EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO SP.

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1 EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO SP. ELIZABETH xxx, brasileira, união estável, auxiliar de limpeza, portadora da CTPS nº xxx3, série nº SP, da Cédula de Identidade RG nº xx.xxx.520-2, do CPF/MF nº xxx.xxx , PIS nº xxxxxxxx-1, filha de Maria xxx, nascida em 11/07/1965, residente e domiciliada na Travessa Ulysses, xxxx, Bairro xxx, São Bernardo do Campo, SP, CEP: , vem perante Vossa Excelência, por seus advogados, propor RECLAMAÇÃO TRABALHISTA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA, em face de AVAPE ASSOC. PARA VALORIZAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, inscrita no CNPJ sob o nº / , estabelecida na Av. Dr. José Fornari, 1777, Ferrazópolis, São Bernardo do Campo, SP, CEP: , pelos seguintes motivos: I - DO CONTRATO DE TRABALHO A reclamante foi admitida aos serviços da reclamada em 11/07/2012 para exercer a função de auxiliar de limpeza, cumpria horário de trabalho das 08:00 às 17:00 de 2ª a 6ª-feira, e aos sábados das 08:00 as 12:00, sendo que duas vezes por semana gozava, em média, de 30 minutos de intervalo para refeição e descanso.

2 II DO TÉRMINO DA SUSPENSÃO CONTRATUAL DA ALTA DO INSS LIMBO JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO TRABALHISTA A reclamante esteve afastada junto ao INSS em gozo de auxílio-doença de 04/02/2013 até 29/05/2014 (Nº DO BENEFÍCIO: ) em razão de quadro depressivo (vide CNIS doc.07). Quando da alta previdenciária tentou retornar as suas atividades por diversas vezes, porém a reclamada não permitiu o retorno ao trabalho (vide doc.11). A obreira enviou um telegrama, que foi respondido pela reclamada afirmando que esta deveria tentar um novo afastamento junto ao INSS (doc.10). Embora a reclamante tenha tentado retornar ao trabalho, a reclamada não permite seu retorno. Por conta disto, a reclamante está desde 30/05/2014 sem nada perceber, pois o INSS não concede seu benefício e a empregadora não permite o retorno da obreira ao trabalho. Assim, requer a reclamante que a reclamada seja compelida a reintegrá-la nas suas atividades, ou em atividade compatível com seu atual estado de saúde (art. 62 da Lei 8.213/91), pagando-lhe ainda os salários (com os reajustes da categoria) desde o dia seguinte a alta do INSS (30/05/2014) até a data de sua recolocação, bem como as férias acrescidas de 1/3, 13 salários, depósitos do FGTS, recolhimentos previdenciários e cesta básica no importe de R$ 100,00 por mês conforme cláusula 21ª da CCT (doc.12).

3 Evolução Salarial de acordo com as convenções Coletivas de sua Categoria: admissão em 11/07/ R$ 699,00; 01/03/2013 R$ 775,00; 01/03/2014 R$ 840,00; e 01/03/2015 R$ 904,50. III - DA TUTELA ANTECIPADA Certo de que uma vez findo o afastamento por motivo de saúde, o contrato não mais pode ser considerado suspenso. Diante do exposto, e pela existência de um direito líquido e certo, requer a autora seja deferida a TUTELA ANTECIPADA nos termos dos artigos 300 e seguintes do NCPC, para determinar de imediato a sua recolocação no trabalho, devido ao fato do contrato não estar mais suspenso, em decorrência da alta médica do INSS. Caso não seja cumprida a determinação judicial, pleiteia seja fixada uma multa diária (astreintes), a ser arbitrada por este MM. Juízo, a qual não poderá ser menor que os rendimentos da obreira caso estivesse trabalhando. IV DO DANO MORAL DIREITO AO TRABALHO / OCIOSIDADE A priori, cabe destacar que a Constituição Federal, traz o Trabalho como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito (art. 1º, IV), um direito fundamental a prestações (art. 6º), um fundamento da ordem econômica (art. 170, caput) e base da ordem social (art. 193). Verifica-se de todos os fatos narrados no tópico anterior, a nítida feição discriminatória, negligente e imprudente dos atos praticados pela reclamada, que violou dispositivos sobre os quais repousam os fundamentos da República (art.1º, CF) concernentes à dignidade da pessoa humana, e o valor social do trabalho, pois,

4 a empregada doente, fragilizada, deve ser assistida e, na impossibilidade de sua readaptação (o que não é o caso), afastada pelo INSS, mas jamais descartada como algo já sem serventia, mormente ante o princípio maior de inviolabilidade do direito à vida, previsto no caput do artigo 5º da Carta Magna, sobre o qual jamais poderá prevalecer o interesse meramente econômico. Com efeito, o princípio da igualdade (isonomia) é direito e garantia fundamental do indivíduo, por força do art. 5, caput, da CF, estando arrolado como objetivo fundamental da República Federativa do Brasil, nos termos do art. 3, inciso IV, também da Constituição, cabendo a ela "promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação". A discriminação é a negação da igualdade; discriminar significa distinguir, discernir, estabelecer diferenças, separar, apartar. A Convenção n 111 da OIT sobre discriminação em matéria de emprego e ocupação, no seu art. 1, prescreve que o termo discriminação compreende "... qualquer distinção, exclusão ou preferência fundada em raça, cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional, origem social ou outra distinção... que tenha por fim anular ou alterar a igualdade de oportunidades ou de tratamento no emprego ou profissão". (grifei) Sem trabalho, não há salário; sem salário, não há como se sustentar e enfrentar com dignidade a doença. Verifica-se que a Autarquia concedeu a alta médica à reclamante, e, uma vez diagnosticada a sua aptidão pelo INSS deveria a obreira voltar a exercer suas funções, ou outra atividade compatível com o seu quadro clínico (art.62 da Lei 8.213/91), ou até mesmo manter a empregada em licença remunerada.

5 Mas não, a reclamada preferiu o que lhe foi mais cômodo e menos oneroso, que foi lançar a reclamante à ociosidade laboral e, o que é pior, está sem receber nada até a presente data. Nesse sentido, a suspensão do contrato por parte da reclamada é fator de diferenciação ou distinção da sua pessoa em relação ao grupo de trabalhadores, pois lhe excluiu do exercício da atividade profissional, no momento em que mais precisa de amparo; anulou ou alterou a igualdade de oportunidades profissionais, não só em relação à empresareclamada, como também ao mercado de trabalho face à impossibilidade de colocação noutro emprego diante das regras discriminatórias por ela praticadas. Não obstante, o art. 187, CC, dispõe que também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Patente, pois, o sofrimento imposto a trabalhadora cujo afastamento foi motivado por discriminação, negligência e imprudência da reclamada. As condutas e o desapreço da reclamada pela condição humana da trabalhadora inequivocamente redundam em dor moral (in re ipsa) a ser reparada (art. 5º, V, X, CF e arts. 186, 187 e 927, CC), o que estima, no mínimo, em 50 salários nominais, calculados sobre o atual salário base da categoria em 01/03/2015 (R$ 904,50).

6 V - DA NÃO CONCESSÃO DO INTERVALO PARA REFEIÇÃO E DESCANSO Conforme exposto no item I, a reclamante durante 2 (dois) dias na semana não desfrutava do intervalo para refeições e descanso na integralidade, sendo certo que pelo disposto no caput do artigo 71 da CLT, a obreira deve desfrutar de no mínimo uma hora diária. Diante do exposto e com base no artigo 71, 4º da CLT e na súmula 437, I e III do TST, a reclamante tem direito a 1(uma) hora extra em dois dias por semana com adicional normativo de 100% (cláusula 15ª da CCT doc.12), bem como seus reflexos em DSR s, férias + 1/3, 13º salários e FGTS. VI DA MULTA NORMATIVA A reclamante está sem receber seus salários desde a alta do INSS, razão pela qual entende ter direito a multa normativa prevista na cláusula 6ª da CCT de sua categoria. CLÁUSULA SEXTA - PAGAMENTO DO SALÁRIO Os empregadores ficam obrigados a pagar aos empregados a remuneração mensal até o 5º (quinto) dia útil do mês subsequente ao vencido. Parágrafo Único: A inobservância do prazo previsto na presente cláusula acarretará ao empregador uma multa, a favor do empregado, correspondente a 1/30 (um trinta avos) da remuneração devida, por dia de atraso, independente das demais cominações legais. VII DO RESSARCIMENTO DAS DESPESAS PROCESSUAIS Nos termos dos artigos 389 e 404 do Código Civil, a reclamada deverá ressarcir a reclamante com juros e correção monetária e ressarcir inclusive as despesas de honorários de advogado, no importe de 30% do valor da condenação (doc.04).

7 Para tanto, cabe observar que a reclamada causou danos patrimoniais à reclamante, pois deixou de pagar-lhe verbas trabalhistas asseguradas pela legislação, e como causadora dos ilícitos, deve reparar os danos de forma integral (artigo 186, do Código Civil). Neste mesmo diapasão temos o enunciado 53 da 1ª Jornada de Direito Material e Processual da Justiça do Trabalho: 53. REPARAÇÃO DE DANOS HONORÁRIOS CONTRATUAIS DE ADVOGADO. Os artigos 389 e 404 do Código Civil autorizam o Juiz do Trabalho a condenar o vencido em honorários contratuais de advogado, a fim de assegurar ao vencedor a inteira reparação do dano. Razões pelas quais, os honorários postulados a título de indenização compensatória visa recompor a reclamante a integralidade de seus direitos, não guardando qualquer relação com os honorários advocatícios pela mera sucumbência previstos na norma processual civil. VIII - DA CORREÇÃO MONETÁRIA Pleiteia a reclamante a aplicação da correção monetária pelos índices dos Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) do IBGE vez que a variação da TR utilizada pelo E. TRT/2ª Região deixou de retratar a recomposição monetária por conta da inflação. O Supremo Tribunal Federal (STF), em quatro ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs 4357, 4372, 4400 e 4425) declarou inconstitucional a expressão "índice oficial da remuneração básica da caderneta de poupança", do parágrafo 12 do artigo 100 da CF, e afastou a aplicação da TR. Ainda que tal decisão esteja suspensa por arrastamento por decisão meramente liminar, deverá ser aplicada no presente caso, pois a própria decisão que previu a suspensão, deixou clara a possibilidade da análise caso a caso.

8 IX - DOS PEDIDOS: Ante o exposto, pleiteia a reclamante seja a reclamada compelida a recolocá-la em suas funções (TUTELA ANTECIPADA) ou de forma subsidiária, em função compatível com seu atual estado de saúde, com o pagamento das seguintes verbas: a)salários (reajustados) desde o dia seguinte à alta médica, ou seja de 30/05/2014 até o efetivo restabelecimento do contrato de trabalho..a apurar b)13 salário do período referido na alínea anterior...a apurar c)férias + 1/3 do período descrito na alínea a...a apurar d)fgts sobre as verbas deferidas (letra a até c )...a apurar e)imposição de multa diária (astreintes), a ser arbitrada por este MM. Juízo, em caso de não cumprimento da obrigação de fazer (recolocação), a qual não poderá ser menor que os rendimentos da obreira caso estivesse trabalhando...a apurar f)cestas básicas no importe de R$ 100,00 por mês desde o dia seguinte à alta médica, ou seja de 30/05/2014 até o efetivo restabelecimento do contrato de trabalho...a apurar g)indenização por dano moral, nos termos do item IV...a apurar h)pagamento de 1 hora extra em dois dia da semana pela não concessão do intervalo para refeição e descanso na integralidade, com adicional normativo de 100%, conforme item V...a apurar Reflexos do item anterior em: h.1) Descanso Semanal Remunerado...a apurar h.2) 13º salário...a apurar h.3) férias +1/3...a apurar

9 i)fgts sobre as verbas deferidas (letra h até h3 )... a apurar j)multa normativa prevista na cláusula 6ª da CCT de sua categoria, conforme item VI...a apurar k)ressarcimento de despesas com a contratação de advogado, nos termos do item VI...a apurar l)recolhimentos previdenciários com posterior comprovação nos autos. m)aplicação da correção monetária pelos variação do INPC do IBGE (aplicação do 4º do artigo 40 da Lei 8.177/91). X DOS REQUERIMENTOS: Requer a Reclamante a concessão dos benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, por ser pessoa pobre na acepção legal do termo, pois sua atual situação econômica não lhe permite pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, nos termos do art. 5º, LXXIV, CF, dos artigos 98 e 99 do NCPC, da Lei 1.060/50, do artigo 790 da CLT, da OJ 269 da SDI-1 do TST e da súmula nº 05 do TRT da 2ª Região (doc.03). Em face do exposto, pede e espera a Reclamante, seja a presente reclamação julgada totalmente procedente, condenando a Reclamada no pagamento das verbas pleiteadas, monetariamente atualizadas, computados os juros de mora, além de custas e despesas processuais e obrigações de fazer. Requer ainda, a aplicação da súmula 368 do TST quanto aos recolhimentos fiscais e previdenciários, bem como da OJ 400 da SDI-I do TST e súmula 19 do TRT da 2ª Região quanto a não incidência de imposto de renda sobre os juros de mora.

10 Para tanto, requer se digne V.Exa., determinar a notificação da Reclamada no endereço declinado para que, querendo, conteste a presente Reclamação, sob pena de sofrer os efeitos da revelia. Finalmente, requer provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal do representante legal da reclamada, sob pena de confissão, oitiva de testemunhas, perícias e outros, se necessários. XI DO VALOR DA CAUSA: Atribui à causa, para efeito de custas e alçada (súmula 71 do TST), o valor de R$ xxx.000,00 (xxxxxxx mil reais). OBS: TODAS AS NOTIFICAÇÕES E INTIMAÇÕES DEVERÃO SER FEITAS EXCLUSIVAMENTE EM NOME DO DR. xxxx, OAB/SP xxx.xxx (SÚMULA 427 DO TST), COM ENDEREÇO NA RUA NEWTON xxxx, 29, CENTRO, SÃO PAULO, SP, CEP: XXXXX-370. Nestes Termos, Pede Deferimento. São Paulo, 01 de fevereiro de xxxxxxxxxxxxxxxxx OAB/SP xxx.xxx