As recomendações do ISCARSAH / ICOMOS
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- Evelyn Garrau Lacerda
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1 Metodologia para conservação de estruturas históricas As recomendações do ISCARSAH / ICOMOS Paulo B. Lourenço Membro da Direcção do ISCARSAH Pere Roca Presidente do ISCARSAH
2 As estruturas não duram eternamente (I) Veneza, 1902 Pavia, 1989 Noto, 1996
3 As estruturas não duram eternamente (II) Catedral da Cidade do México Torre de Pisa T 1 T 2 T 3 Catedral do Porto
4 As estruturas não duram eternamente (III) Sismos a força mais devastadora Puebla, Mexico, 1999
5 As estruturas não duram eternamente (IV) Sismos a força mais devastadora Bam, Irão, 2003
6 As estruturas não duram eternamente (V) Sismos a força mais devastadora 1755: Um dos maiores terramotos do mundo atingiu Lisboa (magnitude estimada de 9.0). >10% da população morreu, incêndios durante dias Para além da perda dos edifícios, entre as perdas de valor cultural referem-se: No convento da Trindade, vários artefactos de culto preciosos, órgãos e uma grande biblioteca No convento e igreja do Carmo tudo aquilo que tinha valor perdeu-se No convento de S. Domingos, várias mobílias preciosas, artefactos de prata e ouro, e várias bibliotecas com volumes em encadernação dourada No mosteiro de S. Francisco, toda a prata fundida e uma biblioteca com 9000 volumes perdida No mosteiro do Espírito Santo, uma preciosa custódia de diamante e uma grande biblioteca transformaram-se em cinzas. Igreja de São Nicolau, Lisboa Maremoto, Lisboa
7 As estruturas não duram eternamente (VI) Sismos a força mais devastadora Ruínas da Igreja do Carmo, Lisboa Igreja de Santa Maria, Beja
8 As estruturas actuais Defeitos Dano Acções extremas
9 Contexto A alvenaria e madeira são os materiais estruturais mais antigos Pouco abordados nas licenciaturas em Arquitectura e em Engenharia Civil, onde o aço e o betão parecem ser os únicos materiais estruturais Conhecimento pouco aprofundado dos materiais e das técnicas tradicionais, resultando em intervenções ineficientes... Forte preconceito em relação à reabilitação de construções existentes Incorrecta avaliação de segurança A importância do património arquitectónico: O património arquitectónico tem valor económico, como a existência de um monumento ou conjunto monumental é frequentemente a atracção principal de um local Turismo e lazer serão a principal indústria no 3º milénio. Turismo na Europa encontra-se entre os 6 a 10% do PIB A sociedade actual exige a protecção do património arquitectónico Recentes códigos Europeus para madeira e alvenaria estão disponíveis, juntos com recomendações BSSC, Pré-norma e medidas para a reabilitação sísmica de edifícios, FEMA 356, ICOMOS, Recomendações para a análise, conservação e restauro estrutural do património arquitectónico, ISO, Bases para o projecto de estruturas Avaliação de estruturas existentes, ISO 13822, CEN, Eurocódigo 8: Disposições para Projecto de estruturas Sismo-resistentes. Parte 3: Reforço e reparação de edifícios, EN :2005, 2005.
10 ICOMOS é uma organização internacional não governamental dedicada a promover a aplicação de princípios, metodologia e técnicas cientificas para conservação do património arquitectónico e arqueológico. O seu trabalho é baseado nos princípios de salvaguarda da Carta Internacional da Conservação e Restauro de Monumentos e Locais de 1964 (Carta de Veneza). Fundado em 1965 como o resultado da adopção internacional da Carta de Veneza em 1964 Actualmente o ICOMOS abrange comités nacionais de 107 países e mais de 20 comités científicos O ICOMOS é o principal consultor da UNESCO em relação à protecção e conservação de monumentos e sítios
11 ISCARSAH Comité Científico Internacional para Análise e Restauro de Estruturas de Património Arquitectónico RECOMENDAÇÕES PARA A ANÁLISE, CONSERVAÇÃO E RESTAURO ESTRUTURAL DO PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO PRINCÍPIOS aprovados durante a 14ª Assembleia Geral do ICOMOS em Victoria Falls, Zimbabué, Outubro 2003
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21 Compreensão no passado Conservação garantida pelo peso da intervenção Confiança nos novos materiais e tecnologias Incerteza relativamente aos materiais originais ou antigos e no desempenho original da estrutura Valor da estrutura original / antiga e dos seus princípios estruturais não reconhecidos Importância de estudos de diagnóstico não totalmente reconhecida Experiências negativas significativas acumuladas Carta de Atenas (1931) Recomenda o uso de betão e outros novos materiais e técnicas para efeitos de restauro. Elementos adicionados deverão ser escondidos para evitar a alteração do aspecto histórico da estrutura.
22 Compreensão actual Respeito relativamente à autenticidade da estrutura e aos princípios estruturais que governam a sua resposta A conservação deverá basear-se no conhecimento e compreensão da natureza da estrutura e das causas reais de possíveis danos ou alterações Intervenções mínimas e que respeitam a estrutura (mínimas, não-intrusivas e reversíveis) Importância do diagnóstico (incluindo aspectos históricos, materiais e estruturais) O diagnóstico e a intervenção são tarefas multidisciplinares que requerem a cooperação de historiadores, arquitectos, engenheiros, físicos, Carta de Veneza (1964) Recomenda o uso de materiais tradicionais e históricos para a consolidação ou restauro. Sugere o uso de novos materiais / técnicas para casos onde não seja possível estabilizar ou restaurar recorrendo a técnicas tradicionais / históricas. Deverá ser possível distinguir os novos materiais ou componentes dos originais.
23 Recomendações do ISCARSAH (2001) Reconhecem que as técnicas de cálculo convencionais e regulamentos para o projecto das estruturas novas poderão ser difíceis de aplicar, ou mesmo impossíveis, a estruturas antigas. Estabelecem a importância de uma abordagem científica e multidisciplinar envolvendo investigação histórica, inspecção, monitorização e modelação / análise estrutural. HISTÓRIA INSPECÇÃO. CONDIÇÕES ACTUAIS MONITORIZAÇÃO MODELAÇÃO ESTRUTURAL
24 As Recomendações do ISCARSAH incluem duas partes: Princípios - conceitos básicos de conservação 1- Critérios gerais 2- Investigação e diagnóstico 3- Medidas de consolidação e controlo Guião - regras e metodologia 1- Critérios gerais 2- Aquisição de dados: informação e investigação 3- O comportamento estrutural 4- Diagnóstico e avaliação da segurança 5- Danos estruturais, degradações dos materiais e medidas de intervenção
25 CRITÉRIOS GERAIS Respeito pela autenticidade. Mas respeitar contextos culturais. Ausências de critérios fixos Aceitação das mudanças de uso Exigências de conservação Exigências de segurança Abordagem multidisciplinar Conhecimento global do edifício Metodologia científica: Anamnese, diagnóstico, terapia e controlos Necessidade de compreender a curto - longo prazo os efeitos de qualquer intervenção Medidas de protecção urgentes deverão evitar alterações permanentes
26 O valor e a autenticidade do património arquitectónico não podem ser baseados em critérios fixos porque o respeito devido a cada cultura requer também que a sua herança física seja considerada dentro do contexto cultural ao qual pertence.
27 O valor de cada construção histórica não está apenas na aparência de elementos isolados, mas também na integridade de todos os seus componentes como um produto único da tecnologia de construção específica do seu tempo e do seu local. Desta forma, a remoção das estruturas internas mantendo apenas as fachadas não se adequa aos critérios de conservação.
28 Qualquer intervenção numa estrutura histórica tem de ser considerada no contexto do restauro e conservação da totalidade da construção.
29 A especificidade das estruturas do património, com a sua história complexa, requer a organização de estudos e propostas em fases semelhantes às que são utilizadas em medicina. Anamnese, diagnóstico, terapia e controlo correspondem, respectivamente, à análise da informação histórica, identificação das causas de danos e degradações, selecção das acções de consolidação e controlo da eficácia das intervenções.
30 Nenhuma acção deve ser empreendida sem se averiguar o benefício e o prejuízo prováveis para o património arquitectónico.
31 Nos casos em que são necessárias medidas urgentes de protecção para evitar o colapso iminente das estruturas, essas medidas devem evitar a alteração permanente, ainda que reduzida, dos elementos estruturais
32 INVESTIGAÇÃO E DIAGNÓSTICO Conhecimento adequado dos materiais e do estado actual da estrutura Compreensão da história: técnicas de construção originais / alterações / acções históricas Diagnóstico baseado em abordagens quantitativas + abordagens qualitativas Quantitativas: análise estrutural, monitorização, ensaios in situ -laboratório + pesquisa histórica e arqueológica Qualitativas: observação directa do dano estrutural e deterioração dos materiais Determinação das causas do dano e da deterioração Avaliação de segurança. Necessidade de combinar a análise qualitativa com a quantitativa
33 A compreensão completa do comportamento estrutural e das características dos materiais é necessária a qualquer projecto de conservação e restauro. É essencial recolher informação sobre a estrutura no seu estado original, sobre as técnicas e métodos utilizadas na sua construção, sobre as alterações posteriores e os fenómenos que ocorreram e, finalmente, sobre o seu estado presente.
34 Os sítios arqueológicos apresentam problemas específicos porque as estruturas têm que ser estabilizadas durante as escavações, quando o conhecimento não é ainda completo. As respostas estruturais para uma construção redescoberta podem ser completamente diferentes das respostas para uma construção exposta. Soluções estruturais urgentes nestes locais, requeridas para estabilizar a estrutura à medida que vai sendo escavada, devem respeitar a forma conceptual e o uso da construção completa.
35 Antes de se tomar uma decisão sobre a intervenção estrutural, é indispensável determinar anteriormente as causas de danos e degradações e, em seguida, avaliar o nível de segurança actual da estrutura.
36 O diagnóstico é baseado na informação histórica e nas abordagens qualitativa e quantitativa. A abordagem qualitativa é baseada na observação directa dos danos estruturais e degradações dos materiais, como também na investigação histórica e arqueológica, enquanto que a abordagem quantitativa requer ensaios das estruturas e dos materiais, monitorização e análise estrutural.
37 A avaliação da segurança, constitui a etapa seguinte ao diagnóstico, é a fase em que a decisão sobre a possível intervenção é definida, sendo necessário conciliar a análise qualitativa com a análise quantitativa.
38 Frequentemente, a aplicação dos níveis de segurança adoptados no dimensionamento de construções novas requer medidas excessivas, quando não impossíveis. Nestes casos, outros métodos, adequadamente justificados, podem permitir diferentes abordagens sobre a segurança. Por exemplo, com base nas avaliações qualitativas e quantitativas pode-se aceitar melhorar o nível de segurança (de acordo com o princípio de melhoria de segurança) sem ter que respeitar totalmente as prescrições para os novos edifícios, baseadas em verificações analíticas.
39 INTERVENÇÃO (MEDIDAS DE CONSOLIDAÇÃO E CONTROLO) I METODOLOGIA II RESPEITO PELA INTEGRIDADE ARQUITECTÓNICA III PROJECTO I - METODOLOGIA Terapia dirigida à origem das causas (em vez dos sintomas) Necessidade real. Apenas acções indispensáveis. Conhecimento do significado histórico e cultural (respeito pela autenticidade) Integridade arquitectónica Respeito em relação aos materiais existentes e à estrutura / impacto mínimo
40 II - INTEGRIDADE ARQUITECTÓNICA Respeito pelas qualidades que definem a estrutura e o ambiente associados à configuração original Respeito pelas subsequentes mudanças significativas (históricas) Respeito pelo conceito original, materiais e técnicas construtivas Respeito pelas alterações ou imperfeições (deformações) que se tornaram parte da história da estrutura, desde que os requisitos de segurança não são comprometidos Mudanças ou alterações de qualquer material histórico ou características peculiares arquitectónicas a evitar, sempre que possível Restauro sempre preferível à substituição Desmonte e reconstrução apenas quando exigido pela natureza dos materiais e estrutura, e / ou quando a conservação através de outras medidas é mais prejudicial
41 III PROJECTO Respeito em relação aos materiais existentes e à estrutura / impacto mínimo Bases para o projecto de intervenção: Segurança - Avaliação e requisitos. Conhecimento das acções. Compatibilidade entre os materiais / componentes originais e os a aplicar (químicos, mecânicos, reológicos, térmicos, físicos ) Menor invasividade Durabilidade Reversibilidade Controlo Monitorização
42 O tratamento deve ser dirigido à raiz das causas que provocaram os danos em vez dos sintomas.
43 Nenhuma acção deve ser empreendida sem se demonstrar que é indispensável.
44 Quando imperfeições e alterações se tornaram parte da história da estrutura, devem ser mantidas desde que não comprometam os requisitos de segurança
45 O desmonte e a reconstrução só devem ser efectuados quando exigidos pela natureza dos materiais e da estrutura, e / ou quando a conservação por outros meios resulte mais danosa.
46 A manutenção adequada pode limitar a necessidade de uma intervenção posterior.
47 A avaliação da segurança e a compreensão do significado histórico e cultural da construção devem ser a base para as medidas de conservação e reforço.
48 Nenhuma acção deve ser empreendida sem se demonstrar que é indispensável.
49 Cada intervenção deve ser proporcionada aos objectivos de segurança fixados, devendo limitarse a uma intervenção mínima que garanta a segurança e a durabilidade, com os menores danos possíveis para o valor patrimonial.
50 O projecto de intervenção deve ser baseado numa compreensão clara dos tipos de acções que foram a causa dos danos ou degradações (forças, acelerações, deformações, etc.), e das acções que irão actuar no futuro.
51 A escolha entre técnicas tradicionais e inovadoras deve ser decidida caso a caso, com preferência pelas técnicas que são menos invasivas e mais compatíveis com o valor patrimonial, tendo em consideração as exigências de segurança e durabilidade.
52 Sempre que possível, as medidas adoptadas devem ser reversíveis para que possam ser removidas e substituídas por medidas mais apropriadas quando estiver disponível novo conhecimento. Quando as medidas adoptadas não forem totalmente reversíveis, as intervenções não devem comprometer intervenções posteriores.
53 As características dos materiais utilizados em trabalhos de conservação, restauro e reforço estrutural (em particular novos materiais) e a sua compatibilidade com materiais existentes devem ser completamente conhecidas. O conhecimento deve estender-se aos efeitos a longo prazo, para que os efeitos colaterais indesejáveis sejam evitados.
54 As qualidades únicas da construção e da sua envolvente, que resultam da sua forma original e de qualquer alteração posterior, não devem ser destruídas.
55 Qualquer intervenção deve, até onde for possível, respeitar a concepção e as técnicas de construção originais, bem como o valor histórico da estrutura e da evidência histórica que representa.
56 A intervenção deve ser o resultado de um plano integrado que dê o devido peso aos diferentes aspectos da arquitectura, estrutura, instalações e funcionalidade.
57 A remoção ou alteração de qualquer material histórico ou de características arquitectónicas valiosas deve ser evitada sempre que possível.
58 A reparação é sempre preferível à substituição.
59 As medidas que são impossíveis de controlar durante a execução não devem ser permitidas. Qualquer proposta para intervenção deve ser acompanhada por um programa de monitorização e controlo, a ser executado, sempre que possível, enquanto o trabalho está em desenvolvimento.
60 CONCLUSÃO A APLICAÇÃO DA ABORDAGEM CIENTIFICA
61 HISTÓRIA
62 INSPECÇÃO CONDIÇÕES ACTUAIS
63 MONITORIZAÇÃO
64 MODELAÇÃO ESTRUTURAL
65 MÉTODO CIENTÍFICO HISTÓRIA INSPECÇÃO CONDIÇÕES ACTUAIS MONITORIZAÇÃO MODELAÇÃO ESTRUTURAL EVIDÊNCIA EMPÍRICA HIPÓTESES Conclusões sobre as condições do edifício e intervenções apropriadas Papel dos elementos de análise no contexto de uma abordagem cientifica
66 METODOLOGIA DO ICOMOS Investigação Histórica (documentos) AQUISIÇÃO DE DADOS Levantamento da estrutura=documento Investigação no campo e ensaios laboratoriais Monitorização COMPORTAMENTO ESTRUTURAL Esquema estrutural: Modelo Características dos materiais DIAGNÓSTICO E SEGURANÇA MEDIDAS DE REPARAÇÃO Acções Análise Histórica Análise Qualitativa Análise Quantitativa Análise Experimental Alvenaria Madeira Ferro e aço Betão Armado Relatório de Avaliação Documentos Execução
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