A teoria de Callista Roy e sua aplicabilidade em intervenção com o uso da música na unidade de terapia intensiva neonatal: uma reflexão

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1 1893 A teoria de Callista Roy e sua aplicabilidade em intervenção com o uso da música na unidade de terapia intensiva neonatal: uma reflexão The theory of Callista Roy and its applicability in intervention with music in the unit of neonatal intensive therapy: a reflection La teoría de Callista Roy y su aplicabilidad en intervención con el uso de música en la unidad de terapia intensiva neonatal: una reflexión Maria Piassa Lourenço Bernardino 1, Natália Shinkai Binotto 1, Mauren Teresa Grubisich Mendes Tacla 1, Eleine Aparecida Penha Martins 1, Adriana Valongo Zani 1. RESUMO Objetivo: Refletir sobre a aplicabilidade da teoria da adaptação de Callista Roy na musicoterapia como estratégia terapêutica no cuidado de enfermagem ao recém-nascido prematuro em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Método: Estudo teórico-reflexivo realizado nos meses de dezembro de 2017 a março de 2018 que possibilitou a análise crítico-reflexiva do uso da musicoterapia pela enfermagem aos bebês prematuros e a aplicabilidade de teoria de Roy neste cuidado. Resultados e Discussão: A análise críticoreflexiva permitiu refletir sobre dois aspectos: a aplicação da musicoterapia como cuidado de enfermagem ao bebê prematuro nos serviços de terapia intensiva neonatal e a musicoterapia como estratégia no cuidado ao bebê prematuro sob a luz da teoria de Callista Roy. Conclusão: Acredita-se na aplicabilidade da teoria de Roy na utilização da musicoterapia ao prematuro pela equipe de enfermagem, pois esta possibilita reconhecer que por meio de estímulos, respostas podem ser desencadeadas favorecendo por meio da promoção da música como mecanismo de adaptação na hospitalização. Descritores: Enfermagem; Música; Recém-nascido-nascido prematuro; UTI Neonatal; Teoria de Enfermagem. ABSTRACT Objective: To reflect on the applicability of Callista Roy's theory of adaptation in music therapy as a therapeutic strategy in the nursing care of the premature newborn in Neonatal Intensive Care Unit. Method: A theoretical-reflexive study conducted in the months of December 2017 to March 2018 that enabled the critical-reflexive analysis of the use of music therapy by nursing to premature babies and the applicability of Roy's theory in this care. Results and Discussion: The critical-reflexive analysis allowed us to reflect on two aspects: the application of music therapy as nursing care to the premature baby in the services of neonatal intensive care and music therapy as a strategy in the care of the premature baby under the light of the theory of Callista Roy. Conclusion: It is believed that Roy's theory is applicable to the use of music therapy for premature infants by the nursing team, since it makes it possible to recognize that through stimuli, responses can be triggered by promoting music as a mechanism of adaptation in hospitalization. Keywords: Nursing Care; Music; Premature; Intensive Care Units; Nursing Theory. 1 Universidade Estadual de Londrina-PR (UEL). * ma_lbernardino@hotmail.com. DOI: /REAS281_2018 Recebido em: 3/2018 Aceito em: 4/2018 Publicado em: 6/2018

2 1894 RESUMEN Objetivo: Reflexionar sobre la aplicabilidad de la teoría de la adaptación de Callista Roy en la musicoterapia como estrategia terapéutica en el cuidado de enfermería al recién nacido prematuro en Unidad de Terapia Intensiva Neonatal. Método: Estudio teórico-reflexivo realizado en los meses de diciembre de 2017 a marzo de 2018 que posibilitó el análisis crítico-reflexivo del uso de la musicoterapia por la enfermería a los bebés prematuros y la aplicabilidad de teoría de Roy en este cuidado. Resultados y Discusión: El análisis críticoreflexivo permitió reflexionar sobre dos aspectos: la aplicación de la musicoterapia como cuidado de enfermería al bebé prematuro en los servicios de terapia intensiva neonatal y la musicoterapia como estrategia en el cuidado al bebé prematuro bajo la luz de la teoría de Callista Roy. Conclusión: Se cree en la aplicabilidad de la teoría de Roy en la utilización de la musicoterapia al prematuro por el equipo de enfermería, pues ésta posibilita reconocer que por medio de estímulos, respuestas pueden ser desencadenadas favoreciendo por medio de la promoción de la música como mecanismo de adaptación en la hospitalización. Palabras Clave: Enfermería; Música; Recien Nacido Prematuro; Neonatal; Teoría de Enfermería. INTRODUÇÃO A chegada de um bebê simboliza um momento repleto de expectativas e impacto na dinâmica familiar e meio social, no entanto, quando o processo gravídico é interrompido prematuramente, muitas vezes, há necessidade de hospitalização do recém-nascido (RN) em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) (SOARES et al., 2016). O nascimento prematuro ocasiona demandas específicas e, por vezes, mais complexas do que quando comparadas aos cuidados com um RN a termo, classificado a partir do desenvolvimento fetal e nascimento entre 37 e 42 semanas. O recém-nascido pré-termo (RNPT) com idade gestacional menor que 37 semanas, possui características fisiológicas e anatômicas próprias, que salientam sua fragilidade sistêmica, imaturidade dos sistemas respiratório e neurológico, além do extremo baixo peso e condições perinatais que resultam na necessidade de internação hospitalar por período prolongado (SOARES et al., 2016). Em busca de recriar um lugar próximo àquele idealizado para o RN, a equipe de enfermagem pode selecionar estratégias com a pretensão de adaptar o ambiente às suas necessidades na UTIN. A partir desse objeto, buscou-se fundamentação na Teoria de Adaptação de Callista Roy, por ser um modelo conceitual que representa uma das vertentes da base teórica do saber em enfermagem, a qual permite ao indivíduo ser visto como um sistema composto por vertentes biopsicossociais, que requerem respostas para a sua adaptação aos estímulos ambientais (JESUS; SANTOS; BRANDÃO, 2015). Destaca-se a teoria de Roy, porque a mesma busca compreender o indivíduo como um sistema capaz de adaptar-se ao ambiente. A saúde é entendida como o processo de tornar uma pessoa totalmente integrada ao meio, e a enfermagem deve perceber o indivíduo como um sistema adaptativo e holístico que apresenta respostas aos estímulos ambientais com os quais interagem (MONTEIRO et al., 2016). Ainda, a pessoa representa um sistema complexo que envolve o indivíduo, a família, as organizações e as comunidades, exposta à uma série de circunstâncias e condições do ambiente que afetam seu desenvolvimento, influenciam seu comportamento e estimulam a geração de respostas adaptativas, sendo a saúde, um reflexo de adaptação a partir da interação entre o indivíduo e ambiente (COELHO; MENDES, 2011). Diante disso, surgiu o interesse em refletir sobre a contribuição da musicoterapia na adaptação do RNPT internado em UTIN, visto que sua hospitalização representa uma condição de vulnerabilidade e exige uma resposta às suas condições de saúde. Nesta perspectiva, o objetivo deste estudo foi refletir sobre a aplicabilidade da teoria da adaptação de Callista Roy na musicoterapia como estratégia terapêutica no cuidado de enfermagem ao RNPT em UTIN.

3 1895 METODOLOGIA Trata-se de um estudo teórico-reflexivo realizado nos meses de novembro de 2017 a março de 2018, a partir da leitura e interpretação de artigos científicos disponíveis na literatura acerca da utilização da musicoterapia para bebês prematuros nos serviços de terapia intensiva neonatal. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após leitura dos textos, procedeu-se à análise crítico-reflexiva que permitiu refletir sobre dois aspectos: aplicação da música como cuidado de enfermagem ao bebê prematuro nos serviços de terapia intensiva neonatal e a música como estratégia no cuidado ao bebê prematuro sob à luz da teoria de Callista Roy. Aplicação da música como cuidado de enfermagem ao bebê prematuro nos serviços de terapia intensiva neonatal A música está presente, tradicionalmente, em vários rituais importantes na vida do homem em sociedade, sendo encontrada em todas as culturas do mundo, mesmo nas mais primitivas e desprovidas de conhecimentos tecnológicos, empregada desde a antiguidade como forma de tratamento e prevenção de doenças (OLIVEIRA et al., 2012). O uso da música, na prática assistencial surge como um método complementar à promoção da saúde e vem sendo evidenciado como objeto de pesquisa recente na área de neurociência. Caracterizada a partir do uso terapêutico da música ou de atividades musicais no tratamento de doenças somáticas e mentais, a efetividade da musicoterapia já embasa evidências científicas, desde o manejo da dor, ansiedade, estresse emocional e outras condições nos indivíduos hospitalizados (SILVA et al., 2013). Sabendo-se que o bebê, a partir da 25ª semana de gestação, já responde aos estímulos auditivos, a música pode ser inserida como recurso terapêutico do prematuro, quando adotada com critérios e com nível de ruído adequado, uma vez que seus elementos básicos como sons, ritmos, melodia e harmonia podem influenciar tanto os aspectos fisiológicos quanto comportamentais (AUTO; AMANCIO; LANZA, 2015; OLIVEIRA et al., 2012). Estudo sobre os efeitos do uso da música com RNPT relata sua influência principalmente no ganho de peso quando comparados aos que não receberam estimulação musical ambiente ao longo da internação na UTIN. Além disso, outros fatores foram evidenciados como positivos para a recuperação e adaptação ambiental, tais como, a redução das frequências cardíaca e respiratória, na produção do hormônio cortisol e dos estados comportamentais de estresse como caretas, bocejos, soluções e choros, com aumento e estabilização do padrão aceitável da saturação de oxigênio, da velocidade da sucção não nutritiva, e consequentemente, no ganho de peso, reduzindo, assim, o tempo de hospitalização (AUTO; AMANCIO; LANZA, 2015). A música pode ser aplicada como uma prática terapêutica pela equipe de enfermagem, uma vez que esses profissionais realizam o cuidado direto e contínuo no cenário de uma UTIN, e podem potencializar seus efeitos benéficos na promoção da tolerância do RNPT aos estímulos ambientais (MELO; CARDOSO, 2017). A música como estratégia no cuidado ao bebê prematuro sob a luz da teoria de Callista Roy O desafio para os profissionais de enfermagem atuantes nos serviços de neonatologia deve passar pela melhoria da qualidade dos cuidados prestados, assim como promover o seu reconhecimento enquanto disciplina profissional autônoma; para tal, é necessária a produção e consolidação do conhecimento. Este conhecimento é refletido por meio dos modelos conceituais e teorias de enfermagem, um produto da observação na pesquisa, prática e investigação filosófica de seus autores (COELHO; MENDES, 2011). Callista Roy compreende a enfermagem como uma profissão centrada nos processos de vida, enfatizando a promoção da saúde aos indivíduos, grupos e sociedade como um todo, defendendo a união

4 1896 entre ciência e prática assistencial para expandir a capacidade de adaptação e melhora da transformação ambiental pessoal (MEDEIROS et al., 2015). O Modelo da Adaptação proposto por Roy inclui a noção de estímulos e respostas. Os estímulos pontuam a variação de respostas que são exclusivas a cada pessoa. Dentre os estímulos significativos encontram-se o grau de mudança, as experiências anteriores, o nível de conhecimento, os pontos fortes e/ou as limitações (BORCK, 2012). De acordo com Roy, a oxigenação, nutrição, eliminação, atividade e repouso e proteção compõe as cinco necessidades básicas do indivíduo, que devem ser atendidas a partir da implementação de ações profissionais, tais como a existência de medidas não-farmacológicas pela equipe de enfermagem com o uso da aplicação da solução de glicose 25% via oral associada ou não à sucção não nutritiva, uso de chupetas, e da música por meio de canções de ninar com os RNPT, uma vez que os mesmos não conseguem expressar verbalmente seu nível de dor e desconforto, com a finalidade de reduzir estímulos dolorosos gerados, por exemplo, pela punção arterial, procedimento frequente no ambiente de UTIN (COELHO; MENDES, 2011; MELO, CARDOSO, 2017). Ressalta-se que a exposição à situações repetidas de dor e de estresse pode resultar em efeitos danosos ao RNPT, desde a instabilidade fisiológica, variações dos parâmetros dos sinais vitais como as frequências respiratória e cardíaca, saturação de oxigênio e aumento da pressão intracraniana podendo interferir no desenvolvimento fisiológico, e causando distúrbios comportamentais, emocionais e de aprendizagem (AMARAL et al., 2014). Diante desta perspectiva do cuidar, a teoria de Roy rege a concepção dos diagnósticos de enfermagem elegidos de acordo com as necessidades do indivíduo, com a progressiva demanda de alcançar as metas estabelecidas no que diz respeito às formas adaptativas de mudança ao ambiente e às circunstâncias, corroborando com a transformação efetiva da assistência prestada com qualidade (JESUS; SANTOS; BRANDÃO, 2015). A utilização da música nos serviços de neonatologia em especial nas UTIN junto ao RNPT, bem como aos demais bebês vem de encontro com a teoria de Callista Roy, visto que o processo adaptativo à luz dessa teoria possibilitou observar que os RNPT submetidos a musicoterapia independente dos objetivos, exibiram respostas adaptativas eficazes frente aos estímulos. CONCLUSÃO Entende-se que esta análise permitiu a reflexão a partir da discussão da aplicabilidade da teoria de adaptação proposta pela enfermeira Callista Roy, como fonte norteadora da sistematização da assistência de enfermagem que visa contribuir significativamente com o aprimoramento e a implementação de práticas terapêuticas recentes, como o uso da música, que permitem valorizar e buscar suprir as necessidades de adaptação dos indivíduos, sobretudo os RNPT internados em uma UTIN, além de promover um cuidado humanizado e de qualidade embasado em evidências científicas. REFERÊNCIAS 1. AMARAL JB, RESENDE TA, CONTIM D, BARICHELLO E. Equipe de enfermagem diante da dor do recém-nascido pré-termo. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v.18, n.2, p , June < access on 06 Jan AUTO FML, AMANCIO OMS, LANZA FC. Efeito da música sobre o ganho de peso de prematuros maiores de 32 semanas: ensaio clínico randomizado. Rev. paul. pediatr. São Paulo, v. 33, n. 4, p , dez Disponível em < acessos em 03 jan BORCK M, SANTOS EKA. Método canguru: práticas investigativas e de cuidado de enfermagem no modelo de adaptação de Roy. Esc Anna Nery (impr.) 2012 abr-jun; 16 (2):263-9.

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