Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos RELATO DE MISSÃO

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1 Parlamento Europeu Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos RELATO DE MISSÃO na sequência da visita ao Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT), em Lisboa (18 e 19 de julho de 2016) Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos Membros da missão: Ana Gomes Maite Pagazaurtundúa Ruiz Ignazio Corrao (S&D) (chefe da missão) (ALDE) (EFDD) CR\ docx PE v00-01 Unida na diversidade

2 Introdução Os membros da Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos (Comissão LIBE) do Parlamento Europeu (consultar a lista de participantes no anexo I) visitaram o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) em 18 e 19 de julho de Esta delegação foi autorizada pela Conferência dos Presidentes no quadro das regras relativas às visitas a agências da UE. O objetivo da visita foi realizar uma troca de pontos de vista aprofundada sobre as prioridades estratégicas do OEDT, o potencial para uma maior cooperação entre o OEDT e o Parlamento Europeu nos processos pré-legislativo e legislativo e a nova abordagem do regulamento relativo às novas substâncias psicoativas e da diretiva que altera a Decisão-Quadro 2004/757/JAI do Conselho. A delegação incluiu também um dos dois representantes do Parlamento Europeu no Conselho de Administração do OEDT, Wolfgang Götz, e uma representante do Gabinete de Informação do Parlamento Europeu em Portugal, Ana Antunes Vieira. Principais temas de debate Questões institucionais Após uma pequena introdução dos funcionários do OEDT e o debate de outros temas sugeridos pelos deputados ao Parlamento Europeu, o diretor do OEDT apresentou o mandato, as principais atividades e o projeto de estratégia da agência tendo em vista o horizonte de O diretor do OEDT informou que a agência, na sua declaração de missão, assume pretender deixar de ser um mero prestador de informações para se tornar um prestador de serviços, essencialmente mediante a oferta de «serviços» úteis aos seus clientes, tais como recomendações de medidas, análise estratégica e apoio na aplicação das melhores práticas. Com a ajuda de um consultor externo, o OEDT realizou uma análise SWOT (pontos fortes e fracos, oportunidades, ameaças) para servir de base à elaboração da sua estratégia a longo prazo. O segundo passo é identificar as competências internas do OEDT, prevendo-se que, em dezembro de 2016, a estratégia do OEDT para 2025 seja aprovada pelo Conselho de Administração, em conjunto com uma estrutura orgânica revista. A deputada ao Parlamento Europeu Ana Gomes colocou uma questão sobre os diferentes mecanismos de cooperação existentes entre o OEDT e as autoridades de aplicação da lei na luta contra a criminalidade organizada. O OEDT explicou que existem acordos de trabalho formais, por exemplo com a Europol, no que respeita ao sistema de alerta rápido relativo às novas substâncias psicoativas, à cooperação a nível da UE e dos Estados-Membros no âmbito do ciclo político para a criminalidade organizada, bem como intercâmbios formais e informais com várias redes europeias, designadamente o grupo de referência sobre indicadores de oferta. O diretor do OEDT também recordou a coordenação da rede de agências no âmbito da justiça e assuntos internos, a que o OEDT irá presidir em 2017, bem como a necessidade de mais políticas integradas. No que diz respeito ao orçamento do OEDT, o seu diretor e o representante do Parlamento Europeu no Conselho de Administração agradeceram à Comissão LIBE pelo apoio constante ao aumento dos recursos orçamentais. Os deputados ao Parlamento Europeu explicaram que o processo orçamental no Parlamento Europeu continua a ser bastante complexo e que, em PE v /2 CR\ docx

3 geral, e concretamente em 2017, a necessidade de recursos orçamentais suplementares será ainda mais difícil de satisfazer, uma vez que a Comissão dos Orçamentos precisa de avaliar todas as diferentes necessidades em consonância com as prioridades políticas, continuando a posição do Conselho a ser essencial no processo de negociação. Por conseguinte, os deputados ao Parlamento Europeu salientaram que é importante que o OEDT estabeleça relações mais estreitas com as atividades de aplicação da lei. Contribuir para uma Europa mais segura e mais saudável O OEDT apresentou uma perspetiva geral da situação atual no que se refere à toxicodependência e ao tráfico de droga na Europa, baseando-se nos dados mais recentes constantes dos seus Relatório europeu sobre drogas de 2016 e Relatório sobre os mercados de droga na UE de 2016, incluindo a importância crescente da Internet no tráfico de substâncias ilícitas (quer na Web superficial quer na Web invisível). Os deputados ao Parlamento Europeu colocaram questões sobre a correlação entre o consumo e o tráfico de droga e as políticas em matéria de droga dos diferentes Estados-Membros. O OEDT explicou que não foi possível determinar uma correlação direta e global. Em 1999, um estudo realizado na República Checa analisou o impacto de uma mudança da política nacional relativamente à questão da droga, mas acabou por ser inconclusivo. Também foram feitas perguntas sobre o desenvolvimento de indicadores epidemiológicos fundamentais. O OEDT observou que a questão fulcral para estabelecer indicadores é a coerência entre a Comissão Europeia e os Estados-Membros quando tomam decisões sobre quais as substâncias que devem ser controladas. Os deputados ao Parlamento Europeu também se interrogaram sobre se a contribuição do OEDT para uma Europa mais segura e mais saudável pode ser mais «orientada para a ação». O OEDT não tem mandato operacional, mas, combinando o conhecimento científico interno e competências especializadas externas, tem por objetivo prestar progressivamente mais serviços aos seus principais clientes-alvo (ou seja, as instituições da UE e os decisores políticos nacionais), tais como a análise estratégica a pedido, recomendações para medidas e apoio na aplicação das melhores práticas. Por fim, a deputada ao Parlamento Europeu Maite Pagazaurtundúa Ruiz chamou a atenção para a análise de jovens vulneráveis, especialmente jovens adultos policonsumidores e a sua perceção dos riscos inerentes ao consumo de droga. O OEDT prestou informações sobre o seu papel enquanto responsável pelo Programa Europeu para o Estudo do Álcool e Outras Substâncias em Meio Escolar (ESPAD) e a respeito da Conferência Europeia sobre Comportamentos Aditivos e Dependências, cuja segunda edição terá lugar em 2017, em Lisboa. Novas substâncias psicoativas O OEDT apresentou uma perspetiva geral do fenómeno contemporâneo das novas substâncias psicoativas (NSP) e do trabalho que desenvolve para o enfrentar ao abrigo da Decisão 2005/387/JAI do Conselho com vista a ajudar a proteger a saúde e a segurança dos cidadãos europeus. Tal incluiu informações sobre a forma como o OEDT enquanto líder mundial neste domínio gere o sistema de alerta rápido (SAR) da UE relativo às novas substâncias psicoativas (designadamente o sistema de gestão de sinais e comunicações de risco) e o processo de avaliação de riscos. Os deputados ao Parlamento Europeu perguntaram se os Estados-Membros e as instituições da UE podem solicitar avaliações de riscos, mostrando-se interessados em obter mais CR\ docx 3/3 PE v00-01

4 informações sobre as medidas tomadas pelas autoridades chinesas para travar a produção de novas drogas e sobre a atividade de acompanhamento da Internet realizada pelo OEDT. Revisão do regulamento fundador do OEDT O OEDT informou que a Comissão Europeia consultou informalmente o Observatório acerca de possíveis alterações ao seu regulamento fundador no que respeita ao sistema de alerta rápido relativo às novas substâncias psicoativas. À data da visita, a proposta final de alterações ainda não tinha sido apresentada. As alterações dizem respeito essencialmente ao encurtamento de prazos para as avaliações de riscos referentes a grupos de substâncias, o que exige mudanças no procedimento utilizado e conduz a um aumento do volume de trabalho do OEDT. Este manifesta satisfação pelo facto de a proposta da Comissão ter em conta as necessidades de recursos financeiros e humanos. Deste modo, a atual proposta da CE visa apenas uma revisão a curto e médio prazo, já que, a longo prazo, será necessária uma revisão mais aprofundada. A revisão do regulamento do OEDT tem implicações para o próprio Observatório mas também para os Estados-Membros da UE, pois é muito importante que estes invistam recursos suficientes para a execução das novas tarefas da agência. Os deputados ao Parlamento Europeu perguntaram de que forma encara o OEDT a sua missão de contribuir para as políticas da UE no domínio das drogas e da toxicodependência no contexto da alteração deste regulamento e se a agência prevê alguma forma de intensificar a emissão de recomendações políticas. O OEDT e o representante do Parlamento Europeu no Conselho de Administração (o anterior diretor do OEDT) explicaram que, não obstante as tentativas de intervenientes externos no sentido de o transformar, nos seus primeiros dez anos de existência, num órgão político, o Observatório conseguiu permanecer objetivo e neutro, tornando-se assim um centro de excelência reconhecido mundialmente. Contudo, o OEDT tem alguma influência política no que diz respeito à escolha de assuntos que devem ou não ser analisados, numa decisão tomada por todas as partes interessadas presentes no Conselho de Administração, bem como em matéria de novas substâncias psicoativas. A experiência do OEDT pode ser utilizada para uma análise estratégica aprofundada no domínio da aplicação da lei. A deputada ao Parlamento Europeu Ana Gomes afirmou que a questão financeira é muito importante para apoiar um maior desenvolvimento das diversas atividades e que o branqueamento de capitais com ligações diretas ao tráfico de droga, em especial, exige uma resposta adequada a nível da UE. Por este motivo, a questão crucial para o OEDT é estabelecer relações mais estreitas com as autoridades de aplicação da lei, como é o caso da Europol. Controlo de canábis na Europa e em países terceiros O OEDT fez uma apresentação geral das legislações nacionais referentes ao consumo de canábis na Europa e em alguns países terceiros e da forma como as diversas legislações são aplicadas. Sublinhou a importância da diferença entre os conceitos de descriminalização e legalização do consumo de canábis, bem como a relação pouco clara entre a alteração dos níveis de sanções e as taxas de consumo. Foi igualmente referida a diferença fundamental existente entre os modelos dos EUA e da Europa quanto à canábis para fins medicinais. Embora o debate sobre canábis para fins medicinais seja cada vez mais suscitado na Europa, o OEDT não o acompanha de forma sistemática, apenas podendo disponibilizar números não confirmados quantos aos seus consumidores. PE v /4 CR\ docx

5 O deputado ao Parlamento Europeu Ignazio Corrao fez uma pergunta sobre os riscos reais do consumo de canábis e sobre possíveis poupanças de custos em mercados regulamentados na Europa. A deputada ao Parlamento Europeu Maite Pagazaurtundúa Ruiz perguntou se os dados de que dispomos sobre os impactos desta substância na saúde ainda se aplicam aos produtos mais fortes que se encontram no mercado nos últimos anos. O OEDT explicou como é difícil chegar a conclusões definitivas sobre a transferência de políticas dos EUA ou do Uruguai devido aos contextos jurídicos e culturais distintos. É possível adotar muitos modelos distintos de regulamentação, como se pode observar nas recentes propostas (rejeitadas) em vários países europeus; estes modelos também podem incluir limites quanto à potência ou às formas de consumo, como é o caso dos produtos comestíveis. O primeiro relatório de avaliação do Colorado continha uma série de resultados positivos e negativos, mas deve ser considerado uma base de referência e não um documento conclusivo, pois muitos dados estatísticos não estavam disponíveis antes da alteração e outros foram influenciados pela comercialização de canábis para fins medicinais a partir de Os argumentos financeiros da regulamentação eram atrativos mas, por vezes, afiguravam-se otimistas; as receitas fiscais do Colorado representaram menos de 0,3 % do orçamento estatal, enquanto os lucros negados às organizações criminosas não seriam tão elevados como os provenientes de estupefacientes como a cocaína, a heroína e as (met)anfetaminas. As despesas no âmbito da justiça penal normalmente não são registadas de um modo que permita calcular facilmente eventuais poupanças. Conclusões Os deputados ao Parlamento Europeu agradeceram a oportunidade proporcionada pela visita de compreender melhor o papel fundamental e as atividades do OEDT, um aspeto útil para o seu trabalho enquanto membros da Comissão LIBE. O OEDT pode igualmente disponibilizar apoio ao trabalho de outras comissões do PE, como a AFET (Assuntos Externos) e a ENVI (Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar). Os deputados ao Parlamento Europeu consideraram essencial poderem recorrer a dados baseados em provas para apoiarem o processo decisório da UE. Os deputados ao Parlamento Europeu salientaram a importância dos aspetos ligados à saúde e segurança no trabalho do OEDT e gostariam que houvesse mais relações estratégicas entre o mandato do OEDT e os assuntos respeitantes à criminalidade organizada, tendo por base uma relação forte com a Europol. A Comissão LIBE pôde manifestar a opinião sobre o ciclo político para a criminalidade grave e organizada tendo em vista uma futura atualização, para que se introduza o mercado de canábis nas suas prioridades. Os deputados ao Parlamento Europeu apoiam a atual proposta da Comissão Europeia no sentido de aumentar as subvenções da UE ao OEDT em 2017 e nos três anos seguintes, no âmbito da revisão do regulamento relativo às novas substâncias psicoativas. O OEDT manifestou a sua disponibilidade aos deputados ao Parlamento Europeu para quaisquer pedidos ou serviços adicionais. Foi recordado que o Parlamento Europeu pode sempre solicitar à agência que elabore um relatório sobre um assunto de interesse específico (por exemplo: o Relatório sobre os mercados de droga na UE, solicitado pela Comissária CR\ docx 5/5 PE v00-01

6 Cecilia Malmström). O OEDT disponibilizará brevemente um serviço de correio personalizado aos responsáveis políticos da UE, a propósito de novos desenvolvimentos da política relativa à canábis. PE v /6 CR\ docx

7 ANEXO I Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos Delegação ao OEDT em Lisboa, Portugal 18 e 19 de julho de 2016 Lista de participantes (por ordem protocolar) MEMBROS DA DELEGAÇÃO DO PARLAMENTO EUROPEU N. º 1 Nome Grupo 1 titular/ País Membro suplente Ana GOMES Chefe de Delegação S&D T 2 3 Maite PAGAZAURTUNDÚA Relatora-sombra para as novas substâncias psicoativas Ignazio CORRAO ALDE S ES EFDD T IT PESSOAL DOS GRUPOS POLÍTICOS Etienne MAURY Emanuele SANGUINETI Nome ALDE EFDD Grupo PESSOAL DO SECRETARIADO DA COMISSÃO LIBE Regina PHILIPP Petra GÖTZ Administradora Assistente Intérpretes Diego Garzon Nunez (chefe de equipa) Isabel Clara Payno Jiménez-Ugarte Margarida Pinto da Silva Gilger EN FR PL DE EN FR HU ES FR 1 S&D Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu ALDE Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa EFDD Europa da Liberdade e da Democracia Direta CR\ docx 7/7 PE v00-01

8 Contactos administrativos Monika Blum Ana Antunes Vieira Alta responsável pela gestão de políticas no Conselho de Administração e pelas relações com o Parlamento Europeu Gabinete de Informação do Parlamento Europeu em Portugal Programa Local da reunião: OEDT, Praça Europa 2, Cais do Sodré, sala de reuniões PAL 102, Lisboa Deslocação INDIVIDUAL do aeroporto para o hotel e para o OEDT. Segunda-feira, 18 de julho de h00 16h00 Boas-vindas e introdução Alexis Goosdeel, Diretor do OEDT Expectativas da delegação de deputados ao Parlamento Europeu da Comissão LIBE Contribuir para uma Europa mais segura e mais saudável com base em factos para políticas e medidas mais eficazes Jane Mounteney, Chefe do departamento de coordenação de conteúdos e análise de tendências Pausa para café 16h30 A estratégia do OEDT a longo prazo para 2025 Alexis Goosdeel, Diretor do OEDT 17h00 18h00 Sistema de alerta rápido sobre as novas substâncias psicoativas (NSP): situação, características principais do sistema e principais desafios Roumen Sedefov, Chefe da unidade de redução da oferta e novas drogas Ana Gallegos, Chefe do departamento de ação contra novas drogas Troca de pontos de vista sobre a(s) proposta(s) de revisão da decisão do Conselho relativa às novas substâncias psicoativas, entre a delegação da Comissão LIBE e o OEDT Fim da reunião 20h00 Local do jantar: Restaurante Faz Figura, Rua do Paraíso, 15B, Lisboa Terça-feira, 19 de julho de h00 As drogas sintéticas e a canábis na Europa numa perspetiva política e da oferta Roumen Sedefov, Chefe da unidade de redução da oferta e novas drogas PE v /8 CR\ docx

9 10h00 Perspetivas de desenvolvimentos na promoção das melhores práticas desafios nos Estados-Membros Marica Ferri, Chefe do departamento de melhores práticas, intercâmbio de conhecimentos e questões económicas 10h30 11h00 12h00 12h30 Pausa para café Políticas europeias e internacionais para a droga: da SEAGNU de 2016 até 2019 Danilo Ballotta, Coordenador para as relações institucionais Cooperação entre o Parlamento Europeu e o OEDT Alexis Goosdeel, Diretor do OEDT Fim da reunião e fotografia de grupo CR\ docx 9/9 PE v00-01