Biorregulador em trigo: efeito de cultivar e estádio fenológico de aplicação
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- Isaque Almada da Rocha
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1 Biorregulador em trigo: efeito de cultivar e estádio fenológico de aplicação Jaqueline Huzar Novakowiski 1 e Itacir Eloi Sandini 2 1 Acadêmica do curso de Agronomia da UNICENTRO, Guarapuava, PR: jaquehuzar@hotmail.com. 2 Eng. Agrôn. professor da UNICENTRO. isandini@hotmail.com O trigo é um dos cereais mais consumidos no Brasil e no mundo. Segundo estimativa feita pela CONAB (2011a) a área nacional ocupada com o cultivo do trigo na safra 2010/11 correspondeu a 2,15 milhões de hectares, com produtividade média de 2736 kg ha -1 e produção de 5,88 milhões de toneladas. Contudo, o Brasil ainda apresenta grande dependência das importações a qual correspondeu, de acordo com o SECEX apresentado pela CONAB (2011b), a 6,32 milhões de toneladas de trigo em grão e 591 mil toneladas de farinha de trigo para o abastecimento do mercado interno em Assim, como forma de minimizar a dependência das importações, há necessidade da busca e aplicação de tecnologias que possam melhorar a eficiência da utilização de recursos do solo, clima e técnicas de manejo buscando-se o aumento na produtividade da cultura. Como o desenvolvimento e produtividade das plantas são controlados por fatores genéticos, ambientais e fisiológicos ou hormonais, o emprego de reguladores vegetais como técnica agronômica para se otimizar as produções em diversas culturas, tem crescido nos últimos anos (DOURADO NETO et al. 2004). Segundo Santos & Vieira (2005) os reguladores de crescimento de plantas, usualmente são definidos como compostos orgânicos não nutrientes, que afetam os processos fisiológicos do crescimento e do desenvolvimento quando aplicados em baixas doses. Atualmente há no mercado o biorregulador Stimulate, produto este que pode, em função da sua composição, concentração e proporção das substâncias, incrementar o crescimento e desenvolvimento vegetal estimulando a divisão celular, diferenciação e o alongamento das células, podendo também, aumentar a absorção e a utilização de água e dos nutrientes pelas plantas (STOLLER DO BRASIL, 1998). Estudos têm apresentado que o uso do Stimulate no tratamento de sementes tem proporcionado melhor desenvolvimento de plantas de milho (DARIO & BALTIERE, 1998), aumento no comprimento total do sistema radicular de arroz e melhoria na germinação, massa seca de raízes e número de plântulas normais e redução na porcentagem de plântulas anormais no feijoeiro (VIEIRA, 2001), assim como plantas mais vigorosas, com maior comprimento, massa seca e porcentagem de emergência e incremento na área foliar, altura e o crescimento inicial de plantas de algodão (SANTOS & VIEIRA, 2005). Além do estádio fenológico de aplicação, cabe considerar também que a cultivar pode ser um dos fatores que poderia afetar a resposta da cultura ao uso do biorregulador, como foi relatado por Gomes et al. (2003) com a cultura do feijoeiro. 1
2 Logo, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito, sobre a produtividade e seus componentes, da aplicação de Stimulate em diferentes estádios fenológicos de duas cultivares de trigo como forma de consolidar a tecnologia de uso de reguladores vegetais na cultura. O experimento foi conduzido no município de Guarapuava (PR) durante a safra de inverno de A altitude da região é de aproximadamente 1100 m e seu clima é classificado, segundo Köppen, como Cfb: clima temperado, com temperatura média no mês mais frio abaixo de 18 C (mesotérmico), verões frescos, temperatura média no mês mais quente abaixo de 22 C e sem estação seca definida (IAPAR, 2011). O solo da área experimental é do tipo Latossolo Bruno Distroférrico Típico (EMBRAPA, 2006). O delineamento empregado foi o de blocos casualizados com quatro repetições, com parcelas subdivididas. Na parcela principal foi alocado as cultivares de trigo, sendo e BRS Guamirim e nas subparcelas os tratamentos com Stimulate : T1 = controle (sem aplicação de Stimulate ); T2 = Stimulate no tratamento de sementes na dose de 4 ml kg -1 ; T3 = aplicação de Stimulate via foliar no estádio de perfilhamento na dose de 0,25 L ha -1 ; T4 = aplicação de Stimulate no tratamento de sementes na dose de 4 ml kg -1 + aplicação foliar no estádio de florescimento com 0,25 L ha -1 ; T5 = aplicação de Stimulate via foliar no estádio de perfilhamento na dose de 0,25 L ha -1 + aplicação via foliar no estádio de florescimento na dose de 0,25 L ha -1. A parcela experimental correspondeu a 9 linhas espaçadas 0,20 m e com comprimento de 6 m. Uma quantidade de 2 kg de sementes foi utilizada para a aplicação do produto de acordo com a dose correspondente. Nas aplicações foliares, utilizou-se de pulverizador costal de pressão constante à base de CO 2 equipado com pontas de pulverização de jato leque XR 110:02, espaçadas em 0,5 m uma da outra. A pressão de trabalho foi de 30 lb pol -2, resultando num volume de calda de 200 L ha -1. A semeadura do trigo foi realizada no dia 10 de julho de 2010 em sistema de plantio direto em sucessão a cultura do milho. A adubação de base foi realizada com 200 kg por hectare do formulado , complementado com 40 kg de K 2 O e 100 Kg de N por hectare em cobertura aplicado no início do perfilhamento. A produtividade de grãos foi avaliada efetuando-se a colheita das plantas das sete linhas centrais da parcela totalizando uma área útil de 8,4 m². Após pesagem dos grãos e correção da umidade para 13% o valor foi convertido para kg ha -1. Os componentes da produtividade avaliados foram o número de espigas/m², grãos/espiga e massa de mil grãos. O número de espigas/m² foi avaliado por meio da contagem das espigas após o corte das plantas em uma área correspondente a 0,4 m² da parcela. Destas espigas, obteve-se uma subamostra de 15 espigas que depois de debulhada, fez-se a contagem dos grãos estimando-se o número de grãos/espiga. A massa de mil grãos, por sua vez, foi avaliada por meio da pesagem de uma amostra de 300 grãos, obtendo-se o valor em gramas. Os dados obtidos foram submetidos à análise variância e as médias comparadas entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade por meio do programa estatístico Sisvar. Pela análise da variância verificou-se que a produtividade de grãos assim como o PH apresentaram efeito de cultivares e dos tratamentos com aplicação de Stimulate de forma isolada, não ocorrendo sua interação. Com relação aos componentes da produtividade, constata-se que o número de espigas/m² somente apresentou efeito de cultivares, ao passo 2
3 que, não houve efeito de nenhum dos fatores de variação sobre a massa de mil grãos e número de grãos/espiga. Ao comparar as cultivares, observa-se que a cultivar apresentou produtividade 2473 kg ha -1 inferior em 20,3% a produtividade da cultivar com 3101 kg ha -1 (Tabela 1). Na média das cultivares de trigo é possível verificar que todos os tratamentos, à exceção da aplicação de Stimulate no perfilhamento combinado com a aplicação no florescimento, proporcionaram incremento na produtividade de grãos da cultura, contudo, não diferiram entre si. O incremento foi de 15,9% (398 kg ha -1 ou 6,8 sacos ha -1 ) para a aplicação no tratamento de sementes, 14,7% (367 kg ha -1 ou 6,1 sacos ha -1 ) para o uso do Stimulate no perfilhamento e de 18,5% (464 kg ha -1 ou 7,7 sacos ha -1 ) para a aplicação no tratamento de sementes combinado com a aplicação no florescimento. Ao analisar os tratamentos para a cultivar, verifica-se que a aplicação de Stimulate no tratamento de sementes e a associação entre o tratamento de sementes e mais uma aplicação no estádio de florescimento da cultura proporcionaram incremento na produtividade em relação ao controle onde não houve aplicação do biorregulador. Este incremento foi da ordem de 15,5% (435 kg ha -1 ou 7,25 sacos ha -1 ) para a aplicação somente no tratamento de sementes e de 15,1% (424 kg ha -1 ou 7,1 sacos ha -1 ) quando associado também a aplicação no florescimento. As aplicações no perfilhamento e a associação do perfilhamento e florescimento não diferiram estatisticamente do controle, todavia, cabe destacar que em termos numéricos o incremento na produtividade corresponderia a 15% (420 kg ha -1 ou 7 sacos ha -1 ) quando aplicado o biorregulador no estádio de perfilhamento e de 7,7% (215 kg ha -1 ou 3,6 sacos ha -1 ) combinando-se a aplicação no perfilhamento e no florescimento. Para a cultivar somente a aplicação de Stimulate no tratamento de sementes associado à aplicação no florescimento diferiu estatisticamente do controle apresentando incremento na produtividade da ordem de 22,8%. Todavia, com a aplicação do Stimulate somente no tratamento de sementes, perfilhamento e a combinação da aplicação no perfilhamento e florescimento, apesar de não se verificar diferenças estatísticas, pode-se observar que houve incremento em relação ao controle de 16,3% (361 kg ha -1 ou 6 sacos ha -1 ), 14,3% (315 kg ha -1 ou 5,25 sacos ha -1 ) e 6,7% (147 kg ha -1 ou 2,45 sacos ha -1 ), respectivamente. Tabela 1. Produtividade (kg ha -1 ) de grãos de duas cultivares de trigo com aplicação de Stimulate em Controle 2208 B b 2802 A b 2505 b de sementes 2569 B ab 3237 A a 2903 a Perfilhamento 2523 B ab 3222 A ab 2872 a de sementes + Florescimento 2712 B a 3226 A a 2969 a Perfilhamento + Florescimento 2355 B ab 3017 A ab 2688 ab 2473 B 3101 A 2787 s seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste de 3
4 Quanto aos componentes da produtividade, verifica-se que a cultivar de trigo apresentou média de 398 espigas/m², o que representa 10,2% mais espigas/m² do que a cultivar em que se obteve 361 espigas/m² (Tabela 2). Em relação aos tratamentos, não se constata diferença significativa para cada cultivar, entretanto, na média das duas cultivares é possível verificar que a aplicação de Stimulate no perfilhamento proporcionou o maior número de espigas com 414/m² sendo superior de forma significativa ao controle em 17,3. Nos demais tratamentos, apesar de não diferiram estatisticamente do controle, constata-se incremento de 7,9% para o uso do Stimulate no tratamento de sementes, 4,5% no tratamento de sementes combinado com a aplicação no estádio de florescimento e de 7,6% para o uso no estádio de perfilhamento combinado a mais uma aplicação no florescimento. Tabela 2. Número de espigas/m² de duas cultivares de trigo com aplicação de Stimulate em Controle 335 A a 371 A a 353 b de sementes 367 A a 395 A a 381 ab Perfilhamento 393 A a 435 A a 414 a de sementes + Florescimento 355 A a 383 A a 369 ab Perfilhamento + Florescimento 356 A a 405 A a 380 ab 361 B 398 A 379 s seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste de Quanto ao número de grãos/espiga não se constata diferença, como já observado no resultado da análise de variância, entre as cultivares de trigo e os tratamentos, obtendo-se média de 25,69 grãos (Tabela 3), da mesma forma não houve efeito sobre a massa de grãos a qual apresentou média de 38,15 g (Tabela 4). Tabela 3. Número de grãos/espiga de duas cultivares de trigo com aplicação de Stimulate em Controle 25,83 A a 25,95 A a 25,89 a de sementes 24,95 A a 23,83 A a 24,39 a Perfilhamento 25,98 A a 29,70 A a 27,84 a de sementes + Florescimento 25,55 A a 23,43 A a 24,49 a Perfilhamento + Florescimento 23,70 A a 27,95 A a 25,83 a 25,20 A 26,17 A 25,69 s seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste de 4
5 Tabela 4. Massa de mil grãos (g) de duas cultivares de trigo com aplicação de Stimulate em Controle 37,89 A a 37,85 A a 37,87 a de sementes 38,98 A a 37,76 A a 38,37 a Perfilhamento 38,04 A a 38,59 A a 38,31 a de sementes + Florescimento 38,41 A a 38,54 A a 38,48 a Perfilhamento + Florescimento 37,13 A a 38,35 A a 37,74 a 38,09 A 38,22 A 38,15 s seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste de O peso do hectolítrico, dentro de cada cultivar, não apresentou diferenças entre os tratamentos (tabela 5). Contatou-se, na média das duas cultivares, o tratamento de semente superior a aplicação efetuada apenas no perfilhamento sondo contudo diferi do controle. Verificou-se que o cultivar apresentou maior valor de PH independente do tratamento realizado. Tabela 5. Peso do hectolítrico de duas cultivares de trigo com aplicação de Stimulate em Controle 73,3 a B 76,2 a A 74,7 ab de sementes 74,2 a B 76,9 a A 75,6 a Perfilhamento 72,3 a B 75,0 a A 73,7 b de sementes + Florescimento 74,1 a B 76,1 a A 75,1 ab Perfilhamento + Florescimento 72,4 a B 75,5 a A 73,9 ab 73,3 B 75,9 A 74,6 s seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste de O uso do Stimulate proporcionou incremento na produtividade das cultivares de trigo e afetando principalmente o número de espigas/m², contudo não houve interação entre o uso do biorregulador e as cultivares, sendo que a superioridade de produtividade da cultivar está em função possivelmente da interação genótipo e ambiente. Os maiores incrementos na produtividade ocorreram quando o Stimulate foi aplicado no tratamento de sementes isolado ou combinado com a aplicação no estádio de florescimento. 5
6 Referências (a) CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Séries históricas: Trigo. Disponível em: < msconteudos=3#a_objcmsconteudos> acesso em 08/02/11. (b) CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Trigo: importações brasileiras, por país de origem. Disponível em: < arquivos/11_01_13_11_01_40_0202_import_complexo_soja_e_trigo..pdf> acesso em 08/02/11. DARIO, G.J.A.; BALTIERI, E.M. Avaliação da eficiência do regulador vegetal Stimulate (citocinina + ácido indolbutírico + ácido giberélico) na cultura do milho (Zea mays L.). Piracicaba: ESALQ/USP, p. (Relatório Técnico). DOURADO NETO, D.; DARIO, G.J.A.; VIEIRA JÚNIOR, P.A.; MANFRON, P.A.; MARTIN, T.N.; BONNECARRÉRE, R.A.G.; CRESPO, P.E.N. Aplicação e influência do fitorregulador no crescimento das plantas de milho. Revista da FZVA, v.11, n.1. Uruguaiana, p.1-9, EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasília: Embrapa-SPI; Rio de Janeiro: Embrapa-Solos, p. GOMES, G.F.; MARTIN DIDONET, C.C.G.; DIDONET, A.D. Bioensaio com plântulas de feijoeiro tratadas com Stimulate e inoculadas com Azospirillum brasilense Sp 245. Brasilian Journal of Plant Physiology, Piracicaba, v. 15, p. 426, Suplemento. IAPAR. Instituto Agronômico do Paraná. Cartas climáticas do Paraná. Disponível em: < acesso em 08/02/11. SANTOS, C.M.G.; VIEIRA, E.L.; Efeito de bioestimulante na germinação de sementes, vigor de plântulas e crescimento inicial do algodoeiro. Magistra, Cruz das Almas, BA, v. 17, n. 3, p , STOLLER DO BRASIL. Stimulate Mo em hortaliças: informativo técnico. Cosmópolis: Stoller do Brasil, Divisão Arbore, v.1, 1p., VIEIRA, E. L. Ação de bioestimulante na germinação de sementes, vigor de plântulas, crescimento radicular e produtividade de soja (Glycine max (L.) Merrill), feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) e arroz (Oryza sativa L.) p. Tese (Doutorado em?) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba,
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