II-159- AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ESGOTOS DOMÉSTICOS NO DISTRITO FEDERAL QUE UTILIZAM PROCESSO DE DISPOSIÇÃO NO SOLO
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1 II-159- AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ESGOTOS DOMÉSTICOS NO DISTRITO FEDERAL QUE UTILIZAM PROCESSO DE DISPOSIÇÃO NO SOLO Sérgio Paiva Sampaio (1) Engenheiro civil formado na UNICAMP em 1978 CES em Strasbourg em 1988, DEA e Doutorado na Université de PARIS XII em 1990 e Atualmente esta trabalhando na Diretoria de Esgotos da CAESB desenvolvendo projetos de redes e estações de tratamento de esgoto. Fernando Paiva Scárdua Engenheiro Florestal formado pela UnB em 1991 Mestrado na ESALQ-USP em 1993, Doutorando no CDS/UnB desde Ricardo Silveira Bernardes Engenheiro civil formado na UNICAMP em 1977 Mestrado em Hidráulica e Saneamento na EESC-USP em 1986, Doutorado em Wageningen Agricultural University, Holanda em Atualmente é professor Doutor no Departamento de Engenharia Civil da UnB na área de Saneamento. Endereço (1) : QRSW 08 Bloco B-5 apt Setor Sudoeste Brasília DF CEP: Brasil Tel: (061) Fax: (061) sergiosampaio@caesb.df.gov.br RESUMO O presente trabalho tem como característica apresentar os sistemas de tratamento de esgotos em que são utilizadas as disposições no solo para polimento do efluente. Atualmente são 5 os sistemas em que a disposição no solo é utilizada, sendo que em 1 deles esta utilização é recente, não havendo assim muitas informações no que se refere à manutenção e operação do mesmo. Dadas às características climáticas e de topografia, esses sistemas adequaram-se bem à proposta de alternativas para tratamento de esgotos no Distrito Federal. A disponibilidade de área foi fundamental para a decisão de utilização desse sistema. De maneira sucinta pode-se dizer que nesta etapa do tratamento existe uma filtração de parte do efluente, onde boa parte da matéria em suspensão é retida nos primeiros centímetros do solo e também nas plantas ao longo do escoamento superficial. Não foram observados problemas de operação e de manutenção do sistema de disposição no solo. A redução da vazão e da poluição orgânica, apesar de ser verificada, ainda não pode ser quantificada, mas sim estimada. Pode-se verificar um aumento da biodiversidade da fauna e flora local advinda do sistema de disposição de efluentes de esgoto no solo. PALAVRAS-CHAVE: Disposição no solo, redução de poluição, tratamento simplificado de esgotos. INTRODUÇÃO A utilização de processo de tratamento de esgotos domésticos por disposição no solo é prática bastante antiga. Têm-se relatos de sua utilização na antigüidade, em cidades como Atenas, Roma, Paris, Berlim entre outras. (1 e 3) Além de ter sua operação continuada através dos tempos, mais recentemente outras cidades passaram a utiliza-la como Melbourne, com estudos de acompanhamento que comprovam sua aplicabilidade em diversas situações. (1 e 2) No Brasil, trabalhos têm indicado experiências em alguns locais em Minas Gerais, São Paulo e Rio Grandes do Sul (1). De maneira geral, essas experiências tem a escala de instalação piloto, sendo de grande valia na ABES Trabalhos Técnicos 1
2 determinação de parâmetros de projeto. Todavia, ainda faltam informações relativas a sistemas com maior escala, que possam orientar sobre os aspectos de operação e manutenção desse tipo de sistema. A CAESB, Companhia de Água e Esgotos de Brasília, tem procurado criar combinações de processos de tratamento de esgoto que atendam tanto critérios de proteção ambiental, como a idéia de tecnologia apropriada. Dentro dessa filosofia, diversas novas unidades de tratamento foram projetadas e implantadas, sistemas esses que têm como componentes diversos processos, dentre eles os de disposição no solo. Alguns desses sistemas foram implantados no período de 1994 a 1998, estando desde então em operação. Alguns desses sistemas foram implantados recentemente, sem que sejam disponíveis maiores informações sobre aspectos de manutenção. OBJETIVO O objetivo principal desse trabalho é descrever o processo de disposição no solo como componente de sistema de tratamento de esgotos domésticos no Distrito Federal, com ênfase nas questões operacionais, de manutenção e ambientais. DESCRIÇÃO DOS SISTEMAS CONSTRUÍDOS O objeto de estudo do presente trabalho será os sistemas de tratamento de esgotos das localidades de Vila do Torto, Vila do Paranoá, Santa Maria (Alagado e Santa Maria) e São Sebastião. Em cada um desses sistemas, o processo de disposição no solo foi inserido com funções distintas, quer no tocante a etapa de tratamento, quer no método de aplicação, conforme mostrado abaixo: ETE DA VILA DO TORTO - leito de infiltração rápida ETE DO PARANOÁ - lagoa de estabilização de alta taxa ETE ALAGADO 2 ABES Trabalhos Técnicos
3 ETE SANTA MARIA ETE SÃO SEBASTIÃO Por sua importância no processo, serão descritos sucintamente os dispositivos para disposição do esgoto no solo e coleta do efluente, para cada um dos sistemas em análise. ETE DA VILA DO TORTO Constituído de dois leitos de areia (áreas de 10x15 e 12x18) seguido de escoamento superficial em área aproximada de 2 hectares. Proteção do ribeirão Bananal contribuinte para o Lago Paranoá. ETE DO PARANOÁ Constituído em escoamento superficial em área de 6,6 hectares (6 leitos de 200x55 mts). Proteção do rio Paranoá afluente do rio São Bartolomeu futuro manancial para o Distrito Federal ETE ALAGADO Constituído em escoamento superficial em área de 12,5 hectares (5 leitos de 500x50 mts). Proteção do rio Paranoá afluente do rio Alagado futuro manancial para o Distrito Federal ETE SANTA MARIA Constituído em escoamento superficial em área de 8 hectares (6 leitos de 350x50 mts). Proteção do rio Paranoá afluente do rio Alagado futuro manancial para o Distrito Federal ETE SÃO SEBASTIÃO Constituído em escoamento superficial em área de 15,8 hectares(duas áreas de e m2 aproximadamente). Proteção de afluente do rio Paranoá, futuro manancial para o Distrito Federal RESULTADOS Na tabela 1 são apresentados os resultados médios das estações de tratamento entre os períodos de janeiro e março de ABES Trabalhos Técnicos 3
4 Tabela 1. Resultados médios da etapa de disposição no solo (1/01 3/01). ETE Paranoá Santa Maria Alagado São Sebastião Torto Parâmetros Ent. Saída Ent. Saída Ent. Saída Ent. Saída Ent. Saída SS DQO ,3 90, DBO ,2 37, TKN 62 37,6 38,6 33,2 39,9 27,5 53,9 41, Fósforo Total 12 8,6 8,85 6,92 9,9 7,49 6,2 5,7 6,5 - Pode-se notar em todos os sistemas uma redução significativa de DQO, DBO e TKN, isso se deve as características físico-químicas dos solos presentes nas áreas, aliada a absorção de uma parte da carga orgânica por parte da vegetação herbácea que se instala ao longo do escoamento das baias. Na tabela 2 são apresentadas algumas informações gerais das estações de tratamento e sua manutenção. Tabela 2. Dados gerais e de manutenção da etapa disposição no solo. ETE Paranoá Santa Maria Alagado São Sebastião Torto População (hab.) Vazão l/s ,2 9 Área de disposição 6,6 8 12,5 15,8 2 (ha) Inclinação do terreno 8% 9% 12% 7% (variável) 10% Vegetação utilizada Capim, Capim Taboa, Capim Capim Capim e gramíneas Taboa Tempo de 4 anos 10 meses 3 anos 2 anos 5 anos funcionamento da ETE Colmatação observada Média Pouca Média Média Pouca Fauna e flora Pássaros diversos, insetos, cobras, sapos, vegetação herbácea,... observada Estimativa de redução 30% 15% 20% 20% 100 % de vazão Regime de manutenção Fatos anormais ocorridos Características climáticas Aspectos físicos do local de disposição Sistema de coleta do efluente Roçagem Não é feita Escoamento Escoamento preferencial preferencial Período chuvoso de novembro a março e de forte estiagem de abril a setembro preparado variável natural Canaleta Canaleta Canaleta Canaleta Todo efluente se infiltra no solo Em relação ao quadro acima, pode-se observar uma redução da vazão, ainda que de maneira empírica, dada à dificuldade de se proceder a medições mais precisas. 4 ABES Trabalhos Técnicos
5 Apesar de não ser um objetivo desse tipo de tratamento, o surgimento de uma diversidade de animais e plantas, constitui-se em um bom indicador ambiental, principalmente em épocas de forte estiagem no Distrito Federal, que se transforma em um refúgio de fauna. A inexistência de fatos relevantes é um indicativo de que o sistema pode-se constituir em uma alternativa para localidades que apresentem uma carência de mão-de-obra especializada. CONCLUSÕES De acordo com os operadores das ETEs analisadas o sistema de disposição no solo é elogiada como forma de tratamento, não causando maiores transtornos ou gastos excessivos. Os odores são desprezíveis nesta etapa, principalmente se compararmos com os odores oriundos da descarga de lodos dos reatores anaeróbios. A redução da poluição e de vazão nesta etapa de tratamento contribui para a proteção dos córregos e pequenos riachos a jusante das ETEs. Em todos os sistemas de disposição no solo é observado um aumento da biodiversidade local, constituindo-se em um fator relevante para o crescimento de vegetação herbácea e aparecimento de pássaros, insetos e pequenos animais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. NUCCI N.L.R. Tratamento de esgotos municipais por disposição no solo e sua aplicabilidade no estado de São Paulo, p BERNARDES R. S. Estabilização de poluentes através de disposição no solo, USP São Carlos, p BENOIST P. Bilan de l efficacite des champs d épandage de la ville de Paris, Tese de doutorado, p ADAMSKI M. L épandage des eaux résiduaires sur terrain agricole. ABSN, Cahiers Techniques, nº 8, p EPA Evaluation of Land Application Systems MARESCA B. L épandage des eaux usées. Manuel de récommandations techniques, p ABES Trabalhos Técnicos 5
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