponímia. É esta perspectiva extralinguística que caracteriza os estudos toponímicos atuais, em oposição ao tradicional 8 La toponimia (del griego topos, <<lugar>>, ónoma, <<nombre>>) puede ser definida como el estudio del origen y significación de los nombre propios de lugar, ya se trate de nombres propios de núcleos de población (ciudades, villas, aldeãs, etc.), nombres de regiones, de montes, de lagos, de mares, etc. Como tal disciplina científica es, a su vez, uma parte de los estudios generelaes de onomástica, disciplina ésta que puede ser definida más en general como el estudio del origen y significación de los nombres propios, ya sean éstos antropónimos (nombres propios de persona), topónimos, etnónimos (nombres de pueblos o estirpes) (NIETTO BALLESTER, 1997, p. 11). 9 [...] deberá tener necesariamente importantes conocimientos de fonética histórica, lexicologia, morfología y dialectología (entre otras parcelas lingüísticas) de una o más lenguas, en función del territorio estudiado. Esta natureza lingüística, con todo, no obsta para que seamos bien conscientes del territorio en común que la toponimia comparte con otros estudios humanísticos. Huelga decir que detalles de historia del lugar, de su economia, de flora y agricultura son absolutamente imprescindibles em nuestros estudios. La toponimia, pues, necesita de los conocimientos de todos estos campos de estudio y a su vez proporciona datos de considerable valor a todos ellos.

32 31 levantamento da origem e significação dos topônimos de um lugar. A partir das definições apresentadas anteriormente, percebemos que a Toponímia, atualmente, apresenta-se como um exercício interdisciplinar de investigação dos nomes de lugares. Apresentaremos a seguir alguns estudos toponímicos que seguiram este viés. 3.3 Toponímia e interdisciplinaridade A Toponímia, atualmente, supera o caráter de mero diletantismo e abrange uma multiplicidade de perspectivas de investigação. Como afirma Dick (1992), [...] é uma disciplina que se volta para a História, a Geografia, a Linguística, a Antropologia, a Psicologia Social e, até mesmo, à Zoologia, à Botânica, à Arqueologia, de acordo com a formação intelectual do pesquisador. Nesta relação com outras áreas do conhecimento humano, a Toponímia [...] recebe, ao mesmo tempo que lhes fornece, subsídios preciosos para suas configurações teóricas. (DICK, 1992). No que concerne à relação entre Toponímia, Geografia e Cartografia, destacamos o trabalho de Santos (2005), que, preocupado com a problemática da padronização de nomes geográficos, sinaliza para a necessidade de criação de uma comissão de nomes geográficos no Brasil. Segundo o pesquisador, sob o viés geográfico, existe uma distinção entre topônimo e nome geográfico. O nome geográfico aparece como topônimo normalizado, padronizado que é usado como referência geográfica em registros cartográficos. De acordo com Dick (2007b, p. 463), inicialmente, a Toponímia utilizou o vocabulário de origem terminológico-geográfica, aplicado no processo de referencialização de acidentes geográficos. Nessa fase, o designativo de acidente geográfico era usado em função denominativa, como se fosse um nome, esse processo é chamado de toponimização do fato geográfico. Nesta circunstância, dispensava-se o uso de expressões substitutivas ou próprias, estabelecendo uma relação de iconicidade entre o referente e o signo toponímico. Na dimensão linguística, os topônimos podem ser estudados sob diferentes perspectivas: descrição dos estratos linguísticos registrados nos designativos de lugar, investigação sobre a motivação semântica dos topônimos, classificação taxionômica dos nomes, análise de taxes predominantes, descrição do percurso onomástico, relativo às mudanças de nomes (TAVARES, 2008). A partir das possibilidades de investigação das pesquisas toponímicas, observa-se que os estudos etnolinguísticos e dialetológicos são potencialmente enriquecedores. Ao diagnosticar estratos linguísticos diferentes em um conjunto de topônimos de um dado

33 32 território e ao relacioná-los aos povos que por lá passaram, serão evidenciados fatores culturais, linguísticos e sociais que constituem a memória social sobre um lugar, tornando os topônimos verdadeiros tesouros linguísticos testemunhos de sua história. Em Aspectos de Etnolinguística a Toponímica carioca e paulistana contrastes e confrontos, Dick (2003) propõe-se a fazer um estudo contrastivo simultâneo de duas regiões, diferentemente das práticas onomásticas comuns, em que se analisa uma área de cada vez. O objetivo do seu trabalho é verificar em que pontos os topônimos cariocas e paulistanos coincidem ou se diferem em dois campos, o geomorfonímico e hodonímico. Segundo a autora, na perspectiva sincrônica dos estudos contrastivos, a etnolinguística firmou-se como decorrência da necessidade de se entender as variantes e as invariantes sociais, bem como os níveis de linguagem que modelam os pensamentos e o modo de ser e de viver da população em análise. (DICK, 2003, s/p.). Observa-se, portanto, que a Toponímia serve-se dos dados etnolinguísticos e dialetológicos para descrever o léxico toponomástico. Dessa forma, complementa a linguista, O estudo da Toponímia brasileira, como parte aplicada da lingüística geral, envolve, principalmente, e antes de tudo, o reconhecimento dos estratos dialetais que estruturaram, no território, a forma de expressão vernacular. É desse ângulo maior, ou seja, do reconhecimento etnolinguístico das camadas superpostas que se poderá buscar, então, as diversidades gramaticais, semânticas e etnográficas dos registros onomásticos. (DICK, 2001, s/p). Sob a ótica dos estudos interdisciplinares, Dick (2008) apresenta em seu artigo A toponímia como meio de investigação linguística e antropocultural a relação entre Toponímia, Dialetologia e Etnolinguística. Segundo a pesquisadora, É pela conjunção dos diversos dialetos e falares presentes em um determinado território que se estrutura o léxico regional, considerando-se não só as tendências normalizadoras da língua-padrão como a presença de minorias étnicas ainda participativas ou, mesmo, como dado documental, se extintas. A Toponímia servese, assim, dessa circunstância de base, equivalente ou próxima a um substrato vocabular, para aí deitar suas raízes, aproveitando-se do material lingüístico que mais se adéqüe à configuração dos conceitos que deve transmitir. (DICK, 2008, p ). Nesta perspectiva, Dick (2008) constata que, por exemplo, em relação à toponímia oficial do Estado de Mato Grosso, existem pelo menos três estratos dialetais: o de origem ameríndia, representado por nomes bororos, do tronco Makro-jê; o de origem portuguesa, admitido desde o período de ocupação; e o de origem tupi, ou tupinambá, provavelmente estabelecido pelo índio nas bandeiras, ou por mamelucos e brasilianos falantes do dialeto. A pesquisadora admite que a Toponímia é responsável pela preservação de momentos históricos

34 33 vividos por um grupo e que, pela união ente Toponímia e Dialetologia, a tentativa de recuperar e compreender enunciados linguísticos de tempos pretéritos torna-se mais eficaz. Ainda no âmbito linguístico, a interface Toponímia e Lexicografia, embora menos privilegiada, surge como um campo valioso para os estudos onomásticos. Segundo Isquerdo e Castiglioni (2010, p. 295), é particularmente desafiadora a etapa relativa ao tratamento lexicográfico da toponímia, que implica na construção de um modelo de microestrutura, com base nos parâmetros gerais estabelecidos na metodologia geral do Projeto ATB, adequada a cada realidade regional e em consonância com os fundamentos da Lexicografia contemporânea. Contribuem para esta linha de análise nos estudos onomásticos os atlas toponímicos de cidades e regiões, os quais aceleram o processo de elaboração de obras lexicográficas por já apresentarem dados toponímicos sistematizados, a exemplo das fichas lexicográfico-toponímicas. Nesta perspectiva, encontra-se em fase inicial de elaboração o dicionário de topônimos sul-mato-grossenses que compõem o projeto ATEMS. Segundo Isquerdo e Castiglioni (2010, p. 303), a microestrutura dos verbetes sugerida para o Glossário de topônimos do Bolsão sul-mato-grossense, contém dados obrigatórios e optativos. São dados obrigatórios: topônimo, nome do acidente geográfico, tipo do acidente, localização, microrregião, taxionomia, origem, estrutura morfológica e nota, neste último item, a inserção de informações geográficas acerca do topônimo (localização no mapa, limites, etc.) configurou-se como obrigatória. E dados optativos: gentílicos, nomes anteriores, a variante lexical, a etimologia, o histórico, as informações enciclopédicas, o contexto e a remissiva. (ISQUERDO; CASTIGLIONI, 2010, p. 303). Sob a perspectiva das ciências do léxico, além da Lexicografia, muitos pesquisadores têm relacionado Onomástica à Terminologia. Segundo Braga (2008, p. 9), a Terminologia lida com conceitos, que fazem referência ao saber específico de uma área, enquanto a Onomástica lida com elementos mais culturais do que tecnológicos, com valores humanos, procurando demonstrar quais as influências sofridas para que certo nome fosse preferido ao invés de outro. Para a autora, as duas ciências também guardam semelhanças, como no que diz respeito ao direcionamento da análise, já que um nome de lugar pode vir a ser um termo e um termo pode tornar-se um nome de lugar. Ressaltamos, ainda, a relação entre Toponímia e Filologia, esta última se empenha na recuperação de documentos e textos diversos que constituem a memória escrita de um

35 34 povo, analisando os mais variados aspectos: linguístico, literário e sócio-histórico (SANTOS, 2006, p. 79). Os textos editados por filólogos podem preservar verdadeiros tesouros linguísticos, sejam características ortográficas, sintáticas ou lexicais. Segundo Santos (2006, p. 79), a Filologia e a Linguística, portanto, têm mantido ao longo do tempo uma relação de complementaridade, ou seja, a Filologia textual, através do resgate e edição de textos, serve à Linguística, fornecendo subsídios que permitam caracterizar a língua atestada nos textos, estudando-os para obter os dados e classificá-los adequadamente, ocupando-se de explicar esses dados. Desse modo, a Filologia apresenta aos linguistas diversas possibilidades de estudo, tanto em perspectiva sincrônica, distante ou atual, como em perspectiva diacrônica. Para o campo de estudos do léxico, a Filologia pode contribuir com a recuperação de textos fidedignos a partir dos quais se pode identificar o estado da língua em uma determinada época, em seus aspectos fonético-fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos, bem como fornecer, para o caso específico da Toponímia, um corpus de denominativos de lugar que podem encontrar-se preservados apenas nestes documentos. Nesta perspectiva, a presente pesquisa tem como ponto de partida os 67 autos de querela editados por Ximenes (2006), a partir dos quais serão recuperadas características léxico-semânticas sobre os nomes de lugares que constituíam o território cearense no início do século XIX. Acreditamos que muitos registros toponímicos estão preservados nesses documentos e que eles podem revelar informações preciosas, tanto de natureza linguística, como histórica e social. 3.4 O topônimo O signo linguístico, o signo toponímico e a questão da motivação Desde os tempos mais antigos, pesquisadores ocuparam-se do estudo da linguagem. Inicialmente associadas à filosofia, as reflexões sobre a natureza da linguagem apresentam perspectivas de análise complexas e distintas ao longo do tempo. Uma dessas reflexões diz respeito à ligação semântica entre objeto e nome. Segundo Carvalhinhos e Antunes (2007), a relação entre um objeto e seu nome já era questionada pelos gregos. No século II a.c., o gramático Dionísio, responsável pela elaboração da primeira gramática do mundo ocidental, descreveu o onoma como designativo de objetos, seres individuais e atividades humanas.

36 35 Carvalhinhos (2008) afirma que a questão do nome foi objeto de reflexão pelos gregos na Antiguidade. Os naturalistas, representados por Platão, acreditavam em uma correspondência intrínseca entre som e sentido. Já os convencionalistas, representados por Aristóteles, acreditavam que a relação semântica entre objeto e palavra advém de uma convenção, um contrato social. Esta última hipótese aproxima-se da noção de arbitrariedade do signo, formulada pelo linguista suíço Ferdinand de Saussure. As reflexões de Saussure mudaram o curso dos estudos linguísticos e o princípio da arbitrariedade do signo tem sido o centro de muitas discussões alimentadas por semanticistas, filósofos e linguistas. No início do século XX, Saussure apresenta a noção de linguagem como um sistema de signos. Para o linguista, o signo linguístico é composto por um significante, que é a imagem acústica, e um significado, que é o conceito. Nas palavras de Saussure (2006, p. 80) 10, O signo linguístico une não uma coisa e uma palavra, mas um conceito e uma imagem acústica. Esta não é o som material, coisa puramente física, mas a impressão (empreinte) psíquica desse som, a representação dele nos dá o testemunho de nossos sentidos; tal imagem é sensorial e, se chegamos a chamá-la material, é somente neste sentido, e por oposição ao outro termo da associação, o conceito, geralmente mais abstrato. Essas duas faces do signo linguístico, significado e significante, são ambas psíquicas e é por meio de uma associação que elas estão unidas em nosso cérebro. Não existe signo linguístico sem significado e significante, pois esses elementos são indissociáveis. A relação entre significado e significante remete-nos a um dos princípios do signo linguístico formulados por Saussure, a questão da arbitrariedade. Essa arbitrariedade diz respeito apenas à ligação entre significado e significante, e não entre o signo e o objeto do mundo real. Dessa forma, para o linguista, O laço que une o significante ao significado é arbitrário ou então, visto que entendemos por signo o total resultante da associação de um significante com um significado, podemos dizer mais simplesmente: o signo linguístico é arbitrário. (SAUSSURE, 2006, p. 81). Ressalta ainda que o caráter arbitrário, ou imotivado, do signo linguístico não depende da livre escolha do indivíduo, uma vez que este signo é estabelecido em um grupo linguístico; portanto, o signo linguístico é social e convencional, ou seja, resulta de acordo coletivo entre os falantes. Este fato é exemplificado por Saussure pela ideia de mar, que não está ligada à sequência de sons m-a-r, ou seja, a ideia poderia ser representada por qualquer 10 A 1ª edição do Cours de Linguistique Générale, de Ferdinand de Saussure, é de Neste trabalho, utilizamos a 27ª edição, publicada em 2006, pela Editora Cultrix, São Paulo, traduzida por Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein.

37 36 outra sequência. Embora a questão da imotivação seja admitida por muitos pesquisadores, Saussure não exclui totalmente a possibilidade de motivação do signo linguístico, para o linguista [...] apenas uma parte dos signos é absolutamente arbitrária; em outras, intervém um fenômeno que permite reconhecer graus no arbitrário sem suprimi-lo: o signo pode ser relativamente motivado. (SAUSSURE, 2006, p. 152). Em se tratando do signo toponímico em particular, Dick (1990, p. 34) sugere que [...] o elemento linguístico comum, revestido, aqui, de função onomástica ou identificadora de lugares, integra um processo relacionante de motivação, onde, muitas vezes, se torna possível deduzir conexões hábeis entre o nome propriamente dito e a área por ele designada. Esta visão tem orientado os estudos toponímicos atuais, que admitem que o ato nomeativo não seja feito de forma aleatória, mas motivado por condições sociais, culturais e ambientais, estas são oferecidas pelo próprio espaço geográfico. Sem descartar a compreensão suassureana de significado e significante, Dick (1992, p. 18) admite que, Muito embora seja o topônimo, em sua estrutura, uma forma de língua, ou um significante, animado por uma substância de conteúdo, da mesma maneira que todo e qualquer outro elemento do código em questão, a funcionalidade de seu emprego adquire uma dimensão maior, marcando-o duplamente: o que era arbitrário, em termos de língua, transforma-se, no ato do batismo de um lugar, em essencialmente motivado [...]. Isso se justifica porque o signo toponímico pode, de certa forma, representar uma projeção aproximativa do real, ou seja, no signo toponímico estão indicados aspectos descritivos do lugar nomeado, como características físicas (rio Grande, rio Pequeno, riacho Fundo etc). Sob essa ótica, a motivação toponímica apresenta-se em dois momentos: [...] primeiro, na intencionalidade que anima o denominador, acionado em seu agir por circunstâncias várias, de ordem subjetiva, que o levam a eleger, num verdadeiro processo seletivo, um determinado nome para este ou aquele acidente geográfico; e, a seguir, na própria origem semântica da denominação, no significado que revela, de modo transparente ou opaco, e que pode envolver procedências as mais diversas. (DICK, 1992, p. 18). Como sugere a autora, a motivação toponímica ocorre, inicialmente, pela intencionalidade do falante e, em seguida, pela origem semântica da denominação. São esses dois aspectos que auxiliaram a pesquisadora na sistematização da taxionomia toponímica, dividida em categorias de natureza física e natureza antropocultural, as quais se originam de aspectos extralinguísticos sensíveis da realidade circundante e influenciam o homem no ato de

38 37 nomeação de lugares. Nesta mesma perspectiva, Aguilera (1999, p. 1) afirma que o topônimo [...] relaciona-se diretamente com os conceitos de homem e ambiente: é o homem quem denomina os acidentes geográficos que o rodeiam e certamente não o faz aleatoriamente, mas movido por alguma impressão sensorial e/ou sentimental que o acometa no momento. Pode chamar-lhe a atenção alguma particularidade intrínseca do terreno ou do acidente geográfico (altura, clima, cor, movimento) ou pode ser uma motivação externa ao ambiente, como a religião, a ideologia ou até o estado de espírito ou a expectativa de um único indivíduo ou de seu grupo com relação àquele lugar, naquele momento. Dessa forma, o ato nomeativo não é feito de forma aleatória, mas é motivado por condições sociais, culturais e ambientais, estas são oferecidas pelo próprio espaço geográfico. Corroborando com esse pensamento, sugere Dick (1998a, s/p): Esses atos não são meramente automáticos, ao contrário, pressupõem um mecanismo de ações dirigidas a propósitos diversos, desde fatores internos, causas próprias ou personalíssimas, frutos de ocorrências mais banalizadas, originárias de simples intenções pensadas, trabalhadas intelectualmente, mas há atitudes de outra natureza, pensadas, trabalhadas visando a fins específicos, alternativamente. Além da motivação, Dick (1992, p. 20) apresenta o signo toponímico relacionado ao conceito de fóssil linguístico, expressão herdada do geógrafo francês Jean Brunhes 11. O topônimo é considerado pela autora como um testemunho histórico, não apenas da língua falada em dada região, mas também de informações históricas, geográficas e sociais do povo que habitou o lugar. Ou seja, o topônimo resiste ao tempo, apesar de suas causas motivadoras desaparecem, por isso é chamado fóssil linguístico. De acordo com Dick (1992, p. 20), a permanência dos [...] signos geográficos, mesmo quando seus elementos componentes deixaram de ser facilmente identificáveis pela população local, adquire considerável importância. Dessa forma, a expressão fóssil linguístico está relacionada à questão da cristalização semântica dos topônimos e, consequentemente, ao seu esvaziamento semântico. Segundo Carvalhinhos (2008, s/p), A partir do momento em que a língua oral muda e também o meio ambiente se transforma, provavelmente o referencial físico que elucidaria o significado não mais existe, o que inviabiliza ou pelo menos dificulta a reconstrução etimológica. O topônimo guarda, então, sob um invólucro aparentemente sem sentido (uma cadência de sons reconhecidos como sendo da línguamas eventualmente desconhecidos no momento da decodificação), os semas ou unidades mínimas de significação que permitem a reconstrução etimológica. 11 BRUNHES, Jean. La Geographie Humaine. Paris, 1925.

39 38 Esse fenômeno é sensivelmente observado quando se pretende reconstituir os falares indígenas já extintos, pois, por meio dos topônimos, os povos deixaram um legado imensurável de palavras autóctones, as quais refletem estilos de vida diferentes, autênticos e são indispensáveis para a reconstituição das línguas, principalmente em seus aspectos etimológicos e semânticos. Para Dick (1992, p. 22), a cristalização semântica do topônimo auxilia na preservação dos fatos contemporâneos à nomeação, os quais poderão servir para uma análise posterior; o topônimo exerce, portanto, o papel de uma verdadeira crônica do lugar investigado Origem e importância Os nomes de lugares, ou topônimos, surgem pela necessidade que o homem tem de identificar o espaço de que toma posse, para indicar sua identidade e a de seu grupo e garantir sua fixação local. A nomeação do lugar torna-se, portanto, uma questão de sobrevivência, já que auxilia a organização entre os grupos e a sua adaptação a um determinado espaço geográfico. Embora o ato denominativo remonte aos tempos primórdios da civilização humana ele não é aleatório, pois cada povo tem características próprias e distintas que motivam a nomeação. Uma constatação dessa hipótese verifica-se na nomeação de lugares em tempos remotos, quando o lugar recebia o nome de seus possuidores, como forma de identificar o grupo que primeiro se apropriou do território, como, por exemplo, Hispânia, terra dos hispânicos ou Itália, terra dos ítalos (DICK, 1992, p. 5). A partir da época feudal, ocorre uma inversão deste processo, motivados pelo sentimento feudal do homem ligado à terra este passou a ser identificado com o nome do lugar a que pertencia (DICK, 1992, p. 5). Nesta perspectiva, o topônimo identifica-se não apenas como expressão de um único denominador, mas como projeção de todo o grupo social a que pertence, como afirma Dick (1992, p. 7), [...] outros grupos humanos apresentam variáveis culturais definidas, com certeza, pela cosmovisão que os anima, a qual, porém, só pode ser apreendida, na totalidade, através de estudos mais aprofundados de seu contexto histórico-social e psicológico. Os topônimos inicialmente nomeiam aspectos da realidade espacial. Nessa fase, o nome ainda guarda um aspecto comum, a partir do momento que o nome particulariza indivíduos ou regiões ele se torna onoma, nome próprio, emerge-se, assim; cria-se, portanto,

40 39 um novo dizer funcional e semântico (ex: saudade/caminho da saudade (topônimo), pela transformação terminológica da palavra que ainda é semântico-funcional, segundo Dick (1998b, s/p.). De acordo com Nieto Ballester (1997, p. 11), os topônimos têm possivelmente duas origens: [...] ou bem se trata de antigos nomes próprios de pessoas (antropônimos) ou de termos derivados deles, (b) ou se trata de antigos nomes comuns (também chamados denominativos) que, com o decorrer do tempo e em função dos perigos da história linguística do território em questão, deixaram de ser entendidos como tais. (Tradução nossa) 12. Atualmente, os estudos em Toponímia têm mostrado que o designativo de lugar supera a simples função identificadora, podendo revelar pistas de fatores extralinguísticos que influenciaram o ato de nomeação. Através dos topônimos, que integram o acervo lexical de uma língua, é possível resgatar elementos da cultura e da história de um povo, são verdadeiros testemunhos de uma sociedade. De acordo com Salazar-Quijada (1985), os topônimos têm sua importância em diversos segmentos do conhecimento humano, dos quais podemos citar: importância cartográfica, jurídica, geográfica, histórica, político-administrativa, linguística, social etc. A importância cartográfica advém da necessidade de uma normalização da nomenclatura geográfica, cujo processo necessita de um toponimista a fim de que se evite qualquer erro na disposição dos nomes de lugares em mapas. A importância jurídica consiste nos problemas que poderiam ser evitados no que diz respeito à imprecisão de nomes geográficos públicos ou privados e no seu registro em documentos oficiais. No que diz respeito à importância geográfica, os topônimos identificam diferentes acidentes geográficos, físicos ou antrópicos, necessários à identificação pelos pesquisadores dos mais diversos tipos de ocupação espacial. Quanto à importância histórica, os topônimos funcionam como verdadeiros testemunhos da história de um povo, que resistem ao tempo, e por meio dos quais é possível recuperar a história e as tradições de grupos humanos que ocuparam determinado lugar. Já em relação à importância político-administrativa, os topônimos revelam-se como referenciais dos limites de um município, distrito, estado ou até de um país. Eles 12 [...] (a) o bien se trata de antiguos nombres propios de persona (antropónimos) o de términos derivados de ellos, (b) o bien se trata de antiguos nombres comunes (también llamados apelativos) que, com el discurrir del tiempo y en función de los azares de la historia lingüística del território en cuestión, a menudo han dejado de ser entendidos como tales. (NIETO BALLESTER, 1997, p. 11).

41 40 contribuem para a organização governamental de arrecadação de impostos e de diferentes cadastros, já que consistem numa informação primária para situar as propriedades públicas e privadas. No que diz respeito à importância linguística, por meio de pesquisa etimológica e descritiva dos topônimos é possível identificar estratos linguísticos que constituíram uma língua e, a partir deles, reconstituir dados valiosos do passado de uma sociedade. Há também uma importância social dos topônimos, a qual está relacionada ao fato de estes constituírem dados da memória humana que muitas vezes têm um significado afetivo para os habitantes de uma comunidade, pois através dos topônimos são feitas homenagens a pessoas ilustres e em memória de fatos históricos. Além dessas importâncias já mencionadas, acrescentamos ainda a importância dos topônimos para a padronização dos nomes geográficos. Sabemos que no Brasil não existe um órgão público oficial de Toponímia. O que existe é o Centro de Referência em Nomes Geográficos (CRNG), setor ligado à Coordenação de Cartografia do IBGE. Segundo o CRNG, a padronização dos nomes geográficos visa, entre outros aspectos, propiciar aos usuários meios de conhecer as denominações dos lugares, em uma grafia oficial; aumentar a eficiência operacional em todos os níveis do governo; viabilizar operações de censo; facilitar a comunicação terrestre, aérea e marítima (IBGE, 2011) 13. Além disso, com o Decreto-Lei 6.666, de 27 de novembro de 2008, que cria a instituição de Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE), a padronização de nomes geográficos torna-se imprescindível para a regularização de dados de referência para essa almejada infraestrutura. Nesta mesma perspectiva, encontra-se em desenvolvimento o Banco de Nomes Geográficos do Brasil (BNGB), sob a responsabilidade do IBGE. A finalidade do BNGB é reunir mais de 50 mil topônimos de municípios, baías, rios que aparecem na Carta Internacional ao Milionésimo (CIM) do Brasil. Dessa forma, percebemos que tais iniciativas apontam para a relevância dos estudos toponímicos não apenas no âmbito da Linguística, como das mais diversas áreas do conhecimento que se interessam pelo fenômeno Estrutura 13 Informação obtida através do site da divisão de Nomes Geográficos do Brasil (NGB), do IBGE. Acesso em 18 de abril de 2011.

42 41 Dick (1990) admite que o topônimo é constituído de um termo ou elemento genérico, relativo ao acidente geográfico, como caminho, e um termo ou elemento específico, ou o topônimo verdadeiramente, como da saudade, contexto em que pode estar registrada a intenção do denominador ao nomear o espaço geográfico, carregado de aspectos históricos, ideológicos e culturais. Segundo Carvalhinhos (2008, s/p), Às vezes o elemento genérico está elíptico ou apenas pressuposto, sobretudo no que diz respeito aos aglomerados humanos: por isso, não é necessário dizer mais que o nome do município [...]. A linguista esclarece que, quando se tratar de homonímia, o termo genérico é acrescentado para fazer a distinção necessária, como no exemplo o estado do Rio de Janeiro em oposição à cidade. O termo ou elemento genérico e o termo ou elemento específico, de acordo com Dick (1992), [...] atuam no sintagma toponímico de duas formas: por justaposição, como rio das Amazonas, ou por aglutinação, como em Paraúna rio negro conforme, portanto, a natureza da língua que os inscreve. Quando se trata de um topônimo aglutinado, não se distingue mais o termo genérico do termo específico. Nesses casos, adota-se um novo termo genérico que possa ocupar o lugar daquele que foi absorvido no interior do topônimo, como acontece com o designativo Jaciparaná ou paraná da lua, que vem acompanhado da explicação rio de Rondônia, embora no interior da palavra já venha a indicação de acidente geográfico (paraná). Carvalhinhos (2008, s/p) esclarece ainda que O posicionamento dos termos no sintagma toponímico depende, obviamente, da natureza da língua em questão. A língua portuguesa, de estrutura em justaposição, em geral apresenta o genérico anteposto ao nome propriamente dito, acompanhado ou não de conectivo: rio (de) São Francisco, rio (das) Amazonas. Quanto à estrutura morfológica, os topônimos podem ser classificados em simples, compostos ou híbridos. O topônimo simples ou elemento específico simples é aquele que apresenta um único formante, que pode ser um substantivo ou um adjetivo e pode vir acompanhado de sufixações, como Almas, Alminhas (DICK, 1992). O topônimo composto ou elemento específico composto é aquele que apresenta em sua estrutura mais de um elemento formador, de origens diversas no que concerne ao conteúdo, por exemplo, Cachoeira Maravilhas dos Macacos. O topônimo híbrido ou elemento específico híbrido é aquele que apresenta em sua estrutura elementos linguísticos de origens diferentes. Segundo Dick (1992, p. 14), os

43 42 topônimos híbridos no Brasil caracterizam-se, principalmente, pela formação língua portuguesa + língua indígena ou língua indígena + língua portuguesa, como ocorre em Matriz do Camaragibe e Lambari do Meio, exemplificados pela autora. Segundo Câmara Júnior (1981, p. 233), os topônimos podem representar: a) nomes comuns, ou locuções substantivas, de caráter descritivo; b) nomes de santos padroeiros; c) reprodução de topônimos portugueses, ou, escolhidos por imigrantes de outros países, topônimos do seu país de origem; d) tupinismos e africanismos; e) antropônimos de autoridades governamentais ou homens públicos. 3.5 Classificação léxico-semântica dos topônimos Como já mencionamos anteriormente, diversos aspectos influenciam o ato denominativo de lugares, os quais podem atender a características tanto de natureza física (as características dos próprios acidentes), quanto de natureza antropocultural (aspectos sóciohistórico-culturais relacionados ao denominador ou à região). Segundo Dick (1998b, s/p), é esse conjunto de aspectos que [...] sugere pistas, indica caminhos interpretativos, torna-se evidência de comportamentos extintos, resgate de memórias vivenciadas. Com base nessas considerações, Dick (1992) propôs um modelo taxionômico de classificação dos topônimos, para se alcançar os aspectos da motivação toponímica Taxes de natureza física São os topônimos que se referem aos elementos da paisagem, do ambiente físico: astrotopônimos: topônimos relativos aos corpos celestes em geral; cardinotopônimos: topônimos relativos às posições geográficas; cromotopônimos: topônimos relativos à escala cromática; dimensiotopônimos: topônimos relativos às dimensões dos acidentes geográficos; fitotopônimos: topônimos relativos aos vegetais; geomorfotopônimos: topônimos relativos às formas topográficas. Completam a lista de taxes de natureza física os: hidrotopônimos: topônimos relativos a acidentes hidrográficos em geral; litotopônimos: topônimos relativos aos minerais ao à constituição do solo; meteorotopônimos: topônimos relativos a fenômenos atmosféricos; morfotopônimos: topônimos relativos às formas geométricas e zootopônimo: topônimos referentes aos animais.

44 Taxes de natureza antropocultural São os topônimos que se referem a aspectos culturais, ideológicos e socais, por exemplo: animotopônimos (ou Nootopônimos): topônimos relativos à vida psíquica, à cultura espiritual; antropotopônimos: topônimos relativos aos nomes próprios individuais; axiotopônimos: topônimos relativos aos títulos e dignidades que acompanham nomes próprios individuais; corotopônimos: topônimos relativos a nomes de cidades, países, estados, regiões e continentes; cronotopônimos: topônimos relativos aos indicadores cronológicos representados pelos adjetivos novo(a), velho(a); ecotopônimos: topônimos relativos às habitações em geral; ergotopônimos: topônimos relativos aos elementos da cultura material; etnotopônimos: topônimos relativos aos elementos étnicos isolados ou não (povos, tribos, castas); dirrematopônimos: topônimos constituídos de frases ou enunciados linguísticos. Além desses, temos os: hierotopônimos: topônimos relativos a nomes sagrados de crenças diversas, a efemérides religiosas, às associações religiosas e aos locais de culto. As subdivisões dessa são: hagiotopônimos: nomes de santos ou santas do hagiológio católico romano; mitotopônimos: entidades mitológicas. Historiotopônimos: topônimos relativos aos movimentos de cunho histórico, a seus membros e às datas comemorativas; hodotopônimos: topônimos relativos às vias de comunicação urbana ou rural; numerotopônimos: topônimos relativos aos adjetivos numerais; poliotopônimos: topônimos relativos pelos vocábulos vila, aldeia, cidade, povoação, arraial; sociotopônimos: topônimos relativos às atividades profissionais, aos locais de trabalho e aos pontos de encontro da comunidade, aglomerados humanos; somatopônimos: topônimos relativos metaforicamente às partes do corpo humano ou anima. A partir do exposto, apresentamos no próximo capítulo os procedimentos metodológicos adotados nesta pesquisa para registro e arquivamento dos dados sobre os topônimos cearenses investigados, classificação dos topônimos em taxes léxico-semânticas e descrição e análise desses denominativos de lugar.

45 44 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A investigação científica exige o delineamento criterioso dos procedimentos metodológicos a serem seguidos. A metodologia é a forma sistemática que temos de ordenar adequadamente os passos para a produção do conhecimento científico e o alcance de resultados confiáveis. Nesta pesquisa, os métodos de procedimento são de natureza descritiva, quanto aos objetivos, e documental e bibliográfica, quanto às técnicas a serem empregadas. Quanto à abordagem do tema, utilizaremos o método indutivo, uma vez que nos permite partir do estudo descritivo dos topônimos cearenses registrados em documentos oficiais oitocentistas para chegarmos ao perfil toponímico do Ceará nessa época e à classificação desses nomes de lugares a partir da taxonomia toponomástica proposta por Dick (1992). Na presente pesquisa, para a coleta dos dados, interessa-nos a documentação indireta, que abrangerá a pesquisa documental e a pesquisa bibliográfica referente ao tema. 4.1 A pesquisa documental A pesquisa documental que fizemos tomou como base dados obtidos em registros oficiais da esfera judicial, denominados autos de querela, dos quais extraímos os topônimos cearenses; em publicações do IBGE; em documentos do Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC), dos quais coletamos informações sobre o espaço cearense; bem como em leis, decretos e demais instrumentos normativos sobre a divisão territorial e a normatização dos nomes de lugares no Ceará A pesquisa bibliográfica A pesquisa bibliográfica tomou como base as produções registradas em livros, periódicos e impressos diversos, e atendeu ao objetivo de investigar e analisar o que já foi produzido sobre o assunto. As obras bibliográficas são de naturezas diferentes, alguns dicionários especiais, livros e revistas de divulgação científica, a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, editada pelo IBGE, publicações da Revista do Instituto do Ceará e outros.

46 Técnicas para coleta e delimitação do corpus O corpus da pesquisa constitui-se dos 54 topônimos registrados em documentos oficiais denominados autos de querela. Trata-se de 67 autos, datados entre 1802 e 1829, que foram editados por Ximenes (2006) segundo normas de edição semidiplomática. Os documentos estão agrupados em quatro códices: Livro 39, com dezoito autos, datados de 1802 a 1806; Livro 33, com dezenove autos, datados de 1807 a 1813; Livro 64, com dezessete autos, datados de 1811 a 1813 e Livro 1097, com treze autos, datados de 1824 a Nos documentos investigados, foram coletados 54 topônimos que designam acidentes físicos, como serras, rios e ribeiras, e acidentes humanos, como vilas e povoações, os quais foram classificados e analisados. 4.4 Classificação dos topônimos em Meso e Microrregiões Para melhor sistematização dos dados, os topônimos foram distribuídos nas 07 mesorregiões e nas 33 microrregiões geográficas que atualmente constituem o estado do Ceará, conforme divisão do IBGE (2009). Embora os topônimos analisados sejam concernentes ao período colonial e estejamos trabalhando com a divisão atual em meso e microrregiões, essa divisão permitirá identificar os lugares que eram ocupados no século XIX e visualizar com maior precisão a distribuição destes por todo o território cearense. Assim, os topônimos oitocentistas que não representam cidades e distritos no registro atual, ou seja, aqueles que eram apenas aldeias ou povoações e não foram elevados à condição de cidade, foram dispostos nas meso e microrregiões de acordo com a proximidade em relação à localização atual das cidades cearenses. Por exemplo, o Sítio Santo Antonio não se tornou vila ou cidade, mas sabemos que este pertencia ao território da cidade de Sobral, logo poderia ser inserido na Mesorregião 1, Microrregião 5, conforme a distribuição abaixo. A Mesorregião 1 (Noroeste Cearense) possui 47 (quarenta e sete) municípios distribuídos em 07 (sete) Microrregiões: 1 Litoral de Camocim e Acaraú, com 12 (doze) municípios; 2 Ibiapaba, 08 (oito) municípios; 3 Coreaú, com 04 (quatro) municípios; 4 Meruoca, com 02 (dois) municípios; 5 Sobral, com 12 (doze) municípios; 6 Ipu, com 06 (municípios) e 7 Santa Quitéria, com 03 (três) municípios. Os municípios da Mesorregião 1 estão dispostos da seguinte forma:

47 46 Quadro 1 Municípios da Mesorregião 1 (Noroeste Cearense). MESORREGIÃO 1 MICRORREGIÕES MUNICÍPIOS Microrregião 1: Litoral de Camocim Acaraú, Barroquinha, Bela Cruz, Camocim, Chaval, Cruz, Jijoca de Jericoacoara, Granja, Itarema, Marco, Martinópole e Morrinhos. Microrregião 2: Ibiapaba Carnaubal, Croatá, Guaraciaba do Norte, Ibiapina, São Benedito, Tianguá, Ubajara e Viçosa do Ceará. Noroeste cearense Microrregião 3: Coreaú Coreaú, Frecherinha, Moraújo e Uruoca. Microrregião 4: Meruoca Alcântaras e Meruoca. Microrregião 5: Sobral Cariré, Forquilha, Graça, Groaíras, Irauçuba, Massapê, Miraíma, Mucambo, Pacujá, Santana do Acaraú, Senador Sá e Sobral. Microrregião 6: Ipu Ipu, Ipueiras, Pires Ferreira, Poranga, Reriutaba e Varjota. Fonte: IBGE (2009). Microrregiao 7: Santa Quitéria Catunda, Hidrolândia e Santa Quintéria. A Mesorregião 2 (Norte Cearense) possui 36 (trinta e seis) municípios distribuídos em 08 (oito) Microrregiões: 8 Itapipoca, com 03 (três) municípios; 9 Baixo Curu, 03 (três) municípios; 10 Uruburetama, com 04 (quatro) municípios; 11 Médio Curu, com 05 (cinco) municípios; 12 Canindé, com 04 (quatro) municípios; 13 Baturité, com 11 (onze) municípios; 14 Chorozinho, com 03 (três) municípios e 15 Cascavel, com 03 (três) municípios.

48 47 Os municípios da Mesorregião 2 estão dispostos da seguinte forma: Quadro 2 Municípios da Mesorregião 2 (Norte Cearense). MESORREGIÃO 2 MICRORREGIÕES MUNICÍPIOS Microrregião 8: Itapipoca Amontada, Itapipoca e Trairi. Microrregião 9: Baixo Curu Paracuru, Paraipaba e São Gonçalo do Amarante. Microrregião 10: Uruburetama Itapajé, Tururu, Umirim e Uruburetama. Norte cearense Microrregião 11: Médio Curu Apuiarés, General Sampaio, Pentecoste, São Luís do Curu e Tejuçuoca. Microrregião 12: Canindé Canindé, Caridade, Itatira e Paramoti. Microrregião 13: Baturité Acarape, Aracoiaba, Aratuba, Baturité, Capistrano, Guaramiranga, Itapiúna, Mulungu, Pacoti, Palmácia e Redenção. Microrregião 14: Chorozinho Barreira, Chorozinho e Ocara. Fonte: IBGE (2009). Microrregião 15: Cascavel Beberibe, Cascavel e Pindoretama. A Mesorregião 3 (Região Metropolitana de Fortaleza) possui 11 (onze) municípios distribuídos em 02 (duas) Microrregiões: 16 Fortaleza, com 09 (nove) municípios e 17 Pacajus, com 02 (dois) municípios. Os municípios da Mesorregião 3 estão dispostos da seguinte forma:

49 48 Quadro 3 Municípios da Mesorregião 3 (Região Metropolitana de Fortaleza). MESORREGIÃO 3 MICRORREGIÕES MUNICÍPIOS Região Metropolitana de Fortaleza Fonte: IBGE (2009). Microrregião 16: Fortaleza Microrregião 17: Pacajus Aquiraz, Caucaia, Eusébio, Fortaleza, Guaiúba, Itaitinga, Maracanaú, Maranguape e Pacatuba. Horizonte e Pacajus. A Mesorregião 4 (Sertões Cearenses) possui 30 (trinta) municípios distribuídos em 04 (quatro) Microrregiões: 18 Sertão de Crateús, com 09 (nove) municípios; 19 Sertão de Quixeramobim, 07 (sete) municípios; 20 Sertão de Inhamuns, com 06 (seis) municípios e 21 Sertão de Senador Pompeu, com 08 (oito) municípios. Os municípios da Mesorregião 4 estão dispostos da seguinte forma: Quadro 4 Municípios da Mesorregião 4 (Sertões Cearenses). MESORREGIÃO 4 MICRORREGIÕES MUNICÍPIOS Microrregião 18: Sertão de Crateús Ararendá, Crateús, Independência, Ipaporanga, Monsenhor Tabosa, Nova Russas, Novo Oriente, Quiterianópolis e Tamboril. Sertões Cearenses Microrregião 19: Sertão de Quixeramobim Banabuiu, Boa Viagem, Choró, Ibaretama, Madalena, Quixadá e Quixeramobim. Microrregião 20: Sertão dos Inhamuns Aiuaba, Arneiroz, Catarina, Parambu, Saboeiro e Tauá. Fonte: IBGE (2009). Microrregião 21: Sertão de Senador Pompeu Acopiara, Deputado Irapuan Pinheiro, Milhã, Mombaça, Pedra Branca, Piquet Carneiro, Senador Pompeu e Solonópole.

50 49 A Mesorregião 5 (Jaguaribe) possui 21 (vinte e um) municípios distribuídos em 04 (quatro) Microrregiões: 22 Litoral de Aracati, com 04 (quatro) municípios; 23 Baixo Jaguaribe, 10 (dez) municípios; 24 Médio Jaguaribe, 03 (três) municípios e 25 Serra do Pereiro, com 04 (quatro) municípios. Os municípios da Mesorregião 5 estão dispostos da seguinte forma: Quadro 5 Municípios da Mesorregião 5 (Jaguaribe). MESORREGIÃO 5 MICRORREGIÕES MUNICÍPIOS Microrregião 22: Litoral do Aracati Aracati, Fortim, Icapuí e Itaiçaba. Jaguaribe Microrregião 23: Baixo Jaguaribe Alto Santo, Ibicutinga, Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Morada Nova, Palhano, Quixeré, Russas, São João do Jaguaribe e Tabuleiro do Norte. Microrregião 24: Médio Jaguaribe Jaguaretama, Jaguaribara e Jaguaribe. Fonte: IBGE (2009). Microrregião 25: Serra do Pereiro Ereré, Iracema, Pereiro e Potiretama. A Mesorregião 6 (Centro-Sul Cearense) possui 14 (quatorze) municípios distribuídos em 03 (três) Microrregiões: 26 Iguatu, com 05 (cinco) municípios; 27 Várzea Alegre, 05 (cinco) municípios e 28 Lavras da Mangabeira, com 04 (quatro) municípios. Os municípios da Mesorregião 6 estão dispostos da seguinte forma: Quadro 6 Municípios da Mesorregião 6 (Centro-Sul Cearense). MESORREGIÃO 6 MICRORREGIÕES MUNICÍPIOS Microrregião 26: Iguatu Cedro, Icó, Iguatu, Orós e Quixelô.

51 50 Centro-Sul Cearense Microrregião 27: Várzea Alegre Baixio, Ipaumirim, Lavras da Mangabeira e Umari. Fonte: IBGE (2009). Microrregião 28: Lavras da Mangabeira Baixio, Ipaumirim, Lavras da Mangabeira e Umari. A Mesorregião 7 (Sul Cearense) possui 25 (vinte e cinco) municípios distribuídos em 05 (cinco) Microrregiões: 29 Chapada do Araripe, com 05 (cinco) municípios; 30 Caririaçu, 04 (quatro) municípios; 31 Barro, 03 (três) municípios; 32 Cariri, com 08 (oito) municípios e 33 Brejo Santo, com 05(cinco) municípios. Os municípios da Mesorregião 4 estão dispostos da seguinte forma: Quadro 7 Municípios da Mesorregião 7 (Sul Cearense). MESORREGIÃO 7 MICRORREGIÕES MUNICÍPIOS Microrregião 29: Chapada do Araripe Araripe, Assaré, Campos Sales, Potengi e Salitre. Microrregião 30: Caririaçu Altaneira, Caririaçu, Farias Brito e Granjeiro. Sul Cearense Microrregião 31: Barro Aurora, Barro e Mauriti. Microrregião 32: Cariri Barbalha, Crato, Jardim, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda, Porteiras e Santana do Cariri. Fonte: IBGE (2009). Microrregião 33: Brejo Santo Abaiara, Brejo Santo, Jati, Milagres e Penaforte.

52 Instrumento de registro e arquivamento dos dados Os dados dos topônimos foram registrados em fichas lexicográfico-toponímicas, conforme o modelo proposto por Dick (2004, p. 130), as quais apresentam os seguintes campos: Localização do município; Topônimo; Acidente Geográfico (A.G); Taxionomia; Etimologia; Entrada lexical; Estrutura morfológica; Histórico; Informações enciclopédicas; Contexto; Fonte; Pesquisador; Revisor e Data de coleta, como o modelo abaixo. Ficha 1 Modelo de ficha lexicográfico-toponímica. Localização Município: Topônimo: A.G 14 : Taxionomia: Etimologia: Entrada lexical: Estrutura morfológica: Histórico: Informações enciclopédicas: Contexto: Fonte: Pesquisador: Data da coleta: Revisor: Fonte: Dick (2004, p.130). Os campos das fichas são descritos da seguinte forma (CURVELO, 2009, p. 71): Campo 1: Localização localização geográfica do município. Nesse campo são registradas informações como o nome da Mesorregião e da Microrregião onde se situam os municípios. Campo 2: Topônimo nome do lugar. Campo 3: Acidente Geográfico irregularidade no nivelamento do solo, a qual pode ser classificada como: baía, chapada, delta, estreito, ilha, montanha, rio, vale, etc. Campo 4: Taxionomia nomenclatura que permite interpretar, descrever e classificar os nomes dos lugares quanto ao aspecto semântico. Campo 5: Etimologia informações sobre o significado do topônimo descrito a 14 O Acidente Geográfico (AG) pode ser substituído pelo Acidente Humano (AH) quando se tratar de um lugar instituído pela ação humana, como vilas, povoados, aldeias, cidades etc.

53 52 partir de sua estrutura mórfica. Campo 6: Entrada lexical refere-se ao elemento linguístico de base, à unidade significativa que pode ser uma palavra simples ou composta, uma locução ou uma frase. Campo 7: Estrutura morfológica são as unidades mínimas de significação (morfemas lexicais e gramaticais) que compõem o topônimo. Campo 8: Histórico informações sobre a origem e os fatos motivadores das alterações toponímicas. Campo 9: Informações Enciclopédicas informações complementares coletadas em materiais de segunda mão como livros, dicionários e pesquisa na internet. Campo 10: Contexto contexto situacional, que indica de onde o topônimo foi retirado. Campo 11: Fonte documentos e textos diversos que servirão de base para a pesquisa. Campo 12: Pesquisador aquele ou aqueles que fizeram a pesquisa. Campo 13: Revisor aquele que revê a pesquisa. Campo 14: Data da coleta quando foram coletados os dados. Vejamos um exemplo de ficha preenchida seguindo o modelo descrito acima. Ficha 2 Modelo de ficha lexicográfico-toponímica preenchida. Localização Município: Mesorregião 6: Centro-Sul Cearense > Microrregião 26: Iguatu Topônimo: Icó A.H: Vila Taxionomia: Hidrotopônimo Etimologia: Segundo Falcão (1993, p. 48), Paulino Nogueira considera a palavra Icó como de origem indígena, composta de YG (água) + CÓ (roça), significando água ou rio das roças. Entrada lexical: Icó Estrutura morfológica: Histórico: Segundo Studart (1924, p. 99), o primitivo nome da cidade de Icó foi Arraial de Nossa Senhora do O. Elevado à categoria de vila com o nome de Arraial da Ribeira dos Icós ou Arraial Novo, conforme Ordem Régia de 20 de outubro de Para o IBGE (s/d), no lugar que corresponde à atual cidade de Icó, habitavam, no início do século XVIII, tribos indígenas que lutaram contra as ações de colonizadores. Entre as serras do Pereiro e os vastos sertões do Cedro, o capitão-mor Gabriel da Silva Lago fez erguer uma paliçada para defender os moradores da ribeira do rio Salgado, surgindo ali o Arraial Novo, hoje cidade de Icó (IBGE, s/d). Em meados do século XVIII, foi erguida a capela

54 53 de Nossa Senhora do O, padroeira do povoado. Contexto: Auto de Querela, edenuncia que dá Joaõ Pereira delucena contra Felis Roiz Barros branco moador na Praia da Caissa ra termo desta Vila do Icó Manoel Bezerra, eoutros [...] (Ximenes, 2006, l. 1-3; p. 109). Fonte: Pesquisador: Patrícia de Oliveira Batista Batista Revisor: Patrícia de Oliveira Data da coleta: Novembro de Fonte: Dick, 2004, p.130. Considerando que o nosso objetivo geral é descrever o léxico toponomástico cearense e que nossa pretensão não é a de elaborar um atlas linguístico, como tem sido feito na maioria das pesquisas em Toponímia, usaremos um modelo adaptado da ficha lexicográfico-toponímica proposta por Dick (2004, p. 130). A ficha modificada contém os seguintes campos: Topônimo (nome do lugar), Localização (identificação da meso e da microrregião em que se localiza o lugar), Percurso onomástico (alterações toponímicas), Taxionomia (classificação do topônimo conforme as taxes de natureza física ou antropocultural), Contexto (trecho do auto de querela em que foi identificado o registro do topônimo), Nota linguística (informações sobre a etimologia da palavra) e Nota histórica (informações sobre os fatos históricos relacionados ao topônimo). Acreditamos que este modelo adaptado, embora mais conciso, apresenta as informações mais pertinentes para o desenvolvimento dos objetivos delineados para esta pesquisa. Ficha 3 Ficha lexicográfico-toponímica adaptada. Topônimo Localização Percurso onomástico Taxionomia Contexto Nota linguística Nota histórica Fonte: Elaborada pela autora. Ficha 4 Ficha lexicográfico-toponímica adaptada e preenchida. Topônimo Vila do Icó Localização Mesorregião 6: Centro-Sul Cearense > Microrregião 26: Iguatu

55 54 Percurso Onomástico Arraial de Nossa Senhora do O > Arraial da Ribeira dos Icós > Arraial Novo > Icó Taxionomia Hidrotopônimo Contexto <Testemunha3> Jozé Xime nes branco Cazado morador na Vila doico que uiue de Suas plan tas deidade detrinta ehum a nnos, mais ou menos, testimun nhajurada aos Santos Evangelhos emhum Livro deles [...] (Ximenes, 2006, L. 33; A. 1; l ; p. 87). Nota linguística Nota histórica Segundo Falcão (1993, p. 48), Paulino Nogueira considera a palavra Icó como de origem indígena, composta de YG (água) + CÓ (roça), significando água ou rio das roças. Segundo Studart (1924, p. 99), o primitivo nome da cidade de Icó foi Arraial de Nossa Senhora do O. Elevado à categoria de vila com o nome de Arraial da Ribeira dos Icós ou Arraial Novo, conforme Ordem Régia de 20 de outubro de Para o IBGE (s/d), no lugar que corresponde à atual cidade de Icó, habitavam, no início do século XVIII, tribos indígenas que lutaram contra as ações de colonizadores. Entre as serras do Pereiro e os vastos sertões do Cedro, o capitão-mor Gabriel da Silva Lago fez erguer uma paliçada para defender os moradores da ribeira do rio Salgado, surgindo ali o Arraial Novo, hoje cidade de Icó (IBGE, s/d). Em meados do século XVIII, foi erguida a capela de Nossa Senhora do O, padroeira do povoado. De acordo com Seraine (1948, p. 272), no dia 1 de Outubro de 1824 foi jurada a república do Icó, e lido o decreto de Tristão Gonçalves de Alencar Araripe, que ordenava um empréstimo forçado. Elevada a cidade pela Lei provincial nº 244, de 25 de Outubro de Elevada à condição de cidade sob a denominação de Icós ou Icó. Fonte: Elaborada pela autora. 4.6 Classificação dos topônimos em taxes Para a classificação dos dados levantados e catalogados, levaremos em consideração o modelo tipológico de Dick (1992) composto de vinte e sete categorias de taxes léxico-semânticas (com duas subcateogrias: os hagiotopônimos e os mitotopônimos, que pertencem à categoria dos hierotopônimos), das quais: 11 são de natureza física, relacionadas ao meio ambiente, e 16 de natureza antropocultural, relacionadas a aspectos sócio-históricoculturais.

56 Taxes de natureza física Quadro 8 Classificação e definição dos topônimos de natureza física. CLASSIFICAÇÃO DEFINIÇÕES Astrotopônimos Topônimos referentes aos nomes de corpos celestes em geral. Ex: Serra da Lua. Cardinotopônimos Topônimos referentes às posições geográficas em geral. Ex: Entre-Rios Cromotopônimos Topônimos referentes à escala cromática. Ex: Rio Branco Dimensiotopônimos Topônimos referentes às características dimensionais do acidente geográfico, como extensão, comprimento, largura, altura, grossura, profundidade. Ex: Ilha Comprida Fitotopônimos Topônimos referentes aos nomes de vegetais. Ex: Pinheral Germorfotopônimos Topônimos relativos às formas topográficas. Ex: Morros Hidrotopônimos Topônimos referentes aos acidentes hidrográficos. Ex: Serra das Águas Litotopônimos Topônimos referentes aos nomes de minerais, relativos também à condição do solo. Ex: Barro Meteorotopônimos Topônimos referentes aos fenômenos atmosféricos. Ex: Serra do Vento Morfotopônimos Topônimos relativos às formas geométricas em geral. Ex: Curva Grande Zootopônimos Topônimos referentes aos nomes de animais em geral. Ex: Ilha da Onça Fonte: Dick (1992) Taxes de natureza antropocultural Quadro 9 Classificação e definição dos topônimos de natureza antropocultural. CLASSIFICAÇÃO DEFINIÇÕES Animotopônimos ou Topônimos referentes à vida psíquica e à vida cultural e espiritual. Nootopônimos Ex: Vitória Antrotopônimos Topônimos referentes aos nomes próprios e individuais. Ex: Euclides da Cunha Axiotopônimos Topônimos referentes aos títulos e dignidades de que se fazem acompanhar os nomes próprios e individuais. Ex: Duque de Caxias Corotopônimos Topônimos referentes aos nomes de cidades, países, regiões ou continentes. Ex: Rua Suécia Cronotopônimos Topônimos referentes às indicações cronológicas, representadas

57 56 Dirrematopônimos Ecotopônimos Ergotopônimos Etnotopônimos Hagiotopônimos Hierotopônimos Historiotopônimos Hodotopônimos Mitotopônimos Numerotopônimos Poliotopônimos Sociotopônimos Somatopônimos Fonte: Dick (1992). em Toponímia, pelos qualificativos: nova/nova, velho/velha. Ex: Nova Viçosa Topônimos constituídos de frases ou enunciados linguísticos. Ex: Há Mais Tempo Topônimos referentes à habitação em geral. Ex: Sobrado Topônimos referentes aos elementos da cultura. Ex: Jangada Topônimos referentes aos elementos étnicos isolados ou não. Ex: Guarani Topônimos referentes aos nomes sagrados do hagiológio romano. Ex: São Paulo Topônimos referentes aos nomes sagrados de diferentes crenças: às associações religiosas, às efemeridades, aos locais de culto. Ex: Cruz de Malta Topônimos referentes aos movimentos histórico-sociais, às suas datas e seus membros. Ex: Rua 7 de Setembro Topônimos referentes às vias de comunicação rural, urbana ou não. Ex: Vila Km 100 Topônimos referentes às entidades mitológicas. Ex: Curupira Topônimos referentes aos adjetivos numerais. Ex: Três Coroas Topônimos constituídos pelos vocábulos aldeia, vila, povoação e arraial. Ex: Serra da Aldeia Topônimos referentes às atividades profissionais, aos locais de trabalho e aos pontos de encontros dos moradores de uma comunidade. Ex: Engenho Novo Topônimos referentes às relações metafóricas das partes do humano ou animal. Ex: Pé-de-Boi 4.7 Procedimentos e critérios para análise dos dados Os 54 topônimos identificados nos 67 autos de querela editados por Ximenes (2006) foram analisados segundo os seguintes procedimentos: a) analisamos qualitativamente os dados para buscar a motivação onomástica dos topônimos, com base nas taxes de natureza física e antropocultural. Após essa análise, registramos os dados nas fichas lexicográfico-toponímicas; b) distribuímos quantitativamente as categorias toponímicas, de natureza física e antropocultural, em gráficos do tipo pizza;

58 57 c) também analisamos qualitativamente o percurso onomástico dos topônimos a fim de se fazer um resgate histórico-linguístico das denominações dos lugares cearenses. Estas informações encontram-se registradas nos campos percurso onomástico e nota histórica. Mostramos, assim, quantas e quais foram as modificações toponímicas feitas entre o período de registro do auto até os nossos dias, apresentadas de forma ascendente da sincronia mais distante para a mais atual, assim como analisamos qualitativamente os tipos de mudanças denominativas. No próximo capítulo, apresentamos a descrição dos 54 topônimos cearenses que constituem o corpus desta pesquisa, conforme a classificação em taxes de natureza física ou antropocultural, a distribuição quantitativa em taxes de natureza física ou antropocultural, a análise qualitativa das motivações para nomeação de lugares cearenses e a descrição do percurso onomástico e do percurso taxionômico desses denominativos.

59 58 5 A TOPONÍMIA CEARENSE EM DOCUMENTOS DO SÉCULO XIX Após analisarmos todos os contextos de ocorrência de cada topônimo, já que muitos deles repetem-se ao longo dos autos de querela, identificamos que alguns conservam a escrita oficial concernente ao período, enquanto outros apresentam estruturas mais curtas em relação à nomeação oficial declarada em cartas régias e decretos, por exemplo. Nos casos em que os topônimos registrados nos autos apresentaram modificações em relação ao nome oficial, como ocorre com vila de Campo Maior de Quixeramobim, que nos autos aparece apenas como vila de Campo Maior, foi respeitado, quando a reconstituição foi possível, o nome oficial para a análise taxionômica, como Campo Maior de Quixeramobim. Nos casos em que o mesmo lugar recebeu dois nomes simultaneamente, como o exemplo da serra da Meruoca ou serra do Rosário, os dois topônimos foram analisados e contaram como unidades distintas na distribuição quantitativa dos dados, mas foram registrados em apenas uma ficha lexicográfico-toponímica, na qual utilizamos uma barra (/) para identificar que o lugar recebia dois nomes (exemplo Meruoca/Rosário). Nos casos em que o mesmo lugar recebeu dois nomes ou mais nomes ao longo do tempo, como o caso de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, enquanto era vila, e Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção de Nova Bragança, quando se tornou cidade, os topônimos foram analisados e contaram como unidades distintas na distribuição quantitativa dos dados, mas foram registrados em apenas uma ficha lexicográfico-toponímica. Nesse caso, utilizamos o símbolo (>) para identificar que o lugar passou por alteração toponímica, sendo o nome de entrada o topônimo mais distante em relação ao período atual, a exemplo de (vila de) Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção > (cidade de) Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção de Nova Bragança. Consideramos este procedimento importante, já que, assim, poderemos constatar os tipos de mudança que ocorrem na estrutura sintagmática do topônimo, bem do seu significado, ao longo dos anos. Alguns topônimos foram analisados a partir do significado e da descrição etimológica, sem o auxílio de informações extralinguísticas, já que os dados históricos são de difícil recuperação. Após a leitura das fichas lexicográfico-toponímicas, analisamos os topônimos quanto à categoria taxionômica, às alterações toponímicas, registradas desde o período dos primeiros povoamentos e dos primeiros batismos até os dias atuais, e às alterações taxionômicas, ou seja, as alterações na classificação dos topônimos decorrentes da própria

60 59 alteração toponímica. Os resultados encontram-se descritos no quadro sinóptico abaixo, elaborado a partir das fichas lexicográfico-toponímicas (APÊNDICE B), nele constam: Acidente Geográfico (vila, cidade, rio, serra, etc.), Topônimo, Taxionomia (classificação de acordo com as categorias de natureza física e antropocultural). Quadro 10: Classificação léxico-semântica dos topônimos cearenses do século XIX. A.G. TOPÔNIMO TAXIONOMIA Povoação Almas Animotopônimo ou Nootopônimo Vila Aquiraz Etnotopônimo Povoação Barra do Rio Macaco Hidrotopônimo Povoação Barra do Rio Ceará Hidrotopônimo Povoação Candeia Fitotopônimo Povoação Cangati Zootopônimo Povoação Caatinga do Góes Fitotopônimo Ribeira Cauípe Ergotopônimo Ribeira Ceará Zootopônimo Povoação Cocó Geomorfotopônimo Rio Cocó Geomorfotopônimo Ribeira Coreaú Zootopônimo Povoação Curral Velho Sociotopônimo Rio Curu Litotopônimo Vila Distinta e Real de Sobral Corotopônimo Povoação Espírito Santo Hierotopônimo Vila/Cidade Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção / Fortaleza de Sociotopônimo / Sociotopônimo Nossa Senhora da Assunção de Nova Bragança Povoação Giqui Ergotopônimo Vila Granja Corotopônimo Serra / Serra Ibiapaba / Grande Geomorfotopônimo / Dimensiotopônimo Vila Icó Etnotopônimo Povoação Jaguaribe Mirim Zootopônimo Serra Maranguape Fitotopônimo Povoação Mata Fresca Fitotopônimo Serra / Serra Meruoca / Rosário Zootopônimo / Hierotopônimo Povoação / Missão dos Cariris Novos > Hierotopônimo > Corotopônimo Vila Crato Povoação Missão Velha Hierotopônimo Ribeira Mombaça Corotopônimo Povoação Mundaú Hidrotopônimo Vila Nova D el Rei Cronotopônimo Vila Nova de Arronches Cronotopônimo

61 60 Vila Nova de Campo Maior de Cronotopônimo Quixeramobim Vila Nova Soure Cronotopônimo Povoação Olho d água Hidrotopônimo Povoação Quixosó Ergotopônimo Vila Real de Mecejana da Corotopônimo América Vila/Vila Real Monte-Mor o Novo da América > Baturité Corotopônimo > Geomorfotopônimo Povoação Riacho do Sangue Hidrotopônimo Povoação Santa Cruz da Serra de Hierotopônimo Uruburetama Vila/Vila Santa Cruz do Aracati > Aracati Hierotopônimo > Meteorotopônimo Povoação Santa Quitéria Hagiotopônimo Vila São Bernardo de Russas Antropotopônimo Povoação São José da Uruburetama Hagiotopônimo Vila São João do Príncipe Antropotopônimo Povoação Siupé Hodotopônimo Serra Uruburetama Zootopônimo Povoação Várzea da Carnaúba Geomorfotopônimo Vila Viçosa Real da América Corotopônimo Fonte: Elaborado pela autora. Apresentaremos a seguir as análises, quantitativa e qualitativa, dos topônimos cearenses. Inicialmente, descreveremos o perfil toponomástico do Ceará no século XIX, especificamente os 54 topônimos que foram coletados nos 67 autos de querela editados por Ximenes (2006). Detalharemos as informações sobre a distribuição geográfica dos topônimos nas Meso e Microrregiões cearenses, a classificação dos topônimos a partir das categorias taxionômicas de natureza física e antropocultural e apresentaremos algumas singularidades dos topônimos cearenses do século XIX. 5.1 Perfil toponomástico do Ceará no século XIX Dos 54 topônimos cearenses analisados, identificamos 42 acidentes geográficos de natureza humana e 12 de natureza física. Os topônimos que nomeiam acidentes geográficos de natureza humana estão distribuídos em: 23 povoações, 18 vilas e 1 cidade. Os topônimos que nomeiam acidentes geográficos de natureza física estão distribuídos em: 6 ribeiras/rios e 6 serras. Os 54 topônimos analisados foram distribuídos nas Meso e Microrregiões que constituem o atual território cearense. Esse procedimento permitiu-nos identificar como

62 61 estavam dispostos os acidentes geográficos pelo território da Capitania do Ceará no século XIX. Na Mesorregião 1 Noroeste Cearense, identificamos as vilas Distinta e Real de Sobral, Granja, Nova D el Rei e Viçosa Real da América; as povoações Almas, Barra do Rio Macaco, Curral Velho, Olho d água, Santa Quitéria, São José da Uruburetama; as serras Ibiapaba/serra Grande e Meruoca/Rosário e a ribeira do Coreaú. Na Mesorregião 2 Norte Cearense, constatamos as vilas Real Monte-Mor o Novo da América > Baturité; as povoações Candeia, Cangati, Mundaú, Santa Cruz da Serra de Uruburetama, Siupé e Várzea da Carnaúba; o rio Curu e a serra da Uruburetama. Na Mesorregião 3 Região Metropolitana de Fortaleza, identificamos as vilas Aquiraz, Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção > Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção de Nova Bragança, Nova Soure, Nova de Arronches, Real de Mecejana da América; as povoações Barra do Rio Ceará e Cocó; as ribeiras e os rios Cauípe, Ceará e Cocó e a serra de Maranguape. Na Mesorregião 4 Sertões Cearenses, identificamos as vilas Nova de Campo Maior de Quixeramobim e São João do Príncipe e a ribeira de Mombaça. Na Mesorregião 5 Jaguaribe, constatamos as vilas Santa Cruz do Aracati > Aracati e São Bernardo de Russas e as povoações Caatinga do Góes, Espírito Santo, Quixosó, Giqui, Jaguaribe Mirim e Mata Fresca. Na Mesorregião 6 Centro-Sul Cearense, identificamos apenas a vila de Icó. Na Mesorregião 7 Sul-Cearense, identificamos as povoações Missão dos Cariris Novos > Crato (depois se torna vila do Crato), Missão Velha e Riacho do Sangue. Assim, visualizamos a distribuição de povoações e vilas em diferentes pontos do território cearense, desde a faixa litorânea ao interior. No Ceará, os núcleos de povoamento não se concentraram apenas no litoral. Com a expansão da atividade pecuária pelo interior do estado, foi que se intensificou o processo de povoamento da capitania associado à doação de sesmarias para implantação de fazendas de gado. Na divisão em Meso e Microrregiões apresentada, também é possível constatar a importância dos rios para a instalação de povoações e vilas, pois facilitavam a obtenção de água e o aproveitamento do solo para a agricultura de subsistência, além de auxiliarem na circulação de pessoas e mercadorias. O surgimento das primeiras vilas cearenses foi lento. Dependendo da localização, a vila desenvolvia-se mais rápido quando beneficiada pela proximidade de estradas, portos naturais ou ponto de troca de mercadorias. A presença dos aldeamentos indígenas criados

63 62 pelos padres jesuítas com vistas à catequese dos nativos também favorecia o processo de povoamento e o desenvolvimento da Capitania do Ceará. Sobre os aldeamentos jesuíticos, Sousa (2007, p. 20) afirma que [...] esses núcleos transformando-se em lugar de concentração da população em torno de uma igreja, evoluíram para pequenos centros comerciais e, em seguida, para vilas e cidades. Cita-se, como exemplo: as cidades do Crato e Missão Velha, no sul do Ceará; Viçosa e Granja, na região norte; Caucaia e Pacajus, nas proximidades de Fortaleza; Baturité na zona da serra e as vilas de Parangaba e Messejana, atualmente integradas à zona urbana de Fortaleza. As Missões jesuíticas foram fundamentais para que se instalassem e se desenvolvessem importantes aglomerações urbanas. Mas as relações entre povos nativos e colonizadores não foram sempre amistosas. Estavam em confronto mundos e visões diferentes, com modos de vida antagônicos. Essas formas diferentes de perceber o mundo estão preservadas nos topônimos cearenses, como veremos a seguir na classificação léxicosemântica dos denominativos de lugares do Ceará no século XIX. No que concerne à classificação toponímica dos 54 topônimos analisados, 23 são de natureza física (43% do total) e 31 são de natureza antropocultural (57% do total), conforme distribuição apresentada no gráfico seguinte. Gráfico 1 Distribuição dos topônimos nas categorias de natureza física e antropocultural. Fonte: Elaborado pela autora. Com base nos dados, observamos que as taxes de natureza de antropocultural

64 63 (53%) prevalecem sobre as de natureza física (47%) no perfil toponomástico do Ceará oitocentista. Dos 23 topônimos que pertencem a categorias de natureza física, foram encontrados: 1 dimensiotopônimo (serra Grande); 1 litotopônimo (Curu); 1 meteorotopônimo (Aracati); 4 fitotopônimos (Candeia, Caatinga do Góes, Maranguape e Mata Fresca); 5 hidrotopônimos (Barra do Rio Macaco, Barra do Rio Ceará, Mundaú, Olho d água e Riacho do Sangue); 5 geomorfotopônimos (povoção Cocó, rio Cocó, Ibiapaba, Baturité, Várzea da Carnaúba) e 6 zootopônimos (Cangati, Ceará, Coreaú, Jaguaribe Mirim, Meruoca e Uruburetama), conforme distribuição apresentada no gráfico seguinte. Gráfico 2 Distribuição dos topônimos em taxes léxico-semânticas de natureza física. Fonte: Elaborado pela autora. A partir dos dados anteriores, observamos a presença significativa da fauna na atividade nomeadora dos lugares cearenses no século XIX, sendo representada por 6 zootopônimos, que correspondem a 27% do total de topônimos analisados. Outra presença significativa nos topônimos descritos diz respeito aos hidrotopônimos (22%), aos geomorfotopônimos (22%) e aos fitotopônimos (17%). Seguem em ordem decrescente os dimensiotopônimos (4%), os litotopônimos (4%) e os meteorotopônimos (4%).

65 64 Os topônimos de natureza física demonstram a tendência dos grupos humanos a registrarem nos nomes geográficos características da própria natureza circundante. Os zootopônimos destacam-se como a categoria de natureza física mais produtiva na nomeação de lugares cearenses. Denominam tanto acidentes geográficos físicos, serras e rios, como acidentes geográficos humanos, as povoações. Todos os 6 zootopônimos analisados são de origem indígena e neles identificamos a relação com animais das mais diversas espécies, como: peixes Cangati (cangati é um peixe semelhante ao bagre. A palavra cangati vem de acanga (cabeça) e catú (boa), significando cabeça boa ); aves Ceará (ceará vem de cii + ará, casta de papagaios), Coreaú (coreaú vem de curia.ú, significando água ou rio dos curiás", curiá é o nome que os tupis davam a uma pequena ave, a Ampelio cincta ou Cotinga cerúleo) e Uruburetama (significa casa de muitos urubus ); insetos Meruoca (meruoca é proveniente de meru (mosca) + oca (habitação, casa), significando cada das moscas ) e felinos Jaguaribe Mirim ( jaguaribe vem de jaguar-y-be, significando o rio das onças ). De forma significativa, os hidrotopônimos (22%) também estão registrados na toponímica cearense. Dos hidrotopônimos analisados, constatamos que a presença do elemento água ou rio pode vir aglutinado na formação morfológica do topônimo, a exemplo de Mundaú. Segundo Pompeu Sobrinho (1945, p. 200), As formas pondaú, mondaú ou mundaú são alterações de mo.ndá, furtar, o furto, ú, de y, água ou rio, aguada; aguada ou rio do furto [...], ou para alguns pesquisadores, rio tortuoso, de mondé, cilada, armadilha, e hú, rio. Outros hidrotopônimos aparecem na forma simples, acompanhados de termos identificadores de água ou rio, a exemplo de Olho d água, Barra do Rio Macaco, Barra do Rio Ceará e Riacho do Sangue, os quatro denominam povoações. Segundo Ferreira (2004, s/p), barra é o [...] acúmulo de material aluviônico, paralelo à costa, no ponto onde há o equilíbrio entre a corrente marítima e a fluvial. Os geomorfotopônimos identificados representam elevações ou formações topográficas e são em sua maioria de origem indígena. São eles: Cocó, Baturité, Ibiapaba e Várzea da Carnaúba. Segundo Pompeu Sobrinho (1945, p. 176), cocó poderia ser aplicada a algum tipo de elevação em um curso d água, como um pequeno monte, semelhante ao cocó nas cabeças femininas. No caso do topônimo Baturité, existem inúmeras interpretações de sua etimologia e significado. Nas palavras de Paulino Nogueira, é uma corrutela de IBI + TIRA + ETÉ, ou seja, terra, isto é, serra (Ibi) + alta (tira), significando serra alta, serra por execlência,

66 65 o que dá um tom plenoástico ao topônimo, pois Baturité já quer dizer serra, não precisaria antepor Serra de Baturité. Caso semelhante acontece com o topônimo Ibiapaba, ao qual são atribuídas inúmeras descrições etimológicas. Teodoro Sampaio analisou como sendo de origem em Ybiã.paba, [...] a estancia de terra alta ou chapada; o escarpado ou acantilado (POMPEU SOBRINHO, 1945, p. 182). Por sua vez, a palavra Várzea significa planície ou vale fértil. Os fitotopônimos identificados nomeiam a variedade de espécies vegetais do Ceará, os elementos da flora de forma genérica ou tipos de vegetação: Candeia, Caatinga do Góes, Maranguape, Mata Fresca. Ferreira (2004, s/p) define candeia como [...] designação comum a várias plantas da família das compostas, gêneros Lychnophora, Piptocarpha, Vanillosmopsis e Vernonia. Pompeu Sobrinho (1945, p. 191), descreve a palavra maranguape como originada de mara, madeira, pau, grupo de árvores, floresta, mata e guá ou guaba, baixada, vale, seio; significando, portanto, vale ou baixada das madeiras ou das matas. Os litotopônimos são topônimos concernentes a aspectos minerais ou de constituição do solo, a exemplo do topônimo Curu, que denomina um rio. Segundo Pompeu Sobrinho (1948, p. 177), curu [...] tem feição tupi, e nesta língua significa seixo, cascalho grosso, pedrinhas e até fragmentos, pedacinhos, torrões. O único dimensiotopônimo identificado é o que dá outra denominação à serra da Ibiapaba, o topônimo serra Grande, em que Grande funciona como termo específico. Por fim, o único meteorotopônimo identificado é o que nomeia a vila de Aracati e revela um fenômeno atmosférico relacionado ao vento. Segundo Studart (1924, p. 121), aracaty ou aracatú era como os índios chamavam ao vento que soprava do Norte e refrescava os ardores do estio. Além dos elementos físicos, os topônimos cearenses apresentam significativas informações sociais, ideológicas e culturais do povo que habitou esse lugar no início do século XIX. Dos 31 topônimos que pertencem a categorias de natureza antropocultural, foram encontrados: 1 animotopônimo (Almas); 1 hodotopônimo (Siupé); 2 etnotopônimos (Aquiraz e Icó); 2 antropotopônimos (São Bernardo de Russas e São João do Príncipe); 2 hagiotopônimos (Santa Quitéria e São José da Uruburetama); 3 ergotopônimos (Cauípe, Giqui e Quixosó); 3 sociotopônimos (Curral Velho, Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção e Fortaleza de Nova Bragança); 4 cronotopônimos (Nova D el Rei, Nova de Arronches, Nova de Campo Maior de Quixeramobim e Nova Soure); 6 hierotopônimos

67 66 (Espírito Santo, Missão dos Cariris Novos, Missão Velha, Rosário, Santa Cruz da Serra de Uruburetama e Santa Cruz do Aracati) e 7 corotopônimos (Distinta e Real de Sobral, Granja, Mombaça, Real de Mecejana da América, Real de Monte-Mor o Novo da América, Real do Crato e Viçosa Real da América), conforme distribuição apresentada no gráfico seguinte. Gráfico 3 Distribuição dos topônimos em taxes léxico-semânticas de natureza antropocultural. Fonte: Elaborado pela autora. Os dados acima revelam que os corotopônimos são maioria entre as taxes léxicosemânticas de natureza antropocultural, 24% do total. Também foi possível reconhecer, na atividade nomeadora do Ceará oitocentista, a presença significativa de hierotopônimos, 19% do total, e cronotopônimos, 13 % do total. Os corotopônimos revelam o empréstimo de nomes de cidade de outros países para nomearem lugares cearenses. Identificamos que 1 é de origem africana, Mombaça, e 6 corotopônimos vêm de cidades portuguesas, no Ceará eles são as vilas: Distinta e Real de Sobral, Granja, Real de Mecejana da América, Real de Monte-Mor o Novo da América, Real do Crato e Viçosa Real da América. Esses topônimos podem apresentar a

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