TÍTULO: A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA FACE AO DENOMINADO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
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- Olívia Braga Caminha
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1 16 TÍTULO: A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA FACE AO DENOMINADO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: DIREITO INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ AUTOR(ES): PATRIZIA MASTRODONATO ORIENTADOR(ES): LUIS CARLOS PILEGGI COSTA
2 1. RESUMO Este trabalho consiste na análise da legislação pertinente às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), por meio de abordagem primeiramente genérica do tema, seguida de especificações valorativas. Neste contexto, são analisadas: a capacitação de profissionais para o atendimento das pessoas com TEA, atuação do Poder Público, Tratados Internacionais assinados pela nossa Federação, progressão da legislação brasileira quanto à inclusão, aplicação e desenvolvimento de políticas públicas. Ao final são formuladas considerações valorativas acerca do tema, em consonância ao trabalho de campo desenvolvido, consistente em pesquisa na esfera educacional e social, a fim de adquirir informações pertinentes ao tema.
3 2. INTRODUÇÃO De acordo com os dados do IBGE (2015) 6,2% da população brasileira possui algum tipo de deficiência, e de acordo com a pesquisa do Governo dos Estados Unidos ministrada pelo Center of Diseases Control and Prevention, cujo resultado foi abraçado pelo Ministério da Saúde do Brasil, uma em cada sessenta e oito crianças com oito anos de idade possuem o intitulado Transtorno do Espectro Autista (TEA). Devida esta porcentagem considerável de pessoas com TEA, muito se tem discutido acerca das normas presentes em nosso Ordenamento Jurídico, pois há dúvidas e fatos que nos levam a observar e ponderar se tais normas possuem a efetividade esperada, garantindo os Direitos das Pessoas com Deficiência como: segurança, educação inclusiva, segurança, saúde, oportunidades no mercado de trabalho, entre outros mecanismos de inclusão social. Este trabalho analisou o Estatuto da Pessoa com Deficiência de 6 de Julho de 2015, Tratados Internacionais acerca do tema e a Lei de 27 de Dezembro de 2012, a qual institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
4 3. OBJETIVOS Este trabalho apresenta objetivo geral e específico. O objetivo geral visa apresentar o Transtorno do Espectro Autista, a fim de sanar dúvidas sobre o tema e como objetivo específico analisar a amplitude da Lei de 27 de Dezembro de 2012, também popularmente conhecida como Lei Federal dos Autistas, juntamente de demais normas pertinentes ao campo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e de estudo sobre o posicionamento das Políticas Públicas, com intenção de averiguar a inclusão social deste grupo.
5 4. METODOLOGIA O presente trabalho pautou-se para obtenção dos objetivos traçados, no levantamento doutrinário jurídico sobre o tema, em pesquisa de campo realizada, na qual foi aplicado um questionário com perguntas valorativas acerca do tema. Não obstante, desfrutou do método dedutivo e dialético na abordagem das normas jurídicas pertinentes ao tema, a fim de enriquecer o desenvolvimento do tema.
6 5. DESENVOLVIMENTO Com a promulgação da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo assinados em Nova York, em 30 de março de 2007, e com a ratificação do Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo n o 186, de 9 de julho de 2008, sendo incorporada como Emenda Constitucional nos termos previstos no artigo 5º 3º da Constituição Federal, é reconhecido instrumento de respeito aos Direitos Humanos em nosso Ordenamento Jurídico, valorizando a dignidade da pessoa humana, autonomia individual, dissertando por plena e efetiva participação e inclusão na sociedade e pela igualdade de oportunidades, evidenciando que a deficiência é apenas uma das características inerentes à diversidade humana, (Secretaria de Direitos Humanos, 2010). Nesta Convenção foi alterada do modelo médico para o modelo social, definindo como fator limitador o meio em que a pessoa está inserida, não propriamente a deficiência, nos levando a consultar a Classificação Internacional de Funcionalidades (CIF), no qual fica claro que as deficiências não indicam necessariamente que o indivíduo seja considerado doente. Também apresenta que a falta de acesso a serviços e bens deve ser brevemente solucionada de forma coletiva e por meio de políticas públicas, a fim de se alcançar equiparação no campo das oportunidades, remetendo ao cumprimento de responsabilidades e deveres de todos os cidadãos. Diante de tais afirmações e mudanças, o conceito de deficiência passou a ser dependente de verificações e atualizações em cada momento histórico, conforme é afirmado no preâmbulo da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. O propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente. Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. No campo de impedimentos ao longo prazo, encontramos o Transtorno do Espectro Autista (TEA) também conhecido como Transtorno Global do Desenvolvimento - o qual após o lançamento em 2013, da quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), foi possível ler em único
7 diagnóstico, por mais que às vezes elaborado de maneira que beira a leviandade, o TEA como um subterfúgio para esconder toda uma gama de distúrbios do Autismo, como: Autismo infantil, Autismo atípico, Síndrome de Rett, Transtorno com Hipercinesia associada a Retardo Mental e a Movimentos Estereotipados, Síndrome de Asperger, entre outros (Defensoria do Estado de São Paulo, 2011). Pessoas com Transtorno do Espectro Autista costumam apresentar comportamentos repetitivos, dificuldades em interação social, devida complexidade considerável em comunicação social, de interpretação de frases subjetivas e dificuldades qualitativas em atenção e desenvolvimento motor. Assim como disposto na Lei , de 27 de Dezembro de 2012, a qual Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o 3º do artigo 98 da Lei 8.112, de 11 de Dezembro de 1990: Art. 1 o Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua consecução. 1 o Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II: I - deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento; II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos. 2 o A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais. De mesmo modo que apresentam dificuldades significativas, as pessoas com Transtorno do Espectro Autista manifestam múltiplas habilidades no campo das artes, exatas e ciências (Sueidy, 2013), nos permitindo destacar grandes figuras históricas com TEA, porém, mesmo com tantas habilidades, pessoas com TEA, por vezes, devida a falta de conscientização da população sobre este transtorno e demais distúrbios e deficiências, se deparam com discriminações e transgressões aos Direitos Fundamentais, gerando sentimento de injustiça e não pertencimento.
8 A falta de conscientização pode ser comprovada, por meio da pesquisa de campo realizada em razão deste trabalho. Ao questionar a população que participou da pesquisa se saberiam da existência de leis que amparam as pessoas com TEA, 47% delas alegaram não saber da existência destas Leis, porém, 100% dos entrevistados alegaram que nossa nação necessita de mais informações acerca do Transtorno do Espectro Autista e demais distúrbios, transtornos e deficiências e acreditam que a educação é o campo fundamental para mudança, conscientização e inclusão, deste modo 83% assinalaram que para a melhor qualidade de ensino e inclusão, as pessoas com deficiência não devem frequentar escolas separadas para somente elas, reafirmando a frase célebre do grande estudioso da educação, Paulo Freire, o qual defende a consolidação da inclusão, ao recitar: se aprende com as diferenças e não com as igualdades, acreditando que as escolas devem estar aptas para receber todas as pessoas, pois com todas as diferenças garantiremos o real acesso a educação e respeito aos Direitos Fundamentais.
9 6. RESULTADOS Com o desenvolvimento deste trabalho, foi possível verificar insuficiência de informações que são obrigatórias a serem fornecidas por parte do Poder Público, resultando em pais e responsáveis legais das pessoas com Transtorno do Espectro Autista com déficit no conhecimento de seus direitos, o que agrava as dificuldades da inclusão das pessoas com TEA, desrespeitando os Direitos Fundamentais. Também foi possível averiguar, que as Instituições de Ensino de nosso país não possuem profissionais capacitados para atender as necessidades e adaptações necessárias - previstas em normas jurídicas das pessoas com Transtorno do Espectro Autista, por mais que existam Políticas Públicas, com proposta de implantar em todas as escolas, atendimento multiprofissional e salas com recursos multifuncionais, a fim de garantir atendimento especializado de todos os alunos com deficiência (Deficiência, 2012, p. 54). Dos participantes da pesquisa de campo elaborada por este trabalho, 90% acreditam que o atendimento multiprofissional que é previsto na Lei de 27 de Dezembro de 2012 e no Estatuto das Pessoas com Deficiência geraria grandes melhorias em nossa sociedade, e ressaltaram que o mesmo deveria acontecer em todos os campos fundamentais para a vida humana. Entretanto, 21% dos entrevistados alegam conhecer pessoas com deficiência que nem ao menos tiveram fácil acesso a educação, sendo elencado que 20% desta dificuldade foi em razão da deficiência. Na pesquisa de campo, 30% dos entrevistados alegaram que a pessoa com Transtorno do Espectro Autista, não é considerada pessoa com deficiência para todos os efeitos legais, demonstrando desconhecimento do 2º do artigo 1º da Lei , conhecida como Lei dos Autistas, elencando lacunas de conhecimento, propensas a caminhos de injustiças no que tange os direitos das pessoas com TEA, porém cabe ao Poder Público, Instituições de Ensino e cidadãos, lutarem para que tais lacunas sejam preenchidas por justiça e direitos, por meio de elaboração e consolidação de Políticas Públicas e colaboração para a evolução normativa neste campo.
10 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando os dados recolhidos na pesquisa de campo, analise da doutrina pertinente ao tema, e de Convenções Internacionais e Leis presentes no Ordenamento Jurídico brasileiro, acerca dos direitos das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista, nos foi possível verificar déficit por parte da conscientização da população sobre o tema. Ao depararmos com número significativo de pessoas alegando não conhecerem os direitos das pessoas com TEA, nos permitiu em contraponto verificar que 23% dos entrevistados, alegaram ter necessitado acionar o Poder Judiciário, devido o desrespeito aos direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista. O caso mais comum foi a rejeição de matrículas em virtude do TEA, em Instituições de Ensino (públicas e privadas), nos colocando de frente a porcentagem de 20% para esta situação. Um dia a grande filósofa moderna Hannah Arendt alegou que o homem tem direito a ter direitos, nos colocando a refletir se realmente estamos proporcionando os direitos que cada pessoa necessita, afinal para garantir estes direitos, não basta somente criarmos leis, necessitamos em suma, conscientizar a população, que em nossas diferenças devemos encontrar a igualdade, construindo uma sociedade inclusiva, para todos. Este trabalho conclui propondo a cada cidadão a buscar mecanismos de inclusão das pessoas com TEA em seu grupo social, respeitando suas dificuldades e adaptações necessárias, mas também a contemplar as grandes habilidades destas pessoas, relembrando a fraternidade que esfriou, e permitindo a liberdade das pessoas com Transtorno do Espectro Autista em desenvolverem-se em todos os campos da vida humana.
11 8. FONTES CONSULTADAS (DSM-V), Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Autismo e Realidade. (2013). Cartilha Autismo e Educação. Autismo e Realidade. ABRAÇA Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas com Deficiência. Defensoria do Estado de São Paulo. (2011). Cartilha dos Direitos das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista. Deficiência, S. N. (2012). Avanços das Políticas Públicas (1ª ed.). Brasília. Frith, U. (1989). Autism: explaining the enigma. Cambridge, Oxford, Inglaterra. Maia, M. Novo Conceito de Pessoa com Deficiência e Proibição do Retrocesso. Martins, M. Neuropsicologia na infância Autismo. Secretaria de Direitos Humanos. (2010). Convenção Internacional das Pessoas com Deficiência (4ªed.). Brasília, Brasil: Secretaria de Direitos Humanos. Sueidy, T. (2013). O Autista no Contexto Escolar. Arendt, H. (2014). A Condição Humana (12º ed.). Freire, P. (2011). Pedagogia do Oprimido (50º ed.).
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