ARTIGO COM APRESENTAÇÃO BANNER - POLUIÇÃO AMBIENTAL ANÁLISE DE MICROLIXO, NA PRAIA ATALAIA, MUNICÍPIO DE SALINÓPOLIS
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1 ARTIGO COM APRESENTAÇÃO BANNER - POLUIÇÃO AMBIENTAL ANÁLISE DE MICROLIXO, NA PRAIA ATALAIA, MUNICÍPIO DE SALINÓPOLIS LOHAN BARBOSA BAÍA, DÉBORA RODRIGUES PEREIRA Resíduos sólidos podem ter origem doméstica, hospitalar, comercial, industrial. Esses resíduos podem ser classificados como microlixo ou macrolixo, dependendo exclusivamente do seu tamanho. O microlixo pode ser originado após um grande retrabalhamento de algum mecanismo físico, fazendo com que esse resíduo apresente pequenos tamanhos e tenha um grau de impacto tão severo quanto o macrolixo. No litoral do estado do Pará se encontra o município de Salinópolis, o qual possui um taxa de erosão em algumas das suas praias e que se utiliza muitas vezes como atividade econômica a pescaria; exploração ambiental e, principalmente, o turismo. Como consequência do turismo, percebe-se um aumento na deposição de resíduos sólidos, tanto do macro quanto do microlixo, devido à falta de conscientização; que muitas vezes é causada pelos visitantes no veraneio. Umas das praias mais impactadas por macrolixo é a Atalaia; a qual se situa nas coordenadas 0 35'39.06"S e 47 18'44.05"O, tendo seu limite na Baía Arepepó ao leste e ao sul com o rio Sampaio. Durante o trabalho foram feitos 7 perfis com 300 metros de distância ao longo da praia, no qual cada perfil possuía 3 transectos no sentido transversal (distantes 20m de cada). Foram feitas 3 coletas em cada transecto em um quadrado de 1m X 1m, o que totalizou 63 amostras e para encontrar o microlixo houve o peneiramento do sedimento coletado. Durante o peneiramento, foram encontrados um total de 6 resíduos sólidos: 4 resíduos plásticos de cor laranja nos perfis 1, 4 e 5; 1 de ferro no perfil 6; e 1 de vidro no perfil 2. Estipulou-se que os resíduos plásticos provinham da mesma fonte devido a sua coloração, textura e tinha uma alta capacidade de dispersão. O vidro surgiu, possivelmente, do despejo de garrafas durante o veraneio, pois o mesmo se localizava em uma área de alta concentração de pessoas. Na maioria dos pontos não houve encontro de resíduos, porque a dinâmica da praia Atalaia não proporciona o acúmulo de microlixo, o qual é transportado para outros locais. Mas a mesma apresenta um despejo muito alto de macrolixo como garrafas plásticas, sacos descartáveis, seguindo um longo processo de degradação. PALAVRAS-CHAVE: Salinas, lixo, descarte, poluição, contaminação.
2 1 Acadêmico do ano 2014 do curso de graduação em Oceanografia da UFPA. 2 Acadêmico do ano 2014 do curso de graduação em Oceanografia da UFPA. 3 Acadêmico do ano 2014 do curso de graduação em Oceanografia da UFPA. 4 Acadêmico do ano 2014 do curso de graduação em Oceanografia da UFPA. 5 Acadêmico do ano 2014 do curso de graduação em Oceanografia da UFPA. 6 Professor de Oceanografia do Departamento de Geociências da UFPA. INTRODUÇÃO As zonas costeiras são espaços de transição entre os ecossistemas continentais e marinhos, que integram sistemas naturais (físico e ecológico) e socioeconômicos. São constituídas por estuários, praias, manguezais e recifes; ecossistemas com grande significância pela sua complexa abrangência e produtividade. Segundo Pereira (2001) cada um destes sistemas apresenta sua própria dinâmica e vulnerabilidade ambiental que estão associadas às suas interações, de forma que um pode alterar ou condicionar a dinâmica do outro. Salinópolis é um município localizado no litoral paraense a uma latitude de S e uma longitude W. Distante cerca de 220 km da capital Belém do estado do Pará, é caracteriza por ser uma cidade litorânea que recebe todos os anos grande fluxo de pessoas que se intensifica durante o período de férias. Além de ser um município de importância turística e polo pesqueiro, também apresenta uma grande importância socioambiental, já que existem inúmeros ambientes presentes nesse local, como praias, dunas e manguezais. Tais ambientes são muito importantes para organismos viventes nesses habitats, por terem uma alta biodiversidade e assim, grande valia ecológica. A região vem sofrendo grande impacto antrópico devido ao lixo descartado por turistas e sua acumulação principalmente nas praias. Esse lixo pode ser dividido em macro e microlixo. Os tipos de resíduos de pequenas dimensões indetectáveis pelos
3 meios de recolhimento de lixo convencional são conhecidos como microlixo (D Antonio et al; 2012) e sua origem se dá a partir da degradação das partículas maiores de lixo. Como são, em grande parte, imperceptíveis, essas partículas ficam à deriva e vão se acumulando nos sedimentos da própria praia. O microlixo é a porção de lixo correspondente aos resíduos de pequeno tamanho; porém, podem ocorrer em grande volume, dificilmente encontrados por unidade, e sim, por dezenas ou centenas, sendo capazes de poluir muito mais do que o lixo comum. Entretanto, a retirada do macrolixo é mais comum, pois é ele que dá um aspecto sujo às praias e afasta os turistas, diferenciadamente do microlixo, que, em muitas vezes, é quase invisível. Esse tipo de lixo é cumulativo e possui grande variedade de formatos e cores, confundem as aves e outros organismos, que acabam se alimentando deste lixo (Becker et.al; 2012). A grande quantidade de material químico ingerido - mas não digerido pode causar a perda da capacidade de evacuação destes indivíduos ou até mesmo a morte. À primeira vista, o microlixo aparenta não trazer consequências ao ambiente, porém, inúmeros organismos estão sendo afetados na alimentação, produção primária ou filtração, como é o caso de predadores, fotossintetizantes e filtradores, respectivamente. Além disso, o plástico e os produtos de sua degradação são um dos principais contaminantes da água marinha (Comissão Mundial Independente Sobre Os Oceanos, 1999). A partir de observações, a praia Atalaia, pode ser considerada a praia mais poluída de Salinópolis, pois esta recebe o maior número de turistas no ano. Além da própria poluição por plástico e outros resíduos deixados pelos veranistas, há a recorrente circulação de veículos durante as férias, que pode vir a prejudicar toda a sua manutenção natural. Portanto, o trabalho teve como objetivo analisar uma pequena parte do problema, quantificar e classificar o microlixo da praia Atalaia no mês de junho de OBJETIVOS Este trabalho teve como objetivo analisar o sedimento coletado em pequenas áreas ao longo da praia Atalaia (Salinópolis - PA) para determinar a quantidade de microlixo e identificar as partículas em relação à cor e ao tipo de microlixo.
4 METODOLOGIA A praia Atalaia, (Figura 1) está localizada na ilha de mesmo nome, pertencente ao Município de Salinópolis. A mesma encontra-se limitada pelos paralelos S e S e meridianos W e W (Fig.1) e obedece a um regime de macromarés semidiurnas, que algumas vezes ultrapassam 5,0 m de altura (DHN 2005), e um regime de ondas moderadas a altas 1,5 a 2 m (CPTEC op. cit.). A ilha do Atalaia se limita à leste com a Baía de Arepepó, a sul com o rio Sampaio e sua porção norte é voltada para o Oceano Atlântico (Gregório, 2004). E o período entre julho a dezembro é caracterizado como o mais quente do ano (Mengawaco, 1995). Figura 1: localização dos transectos realizados na praia Atalaia, para a coleta e estimativa do microlixo. O trabalho ocorreu entre os dias 07 e 09 no mês de junho de 2015 e consistiu na coleta de sedimentos da praia, na região de médio-litoral, para observar a quantidade de microlixo existente em uma profundidade de 20 cm no solo. Os trechos amostrados na praia Atalaia foram escolhidos por serem frequentemente utilizados por turistas. Ao longo da praia foram dispostos 7 transectos, paralelos entre si e equidistantes em 300 metros. Foi utilizado um GPS da marca Garmin modelo Montana 250 para as medições e determinação das coordenadas de cada transecto. Além disso, cada um foi dividido em 3 partes (Ponto A, B e C) a cada 20 metros para coleta de sedimento. Os primeiros 3 transectos localizam-se antes da rampa (principal acesso de pedestres e veículos à praia) e na região menos frequentada pelos banhistas, distante das barracas. Na região, destaca-se que foi observada intensa erosão, evidenciadas nas
5 construções residenciais próximas à praia. Após a rampa, foram feitos mais 4 transectos, semelhantes aos primeiros, sendo a linha inicial a partir das barracas que impediam a aproximação para as dunas. Em cada perfil houve a coleta manual em 3 pontos (A, B e C) (Figura 2) com o amostrador cilíndrico (Core), de 20 cm de altura e com volume de 1500 cm³, em um quadrado de 1m X 1m (Figura 3). Em cada ponto, foram coletadas 3 amostras randômicas (réplicas) na área do quadrado e o sedimento coletado foi armazenado em sacos de 10 kg para análises, totalizando 63 amostras. Figura 2: Desenho amostral representando os perfis e pontos de coleta. Figura 3: Coleta com o Amostrador Cilíndrico (Core). As amostras foram peneiradas com uma peneira de 500 µm, onde os sedimentos eram lavados, retendo somente os itens de lixo e demais materiais da praia (rochas e
6 conchas, por exemplo) (Figura 4), posteriormente, sendo armazenados em sacos de papel para triagem de acordo com o tipo. Figura 4: Peneiramento e lavagem dos sedimentos. RESULTADOS Ao longo dos perfis foram encontrados somente três tipos de microlixo: resíduos de plásticos, uma amostra de ferro e outra de vidro. A tabela 1 mostra que não houve uma quantidade suficiente de microlixo na praia Atalaia para a realização de testes estatísticos.
7 Tabela 1: Incidência e quantidade de microlixo nos pontos A, B e C nos perfis de 1 a 7 Colunas Coordenadas Microlixo Quantidade Perfil 1 Perfil 2 Perfil 3 Perfil 4 Perfil 5 Perfil 6 Perfil 7 S ,9 /W ,3 Plástico (A2 e A3) 2 S00 35'33,57"/W47 19'04,49" - - S /W ,2 - - S ,3 /W ,1 Vidro (A2) 1 S ,9 /W S00 35'32,77"/W74 19'01,67" - - S ,8 /W ,6 - - S ,2 /W ,5 - - S ,5 /W ,5 - - S ,2 /W ,8 - - S ,5 /W ,1 - - S ,9 /W ,8 Plástico 1 (C1) S ,8 /W ,8 - - S ,6 /W ,8 Plástico 2 (B1) S ,9 /W ,7 Plástico (C1) 1 S ,8 /W ,1 - - S ,2 /W ,2 Ferro (B1) 1 S ,6 /W ,6 - - S ,6 /W ,6 - - S ,3 /W ,5 - - S ,7 /W ,2 - - Antes da rampa, nos primeiros perfis (1, 2 e 3) na margem da praia, são áreas residenciais ao longo do Atalaia. É possível observar que construções, como casas e muros de contenção, foram erodidos pela energia da maré. Entretanto, essas
8 intervenções, geralmente, não conseguem conter a erosão. Em virtude disso, nos pontos dos transectos observou-se que havia restos de construções como em argilas de telhas, tijolos e concreto, além de ser encontrado no perfil 1/ponto A uma amostra de plástico de cor laranja (Figura 5) e no perfil 2/ponto A foi encontrado uma amostra de vidro de coloração âmbar (Figura 6), possivelmente, em virtude do despejo incorreto de garrafas no veraneio. Figura 5: Amostras de plástico encontradas nos sedimentos do perfil 1. Figura 6: Amostra de vidro âmbar encontrado no sedimento do perfil 2. Os perfis restantes (4, 5, 6 e 7), são caracterizados por conterem barracas e restaurantes, sendo a área que concentra a maior parte dos turistas. Nessa região, ainda é possível observar o supramaré e as dunas, apesar da construção de vias e dos
9 estabelecimentos. Nestes transectos, foi possível observar microlixo somente nos pontos 4/ponto C e 5/ponto B e C por meio de amostras de plásticos na cor laranja. No perfil 6 obteve-se uma amostra de ferro (Figura 7). Nos transectos 3 e 7 não foram encontrados nenhum fragmento de microlixo. Figura 7: Amostra de ferro peneirado junto aos sedimentos do perfil 6. A partícula de plástico dos pontos P1, P4 e P5 possuía, visualmente, a mesma composição e coloração, portanto, sendo do mesmo material e provavelmente, da mesma fonte. Este material teve alta capacidade de dispersão, mesmo não sendo encontrado em outros pontos, porém, se a quantidade de amostragem fosse maior, talvez fosse possível obtê-lo em outros transectos. A praia Atalaia é a mais frequentada do município, portanto esperava-se encontrar maiores quantidades de microlixo. Porém os resultados, menores que o esperado, podem ter sido influenciado pela própria hidrodinâmica da praia, que além de dissipar os sedimentos, micro e macrolixo para praias adjacentes, atua também como agente erosivo da praia. Porém, possivelmente, não é apenas a hidrodinâmica a causadora da fragmentação do lixo, necessitando incluir a falta de planejamento urbano em zonas intermarés, dunas e falésias ativas (PINTO, 2012). CONCLUSÃO Após as análises, observou-se que não houve a presença de nenhum microlixo. O nome utilizado para os resíduos encontrados foram mantidos para não confundir o leitor. O material encontrado está classificado como macrolixo, e este também não se apresentou quantidades significativas, mesmo com o grande fluxo de turistas.
10 Nota-se que a principal deposição está no despejo de um lixo recente como em garrafas plásticas e de vidros, embalagens, sacos, descartáveis que ainda não passaram por um longo processo de degradação e não é uma área de atividade portuária ou pesqueira que poderiam contribuir para acumulação de micropartículas como os pellets e fios de pesca. Entretanto, a praia vem sofrendo com as diversas atividades humanas como a ausência de gerenciamento costeiro e urbano, por meio de construções na margem da praia, o que potencializa os efeitos da erosão e o intenso fluxo de veículos na área de praia, aumentando as taxas de sedimentação. Além disso, a praia do Atalaia apresenta um despejo muito alto de macrolixo como garrafas plásticas, sacos descartáveis, onde estes, futuramente, podem sofrer os processos de degradação e poluir a praia com partículas menores. Portanto é necessário o monitoramento e conscientização da população local e a de veraneio para que a praia se mantenha livre do microlixo. Certamente, se não forem tomadas medidas para minimizar esses processos, tudo leva a crer que as consequências de um alto custo para recuperação irão advir, além de toda a biodiversidade e ecologia daquele ambiente também estarem sujeitas a esses processos, muitas vezes, devastadores. Portanto, este trabalho é um registro anterior à alguma consequência de poluição antrópica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Jamille de Fátima Aguiar de Almeida; NETO, Constantino Pedro de Alcântara Neto. Ocupação e uso das praias do Maçarico e das Corvinas (Salinópolis/PA): Subsídios à gestão ambiental. Amazônia em foco. Edição Especial: Empreendedorismo e Sustentabilidade, n. 1, p , out/2013. BECKER, D. V. Et al. Sustentabilidade: Resultados de pesquisas do PPGA/EA/UFRGS. In.: NASCIMENTO, L. F. ; TOMETICH, P. Porto Alegre: UFRGS Gráfica, P Comissão Mundial Independente Sobre Os Oceanos/CMIO O Mar Nosso Futuro. Rio de Janeiro, FVG. 167 p. D ANTONIO, Vanildo J. Assis D Antonio; et al. Análise ecológica-quantitativa do microlixo de uma praia de santos (SP): Uma presença indesejável e imperceptível nas areias das praias. Revista Ceciliana, Jun 4(1): p , 2012.
11 FALCÃO, Plínio Martins. Lixo marinho de origem industrial e as suas abordagens de risco. Multidimensão e territórios de risco. presented at the Coimbra, Disponível em: < LEITE, Wladson da Silva Leite. Estratigrafia de dunas costeiras de Salinópolis/PA em associação com variações pluviométricas. Bragança, f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Biologia Ambiental). Instituto de Estudos Costeiros - BragançaPA. Universidade Federal do Pará. MENGAWACO, A. Caracterização Climática da cidade de Salinópolis/PA. 37 p, Universidade Federal do Pará, Centro de Geociências, Departamento de Meteorologia, Trabalho De Conclusão De Curso MENDES, Fabrício Lemos de Siqueira Mendes; KATO, Ricardo Bentes Kato. Percepção Ambiental Entre Docentes De Escolas Públicas De Ensino Fundamental Do Município De Salinópolis/Pa. Revista do Difere - ISSN , v. 2, n.4, dez/2012. PINTO, Ketellyn Suellen Teixeira Pinto. Condições oceanográficas, ocupação territorial e problemas ambientais na praia do Atalaia (nordeste do Pará, Brasil). Universidade Federal do Pará Disponível em < SANTOS, Jean Carlos Rodrigues. Esférulas plásticas "Plastic Pellets" nas praias de Imbituba e Laguna - Santa Catarina. Trabalho de Conclusão de Curso. Graduação em Ciências Biológicas, Universidade do Sul de Santa Catarina, 2012.
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