CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
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- Juan Alcaide Espírito Santo
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1 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA EMENTA: HOSPITAL PSIQUIÁTRICO EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES DE DIRETOR TÉCNICO E DIRETOR CLÍNICO FUNÇÕES EXCLUSIVAS DE MÉDICO INTELECÇÃO DAS RESOLUÇÕES CFM N 997/80 E 1.342/91. Nota Técnica AJ/CFM n 279/03 Protocolo CFM n 6.410/03 Requerente: Diretor do Corpo Clínico do Hospital Areolino de Abreu Assunto: Validade e eficácia de dispositivos legais Aprovada em Reunião de Diretoria do dia 16/1/2004. I RELATÓRIO Trata-se de indagação do Diretor do Corpo Clínico do Hospital Areolino de Abreu acerca da validade e eficácia dos Decretos n /32, n /34 e da Lei 3.999/61. Destarte, segundo consta no documento recebido pelo CRM, da lavra do Ilustre Diretor ora Requerente, o Nosocômio em tela mantém em seus quadros de direção profissionais não médicos, e que, desta forma, estaria ferindo os dispositivos legais insculpidos nas normas acima destacadas. de adequar a realidade fática aos ditames legais. Por fim, o requerente objetiva posicionamento do CFM a fim É o breve relatório. II PARECER Inicialmente, urge salientar que o Decreto n /32, segundo informação da Presidência da República (vide DSN de 12/07/1991), encontrase em vigor, bem como a Lei 3.999/61.
2 Além das normas acima citadas temos, ainda, as Resoluções CFM n 1.342/91 e 997/80, o Parecer Consulta CFM n 42/90, o Decreto /76, bem como, a Lei 6.437/77, todas tratando, em determinada medida, da matéria em relevo, senão vejamos. Nesta linha, vale destacar que o art. 15 da Lei n.º 3.999, de 15/12/1961, preceitua que os cargos ou funções de chefia de serviços médicos somente podem ser exercidos por médicos habilitados na forma da lei. Ressalte-se, ainda, que o art. 28 do Dec /32 determina que qualquer organização hospitalar ou de assistência médica pública ou privada deve ter obrigatoriamente um Diretor Técnico como principal responsável pelos atos médicos ali praticados. E o art. 29 do mesmo decreto legal estabelece que a direção de estabelecimentos destinados a abrigar, in casu, doentes mentais, é de competência exclusiva de profissional médico devidamente habilitado, in verbis: DECRETO N DE 11 DE JANEIRO DE 1932 Regula e fiscaliza o exercício da medicina, da odontologia, da medicina veterinária e das profissões de farmacêutico, parteira e enfermeira, no Brasil, e estabelece penas. Art. 28 Nenhum estabelecimento de hospitalização ou de assistência médica pública ou privada poderá funcionar, em qualquer ponto do território nacional, sem ter um diretor técnico e principal responsável, habilitado para o exercício da medicina nos termos do regulamento sanitário federal. No requerimento de licença para seu funcionamento deverá o diretor técnico do estabelecimento enviar à autoridade sanitária competente a relação dos profissionais que nele trabalham, comunicando-lhe as alterações que forem ocorrendo no seu quadro. Art. 29 A direção dos estabelecimentos destinados a abrigar indivíduos que necessitem de assistência médica, se achem impossibilitados, por qualquer motivo, de participar da atividade social, e especialmente os destinados a acolher parturientes, alienados, toxicômanos, inválidos, etc., será confiada a um médico especialmente habilitado e a sua instalação deverá ser conforme os preceitos científicos de 2
3 higiene, com adaptações especiais aos fins a que se destinarem. O diretor técnico deverá facultar à autoridade sanitária a livre inspeção do estabelecimento sob sua direção, determinando o seu fechamento quando assim o exigir a autoridade sanitária, por motivo de conveniência pública ou de aplicação de penalidade, imposta por infração dos dispositivos do regulamento sanitário. (original sem destaque) Vale asseverar que o CFM, por intermédio da Res. CFM n.º 1.342/2001, em seu art. 1, determina que os serviços de assistência médica nas instituições públicas e privadas devem ser coordenados por Diretor Técnico e por Diretor Clínico, dentro de suas atribuições. No mesmo sentido vigoram as determinações constantes na Res. CFM n 997/80, cujo teor revela obrigatoriedade de registro das instituições de saúde nos Conselhos Regionais de Medicina, o qual far-se-á por intermédio exclusivo de médico habilitado investido na função de diretor técnico. Ainda, correlativamente, temos os preceitos insculpidos no Decreto /76, bem com na Lei n 6.437/77, ambas relativas ao funcionamento de instituições médicas junto aos órgãos de vigilância sanitária, senão vejamos: Decreto nº de 19 de janeiro de 1976 Dispõe sobre a fiscalização sanitária das condições de exercício de profissões e ocupações técnicas e auxiliares, relacionadas diretamente com a saúde. Art. 1º A verificação das condições de exercício de profissões e ocupações técnicas e auxiliares relacionadas diretamente com a saúde, por parte das autoridades sanitárias dos órgãos de fiscalização das Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios Federais, obedecerá em todo o território nacional, ao disposto neste Decreto e na legislação estadual. Art. 2º Para cumprimento do disposto neste Decreto as autoridades sanitárias mencionadas no artigo anterior, no desempenho da ação fiscalizadora, observarão os seguintes requisitos e condições: I - Capacidade legal do agente, através do exame dos documentos de habilitação inerentes ao seu âmbito profissional ou ocupacional, compreendendo as formalidades intrínsecas e extrínseca do diploma ou certificado respectivo, tais como, registro, expedição por estabelecimentos de 3
4 ensino que funcionem oficialmente de acordo com as normas legais e regulamentares dos seus Titulares, quando for o caso, nos Conselhos Regionais pertinentes previstos na legislação federal básica de ensino. Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977 DOU de 24/08/1977 Configura infrações à legislação sanitária federal, estabelece as sanções respectivas, e dá outras providências TÍTULO I Das Infrações e Penalidades Art. 1 - As infrações à legislação sanitária federal, ressalvadas as previstas expressamente em normas especiais, são as configuradas na presente Lei. Art São infrações sanitárias: II - construir, instalar ou fazer funcionar hospitais, postos ou casas de saúde, clínicas em geral, casas de repouso, serviços ou unidades de saúde, estabelecimentos ou organizações afins, que se dediquem à promoção, proteção e recuperação da saúde, sem licença do órgão sanitário competente ou contrariando normas legais e regulamentares pertinentes: Pena - advertência, interdição, cancelamento da licença e/ou multa. III - instalar consultórios médicos, odontológicos, e de quaisquer atividades paramédicas, laboratórios de análises e de pesquisas clínicas, bancos de sangue, de leite humano, de olhos, e estabelecimentos de atividades afins, institutos de esteticismo, ginástica, fisioterapia e de recuperação, balneários, estâncias hidrominerais, termais, climatéricas, de repousos, e congêneres, gabinetes ou serviços que utilizem aparelhos e equipamentos geradores de raio X, substâncias radioativas ou radiações ionizantes e outras, estabelecimentos, laboratórios, oficinas e serviços de ótica, de aparelhos ou materiais óticos, de prótese dentária, de aparelhos ou materiais para uso odontológico, ou explorar atividades comerciais, industriais, ou filantrópicas, com a participação de agentes que exerçam profissões ou ocupações técnicas e auxiliares relacionadas com a saúde, sem licença do órgão sanitário competente ou contrariando o disposto nas demais normas legais e regulamentares pertinentes: Pena - advertência, interdição, cancelamento da licença, e/ou multa. 4
5 XXV - exercer profissões e ocupações relacionadas com a saúde sem a necessária habilitação legal: Pena - interdição e/ou multa. XXVI - cometer o exercício de encargos relacionados com a promoção, proteção e recuperação da saúde a pessoas sem a necessária habilitação legal: Pena - interdição, e/ou multa. Destarte, em razão dos diversos dispositivos legais acima mencionados, entendemos que o exercício da função de Diretor Técnico e Diretor Clínico de instituições de saúde deva ser investido única e exclusivamente por profissionais médicos devidamente inscritos nos quadros dos Conselhos de Medicina. Portanto, segundo consta do expediente objeto da presente análise, a investidura nas funções em tela por profissionais não médicos afronta as legislações supra citadas, bem como põem em risco a saúde dos internos e o bom funcionamento do estabelecimento em questão. Assim, em face do exposto, opino pela adoção das medidas cabíveis propostas na Res. CFM n 1.613/01, com a maior brevidade possível. É o parecer. Brasília, DF, 12 de dezembro de Gustavo Gaião T. Braz Assessor Jurídico De acordo: Giselle Crosara Lettieri Gracindo Chefe do Setor Jurídico 5
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