ASPECTOS JURÍDICOS E POLÍTICOS DA GLOBALIZAÇÃO.
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- Mafalda Felgueiras Coimbra
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1 ASPECTOS JURÍDICOS E POLÍTICOS DA GLOBALIZAÇÃO. Mauro César de Paula RESUMO O objetivo deste artigo é avaliar os aspectos jurídicos e políticos da globalização frente à dinâmica do mundo do trabalho. A metodologia empregada na execução deste artigo envolveu os métodos de pesquisa: descritivo, uma vez que tratou de descrever os fatos e fenômenos de uma determinada realidade, a pesquisa exploratória por versar basicamente da formulação e/ou sistematização de fenômenos ainda não estudados.. PALAVRAS CHAVES: 1. Globalização. 2. Aspectos jurídicos. 3. Aspectos políticos. 4. Evolução. Na época colonial, valia a lei do mais forte, em que o monopólio exercido pelas metrópoles penalizava as transações comerciais das colônias. Nas observações do professor Lambert (2000; 90) tanto as colônias como o resto do mundo ficavam presos e limitados em suas ambições, em face do modelo arquitetado. O mercado internacional era refém das suas limitações, em função de que o mundo encontrava-se dividido em compartimento estanques, cuidadosamente protegidos da concorrência externa por um casulo jurídico que assemelhava cada império colonial a um imenso cartório. A segunda guerra mundial ( ) alterou profundamente a realidade mundial. O conflito mudou os rumos do mundo e da economia. Com as mudança, emergiram novos desafios e novos compromissos e alianças. Criou-se uma nova estrutura do poder mundial. Ou seja: implantou-se uma nova ordem econômica e uma nova ordem política e jurídica.
2 De acordo com Lambert (2000; 91) o antigo protecionismo colonial esfarelou-se progressivamente. Extinguiu-se no século XX, na década de 60, com o processo de independência maciça das colônias. O mundo esta se globalizando. A preocupação em abrir as fronteiras foi o maior motor da produção normativa. Foi responsável por milhões de horas/debate, pelo mesmo tempo em aulas, argumentações, campanhas políticas, reflexões, seminários, pressões, guerras, e finalmente pela a elaboração do mais sofisticado sistema normativo produzido no plano internacional: o Sistema de Bretton Woods. Para (BRUM: 1997; 50) a nova ordem econômica internacional constitui-se de um conjunto de critérios e normas que regulam o jogo econômico e financeiro do mundo. E, por decorrência, os instrumentos e mecanismos que lhe dão sustentação. Com a segunda guerra mundial, os Estados Unidos consolidaram sua liderança e hegemonia no mundo. Sob a sua inspiração e orientação realizou-se em julho de 1944, na cidade turística de Bretton Woods, no Estado de New Hampshire, EUA, a Conferência Monetária e Financeira Internacional das Nações Unidas e Associadas. A reunião dos representantes dos países vencedores do conflito que teve por finalidade reconstruir a estrutura internacional de comércio e finanças, ou seja, estruturar a ordem internacional a vigorar no pós-guerra. Diante das enfraquecidas potências européias, o EUA conseguiu impor sua visão e seus interesses na nova estrutura de poder, inclusive o dólar como moeda-padrão no comércio mundial. Também foram criados três instrumentos para implantação da nova ordem econômica internacional para dar sustentação e viabilização: o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT). O FMI é o órgão encarregado de zelar pela saúde financeira e da moeda dos países-membros e prestar socorro financeiro e técnico aos países em dificuldades, mediante aplicação de normas de ajustes
3 rigorosamente controladas. A aprovação de programas de ajustes pelo Fundo serve de sinal verde para a concessão de empréstimos e financiamentos a países necessitados por parte dos bancos internacionais. Segundo (BATISTA: 1994; 17-18) com a decisão, unilateral, de desvincular o dólar do ouro e de deixar flutuar sua moeda, tomada em 1971, os EUA derrubaram uma das colunas básicas do sistema monetário construído na conferência de Bretton Woods, provocaram um forte impacto internacional, enfraqueceram o FMI e mostraram ao mundo a prevalência de seus interesses nacionais sobre as responsabilidades mundiais do país assumidas em encontro multilateral. O Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento mais conhecido como Banco Mundial, teve papel importante no financiamento da reconstrução dos países capitalistas atingidos pela Segunda Guerra Mundial. Atua em estreita sintonia com o FMI, seguindo a mesma orientação. O Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) hoje Organização Mundial do Comércio (OMC) foi criado em 1947, numa reunião realizada em Havana, em Cuba, sob a liderança dos EUA. Ao GATT foi atribuída a responsabilidade de estabelecer as normas de controle do comércio mundial de mercadorias, com a função precípua de zelar pelo livre comércio entre as nações, entretanto não foi capaz de assegurar livre comércio, assim foi necessário substituí-lo, a partir de 1º de janeiro de 1995 pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo Lambert (2000; 95) todo o sistema do GATT repousa na aplicação multilateralizada do regime da nação mais favorecida, pedra angular de toda a dinâmica de liberação do comércio internacional em operação desde De acordo com esse princípio, os estados partes comprometem-se a estender ipso facto para o conjunto dos participantes e sem convenção complementar, qualquer vantagem tarifária ou outra que venham conceder a um deles em particular.
4 A nova organização tem a função de administrar os acordos comerciais entre seus membros, ser um fórum para negociações, direcionar as disputas comerciais, fazer o monitoramento de políticas comerciais nacionais, dar assistência técnica e treinamento aos países em desenvolvimento e cooperar com outras organizações internacionais. Sua estrutura institucional, um tanto complexa, funciona em quatro níveis organizacionais, em que há uma grande quantidade de comitês e grupos de trabalhos. Abaixo segue ilustração simplificada do organograma da OMC. De acordo com (THORSTENSEN: 2001) no primeiro nível situam-se as Conferências Ministeriais configuram o nível mais alto do processo de tomada de decisão da OMC. Nelas são definidos os temas que serão tratados em cada rodada de negociação que devem ocorrer num prazo de até dois anos. Essa instância é composta por Ministros das Relações Exteriores e/ou os Ministros de Comércio Exterior dos países membros. Como no caso do GATT, o processo de tomada de decisão na OMC é através de consenso. Já ocorreram cinco conferências ministeriais. Em dezembro de 1996, na Conferência de Cingapura, quatro temas foram introduzidos na agenda da OMC: comércio e investimento, comércio e competitividade, transparência nas aquisições governamentais e facilitação de comércio. Em maio de 1998, a Conferência de Genebra foi marcada pela celebração dos cinqüenta anos de formação de um sistema multilateral de comércio. Em dezembro de 1999, a Conferência de Seattle foi marcada pelo impasse nas negociações. Na Conferência Ministerial de Doha, conhecida como agenda para o desenvolvimento dois temas tomaram importância: agricultura e serviços. Essa conferência foi uma tentativa de lançar uma nova rodada para discussões a respeito do desenvolvimento que teria seu prazo na Conferência de Cancun, em setembro de Devido ao impasse gerado nas discussões a respeito do comércio agrícola por parte dos países em desenvolvimento representados pelo Grupo dos 20 com os Estados Unidos e a União
5 Européia, a finalização da rodada foi adiada para a sexta conferência: Hong Kong em dezembro de O segundo nível é representado por três organismos: o Conselho Geral, o Órgão de Solução de Controvérsias (OSC) e o Órgão de Revisão de Política Comercial (ORPC). O órgão mais expressivo é o Conselho Geral da OMC, um órgão permanente e que é formado por embaixadores ou chefes de delegações de todos os países membros sediados em Genebra ou nas capitais de seus respectivos países. A esse conselho cabe a função de zelar pelos Acordos Multilaterais, administrar as atividades diárias da OMC e executar as decisões das conferências ministeriais. Dessa forma, no intervalo entre as conferências ministeriais, o Conselho Geral assumirá as funções das mesmas. Esse corpo administrativo estabelece o seu próprio regulamento interno e aprova os regulamentos internos dos comitês (ver O Quarto Nível). Ele toma as medidas adequadas para assegurar uma cooperação eficaz com outras organizações inter-governamentais cujas competências estejam relacionadas com as da OMC (Acordo Constitutivo da OMC, artigo V). Também há a possibilidade de se estabelecer medidas com vista à consulta e à cooperação com organizações não-governamentais que tenham afinidades com os temas discutidos na OMC. Ainda nesse segundo nível, há diversos conjuntos de órgãos que são subordinados ao Conselho Geral. O GATT, o GATS (junto aos comitês e grupos de trabalhos de ambos), a TRIPS (ver O Terceiro Nível) mais alguns comitês e grupos de trabalhos (ver O Quarto Nível) respondem diretamente ao Conselho Geral.
6 Também o Comitê de Negociações Comerciais da Agenda do Desenvolvimento de Doha possui um vínculo direto com o conselho também. Além do Conselho Geral, há outros dois órgãos que auxiliam os trabalhos deste. O primeiro é o Órgão de Solução de Controvérsias (OSC) que é composto por todos os membros da organização sendo a instituição máxima do sistema de solução de litígios. Entretanto, há que se explicar o Entendimento sobre Soluções de Controvérsias (ESC), uma etapa anterior ao OSC. O ESC ao possuir características como um sistema quase jurídico, com grande grau de independência dos demais órgãos da OMC e por não requerer um acordo para fazer valer a sua jurisdição acaba se tornando um órgão de consulta. Para a economista Vera Thorstensen, os governos nacionais devem utilizar-se dos mecanismos colocados à disposição pelo ESC, para atacar as irregularidades praticadas pelos demais países para defender os interesses próprios e de seus exportadores. Na possibilidade de as partes não alcançarem um acordo, então, resta ao OSC analisar a questão. No conjunto de solução de controvérsias da OMC, o OSC é o instrumento principal do processo. Subordinado a ele está o Órgão de Apelação, que consiste num corpo independente formado por sete pessoas para rever o painel em questão. Isso ocorre quando uma das partes envolvidas no painel não aceita sua decisão. O segundo é o Órgão de Revisão de Política Comercial (ORPC), criado junto com a OMC, que tem o objetivo de estabelecer um cronograma anual de entrega de relatórios periódicos dos membros da OMC. E, com base nos acordos multilaterais de comércio, irá verificar a consistência das políticas econômicas dos países. Assim, a função do ORPC é a de revisar as políticas comerciais de seus membros e com isso contribuir para uma maior adesão dos mesmos às regras da instituição, à sua disciplina e aos compromissos assumidos nos acordos multilaterais de comércio. Essa é uma forma de se aumentar a transparência entre seus participantes. A transparência, uma das três regras do sistema multilateral de comércio, melhora o funcionamento desse sistema porque transmite maior compreensão das políticas e das práticas comerciais.
7 No terceiro nível há três acordos: o GATT, O GATS e o TRIPS. O primeiro, o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (General Agreement on Tariffs and Trade GATT) foi substituído pela OMC em Atualmente esse acordo é colocado dentro da OMC para regular as tarifas e o comércio. O Acordo Geral de comércio de serviços (General Agreement on Trade in Service GATS) tem como objetivo estabelecer um quadro de referência multilateral de princípios e regras para tal comércio. O acordo inclui mais de 150 subsetores em que contemplam serviços profissionais e de consultoria (médico, jurídico, engenharia, contábil, pesquisa e desenvolvimento, computação, imobiliário, propaganda e vendas), serviços de comunicação, serviços de construção e de engenharia, serviços de distribuição, serviços de educação, serviços ambientais, serviços financeiros e seguros, serviços de turismo e viagens, serviços de recreação, cultural e de esporte, serviços de transporte e entre outros serviços. O Acordo sobre Aspectos do Direito da Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio (Agreement on Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights TRIPS) tem como objetivo criar uma situação para negociações multilaterais de princípios, de regras e de disciplina relacionados com os direitos de propriedade intelectual. O quarto nível é formado por uma grande quantidade de comitês e grupos de trabalhos que tratam de diversos temas. Uma parte destes são ramificações dos trabalhos do GATT e do GATS. Outra parte faz parte dos trabalhos de outro conjunto de comitês e grupos de trabalhos que não se encaixam nem ao GATT e nem ao GATS.
8 Fonte: OMC. Pode-se concluir que o novo sistema econômico internacional, Projeto Norte Americano, está baseado nesses três pilares que lhe dão sustentação, com participação relevante da OMC. Essa ordem econômica internacional está estruturada a partir do ponto de vista dos interesses hegemônicos dos países altamente industrializados, já avançando na era pósindustrial. Os Estados Unidos detêm a liderança e hegemonia, mesmo compartilhando o poder com a União Européia e o Japão. Embora esses organismos internacionais sejam integrados por grande número de países, a orientação geral e as decisões são influenciadas pelos três centros hegemônicos do capitalismo. A presença dos organismo internacionais na operacionalização das estratégias definidas tende a conferir a elas um caráter eminentemente técnico e de neutralidade. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BATISTA, Paulo Nogueira. O consenso de Washington: a visão Neoliberal dos problemas latino-americanos. Cadernos da dívida externa, nº 6, São Paulo, p.
9 BRUM, Argemiro L. O desenvolvimento econômico brasileiro. 16 ed.ijuí: Ed. UNIJUI p. LABERT, Jean Marie. Curso de Direito Internacional Público. V.1. Goiânia: Ed. Kelps, p. THORSTENSEN, Vera Helena. OMC - Organização Mundial do Comércio: as regras do comércio internacional e a nova rodada de negociações multilaterais. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Edições Aduaneiras, p.
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