PLANO DE CONTROLE DE ARMAS DA CIDADE DE SÃO PAULO
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- Manoel Coelho Bentes
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1 PLANO DE CONTROLE DE ARMAS DA CIDADE DE SÃO PAULO I. Contextualização O Estado de São Paulo vem registrando queda em seus índices de homicídios na última década: de 35.2 homicídios por 100 mil habitantes em 1999, o Estado passou para 10.1 em 2011 o que equivale a uma redução de 71%. A cidade de São Paulo registra queda ainda mais impressionante: 83% menos mortes entre 1999 e 2011, passando de 52.6 homicídios por 100 mil habitantes em 1999 para 8.9 em Essas quedas tão significativas fazem de São Paulo uma das referências mundiais em prevenção de homicídios. Vários fatores explicam esses resultados: o investimento em inteligência policial, tecnologia e policiamento comunitário, investimentos em prevenção, mudanças na demografia e, sobretudo, a retirada de armas de fogo de circulação seja por meio de apreensões ou da entrega voluntária no âmbito da Campanha do Desarmamento. Pesquisas de especialistas e instituições renomadas apontam essa relevância da retirada de armas de circulação para a redução dos homicídios em São Paulo: de acordo com estudo do pesquisador Daniel Cerqueira, do IPEA, a cada 18 armas retiradas de circulação em São Paulo, uma vida é salva 1. Já o primeiro Estudo Global sobre Homicídios do Escritório da ONU sobre Drogas e Crime, lançado em outubro de 2011, destaca que ações como um maior controle sobre as armas de fogo e campanhas do desarmamento contribuíram para a prevenção de homicídios na cidade de São Paulo o que torna esta cidade uma inspiração para outros contextos urbanos que visem desenvolver ações de prevenção de homicídios e crimes violentos no âmbito local 2. Entretanto, apesar dos bons resultados alcançados, milhões de pessoas ainda vivem em bairros que possuem índices de homicídios muito acima da média da cidade e, para reduzi-los, são necessárias ações focadas que envolvem medidas técnicas de controle de armas e medidas de sensibilização da população para que não queiram ter armas. Entre 2008 e 2009, o Instituto Sou da Paz realizou uma pesquisa que analisou como vem acontecendo a implementação da Lei /2003 o Estatuto do Desarmamento. Assim, a pesquisa intitulada Implementação do Estatuto do Desarmamento: do papel para a prática compila falhas relevantes encontradas nesta implementação, assim como recomendações para saná-las. O Instituto Sou da Paz tinha por objetivo realizar um projeto piloto voltado para retirar do papel as principais recomendações da pesquisa, e testar os resultados de uma metodologia participativa em um território específico. 1 Cerqueira, Daniel R. C. (2010). "Menos Armas, Menos Crime - O Emblemático Caso de São Paulo". PUC- Rio. IPEA (mimeo). 2 Para mais informações, ver: 1
2 O bom relacionamento entre o Instituto Sou da Paz e os órgãos de segurança em São Paulo, os resultados positivos obtidos pelas políticas citadas acima e a necessidade de se realizar ações ainda mais focadas para se prevenir a violência armada, foram as condições que tornaram a cidade de São Paulo candidata perfeita para a elaboração e implementação de um plano local de controle de armas, que incrementaria a efetividade das ações de segurança pública em nível municipal, e teria como beneficiários os seus 11 milhões de habitantes. A proposta para a elaboração e implementação deste Plano foi levada e prontamente aceita pelos parceiros. II. O Plano O Plano de Controle de Armas da cidade de São Paulo é um projeto piloto do Instituto Sou da Paz que, por meio de ações técnicas e de sensibilização voltadas para o controle e para a desvalorização das armas de fogo, busca fazer com que a cidade como um todo alcance níveis de homicídios inferiores do que 10 homicídios para cada 100 mil habitantes. O Plano foi construído e está sendo implementado em parceria com dois grupos: o Grupo Técnico (composto pelos órgãos responsáveis pelo controle de armas na cidade) e o Grupo de Sensibilização (composto por organizações da sociedade civil e outros órgãos públicos estaduais e municipais) 3. O Grupo Técnico e o de Sensibilização contribuíram enormemente para a construção dos objetivos a serem buscados e ações a serem priorizadas no âmbito do Plano. Essas entidades seguirão ativamente envolvidas no âmbito do Plano ao longo de 2012, implementando as atividades e monitorando seus resultados. A primeira etapa do Plano de Controle de Armas da cidade de São Paulo, acontecida entre junho e outubro de 2010, foi a construção de um diagnóstico participativo sobre o controle de armas na cidade 4. Este levantamento, em nível municipal, é inédito. Embora nem todos os dados relevantes tenham sido disponibilizados pelos órgãos de controle, esse diagnóstico já tem contribuído para a delineação de políticas públicas e para a qualificação da cobertura da mídia sobre o controle de armas. A segunda etapa consistiu na elaboração do Plano de Controle de Armas, na construção de seus objetivos e identificação de atividades prioritárias 5. Os atores dos Grupos Técnico e de Sensibilização estarão envolvidos na implementação das atividades, que serão implementadas ao longo de 2011 e O Plano foi oficialmente lançado dia 16 de dezembro de 2010, no Espaço da Cidadania da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania. A terceira etapa, que está sendo realizada por todos os parceiros do Plano, consiste na implementação das ações técnicas e de conscientização priorizadas, assim como no 3 Os interlocutores dos Grupos Técnico e de Sensibilização encontram-se listados no Anexo 1. 4 As informações centrais do Diagnóstico encontram-se no Anexo 2. 5 Os objetivos e ações do Plano encontram-se no Anexo 3. 2
3 monitoramento dos resultados alcançados. A implementação do Plano pode ser acompanhada por meio do site Ações de sensibilização focadas na região do M Boi Mirim As ações técnicas e de conscientização do Plano acontecerão na cidade de São Paulo como um todo. Entretanto, no ano de 2011, com o intuito de conhecer os impactos da aplicação de uma metodologia inovadora e participativa, foi proposto que ações de sensibilização e mobilização acontecessem com maior foco em uma região da cidade que apresentasse maior concentração de homicídios, mas que também contasse com uma boa articulação social condição fundamental para que as ações de sensibilização contassem com legitimidade e apropriação local. Com base na análise de indicadores de homicídios, armas apreendidas e armas subtraídas, e de percepções acerca da articulação de instituições locais, foi sugerido, pelos Grupos Técnicos e de Sensibilização, que o Jardim São Luís recebesse tais ações. Essa sugestão foi levada para o Sr. Beto Mendezs, Subprefeito do M Boi Mirim (região que abrange o Jardim São Luís e o Jardim Ângela), e a ideia foi prontamente abraçada. Dessa maneira, a abrangência das ações foi expandida também para o Jardim Ângela. Em 2012 o Plano realizará ações de sensibilização na cidade como um todo mas dando especial atenção às regiões mais vulneráveis. A quarta etapa consiste na avaliação e sistematização do Plano, de forma que sua metodologia possa inspirar ações locais voltadas para a prevenção dos homicídios em outras localidades. A sistematização de sua metodologia, resultados e lições aprendidas até o presente momento começará ainda em Entretanto, como a implementação do Plano continuará em 2012, a avaliação e disseminação de sua metodologia completa será feita somente ao final desse período. III. PRINCIPAIS AÇÕES REALIZADAS E RESULTADOS OBTIDOS EM 2011 Questões-chave relativas ao controle de armas fortalecidas na agenda dos parceiros do Plano ao longo do ano. No caso do Grupo Técnico, as reuniões mensais possibilitaram a discussão sobre temas relevantes e a realização de ações conjuntas. Já os parceiros do Grupo de Sensibilização propuseram ações a serem realizadas, apropriaram-se do tema e, em grupos específicos (como o do M Boi Mirim e o das tradições religiosas) realizaram ações bemsucedidas de sensibilização pela desvalorização das armas de fogo e mobilização para a entrega voluntária de armas e munições. Mais informações importantes foram compartilhadas e houve maior cooperação entre instituições responsáveis pelo controle de armas na cidade. Como resultado, a gestão do controle de armas na cidade foi melhorada, o trabalho dessas instituições foi facilitado e está mais integrado. Isso foi atestado pelo depoimento desses parceiros que reconheceram, na avaliação formativa realizada em julho de 2011, que o trabalho no âmbito do Plano possibilita 3
4 que cada órgão conheça os desafios enfrentados pelas outras organizações parceiras e a busca por soluções comuns e colaborativas. Maior transparência sobre ações e dados relativos ao controle de armas na cidade de São Paulo. Foi criado um blog para dar transparência às ações do Plano de Controle de Armas da Cidade de São Paulo ( e também a alguns dos principais dados relevantes sobre o tema - coletados pelo diagnóstico do Plano. Embora não tenhamos conseguido acesso a todos os dados relevantes, sabemos que o diagnóstico construído já tem contribuído para o delineamento de políticas públicas e para a qualificação da cobertura da mídia sobre o controle de armas. Estoques de armas reduzidos. Em 2011 verificou-se redução importante de estoques de armas na cidade: os estoques da Polícia Federal e da Divisão de Produtos Controlados da Polícia Civil são exemplos de estoques mantidos nos níveis mínimos. Além disso, está sendo articulada uma forçatarefa para encaminhar para destruição as munições acumuladas na Perícia e no DIPO. Além disso, nota-se que as ações de sensibilização realizadas pelo Plano promoveram a entrega de 301 armas de fogo e mais de 2 mil munições. Esses são os números diretamente vinculados às ações que realizamos mas pode ser muito maior! Estoques de armas mais seguros: com a já mencionada redução dos estoques, esses ficam mais seguros. Entretanto, além disso, o Grupo Técnico do Plano começou a delinear um Guia com Normas Mínimas para a Segurança dos Arsenais. Esse guia será finalizado em 2012 e a proposta é que suas recomendações sejam implementadas em São Paulo. Além disso, este Guia poderá pautar legislação nacional nesse sentido. Melhorias na Campanha do Desarmamento. O número de postos fixos de entrega voluntária de armas e munições na cidade aumentou de menos de 100 para 173 em menos de um ano. Esta capilarização dos postos de recolhimento é importante pois, sem dúvidas, contribui para o sucesso da Campanha do Desarmamento uma vez que facilita o processo de entrega. Além disso, processos da campanha do Desarmamento foram melhorados, dúvidas foram sanadas, orientações foram dadas às instituições que operacionalizam a campanha. Foram realizadas quatro grandes ações voltadas para estimular que as pessoas não tenham armas de fogo: I. Semana do Desarmamento Infantil do M Boi Mirim Entre os dias 11 e 15 de abril aconteceu a Semana do Desarmamento Infantil ação articulada pelo Sou da Paz e operacionalizada pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, a Guarda Civil Metropolitana, a Subprefeitura do M Boi Mirim, 75 escolas públicas e particulares e parceiros locais, como os CICs. Ao longo dessa semana, crianças foram estimuladas a trocar suas armas de brinquedo por gibis, em uma ação que espelha a campanha de entrega voluntária de armas. Elas também receberam um informativo direcionado aos adultos para a entrega de armas de fogo. O resultado desta ação foi bastante surpreendente: as entregaram mais de 6 mil armas de brinquedos, jogos e filmes violentos, compuseram 4
5 músicas e peças de teatro, fizeram desenhos, colagens e redações sobre o tema. Sabemos também de pelo menos três armas de fogo que foram entregues devido à sensibilização ocorrida esta semana. II. Semana do Desarmamento no M Boi Mirim Entre os dias 8 e 13 de agosto aconteceu a Semana do Desarmamento no M Boi Mirim. O intuito dessa ação era facilitar o processo de entrega voluntária de armas e munições ao disponibilizar seis postos de recolhimento na região (2 postos provisórios nos Centros de Integração da Cidadania CICs-, 3 postos nas Delegacias de Polícia Civil e 1 posto na Inspetoria da Guarda Civil Metropolitana). Em menos de dez dias, foram recolhidas 21 armas de fogo e mais de 200 munições na região. Esse resultado é 5 vezes maior do que o número de armas entregues voluntariamente na região no ano de 2010 inteiro (4 armas) e superior ao total de armas recolhidas entre janeiro de 2009 e abril de 2011 (19 armas). III. Consulta Participativa Consulta Participativa é uma metodologia desenvolvida pelo Instituto Paulo Montenegro (inteligência social do Ibope), que consiste no levantamento de opiniões sobre temas específicos por meio de entrevistas realizadas com questionário estruturado. Um dos grandes diferenciais dessa metodologia é a participação de um grupo de jovens em todas as fases do projeto desde a construção do questionário, até sua aplicação, análise e disseminação de seus resultados. Por meio da Consulta Participativa conseguimos identificar as principais percepções e atitudes das pessoas com relação às armas de fogo; identificar mensagens que mobilizem pessoas que tenham armas para entregá-las e para que aquelas que não tenham armas, não queiram tê-las e; identificar o grau de conhecimento dos entrevistados com relação à campanha permanente de entrega voluntária de armas de fogo. IV. Campanha Religiões Unidas pelo Desarmamento Religiões presentes na cidade de São Paulo se uniram para salvar vidas, por meio da mobilização para o fortalecimento da Campanha do Desarmamento. Esta ação foi intitulada Religiões Unidas pelo Desarmamento. Entre os dias 22 e 30 de outubro de 2011 a população da capital paulista teve à sua disposição 19 postos provisórios para a entrega voluntária de armas e munições, sediados por Igrejas Católicas de todas as regiões da cidade além dos 173 postos fixos sediados pela Guarda Civil Metropolitana, Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Federal. Nesse período, foram recolhidas 277 armas de fogo e mais de 2 mil munições dos 19 postos sediados pelas Igrejas. Esse resultado é muito significativo pois foram recolhidas 3 vezes mais armas do que em período semelhante de recolhimento nas Inspetorias da Guarda Civil Metropolitana de toda a cidade. Como frutos dessas 4 ações, pelo menos 300 armas de fogo e mais de 2 mil munições foram retiradas de circulação o que, segundo a estatística de que a cada 18 armas retiradas de circulação uma vida foi salva, representa 16 vidas poupadas! Foram produzidos mais de 15 materiais de sensibilização para públicos-alvos específicos (mulheres, jovens, religiosos, usuários dos Telecentros, etc). Disseminação de informações relevantes sobre a Campanha do Desarmamento para públicos específicos, em parceria com instituições que contribuíram muito com conhecimentos específicos e que puderam dar capilaridade às informações. Principais exemplos: 5
6 Produção e disseminação de panfletos voltados para o público feminino em parceria com a Coordenadoria da Mulher (Secretaria Municipal de Participação e Parceria) e com o Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (NUDEM - Defensoria Pública do Estado de São Paulo). Criação e instalação de fundos de tela em todos os computadores dos 400 Telecentros (da Secretaria Municipal de Participação e Parceria), durante o mês de março. Oficinas realizadas e material produzido em parceria com as tradições religiosas. As ações de sensibilização como a Semana do Desarmamento Infantil, a Semana do Desarmamento e a campanha Religiões Unidas pelo Desarmamento contaram com a cobertura de importantes veículos de comunicação, como a TV Globo. Nessas oportunidades, tivemos a chance de qualificar a cobertura da mídia sobre controle de armas, e disseminar informações relevantes para o público em geral. Foram realizados mais de 20 eventos de capacitação e formação voltados para estimular que as pessoas não tenham armas de fogo, para públicos-alvos relevantes (mulheres, jovens, religiosos, familiares de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, etc). 6
7 Anexo 1. Parceiros dos Grupos Técnico e de Sensibilização do Plano de Controle de Armas da Cidade de São Paulo Parceiros do Grupo Técnico incluem, mas não se limitam a: Departamento Técnico de Inquéritos Policiais e Corregedoria da Polícia Judiciária Exército: Comando do Exército e Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados (SFPC) da Segunda Região Militar Guarda Civil Metropolitana de São Paulo Ministério da Justiça: Pronasci Prefeitura da cidade de São Paulo Polícia Civil: Delegacia Geral de Polícia (DGP); Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP); Departamento de Polícia Judiciária da Capital (DECAP); Divisão de Produtos Controlados (DPC) do Departamento de Identificação e Registros Diversos (DIRD) Polícia Federal do Estado de São Paulo: Delegacia de Repressão ao Tráfico Ilícito de Armas (DELEARM) e Serviço Nacional de Armas (SENARM) Polícia Técnico-Científica: Instituto de Criminalística Polícia Militar: Comando de Policiamento da Capital (CPC) Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, do Estado de São Paulo Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo Secretaria Municipal de Segurança Urbana, da cidade de São Paulo Interlocutores do Grupo de Sensibilização incluem, mas não se limitam a: A Banca Agência Brasileira de Serviços à Saúde (Abrasa) Aliança pela Infância Arquidiocese de São Paulo e Diocese de Campo Limpo Associação Monte Azul Casa das Religiões Unidas Central Única das Favelas CUFA Centro de Desenvolvimento Humano Cultural e Filosófico Tardö Ling Centro de Dharma da Paz Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa Insper Comissão Brasileira Justiça e Paz Comissão Municipal de Direitos Humanos Conseg Capão Redondo Conseg Jardim Ângela Conseg Jardim São Luís 7
8 Conselho Parlamentar pela Cultura de Paz (Conpaz) Defensoria Pública do Estado de São Paulo Diretoria de Polícia Comunitária e de Direitos Humanos da Polícia Militar do Estado de São Paulo Fórum Brasileiro de Segurança Pública Fórum das comunidades de terreiro e de tradições de matriz afro-brasileira do estado de SP (Foesp) Fundação Lama Gangchen para a Cultura de Paz Grupo Organizado de Valorização da Vida GOVV Guarda Civil Metropolitana Igreja Evangélica Elim Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP Instituto Esporte & Educação Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente ILANUD Instituto Paulo Montenegro Instituto Pólis Instituto Roerich da Paz e Cultura do Brasil Instituto São Paulo Contra a Violência Instituto Terceiro Corpo (ITC) Ministério Público Palas Athena Paróquia São Luiz Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, do Estado de São Paulo: Centros de Integração da Cidadania (CICs) e CRAVI: Centro de Referência e Apoio à Vítima Secretaria de Relações Institucionais do Estado de São Paulo: Coordenadoria de Programas para a Juventude Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação Secretaria Municipal de Participação e Parceria Sociedade Internacional para a consciência de Krishna (ISKCON) Sociedade Santos Mártires UNICEF: Plataforma dos Centros Urbanos Subprefeitura do M Boi Mirim 8
9 Anexo 2. Principais aspectos do diagnóstico do Plano de Controle de Armas da cidade de São Paulo Taxa de homicídios (Fonte: SSP/SP, 2010): 10,64 por 100 mil habitantes. Em 2011 é provável que a taxa de homicídios da cidade tenha alcançado níveis não-epidêmicos (que, segundo a OMS, são aqueles inferiores a 10 homicídios para cada 100 mil habitantes). Entretanto, apesar dos bons resultados, milhões de pessoas ainda vivem em lugares com índices de homicídios muito acima da média da cidade. Dinâmica dos homicídios na cidade (Fonte: DHPP-SSP/SP, 2010): 65,8% dos homicídios foram cometidos com arma de fogo. Quem mais mata e quem mais morre são homens, jovens (18 a 30 anos), de baixa escolaridade e que não usam drogas. Metade dos autores dos homicídios não tem antecedentes criminais, assim como 70% das vítimas. 7 em cada 10 assassinatos acontecem por razões banais. Drogas, dívidas e assaltos motivam menos de 2 em cada 10 homicídios. Lojas de armas e munições: 28 (Fonte: Aniam, 2012) Armas roubadas, furtadas e desviadas em 2009: (Fonte: SSP/SP Sistema Infocrim, 2010) Armas entregues voluntariamente entre 2009 e 2011, para a GCM: (Fonte: Guarda Civil Metropolitana, 2011) Armas apreendidas em 2010: (Fonte: Resolução SSP-160/01, 2011) Características das armas apreendidas em 2007 (dados estaduais: Fonte: SSP/SP, 2007): 93,5%: armas de fogo 4,4%: simulacros 1%: explosivos A maioria das armas apreendidas pela polícia no Estado de São Paulo é de fabricação nacional: Taurus (54,9%) e Rossi (12,8%) são as armas mais freqüentes; 79% das armas apreendidas são revólveres e pistolas; Em 65% dos casos, as armas foram apreendidas após a realização de algum crime. Estes dados mostram que a imensa maioria das armas utilizadas por criminosos em São Paulo tem origem legal: foram fabricadas e vendidas legalmente no Brasil, e em algum momento migraram para a ilegalidade. Isso corrobora a importância de se controlar efetivamente o mercado legal. Demanda por armas de fogo (Fonte: Pesquisa de Vitimização do Insper): Em 2008 apenas 2.3% da população da cidade afirmou ter uma arma em casa. 83,9% afirmaram que não gostariam de ter uma arma de fogo mesmo se pudessem. 9
10 Os depósitos Apenas uma em cada dez pessoas acha que tendo uma arma de fogo estaria mais segura. A cidade de São Paulo conta com três depósitos de armas principais: o cofre do 1º Tribunal do Juri, a Divisão de Produtos Controlados da Polícia Civil (DPC) e o cofre do DIPO. Os dois últimos recebem a imensa maioria das armas apreendidas em São Paulo. Em 2009 e 2010 pelo menos armas foram encaminhadas ao DPC e ao DIPO. A este volume somam-se as armas que já estavam estocadas nestes depósitos e que aguardam encaminhamento para destruição ou restituição aos seus donos. O DIPO vem empreendendo um esforço enorme para reduzir este arsenal e, apenas nesses dois anos, o depósito encaminhou mais de 43 mil armas para destruição no Exército. É importante que os níveis dos depósitos de armas sejam mantidos no nível estritamente necessário, e que sua segurança seja assegurada. Recentemente, os depósitos vêm implementando medidas de segurança e controle para proteger este arsenal e evitar desvios e roubos. Estas medidas são um grande avanço, mas não há padrões mínimos a serem seguidos e elas precisam ser aprimoradas e monitoradas constantemente. Além disso, para que se possa desafogar os depósitos e se eliminar, definitivamente, a possibilidade de desvios, é crucial que a destruição das armas seja agilizada junto ao Exército. A demanda por armas de fogo De acordo com a última pesquisa de vitimização do Instituto de Ensino e Pesquisa INSPER em 2008 apenas 2.3% da população da cidade afirma ter uma arma em casa. A maior razão que as pessoas afirmam para ter uma arma é proteção pessoal em 2008, 33.8% das pessoas alegou esta motivação. Em comparação a 2003, também houve queda neste indicador, que na ocasião era 42.3%. Chama a atenção, no entanto, o aumento do percentual de pessoas que disseram ter uma arma para coleção de 10% em 2003 para 22.1% em Uma hipótese para este fato, é a possível menor dificuldade para obter o registro como colecionador. O Instituto Sou da Paz já havia chamado a atenção para este ponto em sua pesquisa Implementação do Estatuto do Desarmamento: do papel para a prática, lançada em abril deste ano. A pesquisa na íntegra e o Resumo Executivo estão disponíveis no site A grande maioria da população 83.9% - afirma que não gostaria de ter uma arma de fogo mesmo se pudesse, comprovando a tese apontada por inúmeras pesquisas de que o brasileiro tem aversão às armas de fogo. Apenas uma em cada dez pessoas acha que tendo uma arma de fogo estaria mais segura. 10
11 Anexo 3. Objetivos e ações do Plano de Controle de Armas da cidade de São Paulo Objetivo 1. Melhorar a gestão do controle de armas e munições Realizar reuniões mensais com o Grupo Técnico. Informar Grupo de Gestão Integrada da Secretaria Municipal de Segurança Urbana sobre o andamento do Plano. Objetivo 2. Melhorar a qualidade e a transparência das informações sobre o controle de armas e munições Estruturar e manter um blog que mostrará dados do controle de armas na cidade, dará apoio às ações de sensibilização e disseminará informações sobre o dia a dia do Plano. Articular a inclusão de dados relevantes sobre o controle de armas no Observatório da Secretaria Municipal de Segurança Urbana. Articular a disseminação de informações relevantes sobre a causa pelos veículos de comunicação. Objetivo 3. Reduzir estoques de armas de fogo e munições Focar busca e apreensão de armas nos locais com mais homicídios. Encaminhar todas as armas que estão nos depósitos para a destruição. Ampliar o número de postos de entrega de armas. Melhorar processos de recolhimento de armas. Objetivo 4. Garantir a proteção dos arsenais Criar e implementar Padrão Paulistano de Segurança de Arsenais, com regras mínimas para a segurança e o controle de todos os arsenais na cidade. Objetivo 5. Maior rigor na fiscalização Fiscalizar com maior rigor grupos vulneráveis ao desvio de armas (Empresas de Segurança Privada, Colecionadores, Atiradores Desportivos, Caçadores, Clubes de Tiro, Fábricas e lojas de armas, armeiros). Objetivo 6. Articular demandas com outros níveis de governo Fortalecer articulação governamental no que tange ao controle de armas. Objetivo 7. Estimular que as pessoas não tenham armas de fogo Realizar ações de sensibilização sobre os perigos das armas de fogo e da existência da campanha de entrega voluntária de armas. Produzir e/ou disseminar materiais de apoio. Objetivo 8. Reduzir fatores de risco relativos à violência armada Disseminar formas alternativas de resolução de conflitos. Promover cumprimento da legislação sobre fechamento de bares. Disseminar informações sobre regularização e armazenamento de armas. Avaliar e sistematizar o Plano 11
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