Esta cerimónia que integra dois atos distintos é simbólica a vários. títulos. Em primeiro lugar ela realça a qualidade do trabalho produzido

Transcrição

1 Sessão de outorga do grau de Doutor Honoris Causa, 12 de outubro de 2016 Intervenção do Senhor Reitor, Prof. Doutor Manuel Assunção Mais conhecimento, melhor saúde em Aveiro Esta cerimónia que integra dois atos distintos é simbólica a vários títulos. Em primeiro lugar ela realça a qualidade do trabalho produzido na procura de conhecimento novo - uma das essências da Universidade - que a excelência do nosso laureado exemplifica. E que é, afinal, aquilo que um Honoris Causa deve ser: reconhecimento de um longo percurso, exemplar e extraordinário, de alguém que se extrai do comum dos mortais pelo valor do que fez e do que faz; e pelos contributos que deu para nos permitir, enquanto pessoas e comunidades, viver melhor e ser mais felizes. Um percurso, neste caso, que, a par da investigação, integra ainda inovação e serviço público ao mais alto nível. Uma saudação, primeira e a mais intensa de todas, ao Professor António Campos Muñoz pela deferência para connosco e pela honra que concede à Universidade de Aveiro. O Professor António Campos, já com um currículo preenchido por distinções advindas de vários quadrantes, recebeu a notícia da nossa escolha com genuína alegria: uma 1

2 evidência da sua personalidade amável e das qualidades humanas que casam bem com os seus dotes de imaginação e criatividade e com a sua inteligência rara. De igual maneira, esta cerimónia quer sublinhar a importância do trabalho em parceria entre universidades. Sendo natural a afirmação de cada uma e a salutar competição entre elas, a colaboração entre universidades é imprescindível num país com recursos limitados e massas críticas difíceis de obter. Este acontecimento pretendia, aliás, na sua ideia original, marcar o início do doutoramento em Biomedicina, desenhado e lecionado em conjunto pela Universidade Nova de Lisboa e pela Universidade de Aveiro. A formação avançada é outra das essências da universidade; e sei quanto o Reitor da Nova, responsável pelo elogio ao nosso homenageado, acarinha este programa de 3º ciclo. O Professor António Rendas é, ele próprio, um insigne médico e académico, cuja valia curricular seria supérfluo referir aqui. Mas, vale a pena relembrar, que soma a esses atributos uma vida de pensador da universidade, de gestor universitário e de defensor do sistema de ensino superior público português que todos, certamente, lhe reconhecem. A escolha do Professor Rendas pretende sublinhar essa 2

3 parceria que estamos a aprofundar com a Nova Medical School, como a segunda parte desta sessão vai deixar ver com mais nitidez. Agradeço ao António, a quem me ligam fortes laços de afeto, a compreensão do que está em causa e a generosidade com que aceitou ser convocado para esta apresentação. Mas dirijo, igualmente, por ser justa, uma saudação muito especial a outro amigo singular, o Professor Jaime Branco, Diretor daquela Faculdade. A palavra de grande apreço que lhe deixo é extensiva aos seus colaboradores; sem esquecer os colegas do lado de cá. Estão estes, todavia, já cientes da minha atenção para com o trabalho que, diariamente, fazem, em prol do projeto partilhado que hoje aqui nos reúne. A área da saúde, sabemo-lo bem, assume uma importância crescente na vida de todos, cidadãos, territórios, organizações, estados; e vem ganhando um carácter inter e pluridisciplinar que se multiplica todos os dias. A UA, pelo seu perfil de áreas de conhecimento, pela sua estrutura matricial, pela dinâmica de relacionamento com o que a rodeia, pela responsabilidade para com a cidade e a região, não poderia deixar de encarar a saúde como uma prioridade estratégica. Foi isso que, com muita ênfase, inseri no programa para o meu segundo mandato. Mas ao fazê-lo, mais não fiz que ratificar trabalho 3

4 pioneiro dos Reitores Júlio Pedrosa e Helena Nazaré que me antecederam: na criação e consolidação da Escola Superior de Saúde; na inscrição de um Departamento embrionário de Ciências da Saúde; e, não menos importante, no dotar a UA de condições que permitiram fazer da saúde o nosso domínio mais transversal, presente na maioria das Unidades de Investigação da UA. Assim sendo, esta dupla cerimónia de hoje também os envolve. Sabemos que as estratégias precisam sempre de algumas ideias estruturantes e de pequenos, médios e grandes passos que as consubstanciem. Na vida universitária, seja o que for, tem que ser alicerçado em qualidade. Por isso mesmo, o programa doutoral em Biomedicina, já referido, e a concepção de raiz de um novo centro transdisciplinar de pesquisa, foram passos importantíssimos que o Grupo de Missão para a Saúde entretanto criado e coordenado pelo próprio Júlio Pedrosa sugeriu ou acarinhou. Visão que os acontecimentos posteriores, em particular o sucesso obtido pelo Instituto de Biomedicina IBIMED, no processo de avaliação dos Centros de Investigação, plasmou como apropriada. A pontuação do IBIMED cotou-se como a quarta melhor, logo atrás das nossas unidades nos campos dos Materiais e da Música; um resultado que é coerente com a recente entrada da UA - fazendo fé no índex ISI - no 4

5 percentil 10% das instituições universitárias mais influentes no mundo, num campo que muitos julgariam longe da nossa ação e do nosso alcance, como é o caso da Medicina Clínica. Um facto e o outro, entre diversos mais que poderíamos invocar, são boas demonstrações do que valemos neste domínio do conhecimento. Este duplo ato, ainda simbolicamente, pretende também enaltecer esse percurso de valor que, com o contributo de muitos, vimos traçando. Por fim, quero referir o labor e a atividade que continuamente aprofundamos com múltiplos parceiros externos. Por causa deles, foi a nossa relação com a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro reconhecida como caso exemplar e objeto de estudo pelo Observatório do QREN. E por eles, pelas parcerias que fomos desenvolvendo também com o Hospital Infante D. Pedro e o Centro Hospitalar do Baixo Vouga, para além da Câmara Municipal de Aveiro, e pela cumplicidade com a Administração Regional de Saúde, foi possível chegar ao que será o cerne da segunda parte do dia de hoje. Por isso, esta jornada remete-nos ainda para o que é, igualmente, central na nossa razão de ser, enquanto Universidade; para aquilo que foi determinado pela pena de José Veiga Simão - ele mesmo Doutor Honoris Causa da UA: a nossa abertura ao mundo 5

6 que nos extravasa, o nosso destino de servir a comunidade com quem temos que estar em osmose. Acreditamos no papel do conhecimento. Vemos que os nossos parceiros também nele acreditam. Ter melhor Saúde em Aveiro assente no conhecimento, ter dinâmicas de reforço positivo entre a UA, o CHBV, a Cidade e a Região de Aveiro é possível e vai acontecer. O papel dos Ministros da Saúde e da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, que se vêm mostrando muito empenhados neste processo, deve ser salientado. O Sr. Ministro Adalberto Fernandes - ele não me levará a mal a inconfidência - disse-nos outro dia ao receber-nos e ouvir das nossas intenções de intensificar e densificar o trabalho conjunto que vimos fazendo, que era "música celestial para os seus ouvidos". Foi uma gentileza da parte do Ministro da Saúde. Mas, afirmamo-lo sem margem para dúvidas: estamos empenhados em tocar, afinada e afincadamente, como orquestra - contando com os Ministérios em causa - para dotar Aveiro de índices, em matéria de saúde, ao nível dos que esta detém em outras áreas do desenvolvimento económico e social. Os Senhores Presidentes do Conselho Geral, do Conselho de Curadores, do Conselho Nacional para a Saúde - nosso Professor - e do Conselho Consultivo do Hospital; e o Professor Viñas-Salas, 6

7 Conselheiro da UA, mais que outros, têm-se associado frequentemente à orquestra e estou-lhes bastante grato por isso. Estava previsto, como último ato do dia de hoje, a inauguração do novo edifício da Saúde. Seria um ato que, de algum modo, englobaria todos os outros. Razões que se prendem com a elaboração do Orçamento de Estado inviabilizaram essa cerimónia que realizaremos oportunamente. Por razões acrescidas, agradeço, pois, a presença do Senhor Secretário de Estado da Saúde. Não havendo aquela inauguração, quero, todavia, realçar o início da colocação de sinalética no campus, há muito ambicionada e que agora se concretiza neste edifício Central. O Sr. Professor António Campos Muñoz teve a paciência de ouvir tudo isto um pouco para além do que, quiçá, esperasse num Honoris Causa que lhe é dedicado. Sei no entanto como "le gusta hacer acontecer cosas, a partir de ideas e con ideales, pero con pragmatismo; sé además que ya colabora con gente de la Universidad de Aveiro; he registrado que ha venido unos días antes para poder hablar con gente con quien pueda tener proximidad científica. Lo que demuestra su sensibilidad, su humildad, su compromiso académico y su carácter. Por eso perdóneme este 7

8 luengo olvidar de usted". Em minha defesa, relembro um provérbio português: para o fim está guardado o melhor bocado. O melhor bocado, desta sessão e deste dia, é, naturalmente, o Sr. Professor. Um muito, muito obrigado por ter aceite juntar-se ao grupo dos nossos mais notáveis membros. "Le agradezco de todo corazón!" De igual modo, um reconhecimento, que não esquecerei, a todos os que nos acompanham no dia de hoje. 8