Revista FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia ISSN: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

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1 Revista FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia ISSN: revistadafamecos@pucrs.br Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Brasil WAJNMAN, SOLANGE; DE FARIA TAVARES RODRIGUES, MARIANA CHRISTINA A construção material da midiatização: estudo dos procedimentos técnico-expressivos das minisséries Primo Basílio e Os Maias Revista FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia, vol. 19, núm. 2, mayo-agosto, 2012, pp Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, Brasil Disponível em: Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

2 Revista FAMECOS mídia, cultura e tecnologia A construção material da midiatização: estudo dos procedimentos técnico-expressivos das minisséries Primo Basílio e Os Maias The material mediatization building: an investigation of the technical-expressive procedures from the TV mini-series O Primo Basílio and Os Maias SOLANGE WAJNMAN Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Midiática da Universidade Paulista UNIP. <wajnman@aclnet.com.br> MARIANA CHRISTINA DE FARIA TAVARES RODRIGUES Professora do Instituto de Comunicação e Arte da UNA/MG. <marianacftr@hotmail.com> RESUMO de duas minisséries que se interconectam. Trabalhando historicamente, moderniza desde 1988 (Primo Basílio) até 2000 (Os Maias), época em verossimilhança e a pesquisa histórica minuciosa, entre outros fatores, ABSTRACT modernization of production since 1988 (O Primo Basílio) to 2000 (Os Maias deep historical research, between others, has increased the seduction procedures used in the costume s creation and characterization insert Television; Scenery; Costumes. Porto Alegre, v. 19, n. 2, pp , maio/agosto 2012

3 E Primo Basílio e Os Maias, ao mesmo tempo em que discute suas imbricações com os processos de tudo, de introduzir os conceitos básicos que norteiam este trabalho. Por um lado, a noção de materialidade e condições da produção de presença e por outro o conceito de midiatização. foi feita a produção? Como se constituiu? Quais os materiais, tecidos e formas foram cores e texturas da época e as recriou? A questão da materialidade neste trabalho se e levando em conta o trabalho de vários autores tais como McLuhan, Benjamin, Derrida entre outros, a teoria da materialidade é uma teoria que se faz em torno dessa reconstrução da materialidade. Trata-se de compreender como as condições materiais produção da presença Wajnman, S.; Rodrigues, M. C. F. T. A construção material da midiatização Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 19, n. 2, pp , maio/ago

4 passado (2011, pp ). Relaciona a introdução destas técnicas com a crescente popularidade dos museus, bem como um interesse renovado na reorientação da passado cotejando-o com os fatos históricos e situa o telespectador em um nível de nacional assumiu maior complexidade a partir dos anos 90, quando se impõe que se adaptam aos diferentes públicos em distintas localidades. Os Maias Para tanto, retemos de Muniz Sodré (2006) a conceituação de midiatização como Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 19, n. 2, pp , maio/ago

5 mecanismos. e circulação de tipos de informações e comportamentos, e a possibilidade de usá-los e/ou sons, objetos e situações pelos meios de comunicação. Assim como esta cultura da interação da oralidade e da escrita para a midiatização, descontextualizando e As condições de emergência da midiatização industrial que as acompanham. Renato Ortiz, Silvia Borelli, entre outros já observaram Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 19, n. 2, pp , maio/ago

6 (2011, p. 63) Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 19, n. 2, pp , maio/ago

7 etapa. Dentro desse contexto, as minisséries Primo Basílio (1988) e Os Maias (2001) se a qualidade visual avança, mas há ainda uma restrição com as técnicas, câmeras e iluminação. A força da narrativa ainda continua sendo a interpretação, como por exemplo, a atuação de Tony Ramos no momento em que Ikegami que captam Os Maias ter sido estes efeitos que levaram Luís Fernando Veríssimo a comentar na apresentação Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 19, n. 2, pp , maio/ago

8 (Os Maias, 2004, DVD). a estatueta. O aspecto se um objeto é da época ou não é da época, isto é fundamental narrativa. O que não impedirá os desvios conscientes como mostraremos mais adiante. Dentro desse contexto do detalhe de objetos, a produção mais esmerada foi sem dúvida a de Os Maias design leve decoração oitocentista, as velas acesas que oferecem aos ambientes uma luz amarelada Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 19, n. 2, pp , maio/ago

9 e escura. Além disso, Os Maias ao toque; a tatilidade aveludada de um sobretudo ou a leveza de um vestido de vermelho que o palacete dos aristocratas ostenta antes de seu discurso verbal. Ficamos audiovisual das minisséries, em especial. Além da construção desta sinestesia que culminará em Os Maias, outros processos Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 19, n. 2, pp , maio/ago

10 Diferentemente de Os Maias, as cenas exteriores de Primo Basílio não foram feitas em (recurso que permitiu (técnica desses ambientes nas cenas externas não foi bem feita. Construção de figurinos e midiatização das telenovelas, seu reconhecimento junto aos telespectadores caminhou junto com a Os Maias marcou uma evolução na televisão brasileira. Houve um aprimoramento, já que contou com uma produção mais acurada e um investi- Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 19, n. 2, pp , maio/ago

11 O a Os Maias como O Primo Basílio de tecidos, modelos, acessórios e ornamentos, característicos a cada um dos estratos sociais abordados pelo autor. de construção das vestimentas da época. Tanto em Os Maias como em O Primo Basílio vemos o uso de colarinhos e punhos falsos, postos sobre a camisa masculina. Tal era Os Maias (Carlos da Maia, Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 19, n. 2, pp , maio/ago

12 sobre os ombros, a que une a parte da frente com a posterior, não é exatamente sobre o ombro, como nos paletós modernos, mas desloca-se enviesadamente um pouco para trás, acima das espáduas, como era de praxe nos paletós da época. não respeita Retomamos nossa própria discussão quando dissemos que existiriam procedimentos que poderiam favorecer características da midiatização tais como desreferenciação, muito próximos que muitas vezes poderão se entrelaçar, não havendo divisórias muito Queiroz, a emissora já porta uma situação de desreferenciação, per si, uma vez que Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 19, n. 2, pp , maio/ago

13 minisséries, em O Primo Basílio os hábitos e costumes não foram muito bem estudados. era assim É interessante nos determos particularmente nesta questão do brinco. A produção todas as cenas. Ora, Queiroz, em nenhum momento faz menção ao uso dessa peça, que Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 19, n. 2, pp , maio/ago

14 brilha e chama atenção na tela da televisão. Seu uso seria uma questão estética? Um que exibem uma pequena variação de modelos, entre eles a arrecada, um tipo de considerando que os modelos das arrecadas são oriundos de similares populares, que possam rapidamente ser reconhecidas por todos. narrativa. E isto ocorre nas duas minisséries. em é a cena de Maria a balançar-se, e isto por causa da crinolina 1 usada sob sua saia, vista volume provido pelo conjunto saia/crinolina que tecnicamente a impediria de sentar com desenvoltura no balanço. Para esta cena, a crinolina foi subtraída. A minissérie Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 19, n. 2, pp , maio/ago

15 Os Maias a narrativa oitocentista de Queiroz aos hábitos mais comuns do contemporâneo. Atualizações, portanto. Considerações finais O Primo Basílio e Os Maias se inserem pelo viés dos recursos expressivos e dentro de um contexto das condições de produção colaboram para este processo. aspecto foi percebido por António Casimiro (2009), consultor da mi- nissérie, quando nos ressaltou que Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 19, n. 2, pp , maio/ago

16 sem dúvida. REFERÊNCIAS. Produção de Presença OS MAIAS. NOTA 1 de 1856, quando começa sua comercialização. Maria em todas as cenas usa uma crinolina sob seus vestidos, antecipando para o ano de 1850 uma armação que veio a ser adotada pelas mulheres em Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 19, n. 2, pp , maio/ago