Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios

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1 M UNICÍPIO DE C ARRAZEDA DE A NSIÃES Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios Caderno II Informação de Base Comissão Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios do Janeiro de 2007

2 M UNICÍPIO DE C ARRAZEDA DE A NSIÃES Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios Caderno II - Informação de Base Comissão Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios do Janeiro de

3 ÍNDICE I NTRODUÇÃO 9 I. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA 12 I.1.ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO DO CONCELHO DE CARRAZEDA DE ANSIÃES 12 I.2. ALTITUDE E RELEVO 14 I.3. DECLIVES 17 I.4. EXPOSIÇÃO DE VERTENTES 24 I.5. LITOLOGIA E SOLOS 27 I.6. HIDROGRAFIA 32 II. CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA 35 II.1. REDE CLIMATOLÓGICA 35 II.2. TEMPERATURA 38 II.3. PRECIPITAÇÃO 40 II.4. HUMIDADE RELATIVA 43 II.5. VENTOS 44 II.6. EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL E REAL 46 II.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 48 III. CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO 50 III.1. ENQUADRAMENTO REGIONAL 50 III.2. POPULAÇÃO RESIDENTE E DENSIDADE POPULACIONAL 51 III.3. ESTRUTURA ETÁRIA 55 III.4. ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO E DE JUVENTUDE 56 III.5. ACTIVIDADES ECONÓMICAS 59 IV. CARACTERIZAÇÃO DO USO DO SOLO E ZONAS ESPECIAIS 61 IV.1. OCUPAÇÃO DO SOLO 61 IV.1.1. ENQUADRAMENTO REGIONAL 63 IV.1.2. OCUPAÇÃO DO SOLO ENTRE 1990 E IV.1.3. OCUPAÇÃO ACTUAL VERSUS APTIDÃO FLORESTAL DO SOLO 76 IV.2. POVOAMENTOS FLORESTAIS 77 IV.2.1. EVOLUÇÃO DA FLORESTA EM CARRAZEDA DE ANSIÃES 77 IV.2.2. EVOLUÇÃO DOS INCULTOS EM CARRAZEDA DE ANSIÃES 81 IV.2.3. ESPAÇOS FLORESTAIS ACTUAIS (2006) EM CARRAZEDA DE ANSIÃES 84 IV.3. ESTRUTURA FUNDIÁRIA 87 IV.3.1. SUPERFÍCIE AGRÍCOLA UTILIZADA 87 IV.3.2. NÚMERO DE EXPLORAÇÕES 90 3

4 IV.3.3. TERRA ARÁVEL LIMPA 92 IV.3.4. EFECTIVOS ANIMAIS 97 IV.4. ÁREAS PROTEGIDAS, REDE NATURA 2000 E ZONAS ESPECIAIS DE PROTECÇÃO 102 IV.5. ZONAS DE RECREIO FLORESTAL, CAÇA E PESCA 102 IV.6. ROMARIAS E FESTAS 106 IV.7. INSTRUMENTOS DE GESTÃO E ORDENAMENTO FLORESTAL 108 IV.8. OUTROS INSTRUMENTOS DE PLANEAMENTO 109 V. CARACTERIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS E INFRA-ESTRUTURAS 109 V.1. ACESSIBILIDADES 110 V.2. EQUIPAMENTOS DE INTERESSE PARA A FLORESTA 112 V.3. INFRA-ESTRUTURAS DE INTERESSE PARA A FLORESTA 114 VI. ANÁLISE DO HISTÓRICO E DA CAUSALIDADE DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS 116 VI.1. ENQUADRAMENTO NACIONAL E REGIONAL 117 VI.2. INCÊNDIOS FLORESTAIS NO CONCELHO DE CARRAZEDA DE ANSIÃES 121 VI.3. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS INCÊNDIOS POR ÁREA FLORESTAL 124 VI.4. ÍNDICE DE RISCO HISTÓRICO-GEOGRÁFICO 128 VI.5. CARTOGRAFIA DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS 130 VI.6. CAUSAS DOS INCÊNDIOS 134 VII. FINANCIAMENTOS PÚBLICOS CANDIDATADOS E/ OU APROVADOS 136 VII.1. PREVENÇÃO E REDUÇÃO DO RISCO DE IGNIÇÃO 136 V.2. PROJECTOS DE FLORESTAÇÃO 137 VIII. DIAGNÓSTICO 140 BIBLIOGRAFIA ANEXOS 4

5 ÍNDICE DE MAPAS Mapa I.1a Enquadramento geográfico do concelho de Carrazeda de Ansiães Mapa I.2a Carta hipsométrica de Carrazeda de Ansiães Mapa I.3a Carta de declives I (utilização de meios mecânicos e manuais) Mapa I.3b Carta de declives II (risco de incêndio) Mapa I.3c Carta de declives III (risco de erosão) Mapa I.4a Carta de exposição de vertentes de Carrazeda de Ansiães Mapa I.5a Carta de tipo de solos presente no concelho de Carrazeda de Ansiães Mapa I.5b Carta de aptidão florestal do concelho de Carrazeda de Ansiães Mapa I.6a Carta das sub-bacias hidrográficas existentes em Carrazeda de Ansiães Mapa II.1a Rede climatológica considerada em Carrazeda de Ansiães Mapa III.2a Variação relativa da população residente ( ) em Carrazeda de Ansiães...52 Mapa III.2b População residente (1991 e2001) e densidade populacional (2001) em Carrazeda de Ansiães Mapa III.4a Carta do índice de envelhecimento ( ) e sua evolução em Carrazeda de Ansiães Mapa III.4b Carta do índice de juventude ( ) e sua evolução em Carrazeda de Ansiães Mapa IV.1.1.a Ocupação do solo (1990 e 2000) no Núcleo Florestal do Douro Mapa IV.1.2a Carta de ocupação do solo (2006) em Carrazeda de Ansiães Mapa IV.1.2b Alterações do uso do solo entre 1990 e 2006 em Carrazeda de Ansiães Mapa IV.2.1a Evolução dos povoamentos florestais entre 1990 e em Carrazeda de Ansiães Mapa IV.2.2a Evolução dos incultos entre 1990 e 2006 em Carrazeda de Ansiães Mapa IV.2.3a Carta de povoamentos florestais (2006) em Carrazeda de Ansiães Mapa IV.3.1a Variação relativa das áreas de SAU em Carrazeda de Ansiães Mapa IV.3.2a Variação relativa do nº de explorações de SAU em Carrazeda de Ansiães Mapa IV.3.3a Variação relativa da área de terra arável limpa em Carrazeda de Ansiães Mapa IV.3.3b Variação relativa da área de culturas permanentes em Carrazeda de Ansiães Mapa IV.5a Zonas de recreio florestal e caça existentes em Carrazeda de Ansiães Mapa IV.6a Distribuição espacial dos dias de festa, por freguesia Mapa V.1a Acessibilidades em Carrazeda de Ansiães Mapa V.2a Localização dos equipamentos de interesse para a florestas Mapa V.3a Localização das infra-estruturas de interesse para a florestas Mapa VI.3a Distribuição do nº de ocorrências por cada 100ha de área florestal em Carrazeda de Ansiães Mapa VI.3a Distribuição da área ardida (ha) por cada 100ha de área florestal em Carrazeda de Ansiães

6 Mapa VI.4a Índice de risco de incêndio histórico-geográfico em Carrazeda de Ansiães Mapa VI.5a Distribuição anual da área ardida entre 1990 e 2005 em Carrazeda de Ansiães Mapa VI.5b Distribuição anual da área ardida entre 2000 e 2005 em Carrazeda de Ansiães Mapa VI.5c Relação entre área ardida e declives em Carrazeda de Ansiães ÍNDICE DE GRÁFICOS/ QUADROS Quadro I.1a Distribuição da superfície total (ha) por freguesia Gráfico I.2a Distribuição da área (%) por classe hipsométrica Quadro I.2.3a Definição das classes utilizadas na elaboração dos mapas de declives Gráfico I.3a Área ocupada por classe de declive (utilização de meios mecânicos e manuais), em % Gráfico I.3b Área ocupada por classe de declive (risco de incêndio), em % Gráfico I.3c Área ocupada por classe de declive (risco de erosão), em % Quadro I.4a Reclassificação dos valores referentes à exposição de vertentes Gráfico I.4a Área ocupada por quadrante principal de exposição, em % Gráfico I.5a Tipo de solos Gráfico I.5b Distribuição da aptidão florestal, em % Quadro 1.2.6a Área das sub-bacias hidrográficas existentes em Carrazeda de Ansiães Quadro II.1a. Características das estações meteorológicas e postos udométricos utilizados Gráfico II.2a Distribuição da temperatura média mensal, na estação climatológica de Folgares, entre Gráfico II.2a Distribuição da temperatura média mínima e máxima, na estação meteorológica de Vila Real, entre Gráfico II.2c Distribuição da temperatura média mensal, na estação climatológica de Folgares em 2004, 2005 e Gráfico II.3a Distribuição dos valores de precipitação médios mensais, em Folgares, Fonte Longa e Vila Chã, entre Gráfico II.3b Distribuição dos valores de precipitação médios mensais, em Folgares, Fonte Longa e Vila Chã, entre 2004 a Gráfico II.4a Distribuição dos valores médios mensais de humidade relativa (6h, 12h e 18h), em Vila Real, entre Gráfico II.4b Distribuição dos valores médios mensais de humidade relativa em Folgares, entre 2004 a Gráfico II.5a Velocidade média anual dos ventos, por rumo Gráfico II.5b Frequência média anual dos ventos, por rumo Gráfico II.5c Velocidade média dos ventos, nos meses de Maio a Setembro (km/h) Gráfico II.5d - Frequência média dos ventos, nos Meses de Maio a Setembro (%) Gráfico II.6a Balanço hidrológico Gráfico II.7a Gráfico termopluviométrico de Folgares Quadro III.1a Alguns parâmetros demográficos no concelho de Carrazeda de Ansiães Gráfico III.3a Estrutura etária da população (1991 e 2001) Quadro III.4.a Índices de juventude e envelhecimento (1991 e 2001) Quadro IIII.5a Distribuição percentual da população activa por sectores de actividade em

7 Gráfico III.5a Distribuição percentual da população activa por sectores de actividade nos concelhos da NUT III Douro, em Quadro IV.1a Reclassificação da base de dados do COS Gráfico IV.1.1a Ocupação do solo em 1990 e 2000 (em ha) no Núcleo Florestal Douro Quadro IV.1.1a Variação de utilização do solo por tipologia, entre 1990 e 2000 (em ha) no Núcleo Florestal Douro Gráfico IV.1.1b - Ganhos e perdas por utilização do solo entre 1990 e 2000 (em ha) no Núcleo Florestal do Douro66 Gráfico IV.1.2a Distribuição de área (%) por classe de ocupação do Nível I entre 1990 e Quadro IV.1.2b Variação absoluta e relativa por classe de ocupação do Nível I Gráfico IV.1.2b Variação relativa por classe de ocupação do Nível I, por freguesia Quadro IV.1.2c Perdas e ganhos (em termos de área) por tipologias de uso do solo, entre 1990 e Gráfico IV.1.2c Perdas e ganhos (em termos de área) por tipologias de uso do solo entre 1990 e Gráfico IV.1.2d Distribuição de área (ha) por classe de ocupação do Nível I em 2006, em Carrazeda de Ansiães Gráfico IV.1.2e Percentagem de área ocupada por floresta por freguesia Gráfico IV.1.2f Percentagem de área ocupada por incultos por freguesia Gráfico IV.1.3a Relação entre aptidão florestal do solo e uso do solo Gráfico IV.2.1a Evolução da floresta no concelho entre 1990 e Gráfico IV.2.1b Variação da ocupação florestal entre 1990 e 2006 em Carrazeda de Ansiães...80 Gráfico IV.2.1c Distribuição da variação absoluta e relativa (ha e %) por densidade de coberto dos povoamentos florestais, entre 1990 e 2006, em Carrazeda de Ansiães Gráfico IV.2.2a Evolução das diferentes tipologias de incultos entre 1990 e Gráfico IV.2.3a Distribuição da área (%), por povoamento florestal, em Carrazeda de Ansiães (2006) Gráfico IV.2.3b Distribuição da área (%) do tipo de estrato arbustivo e herbáceo presente nos espaços florestais em Carrazeda de Ansiães Quadro IV.3.1a Variação da área de SAU, entre 1989 e 1999 (%) Gráfico IV.3.1a Variação da área de SAU, entre 1989 e 1999 (%) Quadro IV.3.2a Variação do número de explorações agrícolas ( ) Gráfico IV.3.2a Variação do número de explorações agrícolas ( ) Quadro IV.3.3a Variação da utilização da terra Gráfico IV.3.3a Variação de área de terra arável Limpa ( ) Gráfico IV.3.3b Variação de Área de Culturas Permanentes ( ) Gráfico IV.3.3c Variação de Área de Culturas Sob-Coberto de Matas e Florestas ( ) Quadro IV.3.4a Variação do efectivo animal (%) Gráfico IV.3.4a Variação do efectivo de bovinos ( ) Gráfico IV.3.4b Variação do efectivo de suínos ( ) Gráfico IV.3.4c Variação do efectivo de ovinos ( ) Gráfico IV.3.4d Variação do efectivo de Caprinos ( ) Quadro IV.3.4b Efectivo animal em 1989 e Gráfico IV.3.4e Variação do número de bovinos ( ) Gráfico Iv.3.4f Variação do número de suínos ( ) Gráfico IV.3.4g Variação do número de ovinos ( ) Gráfico IV.3.4h Variação do número de caprinos ( ) Quadro IV.3.4c Efectivo Animal ( ) Foto 1 - Parque de Merendas em Vilarinho da Castanheira Foto 2 Parque de Merendas em Fonte Longa

8 Gráfico IV.6a Número de dias de festas em Carrazeda de Ansiães Quadro IV.8a Principais artigos do regulamento do PDM relativo ao sector florestal Foto 3 Carrazeda de Ansiães (Pirotecnia) Foto 4 Belver (Pirotecnia) Quadro VI.1a Enquadramento do número de ocorrências e área ardida entre 1980 e 2005, em Portugal Continental, Núcleo Florestal do Douro e Carrazeda de Ansiães Gráfico VI.a Distribuição do número de ocorrências totais nos concelhos do Núcleo Florestal Douro entre 1980 e Gráfico VI.1b Distribuição da área ardida total nos concelhos do Núcleo Florestal Douro entre 1980 e Gráfico VI.1c Evolução do número de ocorrências nos concelhos do Núcleo Florestal Douro ( ) Quadro VI.1b Distribuição da média de ocorrências entre 1980 e 2005, por concelhos do Núcleo Florestal do Douro119 Gráfico VI.1d Evolução da área ardida total nos concelhos do Núcleo Florestal Douro ( ) GráficoVI.2a Distribuição do número de ocorrências por freguesia entre 1999 e Gráfico VI.2b Distribuição da área ardida por freguesia entre 1999 e Gráfico VI.2c Distribuição da área ardida por tipologia de povoamento, por freguesia entre 1999 e Gráfico VI.2d Evolução da área ardida por tipologia de povoamento entre 1999 e Gráfico VI.2e Evolução do numero de ocorrências entre 1999 e Quadro VI.4a Classes do índice de risco histórico-geográfico e seus valores limite Quadro VI.5a Número de incêndios e área ardida por ano Gráfico VI.5a Distribuição da área ardida cartografada por freguesia (em ha) Quadro VII.1a Financiamento candidatado à medida Agris, sub-acção 3.4, em Quadro VII.1b Financiamento candidatado à medida Agris, sub-acçã 3.4, em Quadro VII.2a Distribuição dos montantes financeiros e espaço florestal intervencionado, por freguesia, no programa de financiamento PDF/PAMAF Quadro VII.2b Distribuição dos montantes financeiros e espaço florestal intervencionado, por freguesia, no programa de financiamento Regulamento (CEE) 2080/ Quadro VII.2c Distribuição dos montantes financeiros e espaço florestal intervencionado, por freguesia, no programa de financiamento Agro-Medida Quadro VII.2d Distribuição dos montantes financeiros e espaço florestal intervencionado, por freguesia, no programa de financiamento Ruris-Florestação de Terras Agrícolas

9 INTRODUÇÃO A floresta é um recurso natural que tem vindo a sofrer pressões ao longo dos tempos de diversas índoles. O factor que mais interferência tem causado são os incêndios florestais, responsáveis por modificações profundas no ecossistema florestal, na paisagem e nas economias que lhe estão associadas. A actualização do quadro legislativo referente a este fenómeno tornou-se evidente aquando dos grandes incêndios que deflagram em 2003 e Essa actualização passou pela revogação de alguns conteúdos do Decreto-regulamentar nº 55/81 de 18 de Dezembro e pelo surgimento do Decreto-lei nº 156/2004 de 30 de Junho que também já revogado pelo Decreto-lei nº 124/2006 de 28 de Junho. Este último é um diploma abrangente que pretende reunir diversas matérias relativas à defesa da floresta contra incêndios definindo medidas e acções orientadoras que deverão ser desenvolvidas no âmbito do Sistema Nacional de Prevenção e Protecção da Floresta Contra Incêndios. O surgimento dos Planos Municipais de Defesa da Floresta tem como base esse diploma, vindo substituir os Planos Municipais de Intervenção na Floresta (PMIF) impostos pelo Decreto-lei nº 423/93 de 31 de Dezembro. O concelho de Carrazeda de Ansiães possui cerca de hectares de espaços considerados como florestais representando cerca de 62% da área total do concelho. Por isso, torna-se premente a aposta na elaboração de planos desta natureza de forma a responder eficazmente no âmbito das diversas vertentes de actuação no que concerne à floresta, nomeadamente, prevenção, vigilância, detecção, combate, rescaldo e vigilância pós-incendio e fiscalização. Como tal, o objectivo deste trabalho é o de dotar o município de um instrumento/ferramenta de apoio nas questões relacionadas com a temática da protecção da floresta contra incêndios, seja na vertente de gestão de infra-estruturas como na definição de áreas críticas, estabelecimento de prioridades de defesa, entre outros. A estrutura do trabalho está dividida em duas partes: o o Caderno I Plano de Acção;. O primeiro documento deste plano coincide com o, onde foi realizada uma caracterização e análise de diversas componentes que estão relacionadas com a temática florestal. A maioria da informação tem como ferramenta de apoio um Sistema de Informação Geográfico (SIG), onde toda a informação recolhida foi compilada e utilizada para a realização de algumas análises espaciais, nomeadamente, na elaboração da carta de risco de incêndio florestal e carta de valor ecológico. 9

10 METODOLOGIA E FONTES Em termos de execução, este trabalho dividiu-se em duas partes principais: o o Trabalho de campo: consistiu na actualização das infra-estruturas florestais com recurso a um GPS (Global Position System) e à verificação das manchas de ocupação do solo; Trabalho de gabinete: consistiu na produção de um relatório elaborado com base na informação recolhida no trabalho de campo e na recolha de toda a informação, em diversas fontes, que constitui matéria de caracterização do concelho (elaboração de relatórios e produção de cartografia temática). As fontes utilizadas foram das mais diversas índoles: CARTOGRÁFICAS: o Altimetria: curvas de nível com intervalo de 10 m e os pontos cotados, à escala 1/10.000, Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana; o Carta de Solos e Aptidão da Terra para Agricultura do Nordeste Transmontano, escala 1/ , UTAD, 2003; o o o o o Cartografia 1/ do concelho de Carrazeda de Ansiães, Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana; Fotografia aérea em cor verdadeira, rasterizada e ortorectificada, à escala de voo 1/37.000, com resolução de 0,5m no terreno e sistema de coordenadas Lisboa Hayford Gauss IPCC, Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana; Carta de Ocupação do Solo (CNIG, 1991), à escala 1/ e sistema de coordenadas Lisboa Hayford Gauss IGEOE; Folhas 103, 104, 116, 117, 128 e 129 da Carta Militar de Portugal, série M888, em formato digital (IGEOE, 1998), à escala 1/ e sistema de coordenadas Lisboa Hayford Gauss IGEOE; Cartografia das áreas ardidas no concelho de Carrazeda de Ansiães, referentes ao período de 1990 e 2005, Direcção Geral dos Recursos Florestais. 10

11 DADOS: o o o Normais climatológicas referentes à estação meteorológica de Vila Real e de Moimenta da Beira (1961/1990), do Instituto de Meteorologia; Dados climatológicos referentes à estação meteorológica de Folgares (1961/1990), Instituto da Água; Dados dos incêndios florestais referentes ao período entre 1980 e 2005, da Direcção Geral dos Recursos Florestais; o Recenseamento Geral da População, do INE, referente aos anos de 1991 e 2001; o Recenseamentos Gerais da Agricultura ( ), do INE. EQUIPA TÉCNICA A elaboração deste documento é da autoria da Comissão Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios (CMDFCI) do Município de Carrazeda de Ansiães tendo tido o acompanhamento técnico da empresa GeoAtributo CIPOT, Lda para a preparação, recolha, tratamento e organização de toda a informação que deu origem ao PMDFCI de Carrazeda de Ansiães. A equipa técnica da GeoAtributo CIPOT, Lda realizou sempre o trabalho em parceira com o Gabinete Técnico Florestal do concelho que serviu de ponto de referência e comunicação com o município e os diferentes elementos da CMDFCI. Desta forma, os elementos da equipa técnica da GeoAtributo CIPOT, Lda que trabalharam neste documento foram os seguintes: o o o o o o Bruno Cardoso (Geógrafo); Filipe Oliveira (Engenheiro Florestal); Maria João Gonçalves (Geógrafa); Marta Oliveira (Geógrafa); Marta Matos (Geógrafa); Ricardo Almendra (Técnico Especialista em Sistema de Informação Geográfica). 11

12 I. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA I.1.ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO DO CONCELHO DE CARRAZEDA DE ANSIÃES O concelho de Carrazeda de Ansiães está inserido na NUT III Douro, pertencendo, em termos florestais, à Circunscrição Florestal do Norte Núcleo Florestal do Douro. Tem como concelhos vizinhos Mirandela e Murça a Norte e Alijó a Noroeste separados pelo rio Tua, S. João da Pesqueira a Sudoeste e Vila Nova de Foz Côa a Sul separados pelo rio Douro, Torre de Moncorvo a Sudeste e Vila Flor a Nordeste. (mapa I.1a). Em termos de área perfaz um total de cerca hectares distribuídos por 19 freguesias. Analisando a distribuição da superfície total (em ha) por freguesia através do quadro e mapa I.1a verifica-se que as unidades administrativas com maior área localizam-se na parte Sul sendo que as três com área superior a 2.000ha correspondem a Linhares, Vilarinho da Castanheira e Seixo de Ansiães (por ordem de crescente de superfície). Quadro I.1a Distribuição da superfície total (ha) por freguesia Freguesia Superfície total (ha) Ribalonga 704,0 Selores 762,0 Carrazeda de Ansiães 896,1 Mogo de Malta 941,2 Belver 1039,5 Parambos 1117,6 Zedes 1119,7 Amedo 1223,2 Fonte Longa 1333,1 Castanheiro 1366,5 Lavandeira 1401,0 Pereiros 1470,2 Beira Grande 1476,5 Marzagão 1622,1 Pinhal do Norte 1681,6 Pombal 1682,1 Seixo de Ansiães 2399,4 Vilarinho da Castanheira 2825,8 Linhares 2864,3 12

13 Mapa I.1a Enquadramento geográfico do concelho de Carrazeda de Ansiães 13

14 I.2. ALTITUDE E RELEVO A análise da variável relevo constitui um factor essencial para a definição de unidades territoriais com vista à determinação de aptidões, capacidades e potencialidades para todas as utilizações e funções úteis para o Homem. De acordo com Cancela d Abreu (1989), a definição dessas unidades territoriais deve-se à sua influência sobre uma boa parte dos elementos e processos fundamentais do sistema biofísico (clima, sistema hídrico, solo, usos e funções, etc.). Este pressuposto é aplicável à floresta, uma vez que a altitude condiciona a aptidão das espécies florestais juntamente com outras variáveis, tais como, o clima e os solos, entre outros. Para além disso, a altitude é importante nas questões relacionadas com os incêndios florestais, nomeadamente na prevenção e combate em virtude do comportamento do fogo no que concerne à rarefaçao do oxigénio a partir de determinadas altitudes, logo, a uma diminuição do risco de incêndio em áreas inseridas em altitudes superiores a 900 metros. No que diz respeito à prevenção, por exemplo, a existência (ou não) de obstáculos naturais é um factor a ter em conta na localização de um posto de vigia. Relativamente ao combate, a orografia associada a factores climáticos poderá contribuir para uma progressão rápida do fenómeno. De forma a caracterizar o território em análise e perceber a influência do relevo na floresta foi elaborado um modelo digital do terreno (MDT), utilizando curvas de nível com intervalo de 10m e os pontos cotados cedidos pelo município à escala 1/ Posteriormente, o MDT foi reclassificado com o objectivo de produzir uma carta hipsométrica tendo como base as classes observadas no mapa I.2a. Uma vez que a variável altitude constitui uns dos critérios a considerar na elaboração da carta de risco de incêndio florestal, decidiu-se incluir as classes ponderadas para o risco de incêndio na carta hipsométrica, isto é, ó valor de 375 metros e de 900 metros. O concelho em análise está inserido numa região de transição da região do Douro, na Terra Quente Transmontana e a na Terra Fria de Planalto sendo, desta forma, marcado pelos contrastes paisagísticos, onde se podem observar duas tipologias principais de morfologias: planaltos extensos e encostas declivosas devido à passagem dos rios Douro e Tua. O mapa seguinte (mapa I.2a) mostra a variação da altitude no concelho de Carrazeda de Ansiães. O ponto mais baixo, situado aos 80 metros, localiza-se na confluência do rio Tua com o rio Douro, e o mais alto, com 898 metros, na Srª da Graça, localizada a Norte da sede do concelho. 14

15 Mapa I.2a Carta hipsométrica de Carrazeda de Ansiães 15

16 A amplitude altimétrica superior a 800 metros é o resultado do entalhe vigoroso da rede hidrográfica. Assim, de uma superfície inicial a rondar os 900 metros, correspondente a um prolongamento da Meseta Ibérica, observa-se o entalhe marcado por diversas ribeiras e rios, que degradam bastante a superfície inicial, surgindo uma paisagem de montanha média, com vertentes muito inclinadas (Medeiros, C. et al., 2005). Este entalhe é particularmente evidente ao longo das ribeiras da Uceira, Ferradosa e Cabreira, para o que contribui o substrato granítico, que permite que as vertentes recuem paralelas a si mesmas, mantendo o declive. O traçado rectilíneo destas ribeiras, com orientação NNE-SSW, fica a dever-se a uma série de vales de fractura, que se reconhecem pelo paralelismo dos alinhamentos dos rios, por troços de cursos de água que seguem a mesma direcção (Daveau, S. et al., 1994). Em termos gerais, a altitude aumenta a partir dos cursos de água principais (Douro e Tua) em direcção à parte central do concelho. Estas áreas de maior altitude, a nível morfológico, correspondem a planaltos que integram a Terra Fria de Planalto. Analisando a distribuição da área ocupada por classe hipsométrica (gráfico I.2.a), verifica-se que a percentagem de área ocupada aumenta até à classe dos 625 a 750 metros, sendo que 36,9 % do território se localiza neste limiar altimétrico. A partir dos 750 metros, a representação é bastante inferior, ficando-se abaixo dos 13,8 %, valor que é apenas superior aos residuais 2,2 % de área ocupada pela classe inferior a 150 metros. Gráfico I.2a Distribuição da área (%) por classe hipsométrica ,9 Área (%) ,5 15,4 17,1 13, ,2 < Classe hipsométrica (metros) Relacionando as características altimétricas e morfológicas de Carrazeda de Ansiães com o objectivo deste plano, isto é, defesa da floresta contra incêndios, um conjunto de considerações poderão ser feitas. A primeira diz respeito à morfologia do território, ou seja, a existência de vales apertados, característicos da região do Douro, contribui para o aumento do risco de incêndio e, simultaneamente, dificulta o combate através do uso de meios terrestres. Ainda relacionado com a morfologia temos as questões ligadas à vigilância e detecção fixa principalmente nas áreas de vales encaixados. Esta situação reflecte-se na visibilidade de áreas que, por si só, apresentam vulnerabilidade quanto às características naturais. Outra consideração tem a ver com a altitude, isto é, regra geral os valores de precipitação apresentam uma variação proporcional. Em Carrazeda de Ansiães essa situação ocorre na área dos planaltos (que apresenta as maiores altitudes 16

17 do concelho), originando diferenças no tipo do coberto vegetal que potencialmente poderão apresentar índices de humidade mais elevados. I.3. DECLIVES A importância da caracterização e análise desta variável geofísica repercute-se nas condicionantes positivas e negativas para usos e funções existentes ou previstos no território (riscos de erosão, drenagem hídrica e atmosférica, implantação de estruturas e infra-estruturas, trabalho de maquinaria diversa, sistemas agrícolas e florestais, etc.) Cancela d Abreu (1989). No âmbito do objectivo deste documento, esta variável deverá ser abordada e analisada de acordo com três aspectos que estão relacionados com a área florestal: 1. Mecanização: a sua influência deverá ser entendida numa perspectiva da rentabilidade económica através da produção florestal bem como na perspectiva directamente relacionada com a prevenção de incêndios através de operações florestais de redução de combustível e construção e/ou beneficiação de infra-estruturas florestais. Isto porque a utilização de meios mecânicos torna-se impossível a partir de um determinado limiar, que segundo alguns autores (Louro et al, 2002), para maioria das operações coincide com os 35% de inclinação; 2. Incêndios florestais: constitui um factor muito importante a ter em conta na altura da progressão de um incêndio florestal, pois quanto mais abrupto for o declive, maior será a velocidade de um fogo ascendente de encosta e o comprimento da sua chama (Macedo e Sardinha, 1993). Este factor associado à carga combustível aumenta o risco de incêndio. Para além disso, o combate aos fogos fica dificultado, pois o rendimento do pessoal diminui com o aumento do declive. As classes utilizadas neste cartograma correspondem às que, numa fase posterior, vão ser adoptadas para a produção da Carta de Risco de Incêndio Estrutural; 3. Erosão: os declives constituem um dos factores directamente relacionados com a erosão. O ICONA 1 (in Alonso, M. et al., 2004) apresenta uma classificação de declives que faz parte da definição dos estados erosivos de um determinando local. No quadro seguinte encontram-se elencadas as classes de declive associadas a cada um dos aspectos referidos: 1 ICONA - Instituto de Conservação da Natureza em Espanha 17

18 Quadro I.2.3a Definição das classes utilizadas na elaboração dos mapas de declives Mecanização (1) < 8% corresponde à classe de declives onde a mobilização do solo não tem qualquer restrição [8-12%[ a intervenção mecânica deve somente ser realizada segundo as curvas de nível [12-35%[ limite máximo para efectuar operações com meios mecânicos [35-60%[ limite máximo em que se podem efectuar operações manuais > 60% limite a partir do qual nenhuma operação é exequível e/ou aconselhável de ser realizada Incêndios florestais (2) < 12% Menor [12-40%[ > 40% Maior Risco Erosão (3) < 12% [12-18%[ [18-24%[ [24-35%[ [35-60%[ > 60% Menor Maior Risco Fontes: (1) Louro et al. (2002); (2) IGP (2004); (3) Alonso, M. et al. (2004) De seguida iremos proceder à análise individual de cada um dos três aspectos referidos anteriormente. O mapa I.3a é relativo à utilização de meios manuais ou mecânicos condicionado pelos declives. A primeira impressão diz-nos que os declives inferiores a 8% situam-se, em geral, no centro do concelho, sendo que, à medida que nos aproximamos da periferia, e principalmente nos vales do Tua e do Douro, surgem os declives mais elevados. É, então, na zona central, que as operações mecânicas se encontram mais facilitadas. 18

19 Mapa I.3a Carta de declives I (utilização de meios mecânicos e manuais) 19

20 Os declives superiores a 60%, que impedem qualquer tipo de operação, encontram-se localizados não só nos vales dos rios supracitados mas também ao longo da ribeira da Uceira, ribeira da Ferradosa e ribeira da Cabreira. No gráfico seguinte (gráfico I.3a) pode ver-se a área ocupada por cada uma das classes. Gráfico I.3a Área ocupada por classe de declive (utilização de meios mecânicos e manuais), em % 25% 8% Os declives inferiores a 8% ocupam 18,3% da área total do concelho. A classe com maior expressão é a que compreende declives entre os 12% e 35%; limiar até ao qual são possíveis operações mecânicas, ocupando pouco menos de metade da área total (40,1%). 40% 9% 18% Em 24,8% da área apenas são possíveis operações manuais e em 7,9% não é possível realizar qualquer espécie de operação dentro dos limites de segurança. Declives (%) < > 60 Relativamente à relação entre os declives e o risco de incêndio florestal, a situação é comprovada pelo mapa I.3b. Os declives superiores 40 % têm uma localização muito específica, ou seja, concentram-se nos vales mais encaixados considerando-se, desta forma, essas áreas como as que apresentam maior risco. Por sua vez, as manchas que correspondem às classes de declives mais baixas localizam-se, maioritariamente, na parte central, correspondendo ao planalto de Carrazeda de Ansiães. Gráfico I.3b Área ocupada por classe de declive (risco de incêndio), em % No gráfico I.3b está representada a expressão espacial de cada uma das classes. A classe com maior efectivo é a dos declives entre os 12 a 40%, com 57 % de área ocupada. As 21% duas classes extremas(<12% e >40%) têm ocupações semelhantes, 22% e 21%, respectivamente. 57% 22% Declives (%) < > 40 20

21 Mapa I.3b Carta de declives II (risco de incêndio) 21

22 Por fim o risco erosivo associado aos declives, encontra-se expresso no mapa I.3c. A parte central (correspondente aos planaltos de Carrazeda de Ansiães) é a que apresenta a quase totalidade dos declives inferiores a 12%, enquanto que nas encostas dos rios Tua e Douro e da Ribeira da Uceira é possível encontrar os declives superiores a 60%. Através do gráfico I.3c verifica-se que os declives inferiores a 12% são a classe com maior expressão, ocupando uma área de 27 %. A classe que aparece de seguida, com 25 % de área ocupada, corresponde aos declives compreendidos entre os 35% e os 60%, o que poderá acarretar consequência ao nível da erosão e aos processos a ela associados. A classe com menos expressão (8 %) é a dos declives superiores a 60%. Gráfico I.3c Área ocupada por classe de declive (risco de erosão), em % 25% 17% 8% 11% 12% 27% Declives (%) < >60 22

23 Mapa I.3c Carta de declives III (risco de erosão) 23

24 Tendo em consideração as diferentes classificações adoptadas para a variável dos declives percebemos que ao nível do risco de incêndio observa-se uma concentração espacial das áreas com maior coeficiente de risco, mais concretamente, nas vertentes junto aos rios Douro e Tua e nas vertentes dos vales das ribeiras Uceira e Ferradosa a Sul e Cabreira a Norte, na freguesia de Mogo da Malta. Nestas mesmas áreas, os declives revelam-se um forte condicionante ao uso de maquinaria tanto no que concerne ao melhoramento da rede regional de defesa da floresta contra incêndio, bem como no combate a incêndios. Por sua vez, relação entre declives e risco de erosão torna-se importante nas questões ligadas aos incêndios florestais, actuando de uma forma indirecta, ou seja, o facto das áreas que apresentam um coeficiente de risco de incêndio elevado, uma vez que a sua propagação torna-se mais rápida e de difícil combate, faz com que estas, após a ocorrência de um fogo, apresentem um risco de erosão acrescido. Essas situações terão tendência a ocorrer com maior probabilidade (isto se deflagrar um incêndio) em quase todo o concelho, à excepção da área de planaltos. Desta forma, são áreas que apresentam uma sensibilidade ecológica elevada uma vez que a gestão dos combustíveis deverá ser feita tendo em consideração o risco de erosão e, consequentemente, conservação de ecossistemas. I.4. EXPOSIÇÃO DE VERTENTES A orientação das encostas reveste-se de uma certa importância na temática florestal, pois as diversas exposições das vertentes ao sol geram diferentes microclimas, determinantes no conforto bioclimático e na natureza da vegetação espontânea ou das culturas instaladas (Magalhães, 2001). Paralelamente, a energia solar associada à exposição interfere na determinação do risco de incêndio florestal, uma vez que influencia o teor de humidade dos combustíveis vegetais existentes no local. Deste modo, as vertentes orientadas a Sul apresentam condições mais favoráveis à progressão de um incêndio, na medida em que os combustíveis sofrem maior dessecação e o ar é também mais seco devido à maior quantidade de radiação solar incidente (Silva e Páscoa, 2002). A relação entre a orientação das vertentes e os declives adquire uma importância maior do que a análise das variáveis isoladamente, uma vez que, associados às condições climáticas, influenciam positiva ou negativamente os processos vitais da vegetação e aumentam ou não o risco de incêndio. A esta relação dá-se o nome de insolação e é sabido que as vertentes expostas a Sul (no Hemisfério Norte), são as que recebem maior quantidade de radiação solar ao longo do ano, quanto maior for o declive. Pelo contrário, nas vertentes expostas a Norte o máximo regista-se, no Inverno, nas superfícies menos inclinadas e no Verão, nas paredes verticais, sendo que entre Setembro e Março as vertentes expostas a este quadrante praticamente não recebem radiação. As vertentes expostas a Oeste possuem valores de temperaturas do ar superiores às expostas a Este, pois, no primeiro tipo de vertentes verifica-se uma acumulação de radiação ao longo do dia, logo, ao aquecimento de massas, enquanto que, a nascente, a radiação das primeiras horas é gasta na evaporação do orvalho. 24

25 Deste modo, em termos cartográficos, a metodologia utilizada assentou na produção do cartograma referente à orientação das vertentes, tendo em consideração somente os quadrantes principais. Para tal, a sua elaboração teve como base o MDT produzido para a classificação dos declives e, posteriormente, reclassificado de acordo com os seguintes valores: Quadro I.4a Reclassificação dos valores referentes à exposição de vertentes Grau (º) Quadrante -1 a 0º Plano 1º a 45º e 315º a 360º Norte 45º a 135º Este 135º a 225º Sul 225º a 315º Oeste No mapa seguinte (mapa I.4a) pode observar-se a exposição solar das vertentes em Carrazeda de Ansiães. A rede hidrográfica é, novamente, a principal responsável pela orientação das vertentes. São perfeitamente notórias as manchas de exposição Este e Oeste ao longo dos principais vales: ribeiras de Ferradosa e Uceira e do ribeiro do Requeixo. As vertentes com exposição a Sul encontram-se distribuídas por todo o território não havendo um predomínio espacial. Relativamente às vertentes sombrias (Norte), apesar de serem manchas residuais comparativamente com os restantes quadrantes, têm uma localização mais concentrada nas freguesias de Pereiros, Pinhal do Norte, Castanheiro e Amedo. Gráfico I.4a Área ocupada por quadrante principal de exposição, em % 23% 33% 23% Orientação da vertente 6% 15% Plano Norte Este Sul Oeste Relativamente à distribuição dos quadrantes principais por área ocupada (gráfico I.4a) pode ver-se que predominam as vertentes do quadrante Oeste com 33% enquanto que as expostas a Sul e Este apresentam os mesmos valores de área ocupada (23% cada um). Por fim, as áreas com exposição a Norte representam somente 6% da área do concelho. Ao nível da defesa da floresta, uma vez que estamos perante um território com uma grande representação espacial de vertentes soalheiras, é necessário ter em atenção essas manchas uma vez que o risco de incêndio é mais elevado. Desta forma, deverá ser dada especial atenção, ao nível da gestão dos combustíveis, às áreas florestais e de incultos localizadas nesta tipologia de vertentes. 25

26 Mapa I.4a Carta de exposição de vertentes de Carrazeda de Ansiães 26

27 I.5. LITOLOGIA E SOLOS Poder-se-á definir o solo como um conjunto de unidades naturais que têm a sua génese na combinação do clima com a matéria viva que existe sobre a rocha-mãe, num determinado período de tempo e sobre determinadas condições morfológicas. Esta definição apresentada por Soil Survey Staff (1951) in Alonso, M. et al. (2004) está directamente ligada à sua acepção pedológica. O conhecimento do solo em termos pedológicos tem um papel importante uma vez que todas as actividades humanas assentam sobre esta superfície sólida. Deste modo, é essencial o seu estudo para se fundamentar determinadas opções de usos e funções, sejam ao nível urbanístico, ao nível agrícola/ florestal e mesmo de protecção, recuperação e regulação dos ecossistemas. A importância dos estudos pedológicos para a floresta centra-se na influência que esta variável tem nas plantas, no seu crescimento, adaptação e paralelamente na sua própria formação. Conhecendo as suas propriedades e relacionando-as com as características do meio, podem-se definir áreas com diferentes capacidades de uso, que estão relacionadas com a disponibilidade de nutrientes, relevo, profundidade, drenagem, pedregosidade, entre outros. Com este conhecimento poder-se-á planear a determinadas actividades de âmbito florestal, de forma eficiente sem que se prejudiquem os solos, esgotando os seus nutrientes e/ ou causando erosão/ degradação. Este planeamento está directamente ligado à utilização de maquinaria florestal em áreas que apresentem um grau de pedregosidade elevado, tornando inviável a sua utilização. Simultaneamente, a caracterização da aptidão do solo para o uso florestal, ao nível da prevenção, poderá constituir um elemento importante, quando associado com outras variáveis, no estabelecimento a médio/longo prazo, de politicas de ordenamento e gestão florestal através da escolha das espécies florestais adequadas às diferentes características pedológicas. De forma a se conseguir estabelecer essa relação, a informação utilizada faz parte da cartografia em formato vectorial, elaborada à escala 1/ , da autoria da Agroconsultores/Coba (1991), disponibilizada no site SCRIF (IGP) e da análise efectuada no Plano Regional de Ordenamento Florestal do Nordeste Transmontano (DGRF, 2006). De acordo com o documento supracitado, a maior Gráfico I.5a Tipo de solos parte da área do Núcleo Florestal do Douro tem como 1% 16% principal unidade pedológica os Leptossolos, situação idêntica ao concelho de Carrazeda de Ansiães onde, Antrossolos Cambissolos pela observação do gráfico I.5a, é possível constatar 20% Fluvissolos que 63% da área assenta sobre este tipo de solos. Leptossolos 63% Este tipo de solos são caracterizados pelas suas Urbano 0,3% limitações em profundidade, até 50 cm a partir da superfície, por rocha dura contínua, conferindo fraco suporte radicular, com consequências desfavoráveis na disponibilidade de água e nutrientes para plantas, o que constitui à partida uma limitação grave (DGRF, 2006). Das restantes unidades presentes destaca-se os Cambissolos 27

28 com 20% de área e os Antrossolos com 16%. Os primeiros correspondem a solos pouco evoluídos, de rochas não calcárias, na sua maioria assente sobre estrato granítico. Os antrossolos correspondem aos solos que sofreram modificações devido à acção humana. Na sua maioria assentam sobre rochas metassedimentares característicos da região do Douro. A distribuição espacial encontra-se no mapa seguinte (mapa I.5a). Pela sua observação é possível distinguir as áreas com forte intervenção do Homem (encostas do rio Tua e Douro), uma vez que é nesses locais que se encontram os Antrossolos. A pequena mancha de Fluvissolos está localizada na freguesia de Carrazeda de Ansiães enquanto que as manchas de Cambissolos encontram-se intercaladas no interior das manchas de Leptossolos distribuídas pelo concelho. Para a análise da aptidão dos solos, e segundo a informação disponível, só será caracterizada a sua aptidão não fazendo uma distinção quanto aos graus de limitações. Esta análise seria útil pois permitiria perceber as limitações associadas ao grau de pedregosidade aspecto importante na determinação de operações com recurso a maquinaria florestal. Desta forma, a caracterização irá incidir sobre a aptidão dos solos relativamente à actividade florestal e/ou silvo-pastoricia. Mais uma vez, as bases de referência foram a informação vectorial da Carta de Aptidão da Terra do Nordeste Transmontano, à escala 1/ , das folhas 10 e 11 (Agroconsultores/Coba, 1991) e a legenda existente no Plano Regional do Nordeste Transmontano (DGRF, 2006). Pela observação do mapa I.5b constata-se que os solos com aptidão florestal marginal são os predominantes, estando disseminados por todo o concelho, com intercalações resultantes das restantes classes (mapa I.2.5b). Os solos sem qualquer aptidão aparecem nos vales encaixados, nomeadamente ao longo do rio Douro e Tua e das ribeiras da Ferradosa e Uceira. Por sua vez, os solos com aptidão florestal moderada encontram-se dispersos por toda área concelhia, com uma incidência ligeiramente superior sobre a parte Norte. Gráfico I.5b Distribuição da aptidão florestal, em % 23% 60% 17% Floresta moderada Floresta marginal Sem aptidão Quanto à distribuição dos valores de área (gráfico I.5b) é evidente o predomínio das áreas com aptidão marginal (60%) uma vez que este tipo de solos apresenta um valor superior à soma de todos os restantes. Seguem-se os solos sem aptidão florestal, que representam 23% da área do concelho, e os solos com aptidão florestal moderada, representando estes últimos 17%. A aptidão florestal no concelho é, como fica demonstrado, bastante fraca, graças à combinação de diversos factores, tais como o tipo de solo e os declives existentes, factor que poderá condicionar tanto o tipo de espécies florestais apropriadas bem como o modo de intervenção. 28

29 Mapa I.5a Carta de tipo de solos presente no concelho de Carrazeda de Ansiães 29

30 Mapa I.5b Carta de aptidão florestal do concelho de Carrazeda de Ansiães 30

31 Face à caracterização efectuada anteriormente, e tendo em consideração o objectivo deste documento, depreende-se que a existência de manchas que não apresentam nenhuma aptidão e a maioria apresenta uma aptidão florestal marginal, poderá ser um factor do abandono desta actividade económica, podendo contribuir para o aumento das áreas de incultos. O PROF desta região recomenda que as áreas com fraca aptidão florestal se mantenham com o objectivo de protecção não recomendando arborizações a larga escala, uma vez que é necessário fomentar a formação de solo. Desta forma depreende-se que a escolha das espécies florestais deverá ter em consideração tanto este aspecto bem como a inflamabilidade das mesmas. Nas vertentes junto aos rios Douro e Tua, onde a vinha assume uma grande importância, o mesmo documento recomenda que se realizem arborizações com o objectivo de controlar os efeitos da erosão do solo. De forma a minimizar os efeitos deste fenómeno recomenda-se que antes da plantação sejam feitas mobilizações profundas com o objectivo de descompactar e desagregar da rocha ou do material em alteração e aprofundar o solo. A esta técnica de preparação de terrenos deverá estar associada a armação do mesmo com o intuito de diminuir o risco de erosão e aproveitar melhor a água. Todas estas recomendações deverão ser tidas em consideração aquando da construção e manutenção das faixas de gestão de combustível de modo a que essas operações de redução de combustível sejam realizadas tendo em consideração tanto o seu principal objectivo, que é a redução do risco de ignição, bem como a preservação e conservação dos solos. 31

32 I.6. HIDROGRAFIA Os sistemas fluviais estão sujeitos a instabilidades associadas à modificação contínua das suas características físicas, e em particular da sua geometria, em consequência da acção do escoamento. Essas consequências são a erosão, transporte e deposição dos sedimentos, resistência aos escoamentos fluviais e o condicionamento das situações de cheias, secas e poluição, a que estão frequentemente associados impactes económicos, sociais e ambientais significativos devido à intensa acção do Homem sobre este tipo de ecossistema. É neste contexto que a caracterização desta variável se demonstra essencial, uma vez que o ecossistema florestal produz, de uma forma indirecta na maioria das situações, efeitos sobre a água, através do aumento da disponibilidade hídrica, redução da erosão, entre outros aspectos. O estudo desta variável irá passar pela caracterização da hidrografia existente bem como pela definição das principais sub-bacias que, numa fase posterior, irá servir de base para a elaboração de propostas, nomeadamente, irão auxiliar da definição dos sectores DFCI no que concerne à vigilância de primeira intervenção. Os elementos cartográficos utilizados correspondem à hidrografia da base cartográfica 1/ da propriedade da Associação Municípios da Terra Quente Transmontana (2005). O escoamento das águas no território de Carrazeda de Ansiães segue para três bacias hidrográficas (Douro, Tua e Sabor), sendo que duas delas, constituem os principais afluentes da margem direita do rio Douro. A bacia do rio Sabor é a que se encontra menos perceptível ao nível de linhas de festo incidindo sobre uma pequena parte do concelho, no limite entre Vila Flor e Torre de Moncorvo. Com base na informação altimétrica existente foram definidas 13 sub-bacias hidrográficas (mapa I.6a) existindo partes do território que não estão inseridas em nenhuma sub-bacia devido à inexistência de informação cartográfica que nos permitisse definir. Relativamente à sua denominação existem algumas sub-bacias para as quais não é possível arranjar uma designação. 32

33 Mapa I.6a Carta das sub-bacias hidrográficas existentes em Carrazeda de Ansiães 33

34 Desta forma, as bacias definidas apresentam dimensões diversas, como se pode observar pelas áreas díspares encontradas (quadro 1.6a). As sub-bacias com menor área correspondem a bacias que não têm designação uma vez que correspondem aos troços finais de diversas linhas de água que ai se juntam. Dentro das sub-bacias com denominação temos a de Ribalonga com menor área ( 90,5km 2 ), enquanto no extremo oposto se encontra a que drena a Ribeira Barrabaz (513,2km 2 ), drenando ambas para o rio Tua. Quadro 1.2.6a Área das sub-bacias hidrográficas existentes em Carrazeda de Ansiães Nome Área (ha) Nome Área (ha) Cabreira 250 Cibio 332,5 Barrabaz 513,2 Ferradosa 145,8 Verga 301,3 Coleja 105,2 Ribeiral 107,9 Sem nome 53,2 Ribalonga 90,5 Sem nome 18,1 Uceira 288,6 Sem nome 61,5 Carrapatosa 142,8 Relativamente à disponibilidade de água durante todo o ano, não é possível indicar quais os cursos/troços que apresentam essa característica. Os únicos que poderão ser mencionados, pelo facto de constituir cursos de água de importância nacional, são os rios Douro e Tua, podendo servir de referência potencial para o abastecimento dos meios aéreos bem como, em alguns locais, terrestres. 34

35 II. CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA O tempo pode ser definido como sendo o estado da atmosfera num determinado lugar e momento. Quanto ao clima, é consequência de um conjunto de condições atmosféricas que sucedem em determinada área, de forma típica e continuada ao longo de dado período de tempo. A análise do clima de um dado território é determinada por estatísticas de longo prazo (30 anos) de uma série de parâmetros que em climatologia se podem denominar por meteoros (precipitação, humidade, temperatura, vento, entre outros). O estudo do clima revela-se importante em temáticas relacionadas com os incêndios florestais e a sua prevenção uma vez que a eclosão, a progressão, o comportamento e os efeitos dos fogos estão dependentes dos diversos elementos climáticos: radiação solar, temperatura do ar ( ), humidade atmosférica, pluviosidade, regime geral do vento e ventos locais (Macedo e Sardinha, 1993). Para além do conhecimento do tipo de clima existente na área de estudo, cada vez mais se torna imprescindível obter informações das condições meteorológicas em tempo real e as respectivas previsões meteorológicas, com o objectivo de proceder a uma avaliação/definição do risco temporal de incêndio florestal. Estas condições são também um factor determinante na inflamibilidade do coberto vegetal, relacionado com o grau de humidade dos seus tecidos e no próprio comportamento do fogo. Os índices meteorológicos de risco de incêndio florestal baseiam-se em parâmetros meteorológicos que condicionam a inflamibilidade vegetal, tais como, a temperatura e a humidade do ar, a precipitação e o vento. Em cada momento e para um dado valor de humidade e de temperatura do ar, há um valor correspondente de percentagem de água no combustível vegetal. Deste modo, pode estimar-se de um modo aproximado o maior ou menor grau de secura da vegetação através de índices que integram diferentes parâmetros meteorológicos, que são observados nas estações meteorológicas em tempo real ou previstos por modelos numéricos de previsão. Este capitulo irá incidir somente sobre a análise climática do concelho num determinado período e amplitude temporal não deixando reflectir que cada vez mais se torna importante a recolha, compilação e tratamento de informação diária desta natureza com o objectivo de produzir índices meteorológicos de risco de incêndio. II.1. REDE CLIMATOLÓGICA Sempre que se pretende caracterizar um local, à escala do concelho, a recolha de dados das estações meteorológicas disponíveis, quer do Instituto de Meteorologia (IM) quer do Instituto da Água (INAG) deve ser feita de acordo com a melhor relação climática, por forma a que os meteoros correspondam, o melhor possível, à realidade do local que se pretende retratar. 35

36 As estações climatológicas que se encontram mais próximas de Carrazeda de Ansiães situam-se em Vila Real e Moimenta da Beira, locais que, para além de apresentarem ainda uma distância considerável em relação ao concelho, não estarão inseridas em pontos considerados os mais semelhantes. Desta forma, para a caracterização dos valores de temperatura média máxima e mínima, valores médios mensais de humidade relativa e frequência e velocidade média do vento utilizou-se as normais climatológicas oriundas da estação de Vila Real, para o período de , uma vez que é o local mais próximo que nos permite caracterizar estas variáveis. Relativamente aos valores médios mensais de temperatura e humidade relativa considerou-se a estação climatológica de Folgares, localizada no concelho de Vila Flor, da propriedade do Instituto da Água (INAG) por apresentar a localização mais próxima da área em estudo, consequentemente, com as características mais semelhantes. Para o parâmetro da precipitação média mensal utilizou-se a estação supracitada juntamente com os postos udométricos de Fonte Longa (localizado em Carrazeda de Ansiães) e Vila Chã (localizado no concelho de Alijó). O período de análise para os valores médios mensais corresponde ao período de Para a análise dos anos de 2004 a 2006 considerou-se a estação climatológica de Folgares para a temperatura, humidade relativa e precipitação sendo que para este último parâmetro também se acrescentou à analise os postos udométricos de Fonte Longa e Vila Chã. Para além deste meteoros inclui-se nestaa caracterização climática, a análise da evapotranspiração potencial e real com base nos valores médios oriundos da estação meteorológica de Vila Real. O objectivo desta análise está relacionado com a disponibilidade de água no solo que, consequentemente, tem ligação com o stress hídrico da vegetação, definição de índices de secura, logo, com uma conexão ao risco de incêndio. No quadro e mapa II.1a podemos observar o seu enquadramento geográfico bem como algumas das principais características. Quadro II.1a. Características das estações meteorológicas e postos udométricos utilizados Nome Altitude (m) Tipo de estação Proprietário Variáveis analisadas Período Folgares 710 Temperatura e precipitação média mensal Estação Instituto da Água climatológica Temperatura, precipitação e humidade relativa (valores 2004,2005 e 2006 mensais) Fonte Longa 836 Posto Precipitação média mensal Instituto da Água udométrico Precipitação mensal 2004,2005 e 2006 Vila Chã 770 Posto Precipitação média mensal Instituto da Água udométrico Precipitação mensal 2004,2005 e 2006 Temperatura média máxima e Vila Real 481 Evapotranspiração Estação Instituto mínima, humidade relativa (valores meteorológica Meteorologia médios mensais) e vento

37 Mapa II.1a Rede climatológica considerada em Carrazeda de Ansiães 37

38 II.2. TEMPERATURA Analisando a temperatura média mensal (gráfico II.2a) verifica-se que o valor mais elevado regista-se no mês de Agosto, com 21,2ºC, enquanto que o valor mais baixo ocorre no mês de Janeiro, com 4,2ºC. Os meses de Dezembro e Fevereiro apresentam temperaturas médias ainda bastante baixas, com 5ºC e 5,4ºC, respectivamente. Por sua vez, o mês de Julho é um dos dois meses com uma temperatura média superior a 20ºC. Gráfico II.2a Distribuição da temperatura média mensal, na estação climatológica de Folgares, entre T (ºC) Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Temperatura 4,2 5,4 7,7 10,1 13,4 17,6 20,9 21,2 18,6 13,8 8,3 5,0 Fonte: INAG No gráfico II.2b verificamos o comportamento das temperaturas médias mínima e máxima, sendo que, neste caso, os valores são retirados da estação de Vila Real, por falta de dados existentes no próprio concelho. Gráfico II.2a Distribuição da temperatura média mínima e máxima, na estação meteorológica de Vila Real, entre T (ºC) 10 0 Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez T Média Máxima 9,7 11,7 14,4 16,5 20,1 25,0 28,8 28,7 25,7 19,5 13,5 10,0 T Média Mínima 2,6 3,7 4,8 6,4 8,9 12,4 14,3 13,8 12,6 9,4 5,4 3,3 Fonte: Instituto Meteorologia

39 O comportamento geral é semelhante aos dados da temperatura média, ou seja, tanto a temperatura média máxima, como a temperatura média mínima, registam valores superiores nos meses de Verão e menores no Inverno. O valor de temperatura média máxima mais elevado verifica-se no mês de Julho, com 28,8ºC, seguido de perto pelo valor do mês de Agosto, com 28,7ºC. Estes valores permitem classificar esta área como Ambiente Estival Moderado a Quente (Medeiros, C. et al., 2005). O menor valor regista-se em Janeiro, com 9,7ºC, ao que se segue o mês de Dezembro, com 10ºC. Em relação às temperaturas mínimas médias, o valor mais baixo verifica-se em Janeiro (2,6ºC), sendo por isso considerado como tendo um Ambiente Invernal Fresco 2, enquanto que em Dezembro e Fevereiro também se registam valores bastante baixos, com 3,2ºC e 3,7ºC, respectivamente. Os valores mais altos observam-se em Julho e Agosto, com 14,3ºC e 13,8ºC. A amplitude térmica entre os máximos e mínimos médios acentua-se nos meses estivais, sendo superior a 14ºC em Julho e Agosto (14,5ºC e 14,9ºC), ao passo que em Dezembro e Janeiro é de apenas 6,7ºC e 7,1ºC, respectivamente. Relativamente ao período de 2004 a 2006 (gráfico II.2c) verifica-se que no ano de 2005 registaram-se três meses com valores temperatura superiores a 20ºC sendo Agosto o mês com valor mais elevado (22,4ºC). No último ano em análise (2006) é de salientar que foi em Julho que se observaram as temperaturas médias mais elevadas (22,4ºC), enquanto que Agosto só registou 20,9ºC. Um outro aspecto importante de referir é que Setembro apresenta temperaturas médias consideráveis (19,2ºC) o que deverá ser tido em consideração no que concerne ao alargamento do período de vigilância. Mais uma vez é perceptível as amplitudes térmicas anuais, sendo os meses de Inverno não ultrapassam os 7,5ºC. Gráfico II.2c Distribuição da temperatura média mensal, na estação climatológica de Folgares em 2004, 2005 e T (ºC) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez ,0 6,0 7,0 19,0 6,0 5, ,0 4,0 8,0 10,0 14,2 20,7 21,0 22,4 13,8 7,3 5, ,5 4,9 8,5 11,7 15,8 19,2 22,4 20,9 19,2 14,1 4,4 Fonte: Instituto da Água 2 Idem, ibidem 39

40 II.3. PRECIPITAÇÃO Tal como mencionado anteriormente, a análise da precipitação é feita de acordo com os valores médios mensais (do período entre 1961 e 1990) de três postos/estações que apresentam características mais próximas do regime de precipitação existente em Carrazeda de Ansiães. Desta forma, pela observação do gráfico II.3a constata-se que os meses de Julho e Agosto são os que apresentam os quantitativos de precipitação mais baixos, não chegando a ultrapassar os 15mm por mês em cada um dos postos/ estações. Por sua vez, um factor muito importante no que concerne a questões indirectamente relacionadas com os incêndios florestais, nomeadamente as consequências após a passagem de um incêndio florestal mais concretamente o agravamento do risco de erosão e do desencadear de movimentos de vertente, é o aumento (para o dobro ou mais) dos valores de precipitação nos meses após o período crítico (mais concretamente em Setembro e Outubro). Para além da necessidade de monitorizar estas situações, não é nestes meses que ocorrem os maiores quantitativos nos três locais analisados mas sim em Janeiro e Fevereiro sendo que é em Vila Chã que ocorrem os maiores valores (superior a 120mm). No posto udométrico localizado no interior de Carrazeda de Ansiães (Fonte Longa), os valores são sempre superiores a Folgares e inferiores a Vila Chã entre Setembro a Abril, para no período mais crítico registar valor inferiores aos observados na estação de Folgares. Gráfico II.3a Distribuição dos valores de precipitação médios mensais, em Folgares, Fonte Longa e Vila Chã, entre P (mm) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Folgares 79,6 87,3 50,5 57,8 58,9 48,6 14,0 9,3 30,3 65,2 75,1 78,3 Fonte Longa 103,1 100,8 66,1 69,4 56,7 47,0 13,2 9,1 34,2 78,2 96,2 95,0 Vila Chã 122,6 127,1 79,3 80,4 65,4 48,8 14,4 11,9 43,5 90,3 109,0 121,5 Fonte: Instituto da Água A distribuição dos quantitativos entre 2004 a 2006 nos mesmos locais pode ser observada no gráfico II.3b. Pela observação do gráfico destaca-se o mês de Outubro pois é o que regista os valores mais elevados de precipitação ao longo de um ano, sendo que os anos de 2004 e 2006 registaram valores acima dos 140mm em todos os locais 3. 3 Excepção de Vila Chã que não apresenta dados para o ano de

41 Relativamente aos meses de Verão, destaca-se o ano de 2004 pois em todos os locais se registou valores acima dos 50mm no mês de Agosto. Situação diferente ocorreu nos anos seguintes, no mesmo mês, uma vez que não se ultrapassou os 1,5mm em 2005 e os 25mm em Nos meses que antecedem a época mais crítica no que concerne ao combate a incêndios (Março a Maio), os quantitativos de precipitação apresentam uma maior constância, devendo desta forma, as intervenções relativas à preparação da fase Charlie, que em termos operacionais se estende de 1 de Julho a 30 de Setembro, terem em consideração estes períodos do ano de forma a se proceder a uma melhor gestão dos pontos de água para a primeira intervenção. 41

42 Gráfico II.3b Distribuição dos valores de precipitação médios mensais, em Folgares, Fonte Longa e Vila Chã, entre 2004 a P (mm) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Folgares (2004) 39,1 19,1 41,5 27,6 40,7 12,2 3,5 74,7 4,6 172,0 16,7 29,8 Fonte Longa (2004) 20,6 44,2 24,0 33,6 2,3 14,6 71,8 1,6 157,5 17,3 25,7 Vila Chã (2004) 50 40,4 20,8 28,5 0,1 2,3 52,2 8,5 172,4 13,7 27,9 Folgares (2005) 4,0 13,2 47,9 29,5 38,3 4,9 10,3 1,5 26,8 117,0 54,1 59,5 Fonte Longa (2005) 3,8 18,9 51,0 30,3 34,7 1,1 7,8 1,4 28,0 105,5 61,0 58,6 Vila Chã (2005) 4,3 18, ,2 18,8 5,7 5,1 1, ,1 61,6 70,7 Folgares (2006) 22,3 58,3 76,1 43,5 1,3 37,6 18,2 24,7 61,0 172,1 169,0 36,5 Fonte Longa (2006) 27,7 0 76,4 46,2 3,2 20,0 7,3 23,9 62,6 156,3 0 52,9 Vila Chã (2006) Fonte: Instituto da Água

43 II.4. HUMIDADE RELATIVA A importância da caracterização deste parâmetro meteorológico para as questões relacionadas com a DFCI deve-se ao facto do vapor de água ser um regulador da temperatura do ar e a humidade relativa 4 afecta a perda de humidade e calor pelas plantas, dependendo da quantidade de água evaporada e da sua velocidade de evaporação. Os valores médios de humidade relativa (às 12h e 18h) em Julho e Agosto apresentam percentagens muito baixas sendo inferiores a 50% baixando de valores médios diários a rondar os 80% às 6h (gráfico II.4a). Analisando o mesmo parâmetro, para os anos de 2004 a 2006 na estação de Folgares (gráfico II.4b), constata-se que o valor mais baixo registou-se em 2006, no mês de Agosto (41,5%). Em 2004, salienta-se os meses de Junho, Julho e Setembro pois registaram valores abaixo dos 60% de humidade relativa. Por sua vez, em 2005, entre Junho e Setembro, os valores foram sempre inferiores a 52%. Gráfico II.4a Distribuição dos valores médios mensais de humidade relativa (6h, 12h e 18h), em Vila Real, entre HR (%) Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 6 h h h Fonte: Instituto de Meteorologia 4 Difere do conceito de humidade e vapor de água pois representa a quantidade de vapor de água que o ar efectivamente contém, comparada com a quantidade máxima que conteria em condições de saturação, a dada temperatura e pressão (Macedo e Sardinha, 1991, p.348)

44 Gráfico II.4b Distribuição dos valores médios mensais de humidade relativa em Folgares, entre 2004 a 2006 HR (%) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez ,9 75,7 68,7 61,3 65,1 53,6 49,8 63,8 58,3 75,3 84,5 83, ,7 68,9 62,3 69,5 61,8 49,3 50,5 41,5 51,6 68,7 78,1 75, ,9 70,3 77,1 66,6 53,7 55,0 52,8 49,0 57,6 80,3 88,0 83,6 Fonte: Instituto da Água II.5. VENTOS Os dados existentes nas normais climatológicas (Instituto de Meteorologia) permitem a análise dos ventos tanto ao nível da velocidade como da frequência, por rumo. Esta caracterização será realizada em duas etapas. A primeira dá enfoque aos valores anuais e na segunda ter-se-ão em conta os valores referentes aos meses mais quentes do ano Maio a Setembro. Gráfico II.5a Velocidade média anual dos ventos, por rumo W NW SW N NE SE E Os quadrantes de Norte (9,8 km/h), Noroeste (11,1 km/h), Oeste (9,7 km/h) e Sudoeste (9,4 km/h), são os que apresentam uma velocidade média mais elevada ao longo do ano, como se observa no gráfico II.5a, enquanto que no extremo oposto se encontram os rumos de Sul e Sudeste, com velocidades médias de 6,8 km/h e 7 km/h, respectivamente. A diferença de velocidade média, entre rumos, é então de 4,3 km/h. S Fonte: Instituto de Meteorologia 44

45 A frequência média anual dos ventos, não apresenta um comportamento tão homogéneo como a velocidade, nem um paralelismo com esta. O rumo com maior frequência (gráfico II.5b) ao longo do ano é o Oeste, com 11,4%, seguindo-se o rumo Nordeste com 9,4%. A menor frequência observa-se para os rumos Norte e Sudeste, com apenas 4,2%, e 4,4%, respectivamente. A estes valores há ainda que juntar 37,4% de dias sem vento, ou seja, calmas. O comportamento dos ventos nos meses de Maio a Setembro, representado no gráfico II.5c, apresenta um comportamento entre rumos, quer quanto à velocidade como à frequência, semelhante. O rumo Sul é o que regista menor velocidade em todos estes meses, entre os 6 km/h e os 7 km/h. As velocidades superiores a 11 km/h apenas se encontram nos meses de Julho e Agosto. Os rumos Norte e Sudeste, seguindo a tendência anual, apresentam menor frequência de ventos, com valores até 6%. Gráfico II.5b Frequência média anual dos ventos, por rumo W NW SW N S NE SE E Fonte: Instituto de Meteorologia Há ainda que acrescer a estes números, a percentagem de calmas verificadas. Estas ascendem a 28,6% em Maio, 31,5% em Junho, 33% em Julho, 31,9% em Agosto e 39,3% em Setembro. Gráfico II.5c Velocidade média dos ventos, nos meses de Maio a Setembro (km/h) Setembro Agosto Julho Junho Maio N NE E SE S SW W NW Fonte: Instituto de Meteorologia 45

46 Gráfico II.5d - Frequência média dos ventos, nos Meses de Maio a Setembro (%) Setembro Agosto Julho Junho Maio N NE E SE S SW W NW 6,0-7,0 7,0-8,0 8,0-9,0 9,0-10,0 10,0-11,0 11,0-12,0 Fonte: Instituto de Meteorologia II.6. EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL E REAL A evapotranspiração depende de inúmeros factores, nomeadamente, temperatura, cobertura vegetal e não vegetal, vento, estado higrométrico do ar, radiação do ar (que depende da latitude, época do ano e nebulosidade), e finalmente, relevo (vertentes umbrias, solarengas, sotavento, barlavento), para além da influência exercida por factores como o movimento da água e a vegetação. A importância deste parâmetro é inquestionável devido à considerável influência que exerce sobre a vegetação: seu crescimento e distribuição. Em particular, a estimativa da evapotranspiração constitui a base de cálculo do balanço hídrico do solo que, segundo Macedo e Sardinha (1991) tem interesse na previsão de perigo de incêndio Segundo Thornthwait, a evapotranspiração é a quantidade de água necessária para a transpiração de um coberto vegetal numa zona com água suficiente. Ela pode ser potencial (ETP) quando se dá o máximo de evaporação que se produzirá numa superfície completamente coberta de vegetação e sem limites de abastecimento hídrico, ou real (ETR) quando está condicionada pelas disponibilidades de água (quando são suficientes ETP e ETR coincidem, quando há deficit hídrico a ETR é inferior à ETP). Assim, a ETP depende, em primeiro lugar, dos factores climáticos e só depois das características do solo e das plantas. Já a ETR depende dos anteriores acrescidos da humidade contida no solo. Quando o valor da evapotranspiração real (ETR) e potencial (ETP) são iguais, há uma situação de solo saturado. Pelo contrário, há deficit de água no solo quando o valor da ETP é superior ao da ETR, ou seja, quando se verificam perdas de água superiores à que entra. Tendo isto em conta, analisemos, então, o gráfico que se segue, baseado nos dados da estação climatológica de Folgares. 46

47 Gráfico II.6a Balanço hidrológico mm J F M A M J J A S O N D ETP ETR Precipitação Os meses com deficit de água no solo vão de Junho a Setembro (ETP>ETR). Esta característica do clima mediterrânico faz com que o risco de incêndio aumente nos meses estivais, pois como o solo não contêm água suficiente para o potencial desenvolvimento das plantas, estas entram em stress hídrico e consequente secura. O deficit de evaporação atinge os 95,7 mm em Agosto. A perda de água acumulada entre os meses em questão atinge os 339 mm em Setembro. Importa, antes de finalizar este capítulo, fazer uma pequena caracterização dos meses em destaque meses de Verão por serem os que reúnem as condições climatéricas que proporcionam um aumento do risco de incêndio. Assim sendo, em Junho prevalece o tipo de tempo que caracteriza o mês que o antecede, mas já se começa a fazer sentir os tipos de tempo estáveis do Verão. Este mês apresenta-se como o de passagem entre os valores médios registados no de Maio e os máximos registados no de Julho. Por sua vez, Julho e Agosto são meses que se destacam por conhecerem uma quase absoluta estabilidade dos tipos de tempo, em contraste com a variabilidade dos outros meses do ano 5. É, também, nesta altura do ano, que todos os valores climáticos anexos à precipitação e humidade apresentam registos mínimos. Setembro é, regra geral, um mês quente e seco de Verão, ainda que as temperaturas médias sejam menos elevadas que no mês que o antecede. As diferenças residem na instabilidade que começa a sentir-se, e que dá origem a tipos de tempo perturbado. A precipitação é superior à registada nos meses de Julho e Agosto. 5 in RIBEIRO, Orlando; LAUTENSACH, Herman; DAVEAU, Suzanne (1994), Geografia de Portugal; II O Ritmo Climático e a Paisagem, Edições João Sá da Costa, Lisboa, p

48 II.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisando o gráfico II.7a lê-se que o padrão de temperatura e precipitação em Carrazeda de Ansiães segue a tendência encontrada no resto do país. Assim sendo, os meses de Outono e Inverno são responsáveis pelos maiores quantitativos de precipitação e menores temperaturas, enquanto que os meses estivais apresentam um comportamento oposto, a saber: temperaturas mais elevadas e precipitação mínima. Gráfico II.7a Gráfico termopluviométrico de Folgares P (mm) T (ºC) J F M A M J J A S O N D 0 Precipitação Temperatura Fonte: Instituto da Água Desta forma podemos enquadrar o concelho de Carrazeda de Ansiães num clima de influência continental marcado pelos fortes contrastes climáticos. A fraca pluviosidade ao longo de um ano deve-se à sua posição geográfica, ou seja, os relevos minhotos funcionam como barreiras que travam a passagem do ar húmido e, consequentemente, a diminuição de quantitativos de precipitação. Segundo Medeiros, C. et al. (2005), a leste das montanhas do Minho e da barragem orográfica do Marão-Montemuro é o domínio da secura, mais acentuada ainda nos vales encaixados do Douro e dos seus afluentes (Côa, Sabor, Tua). Um outro aspecto importante a referir ainda relativamente a esta caracterização climática, prende-se com as ondas de calor, cada vez mais frequentes no território nacional. A ligação entre este fenómeno e os incêndios florestais deverá ser assumido com maior precaução pois as suas características passam, grosso modo, pela combinação de temperaturas elevadas e baixos teores de humidade relativa durante um período mínimo de dias. O facto de cada vez mais, durante um ano, se registarem vários fenómenos desta natureza, que por vezes assumem uma extensão temporal elevada, deverá constituir motivo de análise e preocupação no que concerne às acções DFCI. De acordo com o Instituto de Meteorologia registaram-se, desde 1981, no território nacional, cinco ondas de calor: 10 a 20 de Junho de 1981, 10 a 18 de Julho de 1991, 29 de Julho a 15 de Agosto de 2003, 30 de Maio a 11 de Junho de 2005 e 15 a 23 de Junho de Para este plano iremos destacar as mais recentes, isto é, as verificadas a partir do ano Desta forma, em 2003 ocorreu a onda de calor com maior duração desde 1941 e variou entre 16 e 17 dias nas regiões do interior Norte (onde Carrazeda de Ansiães está inserida), Centro e parte da região Sul, facto esse que se passou em Carrazeda de Ansiães 48

49 Tal como supracitado, no ano de 2005 registaram-se duas ondas de calor, entre o final de Maio e mês de Junho que se fizeram sentir no concelho durante um período entre 8 a 9 dias. Por fim, em 2006, registaram-se no território nacional cinco destes fenómenos térmicos extremos entre 24 de Maio e 9 de Setembro. Na região de Carrazeda de Ansiães, a primeira sentiu-se entre 24 de Maio e 8 de Junho com a duração de 6 dias sendo que no resto do território nacional prolongou-se até aos 16 dias. A segunda iniciou-se a 7 de Julho no Alentejo e estendeu-se ao resto do país sendo que em Carrazeda de Ansiães durou 6 a 7 dias. Por fim, a ultima onda de calor verificou-se entre a 27 de Agosto até ao dia 31 do mesmo mês tendo iniciado no Alentejo e com uma duração de 10 a 11 dias na região em análise. Face a estas características, e relacionando em termos de DFCI, constata-se que no concelho de Carrazeda de Ansiães as acções de combate deverão ser planeadas tendo em consideração os quantitativos de precipitação existentes, isto é, uma vez que no Verão os valores são muito reduzidos bem como os de humidade relativa, as acções de vigilância e primeira intervenção deverão ter um maior peso e reforçadas quando os índices de risco temporal de incêndio florestal forem elevados de modo a que a primeira intervenção seja eficaz. Por sua vez, um outro aspecto a ter em conta está relacionado com a concentração dos quantitativos de precipitação no fim do Verão e início do Outono. Este factor deverá ser tido em consideração tanto no que concerne à defesa das populações face ao acréscimo do risco de erosão nas áreas recentemente ardidas (que associado aos fortes declives e à presença de solos incipientes aumenta ainda mais essa perigosidade) bem como na planificação das acções de manutenção/construção das infra-estruturas florestais que deverá ter inicio no princípio de cada ano de modo a facilitar a execução dessas operações florestais. 49

50 III. CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO O objectivo final da divulgação e produção de informação estatística, relativa à demografia, é o de permitir traçar uma linha evolutiva que, para além de traduzir o grau de crescimento demográfico de determinada área geográfica, permita aferir do peso que a população exerce sobre o meio físico onde se insere. É esta dinâmica existente entre o meio e a população que interessa conhecer para poder sugerir medidas que permitam alcançar o tão desejado desenvolvimento sustentável da floresta bem como na definição e planeamento de acções de sensibilização e informação de acordo com as diferentes características da população. Os parâmetros analisados são: população residente e respectiva variação entre 1991 e 2001, densidade populacional, índice de juventude, índice de envelhecimento e estrutura etária da população (apenas para os dados relativos às freguesias). Não foram considerados os dados de 1981 uma vez que para um estudo desta natureza não se considerou essencial o estudo tão alargado, em termos temporais, da população, cingindo-nos a uma comparação entre os dois momentos censitários mais recentes (1991 e 2001). III.1. ENQUADRAMENTO REGIONAL A variação populacional, entre 1991 e 2001, a que se assistiu no país traduz-se num aumento de 5% em relação ao valor inicial, como se pode observar pelo quadro III.1a. Este valor global é ultrapassado pelo da NUT II Norte mas, no entanto, à escala da NUT III Douro, o resultado obtido é negativo, traduzindo-se num decréscimo de 7,1%. Esta quebra de população ao nível da NUT III, é acompanhada por quase todos os concelhos limítrofes ao de Carrazeda de Ansiães, sendo a única excepção Mirandela (variação de 2,4%), que aliás pertence à NUT III Alto Trásos-Montes. Em Carrazeda de Ansiães assistiu-se à maior descida de todas, com -17,2%, tendo a população passado de para residentes. O despovoamento do interior do país torna-se assim evidente. Quadro III.1a Alguns parâmetros demográficos no concelho de Carrazeda de Ansiães População Residente Densidade Índice Índice Unidade Geográfica Variação Populacional Juventude Envelhecimento (em %) (2001) (2001) (2001) Portugal ,0 112,4 97,8 102,2 NUT II Norte ,2 173,2 125,3 79,8 NUT III Douro ,1 54,0 78,1 128,0 Mirandela ,4 39,2 76,4 130,8 Torre de Moncorvo ,6 18,7 43,5 229,8 Vila Flor ,4 29,8 55,9 178,9 Vila Nova de Foz Côa ,4 21,3 46,1 216,8 Alijó ,3 48,1 64,7 154,5 Murça ,4 35,6 60,3 165,8 50

51 São João da Pesqueira Carrazeda de Ansiães Fonte: INE A densidade populacional nesta região é também bastante inferior à do global do território nacional pois todos os concelhos analisados têm densidades populacionais inferiores à metade da média nacional, cifrando-se esta última em 112,4 hab/km 2. O concelho com densidade populacional mais elevada é Alijó e, mesmo assim, não vai para além dos 48,1 hab/km 2. Em Carrazeda de Ansiães verificam-se uns 27,4 hab/km 2, sendo este valor apenas superior aos de Torre de Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa (18,7 hab/km 2 e 21,3 hab/km 2, respectivamente). A juntar a uma evolução da população contrária à do país, existem já densidades populacionais bastante inferiores, o que acentua sobremaneira o desnível entre a região e o primeiro. Estes valores fazem antever um abandono das terras, quer agrícolas quer florestais, o que fará aumentar a carga combustível presente, e assim aumentar o risco de incêndio bem como do tempo de alerta, por parte dos locais, a uma ocorrência. O índice de juventude, que traduz a relação existente entre os habitantes com menos de 14 anos e os com mais que 65 anos, apresenta resultados igualmente inferiores em Carrazeda de Ansiães (44,8 jovens por cada 100 idosos), quando comparados com o valor nacional (97,8 jovens por cada 100 idosos), sucedendo-se o mesmo com os restantes concelhos. O índice de envelhecimento, que por oposição expressa a relação entre o habitantes com mais que 65 anos e aqueles com menos que 14, apresenta, como seria de esperar após os resultados anteriores, valores mais elevados nos concelhos que ladeiam Carrazeda de Ansiães que em Portugal. Enquanto o país se fica pelos 102,2 idosos por cada 100 jovens, o concelho em análise obtém um valor de 223,3 idosos por cada 100 jovens. III.2. POPULAÇÃO RESIDENTE E DENSIDADE POPULACIONAL A variação da população, por freguesia (mapa III.2a), mostra que a descida é generalizada por todo o concelho, excepção feita à freguesia sede. A maior descida verifica-se em Lavandeira, que perde 48,6% de população entre 1991 e 2001, ao passo que 9 das 19 freguesias apresentam quebras entre os 25% e 45%. O único acréscimo verificado é de 23,6%, valor que é quase 5 vezes superior à média nacional. Acentua-se um desnível populacional entre a sede e o restante município. As freguesias de Marzagão e Belver, adjacentes à freguesia de Carrazeda de Ansiães, são as que registam uma descida menor, cifrando-se nos 0,9% e 1,1%, respectivamente. A presença de mais actividades funcionais e dos diversos serviços públicos na freguesia sede, será certamente um factor de atracção para a localização de população. 51

52 Mapa III.2a Variação relativa da população residente ( ) em Carrazeda de Ansiães

53 Analisando os quantitativos populacionais no ano de 2001, por freguesia (mapa III.2b), verifica-se que somente a sede de concelho tinha mais de 100 habitantes (1605 habitantes). Das restantes freguesias, destaca-se Vilarinho da Castanheira, Linhares e Castanheiro com mais de 500 habitantes. A que actualmente apresenta menor número de habitantes é Mogo de Malta. Estas diferenças acentuam-se quando calculamos a densidade populacional 6. Da análise do mapa III.2b verifica-se que em quase todas as freguesias, exceptuando Carrazeda de Ansiães, as densidades populacionais são bastante inferiores à média nacional, com os valores mínimos (inferior a 15 hab/km 2 ) a serem atingidos em Mogo de Malta, Lavandeira e Beira Grande. Na sede de concelho, por seu turno, a densidade populacional é de 179,1 hab/km 2, valor bastante superior à média do país. É patente, uma vez mais, a diferença de povoamento entre a freguesia sede e o resto do concelho. Tendo em consideração a análise apresentada e as implicações que uma distribuição populacional com estas características poderá repercutir ao nível da DFCI verificamos que a fraca densidade populacional na maioria do concelho consequência do reduzido número de habitantes faz com que a detecção de um incêndio florestal seja mais tardia, tendo em consideração somente a existência da população local. Simultaneamente este reduzido número de habitantes faz com que haja um potencial maior abandono dos terrenos agrícolas e florestais, logo, um aumento das áreas de incultos. Um outro aspecto que reforça esta observação é o facto do maior número de habitantes destas freguesias se localizar nos lugares que constituem a sede administrativa havendo uma significativa dispersão de lugares com um reduzido número de habitantes. 6 A densidade populacional reflecte a intensidade de uso do espaço

54 Mapa III.2b População residente (1991 e2001) e densidade populacional (2001) em Carrazeda de Ansiães

55 III.3. ESTRUTURA ETÁRIA A estrutura etária é a distribuição da população por idades. As pirâmides etárias são uma forma bastante ilustrativa de a representar tendo, também, em conta a divisão por sexos. O eixo horizontal representa o número absoluto ou a proporção da população, enquanto o eixo vertical representa os grupos etários. O lado direito é destinado à representação da proporção de mulheres (a rosa) enquanto, o lado esquerdo representa o contingente de homens (a azul). As idades da população foram consideradas em grupos etários de quatro anos. No gráfico III.3a vemos qual a estrutura etária da população, em 1991 e Gráfico III.3a Estrutura etária da população (1991 e 2001) Grupos Etários > a a a a a a a a a a a a a a a a a a 14 5 a 9 0 a Homens Valores Absolutos Mulheres Fonte: INE, 1991 e 2001

56 Verifica-se que os valores referentes a 2001 são o reflexo de uma sociedade envelhecida, pois o efectivo populacional dos grupos etários até aos 14 anos é extremamente reduzido, sofrendo uma quebra substancial, que no grupo dos 10 aos 14 anos é de 50,9% e 52,2%, para homens e mulheres, respectivamente. Embora o envelhecimento da população seja um facto, esta decresce até ao grupo dos 65 a 69 anos (excepção feita ao grupo feminino, entre os 45 e 49 anos, com uma ligeira subida de 0,9%), facto que estará ligado à perda populacional global de 17%. Este decréscimo vai sendo menor à medida que avançamos na escala etária. A emigração da população em idade fértil, à procura de melhores condições de vida, acarreta menos nascimentos e consequente envelhecimento da população. III.4. ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO E DE JUVENTUDE Os índices de juventude e envelhecimento, por freguesia, para os anos de 1991 e 2001 representados no quadro III.4a e mapa III.4a e III.4b, demonstram bem este envelhecimento populacional. Quadro III.4.a Índices de juventude e envelhecimento (1991 e 2001) Freguesia Índice Juventude Índice Envelhecimento Amedo 101,1 57,8 98,9 172,9 Beira Grande 66,7 20,0 150,0 500,0 Belver 132,8 67,8 75,3 147,5 Carrazeda de Ansiães 225,3 109,0 44,4 91,8 Castanheiro 116,9 46,9 85,5 213,3 Fonte Longa 60,2 19,6 166,2 510,7 Lavandeira 124,2 25,9 80,5 386,7 Linhares 73,1 29,4 136,8 340,7 Marzagão 79,7 53,7 125,4 186,4 Mogo de Malta 157,7 35,0 63,4 285,7 Parambos 127,5 53,2 78,4 188,1 Pereiros 100,0 44,9 100,0 222,5 Pinhal do Norte 62,7 20,6 159,4 484,6 Pombal 50,4 23,1 198,5 433,3 Ribalonga 46,7 10,2 214,3 980,0 Seixo de Ansiães 78,4 34,7 127,6 288,4 Selores 74,6 22,4 134,1 446,7 Vilarinho da Castanheira 114,6 41,9 87,2 238,8 Zedes 111,9 42,9 89,4 233,3 Fonte: INE, 1991 e 2001 Em todas as freguesias, sem qualquer excepção, se deu um decréscimo do índice de juventude e, consequente, aumento do índice de envelhecimento. 56

57 Mapa III.4a Carta do índice de envelhecimento ( ) e sua evolução em Carrazeda de Ansiães

58 Mapa III.4b Carta do índice de juventude ( ) e sua evolução em Carrazeda de Ansiães 58

59 O valor de índice de juventude mais baixo, registado em 2001, ocorre na freguesia de Ribalonga, existindo aqui apenas 10 jovens até aos 14 anos, por cada 100 idosos. Este resultado traduz-se num índice de envelhecimento de 980 idosos por cada 100 jovens até aos 14 anos. A única freguesia com mais jovens que idosos é, novamente, Carrazeda de Ansiães, com 109 jovens por cada 100 idosos. Analisando a distribuição da população de acordo com a sua idade e os respectivos índices de juventude e envelhecimento depreende-se, mais uma vez, que a planificação das acções deverá ter em consideração estes aspectos. O peso da população idosa é elevado, o que associado ao facto de estarmos perante uma área onde assistimos a uma fraca densidade populacional, vai contribuir de forma acentuada para que o aumentar da vulnerabilidade dos espaços florestais de Carrazeda de Ansiães. Isto porque, mais uma vez está associado ao tempo e tipo de auxilio que a população local pode dar aquando da deflagração de um incêndio bem como, muitas vezes, nas práticas adoptadas pelos mesmos no que diz respeito à actividade agrícola e silvo-pastorícia, através do recurso a técnicas e maquinaria desapropriadas ao período crítico estabelecido por lei. III.5. ACTIVIDADES ECONÓMICAS Esta etapa da caracterização socioeconómica de Carrazeda de Ansiães diz respeito ao estudo da evolução da população residente por sectores de actividade. Para a sua realização recorremos aos dados estatísticos existente na pagina electrónica do INE reportando-se aos anos de 1991 e 2001 para o total de activos e ao ano de 2004 para a distribuição percentual da população activa por sectores de actividade. O quadro III.5a espelha a realidade da região do Douro em 2004 onde se percebe que tal como em todo o país, na NUT III Douro, a maior percentagem de população activa exerce actividade no sector terciário (69,7%). Comparativamente com as outras unidades geográficas e análise, o sector primária, mais directamente relacionado com a área florestal, apresenta valores percentuais mais elevadas na NUT III Douro (9,9%). Quadro IIII.5a Distribuição percentual da população activa por sectores de actividade em 2004 Unidade Geográfica Sector I Sector II Sector III Portugal 2,7 23,6 73,7 NUT II Norte 1,9 31,2 67,0 NUT III Douro 9,9 20,4 69,7 Fonte: INE, 2001 No gráfico III.5a podemos perceber qual a distribuição da população activa por sector de actividade nos diferentes concelhos que integram a NUT III Douro. O concelho de Carrazeda de Ansiães regista valores idênticos aos

60 observados anteriormente, ou seja, é o sector terciário que predomina com mais de 60% de activos em contrapartida ao sector primário que detém cerca de 11% dos activos. Apesar deste valor reduzido, não é o concelho com menor taxa de activos empregues neste sector, correspondendo a Mirandela, Murça e Torre de Moncorvo. Gráfico III.5a Distribuição percentual da população activa por sectores de actividade nos concelhos da NUT III Douro, em Mirandela Torre de Moncorvo Vila Flor Vila Nova de Foz Côa Alijó Murça S. João Pesqueira Carrazeda de Ansiães % Sector I Sector II Sector III Estes valores percentuais, em Carrazeda de Ansiães no ano de 2001, correspondem a um valor absoluto de 2543 activos distribuídos pelos três sectores de actividade. Este valor, comparativamente com o ano de 1991 sofreu uma diminuição de 303 activos. Mais uma vez a diminuição da população activa empregue no sector primário poderá ser condicionadora do aumento do risco de incêndio através do abandono dos terrenos agrícolas e florestais. Desta forma, as acções/medidas a adoptar deverão ter em consideração este fenómeno. 60

61 IV. CARACTERIZAÇÃO DO USO DO SOLO E ZONAS ESPECIAIS Este capitulo constitui um dos mais importantes deste volume do PMDFCI uma vez que é feita a caracterização da ocupação actual do solo bem como da tipologia de povoamentos florestais existentes servindo de base para a elaboração da carta de risco de incêndio. Posteriormente será feita uma caracterização da estrutura fundiária do concelho, analisando-se diferentes variáveis de interesse para as questões relacionadas com a DFCI, tais como a evolução da superfície agrícola utilizada e não utilizada, efectivos animais, entre outros. Esta análise deverá ser relacionada com a ocupação actual do solo, de modo a se perceber as dinâmicas da actividade agrícola e pecuária e as variações das áreas de incultos. Para além disso, conhecendo as freguesias onde a prática da pastorícia assume maior importância e, relacionado à posteriori com os dados de incêndios, irá auxiliar na definição dos locais e das acções a adoptar. Outro ponto a abordar diz respeito à identificação e caracterização das zonas de recreio, caça e pesca bem como a caracterização das festas e romarias existentes em Carrazeda de Ansiães. Por fim, um ultimo ponto importante diz respeito à apresentação e integração em diversos instrumentos de planeamento da temática florestal, mais concretamente, da defesa da floresta contra incêndios. IV.1. OCUPAÇÃO DO SOLO O estudo do uso do solo tem relação directa com a problemática do risco de incêndio. A sua caracterização permite avaliar tanto as áreas de risco de incêndio devido à carga de combustível como identificar as áreas de perigo devido à presença humana. A actualização da informação disponível nomeadamente a Carta de Ocupação do Solo (CNIG, 1990), constitui uma ferramenta de auxílio importante em processos de apoio à tomada de decisão, como por exemplo, o caso dos instrumentos de planeamento (PDM, PROF, PROT) ou apoio à gestão municipal ou privada das áreas florestais (PGF). Desta forma, pretende-se caracterizar de um modo expedito a ocupação do solo construindo uma base de dados, associada à informação cartografada, que permita efectuar as análises subsequentes a que este trabalho se propõe. Para além de toda a informação necessária para a produção dos outputs pretendidos, a base de dados tem uma arquitectura que permite uma inquirição rápida, agrupando vários níveis de informação, refinando, deste modo, a pesquisa por parte do utilizador. A metodologia para a produção cartográfica baseou-se, na sua maioria, em trabalho de gabinete, tendo uma pequena parte de trabalho de campo, que consistiu na sua validação. Deste modo, o trabalho de gabinete dividiu-se em duas fases; a primeira diz respeito à digitalização das manchas de ocupação associando o código. Para tal, realizou-se foto- 61

62 interpretação da fotografia aérea existente do concelho. Posteriormente foi feita a confirmação no campo com base numa extrapolação das manchas que apresentavam dúvidas. A segunda fase de trabalho de gabinete consistiu na actualização da base de dados em formato digital com base na informação recolhida no campo procedendo a edições vectoriais finais. Para elaboração da carta de uso do solo, recorreu-se à seguinte informação: Fotografia aérea em cor verdadeira, rasterizada e ortorectificada, à escala de voo 1/37.000, com resolução de 0,5m no terreno e sistema de coordenadas Lisboa Hayford Gauss IPCC, Outubro 2005 (versão provisória); Carta de Ocupação do Solo (CNIG, 1990), à escala 1/ e sistema de coordenadas Lisboa Hayford Gauss IGEOE. Para a vectorização das manchas e preenchimento da base de dados recorreu-se a dois softwares: o o CAD Autodesk Land Desktop 2004 para correcção topológica dos erros de digitalização; ArcGis Desktop 9 (ESRI) com o qual se fez a digitalização e a atribuição da informação alfanumérica à informação georeferenciada. A digitalização das manchas de ocupação e respectiva base de dados seguiu a metodologia elaborada para o Inventário Florestal Nacional (2005) e para elaboração de cartografia para a região do Algarve (2002) utilizando as Normas de Fotointerpretação para a Região de Intervenção da Direcção de Serviços de Florestas da DRAAlg (Algarve) Desta forma, seguiram-se determinados parâmetros de forma a orientar uniformemente a vectorização: o Escala de trabalho 1/2.000; o o o Tamanho mínimo de mancha considerado de 0,5ha, excluindo as áreas sociais e o nível de ocupação água; Fronteiras físicas: estradas, caminhos e linhas de água foram consideradas para a delimitação das manchas de ocupação. Relativamente à base de dados, a classificação adoptada assenta na facilidade de análise e inquirição, isto é, foram definidos diversos níveis tentando distinguir na totalidade todas as situações existentes no concelho. O maior pormenor, como seria evidente, observa-se nas áreas de carácter mais florestal. Às restantes áreas não foi dado muito pormenor, sendo que as áreas sociais correspondentes ao tecido urbano e agrícolas não foram individualizadas quanto ao seu atributo. A estrutura da base de dados encontra-se explicita em anexo IV.1a. Tal como supracitado, a referência para a constituição da base de dados é a que está a ser utilizada na actualização do Inventário Florestal Nacional e presente num trabalho elaborado para a região do Algarve em 2002 (Tomé, M., 2002), com a aplicação de algumas alterações. Esta uniformização dos atributos foi efectuada do mesmo modo na cartografia de 1990, de forma a efectuarmos uma análise comparativa com a cartografia dos dois anos de análise (1990 e 2006). Como tal, a base de dados do primeiro ano foi reajustada de acordo com a produzida para o levantamento mais actual. Os principais reajustamentos 62

63 consistiram na agregação de diversas tipologias dentro das áreas agrícolas e sociais. O quadro seguinte resume os reajustamentos realizados: Quadro IV.1a Reclassificação da base de dados do COS 90 A_+ O_+ C_+ GG+ UU1 UU2 UU9 HH AG SC HH IV.1.1. ENQUADRAMENTO REGIONAL A região florestal sobre a qual a área de estudo está inserida (Núcleo Florestal do Douro), de acordo com os dados do Land Cover Corine (Instituto do Ambiente, 2005), não apresenta grandes modificações da utilização principal do solo (mapa IV.1.1a). As principais mudanças que se podem verificar têm a ver com a perda de área florestal na parte Norte desta região, mais concretamente em Vila Real e Vila Flor. Pela análise do gráfico IV.1.1apercebe-se que a área agrícola continua a dominar, logo seguida das áreas de incultos. Por sua vez, os espaços florestais apresentam valores reduzidos, tendo diminuído a sua área entre 1990 e Gráfico IV.1.1a Ocupação do solo em 1990 e 2000 (em ha) no Núcleo Florestal Douro ha Agricola Água Floresta Improdutivo Inculto Social

64 Estas variações são melhor perceptíveis se se observar o quadro IV.1.1a que expressa as perdas e ganhos, entre 1990 e 2000, das diferentes tipos de ocupação do solo. Quadro IV.1.1a Variação de utilização do solo por tipologia, entre 1990 e 2000 (em ha) no Núcleo Florestal Douro Agrícola Água Floresta Improdutivo Inculto Social \ 1614,97 0, ,03 0, ,80 0,00 Ganhos de 1990 para ,30 34, ,30 173, ,30 702,00 Persistiram , , ,18 0, , ,10 Persistência (%) 99,20 100,00 67, ,40 100,00 64

65 Mapa IV.1.1.a Ocupação do solo (1990 e 2000) no Núcleo Florestal do Douro

66 Desta forma, destaca-se a persistência das áreas sociais uma vez que não registaram perdas de área no período de 10 anos. Relativamente aos outros níveis, pela observação do gráfico IV.1.1b, constata-se que a área florestal teve uma perda de ha entre 1990 e 2000 para um ganho de ,3ha de área de incultos no mesmo período. Por sua vez, a área agrícola teve mais ganhos em termos de área (cerca de 6.000ha) do que perdas (1.615ha), mercê talvez do aumento da grande importância que a vitivinicultura assume nesta região. Gráfico IV.1.1b - Ganhos e perdas por utilização do solo entre 1990 e 2000 (em ha) Núcleo Florestal do Douro no , ,8 ha ,3 7135, ,2 173, Agrícola Água Floresta Improdutivo Inculto Social Perdas de 1990 para 2000 Ganhos de 1990 para 2000 IV.1.2. OCUPAÇÃO DO SOLO ENTRE 1990 E 2005 Com base na informação do uso do solo actualizada (2006) e a produzida pelo CNIG, referente a 1990, fez-se uma análise da evolução da ocupação do solo no concelho. Deste modo, pela observação do gráfico IV.1.2a, a situação que mais se salienta é a diminuição da área florestal, opondo-se ao aumento das áreas de incultos que constitui a tipologia de utilização do solo com maior percentagem (35,6%). Com valor quase idêntico encontram-se as áreas agrícolas (35,4%) que também sofreram diminuições entre 1990 e 2006.

67 Gráfico IV.1.2a Distribuição de área (%) por classe de ocupação do Nível I entre 1990 e , ,2 35,4 35, ,4 Área (%) 20 16, ,5 1,3 0 0,2 Agrícola Floresta Inculto Social Improdutivo Estas variações constatam-se no quadro IV.12b onde se realça a grande perda de área da tipologia florestal (-38,6% que corresponde a uma perda de quase 5.000ha). Por sua vez, as áreas de incultos registaram um aumento de 113,8% (correspondendo a mais 5238,2ha em 2006 comparativamente com 1990). Quadro IV.1.2b Variação absoluta e relativa por classe de ocupação do Nível I Variação Absoluta (ha) Variação Relativa (%) Agrícola -492,0-4,8 Floresta -4767,3-38,6 Inculto 5238,2 113,8 Social -41,2-10,1 Improdutivo 62,7 --- A área social sofreu uma diminuição na ordem dos 10%, correspondendo a 41,2ha. Como se pode constatar, e devido à diferença de digitalização das duas cartografias, a variação desta variável poderá não corresponder à realidade. O gráfico seguinte representa estas mesmas variações à escala da freguesia. De uma forma geral, o comportamento é idêntico ao atrás descrito. Contudo, podem evidenciar-se algumas variações. 67

68 Gráfico IV.1.2b Variação relativa por classe de ocupação do Nível I, por freguesia Amedo Beira Grande Belver Carrazeda de Ansiaes Castanheiro Fonte Longa Lavandeira Linhares Marzagao Mogo de Malta Parambos Pereiros Pinhal do Norte % Pombal Ribalonga Seixo de Ansiaes Selores Vilarinho da Castanheira Zedes Agricola Floresta Inculto Social

69 A primeira, que é a mais clara, é o aumento da área de incultos na freguesia de Pereira acima dos 1100% (que em valores absolutos corresponde a um aumento de cerca de 630ha). Apesar desta variação relativa elevada, foi na freguesa de Vilarinho da Castanheira que se verificou o maior aumento em termos absolutos com 658,5ha. Outra situação tem a ver com o facto de que em todas as freguesias os espaços florestais terem registado diminuições de área, facto esse, já constatado ao nível do concelho. As freguesias que registaram os maiores decréscimos em termos percentuais correspondem a Mogo de Malta (-75,4%) e Zedes (-73,1%) que se localizam na parte Norte do concelho. Em termos absolutos não é nestas freguesias que se registou a maior diminuição, mas sim em Pinhal do Norte (477,5 ha ) e Pereiros (551,4 ha). Face a esta situação, poderá dizer-se que grande parte da área Norte do concelho apresentou diminuições de uso florestal, na sua maioria, em detrimento de áreas de incultos que é o caso de Pereiros. Por fim, as variações na área agrícola registaram diminuições em 16 freguesias, tendo aumentado na parte Sul, mais concretamente em Ribalonga (29,3% corresponde a 87,5ha), Seixo de Ansiães (17,9% corresponde a 154,5ha) e Selores (15,4% corresponde a 49,7ha). Estes aumentos, de uma forma geral, estão relacionados com as áreas de vinha e olival. Relativamente às áreas sociais, não iremos tecer nenhum comentário, apesar de serem apresentados valores, uma vez que, tal como já foi referido anteriormente, a digitalização cartográfica de ambos os períodos foi feita com critérios e escalas diferentes, o que poderia induzir em erros de interpretação. Todas estas variações poderão ser melhor entendidas se analisarmos as perdas e ganhos (em termos de área) que as diferentes tipologias de uso tiveram. Para tal, deverá ser analisado o quadro e gráfico IV.1.2c. Quadro IV.1.2c Perdas e ganhos (em termos de área) por tipologias de uso do solo, entre 1990 e 2006 Agrícola Floresta Improdutivo Inculto Social Perdas de 1990 para ,8 7424,1 0,0 1797,7 319,3 Ganhos de 1990 para ,9 2845,0 62,7 6897,4 278,8 Persistiram 5417,6 4583,2 0,0 2731,9 80,3 Persistência (%) 53,4 38,2 60,3 20,1 Como tal, a nível de persistência, isto é, área que continua a ter a mesma tipologia de uso entre os dois anos de análise, a utilização de terra Incultos são os que mantiveram maior percentagem (60,3%), sendo que as áreas agrícolas tiveram uma manutenção de 53,4 % de área. Por sua vez, as áreas florestais só mantiveram 38,2% de área (cerca de 4.600ha) entre 1990 e 2006.

70 Gráfico IV.1.2c Perdas e ganhos (em termos de área) por tipologias de uso do solo entre 1990 e ,1 6897, ha ,8 4177, , ,7 319,3 278,8 Agrícola Floresta Improdutiv o Inculto Social Perdas de 1990 para 2006 Ganhos de 1990 para 2006 A este baixo valor de manutenção de área poderá adicionar-se a elevada área florestal que se perdeu, mais concretamente 7.424,1ha, correspondendo à tipologia de uso do solo que mais área perdeu. Os ganhos obtidos foram os mais baixos comparativamente com as outras duas principais tipologias predominantes neste concelho: agrícola e incultos, ou seja, só tiveram um aumento de 2.845ha, em contrapartida com 4.177,9ha de aumento de área agrícola e 6.897,4ha de incultos. Também será importante realçar que a área agrícola sofreu uma perda de 4.720,8ha entre 1990 e Tal como mencionado anteriormente, actualmente a ocupação do solo é marcada pelo uso agrícola e áreas de incultos. A distribuição dos valores por freguesia (gráfico e quadro IV.1.2d em anexo IV.1b) evidencia que somente Linhares possui mais de 1.000ha de floresta. Relativamente às manchas de incultos é na freguesia de Vilarinho da Castanheira, Linhares e Pinhal do Norte que se observam os maiores quantitativos (superiores a 800ha). Por sua vez, é na sede de concelho, Ribalonga e Castanheiro que se localizam os valores mais baixos desta tipologia de uso (inferior a 200ha). As manchas agrícolas têm a sua maior expressão (mais de 1000ha) em Seixo de Ansiães, parte Sul do concelho junto ao Douro. 70

71 Gráfico IV.1.2d Distribuição de área (ha) por classe de ocupação do Nível I em 2006, em Carrazeda de Ansiães ha Amedo Beira Grande Belver Carrazeda de Ansiaes Castanheiro Fonte Longa Lavandeira Linhares Marzagao Mogo de Malta Parambos Pereiros Pinhal do Norte Pombal Ribalonga Seixo de Ansiaes Selores Vilarinho da Castanheira Zedes Agricola Floresta Inculto Social Improdutivo 71

72 Mapa IV.1.2a Carta de ocupação do solo (2006) em Carrazeda de Ansiães

73 Ainda no que diz respeito à análise por freguesia será importante, numa fase posterior, perceber qual a distribuição das manchas ocupadas por incultos e floresta pela área total de cada uma das freguesias, de modo a perceber qual a importância que estas duas tipologias assumem no espaço de cada uma das unidades administrativas. Como tal, a nível florestal (gráfico IV.1.2e) nenhuma das freguesias tem mais de 50% da sua área ocupada com esta tipologia de uso do solo. Somente duas é que apresentam valores superiores a 40%: Pombal e Castanheiro. Inversamente temos as freguesias de Amedo, Zedes e Mogo de Malta com menos de 15% de área total ocupada com uso florestal. Gráfico IV.1.2e Percentagem de área ocupada por floresta por freguesia Zedes Vilarinho da Castanheira Selores Seixo de Ansiaes Ribalonga Pombal Pinhal do Norte Pereiros Parambos Mogo de Malta Marzagao Linhares Lavandeira Fonte Longa Castanheiro Carrazeda de Ansiaes Belver Beira Grande Amedo 7,9 11,1 15,2 15,4 11,8 17,3 20,5 21,5 24,8 26,5 30,2 29,7 32,1 32,3 36,3 39,5 36,4 42,1 42, % Quanto à distribuição das áreas de incultos (gráfico IV.1.2f) constata-se que as que detinham menor área florestal são as que detêm maior área da freguesia ocupada com incultos (mais de 50%) ao qual se junta Pinhal do Norte. Inversamente, a freguesia de Castanheiro, que era uma das que apresentava maiores valores de área florestal dentro dos seus limites, tem uma das menores percentagens de área (10,9%), juntamente com Ribalonga e Carrazeda de Ansiães, que não chegam a ultrapassar os 15% de área com incultos. No último caso é justificado pelo facto de ser sede de concelho, enquanto que no primeiro é pela presença de áreas agrícolas.

74 Gráfico IV.1.2f Percentagem de área ocupada por incultos por freguesia Zedes Vilarinho da Castanheira Selores Seixo de Ansiaes Ribalonga Pombal Pinhal do Norte Pereiros Parambos Mogo de Malta Marzagao Linhares Lavandeira Fonte Longa Castanheiro Carrazeda de Ansiaes Belver Beira Grande Amedo 34,1 32,2 33,1 7,3 19,0 28,8 27,8 32,1 23,0 10,9 14,1 32,1 36,7 53,0 46,6 46,8 51,1 64,7 78, % A análise estatística não nos permite perceber, em termos espaciais, as áreas onde essas transformações são evidentes. Como tal, pela observação do mapa IV.1.2b, onde se apresenta as alterações mais relevantes para este estudo, é evidente a alteração de uso florestal para inculto, principalmente em Pinhal Norte, Pereiros e Mogo de Malta (parte Norte do concelho) e Linhares e Lavandeira (parte Sudoeste). Outra alteração importante é a de áreas de incultos para uso florestal, tendo maior expressão na freguesia de Parambos. As alterações das áreas agrícolas para áreas de incultos verificam-se por todo o concelho; a situação inversa tem maior expressão na parte Sul, mais precisamente entre Beira Grande, Seixo de Ansiães e Selores. 74

75 Mapa IV.1.2b Alterações do uso do solo entre 1990 e 2006 em Carrazeda de Ansiães

76 IV.1.3. OCUPAÇÃO ACTUAL VERSUS APTIDÃO FLORESTAL DO SOLO A relação entre a aptidão florestal dos solos e a ocupação actual permite-nos simultaneamente perceber se a utilização do solo foi e está a ser a mais correcta e definir medidas de ordenamento e gestão do território, para que se consiga tirar o maior proveito possível das condições naturais existentes. Deste modo, como base para esta análise teremos a carta de ocupação actual e a carta de aptidão florestal do solo, procedendo-se à sua intersecção. Relembrando a análise efectuada no capitulo I.2.5., sabe-se que ao nível de aptidão do solo, predominam as áreas com aptidão florestal marginal (59,6%) enquanto que as áreas de aptidão florestal moderada representam 6%. Assim sendo, verifica-se que dentro da classe de aptidão florestal com maior representação espacial (marginal), predominam as áreas de incultos com 42,9%. Nesta classe de aptidão, os espaços florestais correspondem a 27,4%, sendo ainda ultrapassados pelas áreas agrícolas com 29,1%. Relativamente à classe de aptidão florestal moderada, mais uma vez, não é o uso florestal que predomina mas sim as áreas agrícolas (55,3%), logo seguida dos incultos (27%). O uso florestal restringe-se a 16,7%. Somente nas áreas sem aptidão florestal é que o uso florestal consegue ser a segunda tipologia com maior percentagem de ocupação com 29,8%. Gráfico IV.1.3a Relação entre aptidão florestal do solo e uso do solo 60 55, ,9 42,8 % 30 27,0 29,1 27,1 29,8 24, , ,6 1,0 0 0,6 0,3 0,1 Floresta moderada Floresta marginal Sem aptidão Agríc ola Floresta Social Inculto Improdutivo Como consideração final pode afirmar-se que Carrazeda de Ansiães é um concelho com características rurais ainda bastante enraizadas, facto facilmente constatado pelo predomínio da área agrícola, marcado pela grande influência do rio Douro e a cultura da vinha juntamente com os olivais. Relativamente à área florestal verifica-se que num período de 16 anos é possível apurar uma perda deste uso, provavelmente em detrimento de áreas de incultos. Facto que constitui um aspecto importante, é a presença de pequenas manchas de área agrícola abandonada.

77 IV.2. POVOAMENTOS FLORESTAIS Para a caracterização e análise deste sub-capítulo recorreu-se somente a um único tipo de informação: cartografia de ocupação do solo de 1990 e de 2006, esta última efectuada no âmbito deste plano. Para esta análise não foram considerados outros elementos estatísticos, como os provenientes do Inventário Florestal, já que tanto a escala de análise como o modo de agregação da informação não são semelhantes em ambos os anos. Como tal, a inclusão dessa informação poderia originar erros de análise, sendo deste modo, excluída. Simultaneamente, devido ao facto de os dados de 1990 e 2006 terem expressão espacial, faz com que a análise tenha um maior rigor. Como tal, toda a análise irá incidir sobre dois níveis da base de dados mencionado no capítulo anterior, isto é, nos níveis II e III do nível I Floresta e Incultos. Para além destes níveis principais, será elaborada, somente para as áreas florestais, um outro tipo análise tendo em consideração o campo OBS da base de dados, uma vez que, em algumas situações, contém informações relativas ao estrato arbustivo e/ou herbáceo existente. A análise a efectuar será realizada individualmente por nível principal de utilização do solo. De modo a facilitar a análise deste ponto foram elaboradas reclassificações à base de dados que também têm como objectivo facilitar a consulta numa fase posterior por parte de outros inquiridores. Essa reclassificação, no nível II dos espaços florestais, consistiu na atribuição das designações das espécies florestais que se encontravam codificadas. O novo campo criado designa-se N2_Leg. Relativamente ao nível III dos espaços florestais, o novo campo denomina-se por N3_Leg e está relacionado com a densidade de coberto e estado do povoamento (a codificação encontra-se em anexo IVa). Um aspecto importante a ter em ponderação, e como se poderá visualizar no decorrer desta análise, é que em 1990 foram consideradas manchas com azinheira, em povoamento puro e dominância com outras espécies florestais, facto que com a actualização da carta de ocupação florestal não foram identificadas. A mesma situação ocorreu com manchas de eucalipto e outras resinosas. Desta forma, consideramos que a delimitação da ocupação do solo em 1990 tenha algumas incongruências, uma vez que determinadas espécies florestais são difíceis de serem classificadas com base em fotografia aérea e/ou imagem de satélite; uma dessas é a azinheira que é facilmente confundida com sobreiro. Quanto às manchas de eucalipto e outras resinosas, em 1990 tinham uma representatividade muito insignificante (0,01% da área florestal total). Assim sendo, apesar de terem sido considerados nas estatísticas, na análise iremos focar somente as restantes espécies e sua associação. IV.2.1. EVOLUÇÃO DA FLORESTA EM CARRAZEDA DE ANSIÃES Recordando os dados apresentados no capítulo IV.1, o uso florestal foi a tipologia que sofreu a maior perda de área (- 38,6% que, termos absolutos, corresponde a uma perda de 4767,3ha). Procedendo a uma análise mais detalhada, tendo em consideração as espécies florestais, tanto em povoamentos puros como mistos (gráfico IV.2.1a e quadro IV.2.1a em anexo IV.2a), percebemos que essa diminuição não se verificou em 77

78 todas as espécies. Os dois casos correspondem às manchas florestais com dominância de carvalho e de povoamento puro de sobreiro. Gráfico IV.2.1a Evolução da floresta no concelho entre 1990 e 2006 Vegetação ripicola Arvoredo queimado Dominância de outras folhosas Outras folhosas Outras resinosas Dominância de sobreiro Sobreiro Dominância de pinheiro-bravo Pinheiro-bravo Eucalipto Dominância de castanheiro Castanheiro Dominância de carvalho Carvalho Dominância de azinheira Azinheira % Em termos espaciais, as diferenças tanto a nível de área florestal total como da tipologia de espécies é perceptível no mapa IV.2.1a. As manchas de pinheiro-bravo (puro e em dominância) prevaleciam por grande parte do concelho até ao limite Sul. Actualmente, essas manchas desapareceram principalmente nas freguesias de Pinhal Norte e Pereiros. A parte Sul continua a ter um grande predomínio tendo dado lugar, em algumas situações, a povoamentos com folhosas como o carvalho (parte Sul de Lavandeira nas encostas do rio Douro, entre Seixo de Ansiães e Vilarinho da Castanheira). 78

79 Mapa IV.2.1a Evolução dos povoamentos florestais entre 1990 e 2006 em Carrazeda de Ansiães

80 De forma a perceber as variações percentuais e absolutas podemos observar o gráfico IV.2.1b (e quadro IV.2.1b no anexo IV.2a). Da sua análise constata-se que, em termos percentuais, são diversas as espécies (tanto em povoamentos puros ou em dominância) que tiveram as maiores diminuições de área (perto dos 100% cada uma das tipologias), a saber: eucalipto, outras resinosas e azinheira (puro e dominância). Inversamente, tal como perceptível pelo gráfico referido, foram as manchas de povoamentos puros de sobreiro que tiveram o maior aumento (mais de 3,5 vezes que em 1990). Gráfico IV.2.1b Variação da ocupação florestal entre 1990 e 2006 em Carrazeda de Ansiães , , ,7-849,6-80,9-26,3-0,7-1567,2-2873,5-667, ,8-29,6-17,2 0,9 Azinheira Dominância de azinheira Carvalho Dominância de carvalho Castanheiro Dominância de castanheiro Eucalipto Pinheiro-bravo Dominância de pinheiro-bravo Sobreiro Dominância de sobreiro Outras resinosas Outras folhosas Dominância de outras folhosas Arvoredo queimado Vegetacao ripicola ha % Variação absoluta (ha) Variação relativa (%) Dentro das classes de espécies que tiveram aumentos relativos entre 1990 e 2006 destaca-se também as manchas com dominância de carvalhos que registaram um aumento de 8,1%. A nível absoluto, a situação é diferente, principalmente no que concerne às manchas que sofreram diminuições, ou seja, são as manchas com pinheiro bravo (puro e dominância) que registaram as diminuições mais evidentes (puro diminui 2873,5ha e em dominância foi 1567,2ha). Das áreas que sofreram aumentos, principalmente, as classes arvoredo queimado e vegetação ripícola, o aumento está relacionado com o facto de somente em 2006 ter sido considerada estas duas classes de ocupação. Os valores expostos no gráfico IV.2.1c (e quadro IV.2.1c em anexo IV.2a) reproduzem a variação da densidade de coberto e do estado dos povoamentos. Reflectido pela diminuição da área florestal, quanto à densidade de coberto, verificou-se uma diminuição em todas as três classes, tendo sido a de floresta muito densa a que sofreu maiores quebras tanto em termos percentuais (-60,3%) como absolutos (-2656,1ha).

81 Gráfico IV.2.1c Distribuição da variação absoluta e relativa (ha e %) por densidade de coberto dos povoamentos florestais, entre 1990 e 2006, em Carrazeda de Ansiães Floresta esparsa Floresta densa Floresta muito densa Vegetação espontânea/regeneração natural Área ardida Plantação jovem Vegetação ripicola ha % Variação absoluta (ha) Variação relativa (%) Quanto ao estado dos povoamentos, das classes existentes nos dois períodos, ambas também sofreram diminuições, destacando-se as áreas ardidas (tendo diminuído 60,1% que corresponde a uma diminuição de 273ha). Será importante realçar que estes valores correspondem ao momento de digitalização (e ano da fotografia aérea 2005), uma vez que ainda não dispomos de cartografia de área ardida ocorrida no corrente ano (2006). IV.2.2. EVOLUÇÃO DOS INCULTOS EM CARRAZEDA DE ANSIÃES Mais uma vez, relembrando os dados apresentados no capítulo IV.2.2, a área de incultos foi a tipologia de uso que registou o maior acréscimo de área entre 1990 e 2006 (113,8%, que, em termos absolutos, corresponde a um aumento de 5238,2ha). Antes de analisar em pormenor as variações das tipologias consideradas para esta utilização do solo será importante mencionar que, mais uma vez verificou-se a existência de classes que achamos que seria interessante cartografar que em 1990 não foram consideradas. Os exemplos correspondem às classes de estrato herbáceo e/ou mato baixo e área agrícola abandonada. Situação inversa que não foi considerada na digitalização da carta actual foi a classe das pastagens. Decidimos não incluir esta classe pois poderíamos induzir em erro face à interpretação dada. Como tal, perante o gráfico IV.2.2a percebemos que houve uma redução das áreas de matos altos contrapondo com um aumento das áreas de afloramentos rochosos. Mais uma vez, esta situação poderá estar relacionada com a resolução cartográfica adoptada para os diferentes anos; em 1990 a resolução foi à escala 1/ enquanto que a digitalização 81

82 da carta actual foi produzida com uma resolução de 1/ Estas diferenças poderão ter originado uma agregação de diferentes tipologias na mesma classe. Gráfico IV.2.2a Evolução das diferentes tipologias de incultos entre 1990 e , % 40 35,3 41, Matos altos 16,1 6,5 1,4 0,02 0, ,5 Afloramento rochoso Solo nu Estrato herbáceo e/ou mato baixo Área agricola abandonada 0 Pastagens pobres Face a estas constatações, relativas às desigualdades de escala de digitalização, as diferenças espaciais não são muito clarificadoras. O mapa IV.2.2a mostra-nos que em 1990 as áreas de incultos eram predominantemente matos, com a existência de umas pequenas manchas de afloramentos rochosos na parte Norte. Com a actualização da carta de ocupação a uma escala mais pormenorizada percebemos que os afloramentos rochosos têm uma grande expressão na freguesia de Mogo de Malta, Pinhal Norte, na parte Norte de Pereiros, mancha entre Lavandeira e Beira Grande, Seixo de Ansiães e uma significativa na parte Sul de Linhares, junto ao rio Douro. Outro aspecto importante é que nesta parte do concelho encontramos manchas significativas de área agrícola abandonada, apesar de também ser possível encontrar distribuída pelo resto da área de estudo. 82

83 Mapa IV.2.2a Evolução dos incultos entre 1990 e 2006 em Carrazeda de Ansiães

84 IV.2.3. ESPAÇOS FLORESTAIS ACTUAIS (2006) EM CARRAZEDA DE ANSIÃES A informação utilizada para análise deste capitulo foi agregada por tipologia de espécie florestal, onde os povoamentos puros e mistos são considerados da mesma classe. Desta forma, actualmente constatamos que são os povoamentos com dominância de pinheiro bravo e sobreiro (gráfico IV.2.3a) que dominam, representado a quase totalidade da área florestal (os povoamentos de pinheiro bravo representam 48,3% da área florestal e os de sobreiro 37,5%). Gráfico IV.2.3a Distribuição da área (%), por povoamento florestal, em Carrazeda de Ansiães (2006) Vegetacao ripicola 6,2 Arvoredo queimado Dominância de outras folhosas 0,01 0,1 Dominância de sobreiro 37,5 Dominância de pinheiro-bravo 48,3 Dominância de castanheiro 0,8 Dominância de carvalho 7, % Quanto à distribuição espacial, pela observação do mapa IV.2.3a verificamos um conjunto de situações: uma mancha extensa de pinheiro bravo na parte Oeste do concelho, junto ao rio Tua, nas freguesias de Castanheiro e Pombal; outra tem a ver com o grande predomínio do sobreiro na parte Sul.

85 Mapa IV.2.3a Carta de povoamentos florestais (2006) em Carrazeda de Ansiães

86 Uma análise que seria do interesse para este trabalho tem a ver com a distribuição percentual e espacial do estrato arbustivo/herbáceo de informação adicional que está incluída no campo OBS dos espaços florestais. Esta informação adicional assume uma grande importância pois permite perceber se se verifica a presença de estrato arbustivo e herbáceo no interior dos povoamentos florestais, bem como a presença de afloramentos rochosos. Como tal, do total de área florestal existente actualmente no concelho, quase metade encontra no seu estrato vertical mais baixo a presença de matos altos (43,1%) - gráfico IV.2.3b; se associarmos os 11,7% de manchas florestais onde os matos e os afloramentos rochosos constituem a presença neste tipo de estrato vertical, podemos dizer que a maioria da floresta de Carrazeda de Ansiães apresenta um grau de risco elevado. Gráfico IV.2.3b Distribuição da área (%) do tipo de estrato arbustivo e herbáceo presente nos espaços florestais em Carrazeda de Ansiães 50 43, % ,9 11,7 0 Matos Afloramentos rochosos Afloramentos e matos 0,3 0,6 Estrato herbáceo Estrato herbáceo e afloramentos Como os afloramentos rochosos são uma presença marcante no concelho, uma percentagem considerável de afloramentos rochosos (10,9%) está inserida em contexto florestal, o que em termos de gestão silvícola poderá ser um factor importante na definição de estratégias de condução dos povoamentos. Como considerações finais podemos constatar, mais uma vez, que é evidente a perda de área florestal na área de estudo entre 1990 e 2006 em detrimento, a maior parte, para áreas de incultos. As espécies florestais que predominam são o pinheiro bravo e o sobreiro, prevalecendo grandes manchas em áreas distintas do concelho devido aos condicionalismos geográficos e especificidades das espécies. Também será importante realçar o facto de grande parte da área florestal possuir um estrato arbustivo constituído por matos (por vezes associados a afloramentos rochosos) o que irá contribuir para o aumento do risco de incêndio devido à elevada carga de combustibilidade existente. Todos estes factos deverão ser ponderados de forma a que, na fase de propostas (caderno I), as acções de prevenção e combate tenham em consideração estes condicionalismos naturais e não só.

87 IV.3. ESTRUTURA FUNDIÁRIA O grande objectivo desta análise prende-se com a caracterização de duas componentes distintas e estreitamente ligadas à dinâmica florestal. A primeira prende-se com os diferentes usos/ utilizações da terra na propriedade agroflorestal e a segunda com a pastorícia. O estudo dos tipos de utilização da terra serve, antes de mais, para tomar conhecimento da tendência de evolução das áreas agrícola e florestal no concelho, sendo que o incremento de uma ou de outra poderá significar o abandono ou aumento das superfícies agrícola e/ou silvo-pastoril, por parte da população. O conhecimento da dinâmica da pastorícia em determinado local, revela-se de extrema importância na medida em que dela depende a diminuição da carga de combustível nessas áreas e, consequentemente, a redução do risco de incêndio. Assim sendo, optou-se pela análise dos valores relativos à evolução do número de animais de pastoreio que maior influência têm no concelho: bovinos, suínos, caprinos, ovinos. A fonte utilizada foi a base de dados estatísticos dos Recenseamentos Gerais da Agricultura (RGA) referente aos anos de 1989 e 1999, do Instituto Nacional de Estatística (INE). IV.3.1. SUPERFÍCIE AGRÍCOLA UTILIZADA Por Superfície Agrícola Utilizada (SAU) 7 entende-se toda a área afecta à exploração agrícola. Através do quadro e gráfico seguintes observamos que a tendência geral é para uma diminuição da área de SAU, diminuição essa que foi de 3,6% para o país. Na região agrária de Trás-os-Montes a diminuição foi de 6,4%, enquanto que na NUT III Douro, foi ainda superior (-9,5%). Quadro IV.3.1a Variação da área de SAU, entre 1989 e 1999 (%) Unidade Geográfica Superfície Agrícola Utilizável País -3.6 NUT II - Norte Região Agrária - Trás-os-Montes -6.4 NUT III - Douro -9.5 Fonte: INE, 1989 e Superfície da exploração que inclui terras aráveis (limpa e sob-coberto de matas e florestas), culturas permanentes, prados e pastagens permanentes. 87

88 Gráfico IV.3.1a Variação da área de SAU, entre 1989 e 1999 (%) % Carrazeda de Ansiães Mirandela Torre de M oncorv o Vila Flor Vila Nova de Foz Côa Alijó Murça S. João da Pesqueira Em Carrazeda de Ansiães esta diminuição também existiu, ainda que a um nível inferior, ficando-se pelos 1,5%, sendo que em Vila Nova de Foz Côa e São João da Pesqueira as descidas foram superiores a 15%. De entre os concelhos limítrofes é possível encontrar alguns com aumentos da área de SAU, nomeadamente Mirandela (7,1%), Torre de Moncorvo (5%), Alijó (3,2%) e Murça (5,4%). Quanto à variação verificada na área de SAU, por freguesia, esta encontra-se representada no mapa IV.3.1a. Das 19 freguesias, oito registam um aumento da área de SAU, enquanto as restantes têm uma evolução negativa. As freguesias de Lavandeira e Marzagão são as que têm a maior quebra, com descidas superiores aos 30%. A maior subida é encontrada na freguesia de Zedes, com um crescimento muito próximo dos 83%, o que contrasta completamente com o comportamento concelhio. O valor médio, que resultou numa ténue descida, esconde então variações intra-concelhias acentuadas e díspares. Para análise das diferentes utilizações da terra vão ser utilizados três parâmetros: o total de terra arável limpa, o total de culturas sob-coberto de matas e florestas e total de culturas permanentes. 88

89 Mapa IV.3.1a Variação relativa das áreas de SAU em Carrazeda de Ansiães

90 IV.3.2. NÚMERO DE EXPLORAÇÕES O número de explorações agrícolas teve uma quebra a nível nacional de 30,5% (quadro Iv.3.2a). Este valor foi seguido de perto pela NUT II Norte (-28,4%), enquanto que na região agrária e NUT III, as quebras foram de 13,1% e 15,8%, respectivamente. Quadro IV.3.2a Variação do número de explorações agrícolas ( ) Unidade Geográfica Número de Explorações País -30,5 NUT II Norte -28,4 Região Agrária Trás-os-Montes -13,1 NUT III Douro -15,8 Fonte: INE, 1989 e 1999 No gráfico IV.3.2a é possível verificar que também em Carrazeda de Ansiães existiu uma quebra no número de explorações, no valor de 13,2%. Os concelhos de Mirandela e Vila Flor contrariam a tendência geral, com aumentos de 9,4% e 16,1%. A maior diminuição ocorreu em Alijó, tendo perdido 18,8% das explorações. Gráfico IV.3.2a Variação do número de explorações agrícolas ( ) % Carrazeda de Ansiães Mirandela Torre de Moncorvo Vila Flor Vila Nova de Foz C ôa Alijó Murça S. João da Pesqueira Os resultados, ao nível a freguesia, encontram-se no mapa seguinte. A diminuição do número de explorações é a tónica dominante, cifrando-se acima dos 15% para nove freguesias (valor máximo de -31,9% em Belver). O aumento do número de explorações ocorreu em apenas três freguesias, com um máximo 34,9% em Zedes. Na freguesia de Beira Grande o valor manteve-se inalterado no período de análise.

91 Mapa IV.3.2a Variação relativa do nº de explorações de SAU em Carrazeda de Ansiães

92 IV.3.3. TERRA ARÁVEL LIMPA O total de terra arável limpa 8 permite aferir da evolução da ocupação da terra arável com culturas temporárias em cultura principal; significa a parcela de terra cultivada não associada a sob-coberto de matas e florestas. As culturas sob-coberto de matas e florestas constituem áreas cobertas com árvores ou arbustos de povoamentos puros e/ou mistos, onde há actividade agrícola. Por fim, as culturas permanentes são todas as culturas que ocupam a terra durante períodos de tempo suficientemente longos para fornecer repetidas colheitas. Os resultados encontram-se no quadro Iv.3.3a e gráficos IV.3.3a e b. Quadro IV.3.3a Variação da utilização da terra Unidade Geográfica Terra Arável Limpa Culturas Sob-Coberto Culturas de Matas e Florestas Permanentes País NUT II - Norte Região Agrária - Trás-os-Montes NUT III - Douro Fonte: INE, 1989 e 1999 No tempo considerado, apenas a área afecta a culturas sob-coberto de matas e florestas permanentes teve um acréscimo no país (11%). As restantes duas tiveram quebras, sendo que a da área de terra arável limpa foi superior aos 20%. O comportamento desta última é seguido em todas as unidades geográficas analisadas. A região agrária de Trás-os-Montes apresenta um comportamento semelhante ao do país, no que diz respeito à terra arável limpa e culturas sob-coberto de matas e florestas, mas com valores superiores (-31,3% e 152,1%, respectivamente). As culturas permanentes têm um comportamento oposto, com um crescimento de 8%. Gráfico IV.3.3a Variação de área de terra arável Limpa ( ) % Carrazeda de Ansiães Mirandela Torre de Moncorvo Vila Flor Vila Nova de Foz Côa Alijó Murça S. João da Pesqueira 8 Superfícies ocupadas com culturas temporárias em cultura principal, pousio e horta familiar. Designa-se por limpa porque não inclui a terra arável que está sob-coberto (associada) de matas e florestas, in INE.

93 Em Carrazeda de Ansiães a quebra da área de terra arável limpa foi de 19,5%, valor que conjuntamente com o de Torre de Moncorvo (-19,7%), é ligeiramente inferior à quebra nacional. Todos os outros são superiores, atingindo o máximo em São João da Pesqueira, com -48%. Gráfico IV.3.3b Variação de Área de Culturas Permanentes ( ) % Carrazeda de Ansiães Mirandela Torre de Moncorvo Vila Flor Vila Nova de Foz Côa Alijó Murça S. João da Pesqueira Nas culturas permanentes o sentido do crescimento em Carrazeda foi inverso ao do país, com uma subida na ordem dos 8,4%. São, aliás, mais os concelhos com comportamentos contrários ao nacional, pois apenas Vila Nova de Foz Côa (-2,4%) e São João da Pesqueira (-10,5%), seguem a tendência de Portugal. Gráfico IV.3.3c Variação de Área de Culturas Sob-Coberto de Matas e Florestas ( ) % Carrazeda de Ansiães Mirandela Torre de Moncorvo Vila Flor Vila Nova de Foz Côa Alijó Murça S. João da Pesqueira Para as culturas sob-coberto de matas e florestas, não nos é possível apresentar os valores referentes ao município, como acontece em mais alguns dos concelhos limítrofes. A maior subida pertence a Mirandela, que aumenta o valor inicial em cerca de 15 vezes. 93

94 Ao nível da freguesia, apenas nos é possível acompanhar o comportamento das áreas de terra arável limpa e culturas permanentes, presentes nos mapas IV.3.3a e b. Quanto à terra arável limpa, o decréscimo verificado no concelho é seguido por 15 freguesias, com a maior descida a verificar-se em Lavandeira (-90,2%). Na freguesia de Ribalonga, pelo contrário, duplicou a área afecta a terra arável limpa. Em 13 freguesias existiu um aumento da área de culturas permanentes, tendo este chegado aos 60% em Selores e aos 58,3% em Amedo. A maior evolução negativa ocorreu, novamente, em Lavandeira, existindo mais três freguesias com perdas superiores a 10% (Castanheiro, Pereiros e Belver). 94

95 Mapa IV.3.3a Variação relativa da área de terra arável limpa em Carrazeda de Ansiães

96 Mapa IV.3.3b Variação relativa da área de culturas permanentes em Carrazeda de Ansiães 96

97 IV.3.4. EFECTIVOS ANIMAIS A variação do número de animais, no período considerado, apresenta resultados diferenciados nas diversas unidades geográficas. Os dados referentes às unidades geográficas de maior dimensão encontram-se no quadro IV.3.4a, enquanto os referentes aos concelhos se encontram nos gráficos IV.3.4a e b. No quadro 1.4.3d é ainda possível encontrar o número de animais existentes nos dois períodos. A evolução do efectivo de bovinos (1%), suínos (-0,9%) e Ovinos (0,1%) foi reduzida ao nível de Portugal, tendo os caprinos sofrido uma quebra na ordem dos 25,4%. A evolução do efectivo de bovinos é oposta entre o país e a região agrária e NUT s, pois estas apresentam decréscimos que atingem os 29,5% na NUT III Douro. Quadro IV.3.4a Variação do efectivo animal (%) Unidade Geográfica Bovinos Suínos Ovinos Caprinos País NUT II Norte Região Agrária - Trás-os-Montes NUT III Douro Fonte: INE Ao nível do concelho existiu uma quebra nos bovinos, sempre superior aos 10%, com o valor máximo a registar-se em Torre de Moncorvo. No fim do período de análise restaram, em Carrazeda, 301 bovinos. Gráfico IV.3.4a Variação do efectivo de bovinos ( ) % Amedo Beira Belver Carrazeda Castanheiro Fonte Longa Lavandeira Linhares Marzagão Mogo de Parambos Pereiros Pinhal do Pombal Ribalonga Seixo de Selores Vilarinho da Zedes A evolução dos suínos acompanhou a tendência nacional em grande parte das unidades geográficas de menor dimensão, Carrazeda de Ansiães incluído (-0,2%, passando para os 648 animais), sendo as excepções os concelhos de Mirandela (11,8%) e São João da Pesqueira (3,4%). A maior quebra pertence a Alijó, com -45,4%.

98 Gráfico IV.3.4b Variação do efectivo de suínos ( ) % Amedo Beira Belver Carrazeda Castanheiro Fonte Longa Lavandeira Linhares Marzagão Mogo de Parambos Pereiros Pinhal do Pombal Ribalonga Seixo de Selores Vilarinho da Zedes Os ovinos apresentam um comportamento igual ao nacional, nas unidades geográficas mais reduzidas, mas com valores bastante superiores. Assim, a maior subida verifica-se em Murça, com 120,3%, enquanto Carrazeda de Ansiães se fica pelos 16,8%. Os ovinos são os animais com maior efectivo, existindo em 1999, 5221 animais. Gráfico IV.3.4c Variação do efectivo de ovinos ( ) % Amedo Beira Grande Belver Carrazeda de Ansiães Castanheiro Fonte Longa Lavandeira Linhares Marzagão Mogo de Malta Parambos Pereiros Pinhal do Norte Pombal Ribalonga Seixo de Ansiães Selores Vilarinho da Castanheira Zedes Em relação aos caprinos a descida é geral, com Torre de Moncorvo a chegar aos -67,7%, seguido de Carrazeda de Ansiães, que perdeu 53,9% dos animais (no entanto existiam ainda 1033 animais, o segundo valor mais elevado).o valor menos negativo ocorre em São João da Pesqueira, com -8,8%. 98

99 Gráfico IV.3.4d Variação do efectivo de Caprinos ( ) % Amedo Beira Grande Belver Carrazeda de Ansiães Castanheiro Fonte Longa Lavandeira Linhares Marzagão Mogo de Malta Parambos Pereiros Pinhal do Norte Pombal Ribalonga Seixo de Ansiães Selores Vilarinho da Castanheira Zedes Quadro IV.3.4b Efectivo animal em 1989 e 1999 Unidade Geográfica Bovinos Suínos Ovinos Caprinos País NUT II Norte Região Agrária Trás-os- Montes NUT III Douro Carrazeda de Ansiães Mirandela Torre de Moncorvo Vila Flor Vila Nova de Foz Côa Alijó Murça São João da Pesqueira Fonte: INE, 1989 e 1999 Os dados relativos às freguesias encontram-se nos gráficos IV.3.4e a g. Estes apresentam bastantes lacunas, ou por falta de dados, ou devido à necessidade de proteger a confidencialidade dos mesmos, devido à sua reduzida expressão e consequente facilidade em identificar proprietários. No final (quadro Iv.3.4c) são apresentados os efectivos animais nos dois períodos. 99

100 Gráfico IV.3.4e Variação do número de bovinos ( ) % Amedo Beira Grande Belver Carrazeda de Ansiães Castanheiro Fonte Longa Lavandeira Linhares Marzagão Mogo de Malta Parambos Pereiros Pinhal do Norte Pombal Ribalonga Seixo de Ansiães Selores Vilarinho da Castanheira Zedes Apenas em Parambos é possível encontrar um acréscimo do número de bovinos (43,8%), enquanto a maior descida pertence a Fonte Longa, com -53,7%. Gráfico Iv.3.4f Variação do número de suínos ( ) % Amedo Beira Belver Carrazeda Castanheiro Fonte Longa Lavandeira Linhares Marzagão Mogo de Parambos Pereiros Pinhal do Pombal Ribalonga Seixo de Selores Vilarinho da Zedes Por sua vez, o número de suínos varia de forma acentuada entre freguesias. Em Vilarinho da Castanheira o valor inicial quase que triplica, enquanto que em Pereiros dá-se uma descida na ordem dos 82,1%. 100

101 Gráfico IV.3.4g Variação do número de ovinos ( ) % Amedo Beira Grande Belver Carrazeda de Ansiães Castanheiro Fonte Longa Lavandeira Linhares Marzagão Mogo de Malta Parambos Pereiros Pinhal do Norte Pombal Ribalonga Seixo de Ansiães Selores Vilarinho da Castanheira Zedes Em Marzagão deu-se uma quebra do número de ovinos na ordem dos 76%, enquanto o acréscimo mais expressivo pertence à freguesia de Zedes, que quintuplicou o valor inicial. Os dados apresentam no entanto, bastantes lacunas. Gráfico IV.3.4h Variação do número de caprinos ( ) % Amedo Beira Grande Belver Carrazeda de Ansiães Castanheiro Fonte Longa Lavandeira Linhares Marzagão Mogo de Malta Parambos Pereiros Pinhal do Norte Pombal Ribalonga Seixo de Ansiães Selores Vilarinho da Castanheira Zedes 101

102 Apenas existem dados sobre o número de caprinos nas freguesias de Linhares, Zedes e Fonte Longa e, enquanto nas duas primeiras se dá uma quebra na ordem dos 33%, na restante ocorre um aumento de 7,4%. Quadro IV.3.4c Efectivo Animal ( ) Freguesia Bovinos Suínos Ovinos Caprinos Amedo Beira Grande Belver Carrazeda de Ansiães Castanheiro Fonte Longa Lavandeira Linhares Marzagão Mogo de Malta Parambos Pereiros Pinhal do Norte Pombal Ribalonga Seixo de Ansiães Selores Vilarinho da Castanheira Zedes Dado Confidencial IV.4. ÁREAS PROTEGIDAS, REDE NATURA 2000 E ZONAS ESPECIAIS DE PROTECÇÃO No presente capítulo não se faz referência a qualquer um dos instrumentos de gestão territorial uma vez que o concelho de Carrazeda de Ansiães não se encontra abrangido por nenhum deles. IV.5. ZONAS DE RECREIO FLORESTAL, CAÇA E PESCA As actividades de lazer praticadas na floresta constituem actividades sociais que poderão produzir impactes positivos ou negativos nestes espaços. 102

103 Se por um lado a presença humana é importante na área da detecção de fogos florestais ou mesmo como factor dissuasor quanto à prática de actos criminosos, nomeadamente a eclosão de incêndios florestais, por outro, poderá constituir um factor de perigo pois a prática de determinadas actividades de lazer e culturais contribui, frequentemente, para a eclosão de incêndios, nomeadamente através do realização de fogueiras e lançamento de cigarros, entre outros. Neste ponto vão ser localizados os parques de merendas inseridos em contexto florestal bem a actividade cinegética e piscícola. EQUIPAMENTOS RECREATIVOS INSERIDOS EM CONTEXTO FLORESTAL Por fim, quanto aos equipamentos recreativos a maioria constituem campos de futebol, existindo na sede de concelho uma pista de desportos motorizados (mapa IV.5a). Nas freguesias de Vilarinho da Castanheira e Fonte Longa existem parques de merendas (fotos 1 e 2). Foto 1 - Parque de Merendas em Vilarinho da Castanheira Foto 2 Parque de Merendas em Fonte Longa ACTIVIDADE CINEGÉTICA A importância da actividade cinegética traduz-se na utilização dos espaços florestais para a sua prática. Como tal, o conhecimento espacial de determinadas características referentes a esta actividade torna-se relevante aquando das questões ligadas à protecção da floresta contra os incêndios florestais. A única informação existente, uma vez que a que foi solicitada ainda não foi entregue até à presente data, diz respeito às freguesias onde se localizam as zonas de caça. As fontes de informação foram o site da Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF) e o PROF do DOURO. Desta forma, em Carrazeda de Ansiães, segundo o PROF do Douro (2006) existe uma Zona de Caça Associativa na freguesia de Seixo de Ansiães. 103

104 ACTIVIDADE PISCÍCOLA A inclusão desta actividade num documento desta natureza assume a mesma importância que a caça uma vez que a presença humana em espaços florestais por si só já constitui um factor de perigosidade quanto à ocorrência de incêndios. De acordo com o PROF do Douro (2006) todo o rio Douro e Tua estão classificados como zona de pesca profissional. 104

105 Mapa IV.5a Zonas de recreio florestal e caça existentes em Carrazeda de Ansiães

106 IV.6. ROMARIAS E FESTAS As actividades de lazer praticadas na floresta constituem actividades sociais que poderão produzir repercussões positivas ou negativas nestes espaços. A primeira diz respeito ao factor dissuasor quanto à prática de actos criminosos através da eclosão de incêndios florestais. Simultaneamente, a presença humana poderá ser importante na área da detecção de fogos florestais. Simultaneamente, poderá constituir um factor de perigo, pois a prática de determinadas actividades de lazer e culturais poderá contribuir para a eclosão de incêndios, nomeadamente através do lançamento de artifícios pirotécnicos. No que concerne a festas e romarias, a região Norte do País possui uma grande oferta em termos quantitativos. Muitas vezes associadas a estas festas e romarias populares está o lançamento de material pirotécnico que, em condições de tempo quente e seco, poderá constituir um grande perigo de incêndio. Para além deste facto, a grande afluência de pessoas a um mesmo local, por si só, aumenta a perigosidade. Devido a estes factores, a inclusão neste documento de um capítulo ligado às festas e romarias torna-se importante, de forma a se conhecer a distribuição espacial e temporal destes tipo de actividade recreativa. Os valores apresentados foram recolhidos no site da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães. Pela observação do quadro seguinte (quadro IV.6a) podemos constatar que é nos meses estivais que ocorrem o maior número de dias festivos, destacando-se o mês de Agosto com 17 dias de festa. No extremo oposto encontram-se os meses de Fevereiro, Março, Outubro e Novembro, que não apresentam qualquer dia festivo. As actividades festivas estão, como se verifica, concentradas nos meses de maior calor, o que traz riscos acrescidos para a deflagração de incêndios florestais. Gráfico IV.6a Número de dias de festas em Carrazeda de Ansiães Nº dias JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Quanto à distribuição espacial dos dias de festa, por freguesia, esta é possível de observar através do mapa IV.6a.

107 Mapa IV.6a Distribuição espacial dos dias de festa, por freguesia

108 A maior parte das freguesias apenas tem um dia de festa por ano, sendo o máximo de seis dias de festa anuais, atingido na freguesia de Pombal. A sede de concelho regista cinco dias de festa, sendo que quatro desses dias pertence à feira da maçã e do vinho, realizada no final de Agosto. IV.7. INSTRUMENTOS DE GESTÃO E ORDENAMENTO FLORESTAL A actual importância da floresta no contexto da gestão dos recursos naturais e da problemática dos fogos florestais determinam que a sua gestão esteja integrada nas mais diversas figuras de planeamento territorial. Neste capítulo serão abordados um tipo de instrumento territorial, nomeadamente, o Plano Regional de Ordenamento Florestal (PROF) que constitui um documento estratégico para este sector. Estes instrumentos de planeamento florestal foram definidos com base no Decreto-Lei nº204/99, de 6 de Junho, e são planos com uma proximidade espacial próxima das NUT de nível III. Em termos de ordenamento, estes deverão compatibilizar-se com os instrumentos de território definidos na Lei de Bases do Ordenamento do Território (Lei nº 48/98, de 11 de Agosto). Quanto às questões dos incêndios florestais, deverão, simultaneamente, definir áreas críticas do ponto de vista do risco de incêndio, assim como estabelecer normas de organização regional na prevenção e combate. Tal como mencionado no inicio deste documento, Carrazeda de Ansiães faz parte do Núcleo Florestal do Douro. O respectivo PROF encontra-se aprovado através do Decreto-regulamentar nº 4/2007 de 22 de Janeiro. A região PROF do Douro está dividida em 11 sub-regiões homogéneas, sendo que a área de estudo engloba três dessas regiões: o o o Carrazeda: parte Centro e Este do concelho. É uma sub-região com grande número de incêndios florestais, onde predominam a área florestal com o domínio do pinheiro-bravo. As infra-estruturas existentes são de quantidades reduzidas e concentradas; Douro: parte Sul do concelho, numa faixa ao longo do rio Douro, e é predominantemente agrícola. Mais uma vez, a espécie florestal predominante é o pinheiro-bravo e os incêndios florestais, juntamente com o mau estado das infra-estruturas florestais, constituem uns dos principais problemas; Tua: parte Oeste e Noroeste do concelho, ao longo do rio Tua, onde a área agrícola, juntamente com a área florestal, são quase idênticas. À semelhança da sub-região do Douro e de Carrazeda, os principais problemas passam pela falta de gestão florestal, deficientes infra-estruturas e incêndios florestais.

109 IV.8. OUTROS INSTRUMENTOS DE PLANEAMENTO O PDM de Carrazeda de Ansiães foi aprovado pela Resolução Conselho de Ministros nº 104/94, de 18 de Outubro, tendo sido alterado pelas Resolução Conselho de Ministros nº99/2000, de 04 de Agosto, e Resolução Conselho de Ministros nº140/2000, de 18 de Outubro. A floresta de Carrazeda de Ansiães, em termos de ordenamento municipal, foi dividida em duas classificações de uso do solo: espaços florestais e espaços naturais de utilização múltipla. A primeira classe espaços florestais, segundo o artigo 55º são todas as áreas com área igual ou superior a 50ha. Por sua vez, os espaços naturais de utilização múltipla, no seu artigo 58º, são definidos como espaços complexos, fracamente humanizados, e fundamentais quer na manutenção e incremento da qualidade dos recursos naturais, quer na melhoria da própria qualidade de vida das populações do concelho em que a silvicultura, mediante determinadas regras, constitui um dos usos permitidos. Estas categorias apresentam restrições que têm como objectivo o mesmo, mas que variam tanto conforme a categoria de uso do solo como dentro de cada categoria. Essas restrições estão resumidas no quadro 1.6.1a: Quadro IV.8a Principais artigos do regulamento do PDM relativo ao sector florestal Categoria de espaço Floresta Artigo 59º Condições de uso A arborização e rearborização, seja em áreas superiores ou inferiores a 50ha, está condicionada a determinadas espécies devendo-se dar privilégio a folhosas e resinosas indígenas e exóticas tradicionais, nomeadamente o castanheiro, a cerejeira, o sobreiro e o pinheiro-bravo. Recolha de lenha para utilização própria como combustível, desde que não seja irremediavelmente danificado qualquer espécime pertencente a uma espécie de porte arbóreo, mesmo ainda jovem. No espaço natural de uso múltiplo são proibidas todas as obras ou acções que impliquem a Natural 60º destruição da vegetação arbórea existente e a alteração do relevo natural, excepto quando decorrentes da execução de projectos devidamente aprovados. 61º A edificação é permitida nesta tipologia de espaços mediante um conjunto de normas. V. CARACTERIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS E INFRA-ESTRUTURAS O conhecimento da tipologia de equipamentos e infra-estruturas existentes na área de estudo assume uma importância cada vez maior, face tanto ao que a própria legislação impõe como também à própria necessidade de protecção quando estes se encontram no interior ou em contacto com áreas florestais. Relativamente aos equipamentos, alguns assumem uma importância ao nível do combate como a localização do quartel de bombeiros, outros ao nível de protecção de um bem vital para qualquer região como equipamentos relacionados com distribuição de energia (sendo que alguns poderão ser considerados, simultaneamente, áreas de potencial perigo devido à sua tipologia) e, por fim, outros que têm uma correspondência muito forte com o perigo de incêndio como as áreas industriais que, por vezes, poderão albergar indústrias que detenham materiais facilmente inflamáveis. 109

110 Quanto às infra-estruturas a situação é semelhante, devendo no caso de Carrazeda de Ansiães, contemplar somente a rede eléctrica. A maioria da base cartográfica para esta capítulo advém da cartografia 1/10 000, ainda não validada, da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana. Alguma dela foi complementada pela informação existente no site da Rede Eléctrica Nacional. V.1. ACESSIBILIDADES A acessibilidade no interior de Carrazeda de Ansiães encontra-se distribuída de uma forma equilibrada, como se pode observar no mapa V.1a. Os eixos de comunicação mais relevantes são as Estradas Nacionais (EN) 214 e A primeira atravessa todo o concelho, com direcção W-E, escoando todo o tráfego entre Alijó e Vila Flor, e passando pelo aglomerado que lhe dá nome, perfazendo um total de 24,8 km. A segunda, tem início na EN 214 e parte para N ligando ao concelho de Murça, perfazendo até lá 13,6 km. É um dos acessos ao IP4 que constitui o eixo essencial de ligação quer ao Porto quer a Bragança. No extremo Este do concelho existe um troço de EN 324, com 4,5 km, que liga os concelhos de Vila Flor e Torre de Moncorvo. Por último, na parte SW da área de estudo, paralelo ao rio Douro e a fazer a ligação com Alijó, encontra-se um troço da EN 108, com 3,9 km. As Estradas Municipais (EM) fazem a ligação entre as diversas freguesias, num total de 88,2 km, sendo a sua densidade ligeiramente superior na parte N do concelho. Da totalidade dos troço, destacam-se quatro pela sua dimensão, sendo eles a EM 633 (16,3 km), EM 628 (13,9 km), EM 633 (12,6 km) e a EM 630, com 11,3 km. 110

111 Mapa V.1a Acessibilidades em Carrazeda de Ansiães

112 Quanto aos Caminhos Municipais (CM), que fornecem alternativas para as deslocações intra-concelhias têm, em geral, dimensões inferiores a 5 km, sendo a excepção o caminho pertencente à Rota do Douro, que perfaz 18,9 km. Por fim, em Carrazeda de Ansiães é possível encontrar rede ferroviária que tem uma implementação periférica, passando ao longo do Tua e do Douro, seguindo a linha do Tua até à fronteira do concelho com os de Vila Flor e Mirandela. V.2. EQUIPAMENTOS DE INTERESSE PARA A FLORESTA Neste ponto, face ao existente na área de estudo, será feita a distinção de quatro tipos de situações: indústria, equipamentos de abastecimento/distribuição de energia, equipamentos recreativos e, por fim, equipamento com ligações directas à floresta, mais propriamente ao combate a incêndios, que é o caso do quartel dos bombeiros. As fontes utilizadas para este ponto dizem respeito à cartografia em formato vectorial existente e, por vezes, a levantamentos efectuados in loco aquando da actualização das infra-estruturas florestais. Para esta última situação, foram identificadas e cartografadas determinadas indústrias (pirotecnia). Relativamente à indústria, as únicas distinções possíveis de serem feitas são as seguintes: indústria extractiva (como é o caso das pedreiras), indústria pirotécnica e as zonas industriais implementadas bem como a área de expansão proposta e toda a unidade fabril distribuída pelo concelho. Desta forma, Carrazeda de Ansiães dispõe de uma zona/parque industrial localizado na sede de concelho (mapa V.2a). Actualmente, a sua área total perfaz cerca de 11,6ha. A expansão desta tipologia de uso do solo irá contribuir com cerca de 2,3ha no mesmo local. A única informação que dispomos relativamente à tipologia de indústrias existentes no concelho só nos permite distinguir a indústria extractiva, nomeadamente, as pedreiras e pirotécnica. Desta forma, existem quatro pedreiras, localizadas nas freguesias próximas da sede: Marzagão, Amedo, Zedes e Belver.

113 Mapa V.2a Localização dos equipamentos de interesse para a florestas

114 Como ainda se pode observar no mapa V.2a constata-se que existem três unidades fabris com representação cartográfica, localizadas em Amedo, Belver e Vilarinho da Castanheira, das quais não dispomos informação quanto à sua actividade principal. Quanto à indústria pirotécnica existem duas localizadas na freguesia de Carrazeda de Ansiães e outra em Belver (fotografias 3 e 4). Foto 3 Carrazeda de Ansiães (Pirotecnia) Foto 4 Belver (Pirotecnia) Por sua vez, no concelho, a nível de equipamentos de abastecimento/distribuição de energia, existe uma bomba de gasolina localizada no perímetro urbano da sede de concelho e uma central hidroeléctrica localizada em Linhares. A mesma situação acontece com o quartel dos bombeiros, uma vez que só existe um localizado na sede de concelho. V.3. INFRA-ESTRUTURAS DE INTERESSE PARA A FLORESTA De acordo com os dados cartográficos existentes no site da Rede Eléctrica Nacional, em Carrazeda de Ansiães só atravessa linhas de alta tensão (220kv), mais precisamente a linha 2097, que atravessa o concelho com direcção Sudoeste-Nordeste, sensivelmente ao centro do mesmo. As freguesias atravessadas são Linhares, Marzagão, Carrazeda de Ansiães e Belver (mapa V.3a).

115 Mapa V.3a Localização das infra-estruturas de interesse para a florestas

116 VI. ANÁLISE DO HISTÓRICO E DA CAUSALIDADE DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS É do conhecimento geral que os incêndios florestais têm constituído um dos grandes flagelos nos últimos tempos, sendo que o estudo estatístico e cartográfico se torna importante tanto na percepção das variáveis físicas que poderão ter exercido influência como na definição de medidas de prevenção, combate e vigilância de forma localizada. O objectivo deste capítulo passa pela tentativa de prever tendências gerais do comportamento dos incêndios florestais e determinar aspectos específicos localizados, para que no final, sirva de base para a elaboração das propostas. Para tal, a metodologia utilizada assentou numa análise estatística e numa análise espacial. No primeiro tipo de análise (a estatística), utilizaram-se duas variáveis: número de ocorrências e área ardida por freguesia. O período da análise varia consoante a escala de análise: os dados do concelho correspondem a um período de 25 anos (1980 a 2005). Por sua vez, os dados referentes à freguesia correspondem a um período mais curto (5 anos); entre 1999 e A análise incide na evolução das variáveis ao longo do período em causa, no enquadramento na região PROF e na distribuição média por freguesia. O ideal de análise para este capítulo poderia ir para além do conhecimento da evolução do número de ocorrências e área ardida a nível regional e intra-concelhio. Seria interessante tentar determinar quais os dias da semana, os períodos do dia em que é registado o maior número de ocorrências, bem como perceber qual o local de ponto de ignição, com o objectivo de se estruturar os locais e horários de maior vigilância e fiscalização. Como esses dados ainda não foram disponibilizados pela entidade responsável essa análise não será realizada neste documento. Para além da elaboração destas estatísticas será calculado o índice de risco histórico-geográfico (Lourenço, L e Gonçalves, A., 1998) que irá permitir relacionar as ocorrências, área ardida e área da unidade territorial em análise. A análise espacial consistiu no estudo das áreas ardidas cartografadas num período de 15 anos (1990 a 2005), sendo que será importante referir que a base para o ano de 2005 é oriunda de uma imagem de satélite com uma resolução de 250 m. Todos os dados são provenientes da página electrónica da Direcção-Geral dos Recursos Florestais.

117 VI.1. ENQUADRAMENTO NACIONAL E REGIONAL Entre 1980 e 2005, no concelho de Carrazeda de Ansiães registaram-se 1607 ocorrências, que corresponde a 5,3% dos incêndios ocorridos no Núcleo Florestal do Douro em igual período (quadro VI.1a). Quanto à área ardida, algumas situações são diferentes, isto é, entre 1980 e 2005 arderam ,7 a de área florestal, correspondendo a 6% do total de área ardida do Núcleo Florestal do Douro. Quadro VI.1a Enquadramento do número de ocorrências e área ardida entre 1980 e 2005, em Portugal Continental, Núcleo Florestal do Douro e Carrazeda de Ansiães Unidade geográfica Ocorrências Área ardida (ha) Povoamentos Matos Total Portugal Continental ,0 Núcleo Florestal Douro , , ,3 Carrazeda de Ansiães , , ,7 Fonte: DGRF Comparando os valores totais de ocorrências em todos os concelhos do Núcleo Florestal do Douro (gráfico VI.1a) verifica-se que a maioria regista valores superiores à média do núcleo florestal (1143 ocorrências/ano), onde Carrazeda de Ansiães está incluída. Somente Freixo de Espada-à-Cinta, Vila Flor (concelho limítrofe com área de estudo), Mesão Frio, Armamar e Penedono. Apesar de estar incluída nos concelhos com valores superiores à média do núcleo florestal não é das unidades administrativas com maior número de ocorrências dos últimos 26 anos. No patamar acima das 2000 ocorrências encontramos Vila Real (5335 ocorrências), Lamego (3013 ocorrências) e Alijó (2220 ocorrências). Gráfico VI.a Distribuição do número de ocorrências totais nos concelhos do Núcleo Florestal Douro entre 1980 e Freixo de Torre de Vila Flor Alijó 489 Mesão Frio Peso da Sabrosa Stª Marta Vila Real 989 Armamar Lamego Penedono S.João Sernancelhe Tarouca Moimenta Vila Nova Carrazeda Ocorrências (nº) Média do Núcleo Florestal Douro Fonte: DGFR 117

118 Quanto ao total de área ardida (gráfico VI.1b) a situação difere pouco relativamente ao número de ocorrências pois são mais os concelhos que registam área ardida abaixo da média do núcleo florestal: Freixo de Espada-à-Cinta, Mesão Frio (corresponde ao valor mais baixo, não chegando a ultrapassar os 1000ha), Peso da Régua, Stª Marta Penaguião, Armamar, S. João da Pesqueira e Tarouca. Mais uma vez, Carrazeda de Ansiães encontra-se no conjunto de concelhos com valores superiores à média, não ultrapassando os ha. Uma vez mais, é Vila Real que detém o valor mais elevado com ha, logo seguido de Torre de Moncorvo com 20176,6ha mercê de um grande incêndio ocorrido em Gráfico VI.1b Distribuição da área ardida total nos concelhos do Núcleo Florestal Douro entre 1980 e ,1 Freixo de Espada à Cinta 20176,6 Torre de Moncorvo 8557,4 Vila Flor 15137,0 Alijó 781,1 2158,5 Mesão Frio Peso da Régua 8687,8 Sabrosa 2108,1 Stª Marta Penaguião 28049,9 Vila Real 6603,6 Armamar 16619, ,7 Lamego Penedono 6266,0 S.João Pesqueira 16518, , , ,6 6760,7 Sernancelhe Tarouca Moimenta da Beira Vila Nova de Foz Côa Carrazeda de Ansiães Área ardida (ha) Média do Núcleo Florestal Douro Fonte: DGRF Comparando com os dois concelhos vizinhos (Mirandela e Murça), que fazem parte do Núcleo Florestal do Nordeste e Barroso/ Padrela respectivamente, a área de estudo continua a registar os valores mais elevados, apesar de apresentar valores quase idênticos (1372 ocorrências em Mirandela e 1270 ocorrências em Murça). Relativamente à área ardida verifica-se que Carrazeda de Ansiães regista um valor de área ardida inferior comparativamente com Murça. Por sua vez, Mirandela registou um área ardida total superior (mais 7.094,3ha). Em termos evolutivos, pela observação do gráfico VI.1c, verifica-se que, de uma forma geral, a maioria dos concelhos teve a mesma tendência quanto ao número de ocorrências, situação onde se enquadra Carrazeda de Ansiães. A excepção mais evidente é o concelho de Vila Real que apesar de registar a mesma tendência, os valores apresentados são muito elevados contribuindo, deste modo, para o aumento da média neste núcleo florestal. Para o concelho de Carrazeda de Ansiães só existem dados a partir de 1983 e em média, desde esse período, ocorreram 70 incêndios por ano em espaços florestais. A sua evolução, grosso modo, registou sempre valores enquadrados no que foi mencionado anteriormente, sendo que o máximo registado ocorreu em 2000 com 155 ocorrências, valor esse que desceu até 2004, para no ano de 2005 ter voltado a aumentar para as 93 ocorrências. 118

119 Comparativamente com os concelhos envolventes que fazem parte do Núcleo Florestal do Douro, somente o de Alijó, em média por ano, tem maior número de ocorrência (85 ocorrências/ ano). Os outros concelhos vizinhos do mesmo núcleo florestal apresentam valores médios inferiores (Vila Flor com 32 ocorrências/ ano e Torre de Moncorvo com 64 ocorrências/ ano). A situação é semelhante quando se compara com Mirandela (55 ocorrências/ ano) e Murça ( 49 ocorrências/ ano). Gráfico VI.1c Evolução do número de ocorrências nos concelhos do Núcleo Florestal Douro ( ) Ocorrências (nº) Freix o Espada à Cinta Torre de Moncorv o Vila Flor Alijó Mesão Frio Peso Régua Sabrosa Stª Marta Penaguião Vila Real Armamar Lamego S.João Pesqueira Sernancelhe Tarouca Moimenta da Beira Vila Nov a Foz Côa Carrazeda de Ansiães Fonte: DGRF Tendo em consideração os valores médios de ocorrências por concelho (quadro VI.1b) e segundo a classificação adoptada pelo Município de Loures (2003) no Plano Municipal Intervenção Florestal de Loures, quase todos os concelhos apresentam um risco espacial extremo, à excepção de Mesão Frio que apresenta um índice de risco espacial de incêndio grave. Quadro VI.1b Distribuição da média de ocorrências entre 1980 e 2005, por concelhos do Núcleo Florestal do Douro Ocorrências/Ano RE Freixo de Espada à Cinta 37 Extremo Torre de Moncorvo 64 Extremo Vila Flor 32 Extremo Alijó 85 Extremo Mesão Frio 22 Grave Peso da Régua 59 Extremo Sabrosa 60 Extremo Santa Marta de Penaguião 57 Extremo Vila Real 205 Extremo Armamar 40 Extremo Lamego 116 Extremo Penedono 39 Extremo São João da Pesqueira 69 Extremo Sernancelhe 47 Extremo 119

120 Tarouca 61 Extremo Moimenta da Beira 53 Extremo Vila Nova de Foz Côa 73 Extremo Carrazeda de Ansiães 70 Extremo Muito baixo: <2; Baixo: 2-4;Moderado:4-7;Alto: 7-15; Grave:15-30; Extremo: >30 Fonte: Município Loures (2003) No que diz respeito à área ardida, a situação está retratada no gráfico VI.1d. Em termos evolutivos, desde 1996 têm-se verificado oscilações, ou seja, quando num ano a área ardida aumenta em determinados concelhos, no ano seguinte o valor desce. O concelho de Carrazeda de Ansiães teve o seu valor mais elevado em 2003 com 2747ha, sendo que em 2005 o valor foi quase idêntico (2477,5ha). Mas em termos de evolução é importante realçar dois períodos que foram antagónicos ao que ocorreu em determinados concelhos do Núcleo Florestal do Douro: entre 1986 e 1994 o concelho encontrava-se entre os que detinham os valores mais reduzidos de área ardida, enquanto que existiam outros que registavam valores elevados; outro período corresponde a 1998 e 1999 que mais uma vez teve valores reduzidos, enquanto que grande parte do núcleo registou valores significativos. Em termos médios, ardem 562,4ha de área florestal. Comparando com os concelhos vizinhos que estão inseridos no núcleo, somente Vila Flor detém valor médio mais baixo: 356,6ha/ ano. Por sua vez, em Alijó ardem em média 582,2ha por ano. Mas é Torre de Moncorvo que detém valor mais elevado: 840,7ha/ ano que se deve ao aumentar de área ardida desde 2000 que foi sempre superior a 1300ha em cada ano. Comparando com Mirandela e Murça, a área de estudo possui valores médios mais elevados, sendo somente Mirandela o único concelho que se aproxima com 801,2ha/ ano contrapondo com os 381,2ha/ ano de Murça. Gráfico VI.1d Evolução da área ardida total nos concelhos do Núcleo Florestal Douro ( ) Ha Freixo Espada à Cinta Torre de Moncorvo Vila Flor Alijó Mesão Frio Peso Régua Sabrosa Stª Marta Penaguião Vila Real Armamar Lamego Penedono S.João Pesqueira Sernancelhe Tarouca Moimenta da Beira Vila Nova de Foz Côa Carrazeda de Ansiães Fonte: DGRF 120

121 VI.2. INCÊNDIOS FLORESTAIS NO CONCELHO DE CARRAZEDA DE ANSIÃES Após o enquadramento destas variáveis a uma escala regional, será importante efectuar uma análise a uma escala maior, ao nível das freguesias. Será importante ressalvar que os valores apresentados de área ardida poderão não demonstrar a realidade uma vez que esse valor é atribuído à freguesia onde se iniciou o incêndio, não sendo contabilizada a área ardida pelas restantes freguesias quando tal acontece. Outro aspecto relevante de ser referido é que os dados oficiais, em alguns anos e freguesias, apresentam espaços em branco, que não sabemos se correspondem a falta de dados ou simplesmente nesse ano e nesse local não se verificaram ocorrências. Deste modo, entre 1999 e 2005, registaram-se 759 ocorrências, dando uma média de cerca de 108 por ano. Pela observação do gráfico Vi.2a verifica-se que não existe uma única freguesia com valores superiores à média concelhia para este período. Somente a de Amedo é que se aproxima com 97 ocorrências no total, logo seguida da de Beira Grande com 75 ocorrências. As que apresentam valores quase insignificantes são duas freguesias vizinhas, Castanheiro (12 ocorrências) e Ribalonga (2 ocorrências) juntamente com a de Mogo de Malta (13 ocorrências). GráficoVI.2a Distribuição do número de ocorrências por freguesia entre 1999 e 2005 Ocorrências (nº) Amedo Beira Grande Belver Carrazeda de Ansiães Castanheiro 59 Fonte Longa Lavandeira Linhares Marzagão Mogo de Malta Parambos Pereiros Pinhal do Norte Pombal Ribalonga Seixo de Ansiães Selores Vilarinho da Castanheira Zedes Ocorrências (nº) Média concelhia Fonte: DGRF Quanto à área ardida, em termos médios, no concelho de Carrazeda de Ansiães, arderam 1291,1ha por ano durante o período em análise. Neste caso, existe uma freguesia que registou valores superiores à média: Pereiros com 1767,7ha de área ardida (gráfico VI.2b). Logo de seguida temos duas freguesias vizinhas: Lavandeira (1191,3ha) e Beira Grande (1219,3ha) localizadas na parte Sul do concelho. Existe ainda outra freguesia com valores de área ardida superiores a 1000ha: Linhares, que, por sua vez, faz fronteira com Lavandeira. Desta forma, é possível concluir que a área florestal das encostas do rio Douro apresenta valores elevados de área ardida, apesar de não serem as freguesias com maior 121

122 número de ocorrências. Deste facto, depreende-se a influência que os fortes declives, associados a uma carga combustível altamente inflamável e de fácil propagação, contribuem para esses valores. Relativamente às freguesias com menor área ardida, as de Ribalonga e Castanheiro que, como mencionado anteriormente, registaram poucas ocorrências, não excedem os 5ha no total. Para além destas freguesias será importante realçar mais sete que registaram valores abaixo dos 200ha: Zedes, Parambos, Pinhal do Norte, Belver, Fonte Longa, Carrazeda de Ansiães e Seixos de Ansiães. Gráfico VI.2b Distribuição da área ardida por freguesia entre 1999 e , ha ,2 1219,3 1191,3 1010,2 823,5 664, ,8 136,3 4,4 112,4 381,9 20,7 53,4 0,4 142,0 406,1 310,6 13,0 Amedo Beira Grande Belver Carrazeda de Ansiães Castanheiro Fonte Longa Lavandeira Linhares Marzagão Mogo de Malta Parambos Pereiros Pinhal do Norte Pombal Ribalonga Seixo de Ansiães Selores Vilarinho da Castanheira Zedes Área ardida (ha) Média concelhia Fonte : DGRF Quanto ao tipo de área ardida, nas freguesias com valores mais elevados, predomina a área ardida de matos. A situação mais evidente é a de Lavandeira que registou 1169,7ha de área ardida em matos e somente 21,6ha em espaço com floresta (gráfico Vi.2c). Só existem duas freguesias em que a maioria da área ardida ocorreu em espaços com floresta: Pombal (Nordeste do concelho) e Vilarinho da Castanheira (Sudoeste do concelho). 122

123 Gráfico VI.2c Distribuição da área ardida por tipologia de povoamento, por freguesia entre 1999 e Amedo Beira Grande Belver Carrazeda de Ansiães Castanheiro Fonte Longa Lavandeira Linhares Marzagão Mogo de Malta Parambos Pereiros Pinhal do Norte Pombal Ribalonga Seixo de Ansiães Selores Vilarinho da Castanheira Zedes ha Povoamentos Matos Fonte: DGRF Em termos evolutivos por tipologia de área ardida (gráfico VI.2d), verifica-se que não há nenhum padrão de evolução, uma vez que entre 1999 e 2000 se registou um aumento em ambas as tipologias de área, para nos anos seguintes até 2003 se verificarem situações diversas. A partir de 2003 as duas tipologias voltaram a registar evoluções equivalentes, isto é, entre 2003 e 2004 registou-se uma diminuição para em 2005 voltar a aumentar. Gráfico VI.2d Evolução da área ardida por tipologia de povoamento entre 1999 e ha Pov oamentos Matos Fonte : DGRF Comparando a evolução da área ardida com a do número total de ocorrências (gráfico VI.2e), não existe uma semelhança, ou seja, nem sempre o aumento do número de ocorrências significa o aumento de área ardida; essa situação só se verificou entre 1999 e 2000 e 2004 e Uma outra situação relevante é que entre 2002 e 2003 o número de ocorrências diminui (menos 47 ocorrências), mas a área ardida sofreu um aumento considerável (mais 1619,7ha). 123

124 Gráfico VI.2e Evolução do numero de ocorrências entre 1999 e 2005 Área ardida (ha) Ocorrências (nº) Área ardida (ha) Ocorrências (nº) Fonte: DGRF VI.3. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS INCÊNDIOS POR ÁREA FLORESTAL A análise realizada anteriormente tem em consideração somente a localização da ocorrência e, consequentemente, da área ardida por freguesia. Como tal, seria interessante relacionar esses dados com a área florestal existente em cada uma destas unidades administrativas de forma a perceber qual a taxa de área florestal onde ocorre este flagelo. Para tal, iremos considerar como área florestal, o nível I Floresta e Incultos da carta de ocupação actual. Posteriormente, será feita uma comparação de ocorrências e área ardida total por cada 100ha de floresta existente. Assim sendo, e relembrando, existem em Carrazeda de Ansiães cerca de ,2ha de área florestal representando 62,4% da área total do concelho. A sua distribuição ao nível de freguesia diz-nos que existem seis com mais de 1000ha de área florestal: a Norte o Pinhal do Norte, Pombal e Pereiros e na parte Sul corresponde a Linhares, Lavandeira, Seixo de Ansiães e Vilarinho de Castanheira. Comparando com a área total da freguesia quase todas têm mais de 50% da sua área total ocupada com espaço florestal; a únicas excepções são Selores, Ribalonga e a sede de concelho. A que possui maior percentagem de área florestal comparativamente com área total de freguesia é Lavandeira com 83,2% da área ocupada por tipologia de ocupação florestal. Analisando a relação entre as ocorrências por cada 100ha de área florestal ao nível da freguesia (mapa VI.3a) constatase que a análise não é semelhante, ou seja, existe uma faixa central entre Amedo e Selores, passando por Carrazeda de Ansiães, onde se verifica o maior número de ocorrências por cada 100ha de área florestal (entre os 10,2 a 13,3ha/ 100ha). Duas destas freguesias são as que menor área florestal dentro dos seus limites possuem (inferior a 50% da área total): Carrazeda de Ansiães e Selores. Este aspecto poderá constituir um indício de que a presença humana poderá constituir um factor de perigo, seja através da existência de áreas sociais, seja da presença de área agrícola. 124

125 Mapa VI.3a Distribuição do nº de ocorrências por cada 100ha de área florestal em Carrazeda de Ansiães

126 Por sua vez, Lavandeira é a que possui maior percentagem de área florestal comparativamente com a sua área total e é uma das que apresenta valores reduzidos de ocorrências por cada 100ha de floresta (3,9 ocorrências/ 100ha). As freguesias de Fonte Longa e Beira Grande encontram-se classificadas na segunda classe mais elevada, mercê do elevado número de ocorrências. Procedendo ao mesmo tipo de análise mas por área ardida a situação é diferente (mapa VI.3b). As freguesias com maior área ardida por cada 100ha de área florestal localizam-se em pontos do concelho opostos: a Norte, Pereiros e a Sul Beira Grande que se enquadram na classe dos 119 a 158,5ha de área ardida por cada 100ha de espaço florestal existente. Como se pode verificar esta última freguesia associa-se o número mais elevado de ocorrências por cada 100ha desta tipologia de áreas. Dirigindo-nos desta freguesia no sentido Nordeste, encontramos uma diminuição da relação área ardida por 100ha de floresta. Duas freguesias antagónicas quanto à sua percentagem de área florestal no total de área da freguesia encontram-se na mesma classe: Lavandeira (maior percentagem de área florestal) juntamente com Selores (menos de 50% de área florestal). Mais uma vez, e a semelhança da relação entre ocorrências e área florestal, esta freguesia encontra-se entre as que detém maior valor. Para finalizar, será importante destacar Amedo e Mogo de Malta e ainda a faixa que vai de Carrazeda de Ansiães para Sudeste em direcção a Linhares, ao qual se junta a freguesia de Pombal que se enquadra na segunda classe de índice de área ardida por 100ha (39,8ha a 79,3ha/ 100ha de área florestal)..

127 Mapa VI.3a Distribuição da área ardida (ha) por cada 100ha de área florestal em Carrazeda de Ansiães

128 VI.4. ÍNDICE DE RISCO HISTÓRICO-GEOGRÁFICO A aplicação deste índice permite reforçar as análises anteriores uma vez que conjuga a importância dos incêndios ocorridos nos anos anteriores, com a sua localização, através da combinação do número de fogos com o valor das áreas ardidas na unidade considerada (Lourenço, L e Gonçalves, A., 1998). Para este documento iremos proceder à aplicação do índice à escala da freguesia com os dados existentes para um período de sete anos (1999 a 2005). As classes adoptadas pelos autores supracitados estão explicitas no quadro VI.4a. Quadro VI.4a Classes do índice de risco histórico-geográfico e seus valores limite Situação Classe de risco Intervalos de classe Baixo Risco 1 Reduzido 0 29,9 Médio Risco 2 Moderado ,9 3 Elevado ,9 Alto Risco 4 Muito elevado ,9 5 - Máximo Fonte: Lourenço, L. e Gonçalves, A. (1998) Desta forma, pela observação do mapa seguinte (mapa VI.4a) constatamos que, no período observado, se destaca a freguesia de Beira Grande onde a classe de risco é elevada devido aos valores médios elevados de área ardida e ocorrências por espaço florestal. Das restantes freguesias, oito enquadram-se na classe de risco moderado.

129 Mapa VI.4a Índice de risco de incêndio histórico-geográfico em Carrazeda de Ansiães

130 VI.5. CARTOGRAFIA DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS Esta cartografia permite-nos identificar com alguma exactidão, a localização dos principais incêndios florestais ocorridos no concelho entre 1990 e Simultaneamente poderemos perceber qual a tendência temporal (se assim existir) e quais os condicionalismos naturais que poderão estar na origem da área ardida. Será importante realçar mais uma vez, que a área ardida do ano de 2005 é proveniente da imagem de satélite MODIS que detém uma resolução espacial de 250 m e só tendo sido cartografados áreas ardidas superiores a 50ha. Outra consideração que será importante fazer é que, apesar de sabermos que um incêndio florestal não respeita os limites administrativos, o tratamento cartográfico e estatístico terá em consideração somente o limite de concelho. Deste modo, pela observação do quadro VI.5a verifica-se que no total foram cartografados ,3ha de área ardida de média a grande importância 9 que corresponderam a 162 incêndios. Também é possível identificar que só em um ano é que não ocorreram incêndios dessa importância no concelho de Carrazeda de Ansiães: ano de Quadro VI.5a Número de incêndios e área ardida por ano Ano Nº incêndios Área (ha) , , , , , , , , , , , , , TOTAL ,30 Fonte: DGRF 9 Superior a 10 hectares.

131 Mapa VI.5a Distribuição anual da área ardida entre 1990 e 2005 em Carrazeda de Ansiães

132 Analisando a distribuição destas áreas por freguesia (gráfico VI.5a), no total dos 15 anos, em todas as freguesias existiu um grande incêndio. É na freguesia com maior percentagem de área ocupada por espaços florestais (Lavandeira) que se regista a maior quantidade de área ardida cartografada (2202,2ha). Inversamente, as freguesias com menor área ardida corresponde a Carrazeda de Ansiães e Castanheiro que não ultrapassaram os 100ha no período considerado. Gráfico VI.5a Distribuição da área ardida cartografada por freguesia (em ha) ha , ,6 509,8 43,6 234,0 35,3 2202,2 1360,3 1060,0 1720,1 739,1 1124,4 1866,9 258,2 229,5 1235,2 613,3 1388,7 1140,3 Amedo Beira Grande Belver Carrazeda de Ansiaes Castanheiro Fonte Longa Lavandeira Linhares Marzagao Mogo de Malta Parambos Pereiros Pinhal do Norte Pombal Ribalonga Seixo de Ansiaes Selores Vilarinho da Castanheira Zedes A distribuição anual das áreas ardidas cartografadas por freguesia poderá ser observado no quadro no anexo VI e a sua visualização no mapa VI.5b. Assim sendo, é evidente que existem freguesias que quase todos os anos registam incêndios de importância média a elevada. Destacam-se na parte Norte do concelho, as freguesias de Pinhal do Norte, Pereiros com área ardida desde 1990 até 2003 tendo neste último ano se registado o maior valor para estas duas áreas: 831,1ha. Uma outra freguesia que merece destaque, tanto pela frequência elevada de número de ocorrências, como pela área ardida cartografada é a de Mogo de Malta, onde se registaram em nove anos grandes incêndios alguns deles com grandes extensões de área ardida: 1995 com 535,6ha, 1998 com 469,3ha e 2003 com 519,6ha. Todos estes anos correspondem, ao nível nacional, a momentos críticos tanto quanto ao número de incêndios como de área ardida. Ainda na parte central do concelho, mais precisamente em Amedo e Parambos ao longo das vertentes viradas a Nordeste do marco geodésico da Srª da Oraça, também se observa uma grande quantidade de área ardida, mas de proporções mais reduzidas comparativamente com as supracitadas. Os valores mais elevados registaram-se em 1998 com 205,7ha em Parambos e 433,8ha, em Amedo (que não correspondem ao mesmo incêndio) e em 2002 com 213,2ha em Parambos. Na parte Sul do concelho destaca-se uma faixa que se estende desde Ribalonga, Linhares, Marzagão (parte Sul da freguesia), Lavandeira e Beira Grande.

133 Mapa VI.5b Distribuição anual da área ardida entre 2000 e 2005 em Carrazeda de Ansiães

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