ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS DO CAFEEIRO (Coffe arabica L.) EM RESPOSTA AO SOMBREAMENTO NO MUNICÍPIO DE RIO POMBA, MINAS GERAIS.
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- Levi da Rocha Bastos
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1 IV Fórum Regional de Agroecologia Semeando oportunidades, colhendo um futuro 9 a 11 de junho de 211 ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS DO CAFEEIRO (Coffe arabica L.) EM RESPOSTA AO SOMBREAMENTO NO MUNICÍPIO DE RIO POMBA, MINAS GERAIS. LUCIANA DE MOURA GONZAGA 1, RENATA CUNHA PEREIRA 1, SARAH SANTOS DA SILVA 1, THAÍS FRANCA SILVEIRA 1, ANDRÉ NARVAES DA ROCHA CAMPOS 2 1 Estudante de Agroecologia, IF Sudeste MG lucianagonzaga11@hotmail.com 1 Estudante de Agroecologia, IF Sudeste MG renata_cp1@hotmail.com 1 Estudante de Agroecologia, IF Sudeste MG sarahs229@hotmail.com 1 Estudante de Agroecologia, IF Sudeste MG thaisfrblt@hotmail.com 2 D.Sc. Microbiologia Agrícola, IF Sudeste MG andre.campos@ifsudestemg.edu.br RESUMO: O café originário de florestas da Etiópia, trata-se de uma planta nativa de sombra, no entanto é raramente cultiva desta forma no Brasil. O objetivo deste trabalho foi o de avaliar as alterações morfológicas do cafeeiro (Coffe arabica L.) a pleno sol, consorciados com leguminosas, em comparação com o cafeeiro sombreados em consorcio com Gliricidia sepium. Observou-se que o café sombreado apresentou maior número de ramos primários, embora não tenham sido observadas diferenças na altura da planta ou no diâmetro do caule. Constatou-se também maior área foliar nas plantas sombreadas, sendo este aumento na área resultante da maior espessura das folhas destas plantas. Finalmente, observou-se aumento da cerosidade nas folhas cultivadas à pleno sol. Conclui-se que o café sombreado apresenta modificações morfológicas para aumentar sua capacidade de captação da luz, o aumento do número de ramos primários e o aumento da área foliar. Sob sombreamento, a planta também se protege menos contra perda de água por transpiração, o que foi observado pela redução na cerosidade das folhas. PALAVRAS-CHAVE: café sombreado, café a pleno sol e alterações morfológicas. ABSTRAT: Coffe is originary from Ethiopia forests, beinging naturaly adapted to shading plant. However, coffe is often cultivated under full Sun in Brazil. The objective of this work was to evaluate morphological changings in coffe plants (Coffe arábica L.) under full Sun and intercropped with Gliricidia sepium for shading. We observed that shading coffe presented na increased number of primary braches, although no differences were observed in plant height and stem diameter. We also observed an increase in leave area as a consequence of the increase in leave width. Finally, we observed na increased waxy in leave surface only in full sum plants. We concluded that shading induce morfological modifications increasing the light capture by the plant increasing the number of primary branches and leave area. Under shading, protection against transpiration is less necessary, what was observed by the reduction of cuticle wax in leaves.. KEYWORS: Shading coffe; full sun coffe; morfological modification. 45
2 INTRODUÇÃO: O cafeeiro é uma planta perene de clima tropical pertencente à família das Rubiaceas e ao gênero Coffea. Trata-se de uma espécie originária de florestas caducifólias da Etiópia, onde as árvores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro, quando o cafeeiro mais necessita de luz para floração sendo, portanto, uma espécie adaptada à sombra (RICCI, 22). Hoje o café é uma das maiores riquezas do país, sendo o maior produtor e o segundo maior consumidor de café do mundo (ABIC (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA da INDÚSTRIA de CAFÉ), 2). O café tem efeito multiplicador na economia, na forma de taxas e impostos arrecadados pelo governo dos Estados e dos municípios, resultando em renda e empregos para os setores de comércio e indústria (MATIELLO, 1991). A maioria dos cultivos tradicionais de café adota o modelo de monocultivo a pleno sol. Estes sistemas, além de requerer grandes investimentos para manter a alta produtividade das lavouras, comprometem a qualidade dos recursos naturais, especialmente o solo, a água, a diversidade biológica e a paisagem (COELHO et al., 24). Atualmente no Brasil, o café sombreado se encontra mais difundido no Norte e Nordeste do país. Nas regiões Sul e Sudeste o sombreamento é menos frequente, sendo as árvores geralmente utilizadas para proteger a cultura das geadas ou cultivadas pelo seu alto valor econômico. A utilização de árvores adequadas no cultivo do café pode apresentar resultados satisfatórios. Além de diminuir a temperatura, o consórcio com outras culturas proporciona melhor conservação do solo. O objetivo deste trabalho foi avaliar as alterações morfológicas na cultura do cafeeiro sombreado com Gliricidia sepium ou a pleno sol consorciado com leguminosas. MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho foi desenvolvido no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, Campus Rio Pomba. O município de Rio Pomba está situado na Zona da Mata de Minas Gerais apresenta altitude de 441 metros, latitude S e longitude W. O clima é do tipo tropical com chuvas durante o verão e temperatura média anual em torno de 21 ºC, com variações entre 15,3ºC (média das mínimas) e 27,9ºC (média das máximas), com índice médio pluviométrico anual de 1581 mm. (ALMG, 27). A lavoura de café Oeiras (Coffea arabica) encontra-se em sistema orgânico de produção implantado em 26 em espaçamento de 3 metros entre linhas e,75 metros entre plantas, sobre um solo caracterizado como Latossolo Vermelho-Distrófico, pertencente ao Setor de Agricultura do Instituto. As amostras de café sombreado foram obtidas da parte deste cafezal que está consorciada com árvores leguminosas da espécie Gliricidia sepium com aproximadamente a mesma idade do café. A amostra de café à pleno sol recebe manejo de adubação verde, plantas de pequeno porte, há aproximadamente quatro anos. O cafezal recebeu várias adubações com diversos compostos orgânicos disponíveis no Campus Neste trabalho avaliou-se a altura das plantas, o diâmetro do caule, o número de ramos primários, a largura e o comprimento das folhas e a área foliar. Adicionalmente, verificou-se diferença de cerosidade das folhas nos diferentes cultivos. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com 5 repetições, e as médias comparadas pelo teste Tukey à 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Não foram constatadas diferenças quanto à altura e o diâmetro dos cafeeiros sombreados em comparação com o cafeeiro à pleno sol (Figura 1). 46
3 Altura da planta (m) 3 2,5 2 1,5 1,5 A B a Número de ramos primários b Diâmetro do caule (cm) 3 2,5 2 1,5 1,5 C Área Foliar (cm 2 ) D a b Largura da folha (cm) E a b Comprimento da folha (cm) 13, , ,5 11 1,5 1 F 9,5 Figura 1. Alterações morfológicas no cafeeiro sombreado em comparação ao não sombreado. A. Altura da planta; B. Número de ramos primários; C. Diâmetro do Caule; D. Área foliar; E. Largura da folha; F. Comprimento da folha. Médias acompanhadas de letras diferentes diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey à 5% de probabilidade. Barras de erro: erro padrão da média; n=5. 47
4 Resultado semelhante foi observado por Ricci et al. (26), onde não foram constatadas diferenças significativas entre altura dos diferentes cultivos sombreados e não-sombreados. Em relação ao diâmetro não foram detectadas diferenças entre os sistemas, o que também foi observado por Rodrigues (29). Uma vez que o café é oriundo de folhas com árvores de porte mais alto, o aumento da altura, e conseqüentemente do diâmetro do caule, não parece ser uma alternativa viável para aumento de sua capacidade de captação de luz em resposta ao sombreamento. Observou-se aumento no número de ramos primários no cultivo sombreado (Figura 1). Esta observação corrobora as observações realizadas por Moreira (23). Adicionalmente, observou-se diferenças estatísticas em relação à área foliar (Figura 1), sendo maior a área foliar provenientes de plantas cultivadas à sombra. Esta característica foi relatada também nos trabalhos de Ricci et al. (26). Constatou-se que o aumento da área foliar deve-se ao incremento na espessura da folha e não ao seu comprimento (Figura 1). O maior número de ramos primários no cultivo sombreado e o aumento da área foliar ocorrem possivelmente para aumentar a área de captação de luz, aumentando a taxa fotossintética para compensar o sombreamento. Nas plantas a pleno sol visualizou-se um brilho mais intenso, por possuírem uma maior camada cerosa nas folhas em relação às do cultivo sombreado (Figura 2). Figura 2 Cerosidade das folhas a pleno sol (A) e folhas sombreadas (B). 48
5 Esta, por sua vez, é uma adaptação morfológica cuticular visando diminuir a perda de água devido a maior exposição à incidência solar. CONCLUSÕES: Conclui-se que o café sombreado apresenta modificações morfológicas aumentando sua capacidade de captação da luz. Entre as alterações, destacamos o aumento do número de ramos primários e da área foliar que, conjuntamente, aumentam a superfície fotossinteticamente ativa do cafeeiro. Conclui-se também que o aumento na área foliar devese, principalmente, ao aumento da largura das folhas. A planta também apresenta adaptações para compensar as taxas transpiratórias. Assim, em condições de sombreamento a planta não desenvolveu mecanismos de proteção contra a perda de água por transpiração, o que foi observado pela redução na cerosidade das folhas quando comparado ao cafeeiro cultivado a pleno sol. AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem o IF Sudeste MG Campus Rio Pomba pelo apoio, aos avaliadores pelas sugestões e aos alunos da disciplina Fisiologia Vegetal pelo auxílio na coleta dos dados. REFERÊNCIAS ALMG, Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais O Poder do Cidadão. Disponível< unicipios&municipio=5581> Acesso em 22 Nov 27. ABIC (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE CAFÉ) A história do café origem e trajetória. 2. Disponível em: < Acesso em: 28/Nov/28. COELHO, R. A. RICCI, M. S. F.; ESPÍNDOLA, J. A. A.; COSTA, J. R. Influência do sombreamento sobre a população de plantas espontâneas em área cultivada com cafeeiro (Coffe canephora) sob manejo orgânico. Agronomia, v. 38, p , 24. MATIELLO, B. J. O Café: do cultivo ao consumo. São Paulo: Editora Globo, p. MOREIRA, C. F. Caracterização de sistemas de café orgânico sombreado e a pleno sol no sul de Minas Gerais f. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Ecologia de Agroecossistemas) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz USP, Piracicaba, 23. RICCI, M. S. F.; COSTA, J. R.; PINTO, A. N.; SANTOS, V. L. S. Cultivo orgânico de cultivares de café à pleno sol e sombreado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 41, p , 26. RICCI, M. S. F.; FERNANDES, M. C. A.; CASTRO, C. M. Cultivo orgânico do café: Recomendações técnicas. Brasília: EMBRAPA Informação tecnológica, p. 49
6 RODRIGUES, V. G. S. Avaliação do desenvolvimento vegetativo de cafeeiros e a pleno sol. Porto Velho: EMBRAPA Rondônia, p. (EMBRAPA Rondônia. Circular técnica, 112). 5
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