CRESCIMENTO SAZONAL E ANUAL EM DIÂMETRO DE 16 ESPÉCIES DE UMA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA NA FLORESTA NACIONAL DE IRATI, PR, BRAZIL
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- Mateus Esteves Rijo
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1 CRESCIMENTO SAZONAL E ANUAL EM DIÂMETRO DE 16 ESPÉCIES DE UMA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA NA FLORESTA NACIONAL DE IRATI, PR, BRAZIL Afonso Figueiredo Filho 1 Edson Luís Serpe 2 Gilvan Plodowski 2 Daniela Fernanda dos Santos 2 Thiago Floriani Stepka 2 Marcelo Becker 2 RESUMO O incremento sazonal e anual em diâmetro foi avaliado com o uso de cintas dendrométricas, as quais foram projetadas, confeccionadas e instaladas em 199 árvores de 16 espécies de uma Floresta Ombrófila Mista, localizada na Floresta Nacional de Irati, região Centro-sul do estado do Paraná. A região tem um clima do tipo Cfb da classificação climática de Köppen, com média das temperaturas máxima e mínima de 24,2 o C e 11,0 o C, respectivamente. Apresenta uma precipitação média mensal de 193,97 mm e uma umidade relativa média mensal do ar de 79,58%. As 16 espécies foram selecionadas pela importância comercial, ameaça de extinção e com potencial para recuperação de áreas degradadas. Além disso, procurou-se contemplar em cada espécie, toda a variabilidade diamétrica existente. Foram avaliadas 27 árvores de Araucaria angustifolia, 8 de Campomanesia xanthocarpa, 9 de Capsicodendron dinisii, 11 de Casearia sylvestris, 18 de Cedrela fissilis, 9 de Cupania vernalis, 5 de Eugenia involucrata, 9 de Ilex paraguariensis, 9 de Machaerium stipitatum, 4 de Myrciaria trunciflora, 16 de Nectandra grandiflora, 10 de Nectrandra megapotamica, 16 de Ocotea odorífera, 24 de Ocotea porosa, 12 de Prunus sellowii e 12 de Myrsine umbellata. As medições foram realizadas ao final de cada estação do ano. A relação entre o crescimento sazonal em diâmetro com a precipitação, média das temperaturas mínima, média e máxima também foi avaliada por espécie. As análises realizadas em três anos de observações (outono de 2003 ao verão de ) levaram a concluir que a maior taxa de incremento em diâmetro ocorreu, para as 16 espécies estudadas, no verão seguido da primavera, outono e inverno. Na média geral, cada uma dessas estações respondeu por 42,1; 35,6; 17,5 e 4,8% da produção anual em diâmetro (0,222 cm), respectivamente. O incremento anual médio variou de 0,065 cm até 0,424 cm (média de 0,222 cm). As espécies Cedrela fissilis (0,424 cm), Myrciaria trunciflora (0,371 cm) e Araucaria angustifolia (0,364 cm) apresentaram as maiores taxas de incremento enquanto que a Myrsine umbellata (0,065 cm) e a Capsicodendron dinisii (0,091 cm) tiveram os menores acréscimos. Ao considerar apenas as 15 folhosas estudadas observou-se uma produção anual média de 0,199 cm. O incremento sazonal em diâmetro por espécie foi fortemente correlacionado com as médias das temperaturas mínima, média e máxima com coeficientes de correlação (r) variando de 0,46 a 0,87. A precipitação também está correlacionada com o incremento, mas menos intensamente. Neste caso os coeficientes de correlação (r) variaram de 0,07 a 0,74. Palavras-chave: Incremento sazonal, Cintas dendrométricas, Floresta de Araucária. EVALUATION OF THE SEASONAL AND ANNUAL DIAMETER INCREMENT OF 16 SPECIES FROM A OMBROPHYLLOUS MIXED FOREST IN IRATI NATIONAL FOREST, PARANA STATE, BRAZIL ABSTRACT The seasonal diameter increment of 16 species from a Ombrophyllous Mixed Forest located at the Irati National Forest, Parana State, was evaluated using dendrometric bands which were projected, made and installed on 199 trees. The region has a Cfb Köppen climatic classification, with an annual 1 Engenheiro Florestal, Dr., Professor da UNICENTRO e Professor Sênior do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da UFPR, Pesquisador do CNPq. Rodovia PR 153 km 7 Riozinho Irati, PR, Brazil. afonso@irati.unicentro.br 2 Acadêmicos do Curso de Engenharia Florestal da UNICENTRO. Irati, PR, Brazil. Bolsistas do CNPq
2 rainfall between 1,250 and 2,000 mm. The local has a 24.2 o C and 11.0 o C of the maximum and minimum median temperatures, respectively. The 16 species were selected based on commercial importance, endangerous species and that species with potential to recuperate degraded areas. Twenty-seven trees of Araucaria angustifolia, 8 of Campomanesia xanthocarpa, 9 of Capsicodendron dinisii, 11 of Casearia sylvestris, 18 of Cedrela fissilis, 9 of Cupania vernalis, 5 of Eugenia involucrata, 9 of Ilex paraguariensis, 9 of Machaerium stipitatum, 4 of Myrciaria trunciflora, 16 of Nectandra grandiflora, 10 of Nectrandra megapotamica, 16 of Ocotea odorífera, 24 of Ocotea porosa, 12 of Prunus sellowii and 12 of Myrsine umbellata were studied. Within each specie, the trees were selected attempting to cover all the diameter variability and the measurements were done at the end of each year season. Correlations of the individual growth per season and meteorological conditions (rainfall, minimum, median and maximum temperature) were also evaluated. The analysis carried out for three years (autumn/2003 to summer/ ) allowed to conclude that the diameter increment rate (all 16 species) in the summer was larger than in spring followed by the autumn and winter, correspondent to 42.1; 35.6; 17.5 and 4.8% of the annual production (0.222 cm), respectively. The annual increment ranging to to cm. Cedrela fissilis (0.424 cm), Myrciaria trunciflora (0.371 cm) and Araucaria angustifolia (0.364 cm) presented the largest increment rate while the Myrsine umbellata (0.065 cm) and the Capsicodendron dinisii (0.091 cm) had lowest increment rate. The average of annual increment from 15 broad-lived trees studied was cm. The seasonal diameter increment per specie was strongly correlated with the minimum, median and maximum temperatures with correlation coefficients (r) ranging from 0.46 to The rainfall is also correlated with the increment rate but it is not too intensively and ranging 0.07 to Key-words: Seasonal growth, dendrometric bands, Araucaria forest. INTRODUÇÃO Para que o manejo e/ou a conservação das florestas naturais seja bem executado há necessidade de se conhecer o comportamento das espécies componentes do ecossistema como um todo. Aspectos biológicos, ecológicos, genéticos, assim como a dinâmica da floresta devem ser analisados e entendidos. A taxa de crescimento é um importante componente da dinâmica da floresta, sendo de importância fundamental para o seu manejo e sua conservação. A dinâmica da floresta corresponde ao incremento das espécies que compõem a mesma, ao ingresso e a mortalidade de espécies durante o ciclo sucessional. Porém, os conhecimentos sobre o crescimento das espécies florestais que ocorrem em nossas florestas naturais são bastante escassos, inclusive para aquelas de maior importância do ponto de vista comercial. Assim, se faz importante o estudo desse importante componente do manejo e da conservação: a taxa de crescimento. O crescimento das árvores consiste da elongação e aumento da espessura das raízes, troncos e galhos, provocando mudanças em termos de tamanho e forma. O crescimento linear (elongação) de todas as partes da árvore resulta da atividade do meristema primário, enquanto que o crescimento em diâmetro é uma conseqüência da atividade do meristema secundário ou câmbio (HUSCH et al., 1982). De acordo com Vanclay (1994) e Prodan et al. (1997) o crescimento é o aumento de dimensões de um ou mais indivíduos em uma floresta em um determinado período de tempo. O crescimento das árvores é influenciado pelas características da espécie interagindo com o ambiente (Husch et al.,1982). As influências ambientais incluem fatores climáticos (temperatura, precipitação, vento e insolação), fatores pedológicos (características físicas e químicas, umidade e microrganismos), características topográficas (inclinação, elevação e aspecto) e competição (influências de outras árvores, sub-bosque e animais). Loetsch e Haller (1973) citaram que o diâmetro é uma variável essencial na determinação do volume, logo o incremento em diâmetro é o mais importante componente para determinação do incremento em volume e para descrever a dinâmica em florestas naturais (Enright e Ogden, 1979), especialmente porque a idade é de difícil avaliação (Chambers et al, 1998).
3 Existem vários meios de se avaliar o crescimento de espécies florestais, como parcelas temporárias, parcelas permanentes, análise de tronco e o uso de cintas dendrométricas. Devido às facilidades de instalação na árvore, detectar crescimento de árvores em períodos curtos, atingir a exatidão necessária e suficiente na maioria das pesquisas florestais e principalmente devido ao baixo custo envolvido em sua construção, as cintas dendrométricas foram escolhidas e empregadas para a realização do presente estudo. Alder (1980) discutiu os vários métodos de medição de crescimento com ênfase para florestas tropicais. São mencionados por esse autor os métodos de parcelas permanentes, cintas dendrométricas e análises dos anéis de crescimento. Em parcelas experimentais normalmente medidas periodicamente a cada certo número de anos, utilizam-se as fitas diamétricas. Porém, crescimentos mais curtos, de horas ou dias, por exemplo, necessitam de aparelhos mais precisos, como microdendrômetros, dendrógrafos e dendroauxógrafos, conforme também mencionado por Husch et. al. (1982). Hall (1944) reportou sobre a necessidade de se utilizar instrumentos que permitam medições precisas do incremento diamétrico sazonal, incluindo não somente o incremento total, mas também a data do início do crescimento, a proporção deste no decorrer da estação e o final do crescimento. O autor descreveu uma cinta dendrométrica desenvolvida por ele para atender estas necessidades. O instrumento consiste de uma fita de alumínio graduado que circula a árvore, permanecendo fixa firmemente no tronco por meio de uma mola espiral. A cinta desenvolvida por ele foi graduada em polegadas e décimos de uma polegada, provida de um vernier para permitir a leitura. Liming (1957) desenvolveu uma metodologia para construção de uma cinta dendrométrica utilizando alumínio. Segundo o autor as cintas são instrumentos fáceis de construir e com baixo custo. Medem pequenas mudanças na dimensão das árvores com precisão, sendo por isso recomendadas para estudos que requerem medições em um curto período de tempo, como o incremento diametral sazonal. Ainda segundo esse autor as cintas dendrométricas apresentam várias vantagens e desvantagens quando comparada a outros dendrômetros. Citam-se como vantagens a grande precisão das medições, baixo custo e facilidade para construção bem como a rapidez para a instalação. Como desvantagens há a possibilidade de ocorrer sobreposição de parte da cinta causada pela grande resistência da mola, ocasionando erro de medição; o deslocamento da cinta causado por animais ou queda de galhos, necessitando de inspeções para corrigir tais problemas; e a perda de precisão para árvores com DAP menor que 8 cm. O autor acrescenta que as vantagens superam de longe as desvantagens quando se trabalha com um grande número de árvores. Bower e Blocker (1966) realizaram estudos sobre a precisão das medições do incremento diamétrico utilizando cintas dendrométricas e fitas. Segundo esses autores as cintas são confiáveis para medições em curtos períodos de tempo, mas devem ser instaladas um ano antes do período em que serão realizadas as medições, uma vez que as cintas tendem a subestimar o crescimento diamétrico no primeiro ano de avaliação. Todavia, essa subestimativa poderia ser devido a um reduzido incremento, principalmente em regiões com estações anuais bem definidas (Keeland e Sharitz, 1993). Silva et al. (2002) utilizaram uma cinta dendrométrica de metal para avaliar o incremento mensal em 272 árvores da Amazônia central. Foram medidos os incrementos em 19 meses e os autores utilizaram apenas os dados dos últimos 12 meses e consideraram os 7 meses iniciais como um período de adaptação das cintas. Concluíram que a cinta dendrométrica de metal utilizada foi útil e precisa para monitorar o crescimento mensal do diâmetro. Figueiredo Filho et al. (2003) também acompanharam por três anos o crescimento de 7 espécies com cintas dendrométricas em uma Floresta Ombrófila Mista no sul do Paraná. Esses autores optaram por excluir os dados do primeiro ano de observação conforme recomendação de Bower e Blocker (1966), muito embora, aparentemente, apenas as duas primeiras estações apresentassem tendências a subestimar a taxa de crescimento diamétrico conforme solução também usada por Silva et al. (2002). Os citados autores concluíram que o incremento sazonal em diâmetro parece ser mais fortemente correlacionado com a precipitação do que com a temperatura e ainda que a maior taxa de incremento
4 ocorreu no verão seguindo-se a primavera, o outono e o inverno, responsáveis por 50, 31, 12 e 7% da produção anual, respectivamente. Fritts (1958) demonstrou que existem variações no crescimento diamétrico durante as vinte e quatro horas do dia, produzidas por fatores climáticos, notadamente os que influem na hidratação e desidratação da árvore. Para períodos anuais, o crescimento tem a sua curva típica podendo variar de ano a ano, principalmente devido a mudanças climáticas. Lojan (1965) verificou uma correlação positiva do crescimento quinzenal de seis espécies tropicais com a chuva e uma correlação negativa com a luz solar. Nas espécies caducifólias, o período de crescimento e repouso não pareceu influenciado pela chuva, mas sim por fatores internos. As espécies perenifólias cresceram durante todo o ano, com uma taxa mais reduzida na estação seca. Com relação à temperatura não houve uma clara distinção. Poole (1986) realizou estudos utilizando cinta dendrométrica para determinação do crescimento diamétrico sazonal de um povoamento de Eucalyptus regnans localizado em Kinleith, Nova Zelândia. Os resultados mostraram que o crescimento diamétrico máximo ocorreu na primavera e o crescimento mínimo ocorreu no inverno. Botosso et al. (2000) utilizaram cintas dendrométricas para acompanhar o crescimento mensal, relacionando-o com variações pluviométricas. Os estudos foram realizados em 3 espécies plantadas oriundas da Floresta de Terra Firme. Verificaram que o incremento em circunferência foi afetado pela precipitação, ou seja, as 3 espécies avaliadas apresentaram crescimento nulo ou muito reduzido no período com estresse hídrico e um incremento acentuado imediatamente após as primeiras precipitações da estação chuvosa. Ferreira-Fedele et.al. (2004) estudaram a periodicidade mensal do crescimento em diâmetro de Esenbeckia leiocarpa Engl. (Guarantã) em duas regiões do sudeste do estado de São Paulo. Utilizaram bandas dendrométricas de aço desenvolvidas pelos próprios autores e correlacionaram a taxa de acréscimo com o clima, a fenologia e as condições de crescimento (posição sociológica) dos indivíduos. Concluíram que o crescimento da espécie foi influenciado pelos fatores analisados e que as cintas dendrométricas empregadas são precisas, práticas e eficientes para determinar taxas de acréscimos. OBJETIVOS Estudar o comportamento do crescimento sazonal e anual do diâmetro de 16 espécies com o uso de cintas dendrométricas; Buscar estabelecer uma correlação dos incrementos com a temperatura e a precipitação. METODOLOGIA Um experimento permanente de 25 ha foi instalado em 2001 em uma área com Floresta Ombrófila Mista (1272,9 ha) localizada na Floresta Nacional de Irati, município de Fernandes Pinheiro, região centro-sul do estado do Paraná. O experimento tem a finalidade de estudar a dinâmica desse importante ecossistema florestal do sul do país. A Floresta Nacional de Irati está posicionada entre as coordenadas geográficas 25 o 15 e 25 o 30 de latitude Sul e 50 o 30 e 50 o 40 de longitude Oeste. Segundo a classificação climática de Köppen, a região onde a floresta está situada apresenta clima do tipo Cfb com geadas freqüentes no inverno. A temperatura média máxima é de 24,2 o C e a média mínima de 11,0 o C. A precipitação média mensal de 193,97 mm e a umidade relativa média mensal do ar é de 79,58%. Predominam os solos podzólico vermelho amarelo, terras brunas, cambissolo e litólico. Utilizando-se da estrutura do experimento, 16 espécies foram selecionadas com a finalidade de avaliar, sazonalmente, o incremento em diâmetro com o uso de cintas dendrométricas. Essas espécies
5 foram escolhidas com base na freqüência de ocorrência na área experimental e informações da literatura buscando atender aos seguintes requisitos: importância comercial, ameaça de extinção e com potencial para recuperação de áreas degradadas (Quadro 1). Dentro de cada espécie buscou-se ainda contemplar toda a variabilidade diamétrica. Quadro 1: Espécies selecionadas e quantidade de árvores com cintas instaladas por espécie. Nome Vulgar Nome Científico Cintas AE P V UC RAD Araucária Araucaria angustifolia 27 x x Canela amarela Nectandra grandiflora 16 x Canela imbuia Nectandra megapotamica 10 x x Capororoca Myrsine umbellata 12 x x Cedro Cedrela fissilis 18 x x Cerejeira Eugenia involucrata 5 x x Cuvatã Cupania vernalis 9 x x Erva-mate Ilex paraguariensis 9 x x Guabiroba Campomanesia xanthocarpa 8 x x Guaçatunga Casearia decandra 11 x x Imbuia Ocotea porosa 24 X x x Jaboticaba Myrciaria trunciflora 4 x Pessegueiro bravo Prunus sellowii 12 x x Pimenteira Capsicodendron dinisii 9 x x Sapuva Machaerium stipitatum 9 x x Sassafrás Ocotea odorífera 16 x x Total AE: Ameaçadas de extinção; P: Perigo; V: Vulnerável; UC: Uso Comercial; RAD: Recuperação de Áreas Degradadas As cintas dendrométricas foram confeccionadas com fitas de aço com 13 mm de largura e 0,3 mm de espessura, molas de aço inoxidável com 100 mm de comprimento, arame com diâmetro de 0,8 mm e diâmetro externo de 8 mm (Figura 1). Um gabarito de cobre foi construído para inserir a graduação conforme experiências descritas por Botosso e Tomazello Filho (2001) e depois também usado por Ferreira-Fedele et al. (2004). As cintas foram instaladas em julho de 2002 e a primeira leitura foi realizada no início da primavera de A partir daí, as leituras foram efetivadas sempre ao final de cada estação do ano até o verão de Apresenta-se neste artigo, os resultados de 3,5 anos de estudos (primavera 2002 até o verão de ). Todavia, os incrementos médios foram computados com dados de apenas três anos de observações (outono de 2003 até o verão de ), tendo-se descartado as observações das duas primeiras estações medidas (primavera de 2002 e verão de ) conforme recomenda a literatura pertinente (Bower e Blocker, 1966; Silva et al., 2002; Figueiredo Filho et al., 2003). A correlação linear simples (r) entre os incrementos sazonais em diâmetro com dados climáticos de precipitação e da média da temperatura mínima, média e máxima por estação foi também analisada. Os dados foram cedidos pelo IAPAR de sua Estação Agrometeorológica de Fernandes Pinheiro/Irati, localizada ao lado da área em estudo.
6 Figura 1: Cinta dendrométrica instalada em uma árvore selecionada. RESULTADOS E DISCUSSÃO No Quadro 2 são apresentados os resultados dos três anos de estudos com os incrementos diamétricos por espécie, para cada estação do ano e a produção média anual. Ao analisar o último bloco de linhas do Quadro 2 (todas as espécies), tem-se que em média o verão foi responsável por 42,1% da produção anual em diâmetro (0,222 cm), seguido da primavera, outono e inverno com 35,6; 17,5 e 4,8%, respectivamente. Figueiredo Filho et al. (2003) também acompanharam por três anos o crescimento de 7 espécies com cintas dendrométricas em uma Floresta Ombrófila Mista no sul do Paraná e também concluíram que a maior taxa de incremento ocorreu no verão seguindo-se a primavera, o outono e o inverno, responsáveis por 50, 31, 12 e 7% da produção anual, respectivamente. Este comportamento pode ser melhor observado Figura 2. No entanto, essa tendência sazonal média do crescimento em diâmetro não fica tão evidente para algumas espécies. Observe que a Cedrela fissilis e Araucaria angustifolia, espécies com a primeira e a terceira maior taxa de acréscimo têm um crescimento similar na primavera e no verão (Figuras 3 e 4), com até uma ligeira vantagem para a primavera. Por outro lado, a Myrciaria trunciflora, segunda espécie mais produtiva, apresenta uma tendência compatível (Figura 5) com a média de todas as espécies apresentadas na Figura 2, quando são analisados os dois primeiros anos de observações. As Figuras 6 e 7 mostram as taxas de incremento para as espécies Myrsine umbellata e Capsicodendron dinisii que apresentaram os menores acréscimos nos três anos de estudo. A Figura 8 ilustra a tendência de crescimento por estação do ano para todas as espécies analisadas. Observa-se que as espécies que apresentaram maiores crescimentos foram a Cedrela fissilis (Cedro), Myrciaria trunciflora (Jaboticaba) e a Araucaria angustifolia com média de 0,424 cm, 0,371 cm e 0,364 cm, respectivamente, enquanto que a Capsicodendron dinisii (Pimenteira) com 0,091 cm e a Myrsine umbellata (Capororoca) com 0,064 cm, tiveram os menores acréscimos. Ao considerar apenas as 15 folhosas estudadas constata-se uma produção anual média de 0,199 cm. Algumas vezes também ocorreram incrementos negativos nas remedições e até mesmo na média (Quadro 2), notadamente no inverno. Isto pode estar relacionado ao inchamento ou não da casca, devido ao grau de umidade no dia da medição (Fritts, 1958) ou então ao desprendimento da casca, fazendo com que a mola se contraia. Em uma análise geral do crescimento sazonal observa-se um crescimento considerável na primavera, com a chegada das chuvas e aumento da temperatura, atingindo um máximo incremento no verão, justamente quando se tem as maiores temperaturas e as chuvas se mantêm. Após o verão, diminuem as chuvas e a temperatura começa a declinar, reduzindo em conseqüência a taxa de crescimento, que praticamente é nula no inverno com as baixas temperaturas e a ocorrência de uma baixa precipitação.
7 Quadro 2: Incremento diamétrico médio por estação e anual, por espécie, com base nas leituras do outono 2003 ao verão Incremento Diamétrico (cm) Nome Comum Nome Científico Nº. de Árvores Araucária Araucaria angustifolia 27 Canela amarela Nectandra grandiflora 16 Canela imbuia Nectandra megapotamica 10 Capororoca Myrsine umbellata 12 Cedro Cedrela fissilis 18 Cerejeira Eugenia involucrata 5 Cuvatã Cupania vernalis 9 Erva-mate Ilex paraguariensis 9 Guabiroba Campomanesia xanthocarpa Guaçatunga Casearia decandra 11 8 Ano Out. Inv. Prim. Verão Anual 1 0,011 0,009 0,192 0,159 0, ,052 0,031 0,134 0,132 0, ,139 0,069 0,129 0,043 0,371 Média 0,067 0,036 0,152 0,112 0, ,016 0,008 0,070 0,088 0, ,028-0,006 0,018 0,050 0, ,018 0,006 0,028 0,035 0,087 Média 0,021 0,003 0,038 0,057 0, ,048 0,032 0,070 0,092 0, ,022 0,019 0,070 0,083 0, ,014 0,004 0,046 0,036 0,099 Média 0,028 0,018 0,062 0,070 0, ,005 0,000 0,008 0,029 0, ,003 0,011 0,016 0,029 0, ,019 0,008 0,040 0,027 0,093 Média 0,009 0,006 0,021 0,028 0, ,032 0,011 0,232 0,212 0, ,050-0,060 0,177 0,136 0, ,113 0,057 0,206 0,107 0,483 Média 0,065 0,002 0,205 0,152 0, ,032 0,000 0,108 0,178 0, ,038 0,013 0,089 0,070 0, ,064 0,029 0,156 0,083 0,331 Média 0,045 0,014 0,118 0,110 0, ,011 0,000 0,018 0,117 0, ,018 0,000 0,011 0,103 0, ,025 0,007 0,037 0,065 0,134 Média 0,018 0,002 0,022 0,095 0, ,028 0,007 0,053 0,131 0, ,039 0,014 0,021 0,134 0, ,064 0,042 0,053 0,050 0,209 Média 0,044 0,021 0,042 0,105 0, ,012 0,012 0,052 0,155 0, ,020-0,004 0,068 0,145 0, ,018 0,012 0,151 0,012 0,193 Média 0,017 0,007 0,090 0,104 0, ,000 0,006 0,090 0,156 0, ,026 0,041 0,020 0,174 0, ,018 0,007 0,159 0,060 0,244 Média 0,015 0,018 0,090 0,130 0,252 (*) média das 15 espécies estudadas, excluindo-se a araucária (**) média das 16 espécies
8 Quadro 2: Continuação... Nome Comum Nome Científico Nº. de Árvores Imbuia Ocotea porosa 24 Jaboticaba Myrciaria trunciflora 4 Pessegueiro bravo Prunus sellowii 12 Pimenteira Capsicodendron dinisii 9 Sapuva Machaerium stipitatum 9 Sassafrás Ocotea odorífera 16 Folhosas(*) Todas as Espécies(**) Incremento Diamétrico (cm) Ano Out. Inv. Prim. Verão Anual 1 0,055-0,004 0,089 0,154 0, ,042 0,004 0,022 0,112 0, ,082 0,029 0,074 0,114 0,300 Média 0,060 0,010 0,062 0,127 0, ,024 0,032 0,064 0,223 0, ,056 0,008 0,127 0,175 0, ,064 0,016 0,199 0,127 0,406 Média 0,048 0,019 0,130 0,175 0, ,045 0,008 0,058 0,101 0, ,037 0,000 0,019 0,080 0, ,022-0,003 0,019 0,019 0,057 Média 0,035 0,002 0,032 0,066 0, ,011-0,011 0,042 0,067 0, ,004-0,014 0,025 0,053 0, ,053 0,014 0,032-0,004 0,095 Média 0,022-0,004 0,033 0,039 0, ,011 0,004 0,042 0,088 0, ,014-0,032 0,074 0,081 0, ,040 0,000 0,020 0,048 0,107 Média 0,022-0,009 0,046 0,073 0, ,038 0,008 0,068 0,127 0, ,054 0,002 0,036 0,036 0, ,043 0,008 0,056 0,023 0,130 Média 0,045 0,006 0,053 0,062 0, ,027 0,006 0,079 0,127 0, ,031-0,003 0,050 0,094 0, ,044 0,016 0,074 0,052 0,187 Média 0,034 0,006 0,068 0,091 0, ,025 0,007 0,094 0,131 0, ,034 0,002 0,062 0,099 0, ,057 0,023 0,081 0,051 0,212 Média 0,0388 0,0106 0,0790 0,0935 0,222 (*) média das 15 espécies estudadas, excluindo-se a araucária (**) média das 16 espécies Com relação à correlação entre o incremento em diâmetro e as médias das temperaturas máxima, média e mínima, observou-se uma forte correlação, com coeficientes de correlação (r) variando de 0,46 a 0,87. A espécie mais correlacionada com a média da temperatura mínima, média e máxima foi a Imbuia (Ocotea porosa) com coeficiente de correlação (r) igual a 0,87, 0,86 e 0,83, respectivamente. A precipitação também está correlacionada com o incremento, mas menos intensamente. Neste caso os coeficientes de correlação (r) variaram de 0,07 a 0,74, respectivamente para o cuvatã (Cupania vernalis) e a Araucária (Araucaria angustifolia). Quando se analisa todas as 16 espécies (Quadro 3), constata-se que o incremento sazonal é fortemente dependente da temperatura com coeficientes de correlação superiores a 0,76. A chuva tem uma relação menor com o incremento com coeficiente de correlação de 0,52.
9 Quadro 3: Correlação linear simples (r) entre o incremento sazonal em diâmetro com variáveis climatológicas, por espécie, para as folhosas e para todas as espécies. Variáveis Climatológicas Espécie Temperatura Temperatura Temperatura mínima Média Máxima Precipitação Araucária 0,6139 0,5806 0,5220 0,7429 Canela Amarela 0,7076 0,7072 0,6822 0,3968 Canela Imbuia 0,6538 0,6973 0,7040 0,1652 Capororoca 0,7781 0,7632 0,7220 0,2472 Cedro 0,7424 0,7187 0,6738 0,7242 Cerejeira 0,7524 0,7276 0,6782 0,6068 Cuvatã 0,7911 0,7980 0,7769 0,0734 Erva Mate 0,7056 0,6897 0,6447 0,1855 Guabiroba 0,6288 0,6213 0,5675 0,2708 Guaçatunga 0,6883 0,6912 0,6473 0,1414 Imbuia 0,8732 0,8564 0,8284 0,2912 Jaboticaba 0,8113 0,8042 0,7605 0,3081 Pessegueiro Bravo 0,6160 0,6174 0,5907 0,1003 Pimenteira 0,6326 0,5940 0,5364 0,5346 Sapuva 0,8281 0,8307 0,8119 0,4112 Sassafrás 0,5532 0,5157 0,4587 0,4727 Folhosas 0,8360 0,8247 0,7822 0,4361 Todas as espécies 0,8193 0,8030 0,7556 0,5180 DAP (cm 0,2500 0,2000 0,1500 0,1000 0,0500 0,0000 Outono Inverno Primavera Verão Ano1 Ano2 Ano3 Figura 2: Incremento médio sazonal em diâmetro das 16 espécies estudadas. DAP (cm 0,250 0,200 0,150 0,100 0,050 0,000-0,050-0,100 Outono Inverno Primavera Verão Ano1 Ano2 Ano3
10 Figura 3: Incremento médio sazonal em diâmetro da Cedrela fissilis (Cedro). DAP (cm 0,250 0,200 0,150 0,100 0,050 0,000 Outono Inverno Primavera Verão Ano1 Ano2 Ano3 Figura 4: Incremento médio sazonal em diâmetro da Araucária (Araucaria angustifolia). DAP (cm 0,250 0,200 0,150 0,100 0,050 0,000 Outono Inverno Primavera Verão Ano1 Ano2 Ano3 Figura 5: Incremento médio sazonal em diâmetro da Jaboticaba (Myrciaria trunciflora). DAP (cm 0,250 0,200 0,150 0,100 0,050 0,000 Outono Inverno Primavera Verão Ano1 Ano2 Ano3 Figura 6: Incremento médio sazonal em diâmetro da Capororoca (Myrsine umbellata).
11 DAP (cm) Outono Inverno Primavera Verão Ano1 Ano2 Ano3 Figura 7: Incremento médio sazonal em diâmetro da Pimenteira (Capsicodendron dinisii). Incremento medio anual (cm) Araucaria Canela-amarela Canela-imbuia Capororoca Cedro Cerejeira Cuvatã Erva-mate Guabiroba Guaçatunga Imbuia Jaboticaba Pessegueiro-bravo Pimenteira Sapuva Sassafras Figura 8: Média do Incremento anual por espécie em três anos de pesquisa. CONCLUSÕES O Cedro (Cedrela fissilis), a Jaboticaba (Myrciaria trunciflora) e a Araucária (Araucaria angustifolia) foram as espécies com maiores taxas de crescimento em diâmetro com média anual de 0,424; 0,371 e 0,364 cm, respectivamente. A Pimenteira (Capsicodendron dinisii) e a Capororoca (Myrsine umbellata) tiveram os menores acréscimos em diâmetro com média anual de 0,091 e 0,065 cm respectivamente. Quando se avaliou as 16 espécies, as maiores taxas de incremento ocorreram no verão (42,1%), seguindo-se a primavera (35,6%), outono (17,5%) e inverno (4,8%) de uma produção anual média de 0,222 cm. Essa tendência sazonal média do crescimento em diâmetro não fica tão evidente para algumas espécies como a Cedrela fissilis e a Araucaria angustifólia, as quais tiveram acréscimos similares na primavera e no verão, apresentando até uma ligeira vantagem para a primavera. A média do incremento anual em diâmetro das 15 folhosas estudadas foi de 0,199 cm. O incremento sazonal em diâmetro por espécie foi fortemente correlacionado com as médias das temperaturas mínima, média e máxima com coeficientes de correlação (r) variando de 0,46 a 0,87. A precipitação também está correlacionada com o incremento, mas menos intensamente. Neste caso os coeficientes de correlação (r) variaram de 0,07 a 0,74. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALDER, D. Estimación del volumen forestal y predicción del rendimiento: com referencia especial a los trópicos vol. 2 predicción del rendimiento. Estudio FAO: Montes 22/2. Roma: FAO, 1980.
12 BOWER, D.R. e BLOCKER, W.W. Accuracy of bands and tape for measuring diameter increments. Journal of Forestry 64: 21-22, BOTOSSO, P.C.; TOMAZELLO FILHO, M. Aplicação de faixas dendrométricas da dendrocronologia: avaliação da taxa e do ritmo de crescimento do tronco de árvores tropicais e subtropicais. In: INDICADORES AMBIENTAIS: CONCEITOS E APLICAÇÕES, São Paulo, Anais. p BOTOSSO, P.C.; VETTER, R.E.; TOMAZELLO FILHO, M. Periodicidade e taxa de crescimento de árvores de cedro (Cedrela odorata L., Meliaceae), jacareuba (Calophyllum angulare A.C. Smith, Cluslaceae) e muirapiranga (Eperua bijuga Mart. ex Benth, Leg. Caesalpinoideae) de floresta de Terra Firme, em Manaus, AM. Dendrocronologia em América Latina. F.A. Roig (comp.); EDIUNC, Mendoza, Argentina. p , CHAMBERS, J.Q.; HIGUCHI, N.; SCHIMEL, J. Ancient trees in Amazonia. Nature 391, p DURIGAN, M.E. Florística, dinâmica e análise protéica de uma Floresta Ombrófila Mista em São João do Triunfo-PR. Curitiba, Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. ENRIGHT, N. e OGDEN, J. Applications of transition matrix models in Forest dynamics: Araucaria in Papua New Guinea and Nothofacus in New Zealand. Aust. J. Ecol. 4, p FERREIRA-FEDELE, L.; TOMAZELLO FILHO, M.; BOTOSSO, P.C.; GIANNOTTI, E. Periodicidade do crescimento de Esenbeckia leiocarpa Engl. (guarantã) em duas áreas da região sudeste do estado de São Paulo. IPEF. Piracicaba, SP. Scientia Forestalis n. 65, p , junho FIGUEIREDO FILHO, A.; HUBIE, S.R.; SCHAAF, L.B.; FIGUEIREDO, D.J.; SANQUETTA, C. R. Avaliação do incremento em diâmetro com o uso de cintas dendrométricas em algumas espécies de uma Floresta Ombrófila Mista localizada no Sul do Estado do Paraná. Revista Ciências Exatas e Naturais,v.5, n FRITTS, H.C. An analysis of radial growth of beech in a Central Ohio Forest during Ecology 39(4): , HALL, R.C. A vernier tree-growth band. Journal of Forestry 42: , HUSCH, B.; MILLER, C.I.; BEERS, T.W. Forest Mensuration. 3 ª ed. John Wiley & Sons. New York, KEELAND, B.D. e SHARITZ, R.R. Accuracy of tree growth measurements using dendrometer bands. Can. J. For. Res. 23, p LAMPRECHT, H. Silvicultura nos trópicos. Eschborn: GTZ, 1990, 343p. LIMING, F.G. Homemade dendrometer. Journal of Forestry 55: , LOETSCH, F. e HALLER, K.E. Forest Inventory. Volume 2. BLV Verlagsgesellschaft Munchen Bern Wien. p. 231, LOJAN, L. Aspectos del crecimiento diamétrico quincenal de algunos arboles tropicales. Turrialba, volume 15(3): , MACHADO, S. A.; FIGUEIREDO FILHO, A. Dendrometria. Curitiba: A. Figueiredo Filho, p. POOLE, D.J. Diameter growth of 4 7 year old Eucalyptus regnans. New Zealand Forestry, 31(1): 23-24, PRODAN, M.; PETERS, R.; COX, F.; REAL, P.; Mensura Forestal. San José, Costa Rica, p.561, SCHAAF, L.B. Florística, estrutura e dinâmica no período de uma Floresta Ombrófila Mista localizada no sul do Paraná. Curitiba, Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná, p.119. SILVA, R.P.; SANTOS, J.; TRIBUZY, E.S.; CHAMBERS, S.N.; HIGUCHI, N. Diameter increment and growth patterns for individual tree growing in Central Amazon, Brazil. For. Ecol. Management 166: , VANCLAY, J.K. Modelling forest growth and yield: Applications to mixed tropical forests. Cab International, Wallingford, UK. 280 p
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