PROCESSO DO TRABALHO

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1 GUSTAVO FILIPE BARBOSA GARCIA MANUAL DE PROCESSO DO TRABALHO 2ª edição Revista, ampliada e atualizada 2017

2 capítulo 1 INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sumário: 1.1 Evolução histórica 1.2 Direito estrangeiro 1.3 Denominação 1.4 Conceito 1.5 Abrangência 1.6 Autonomia 1.7 Relações com outros ramos do Direito 1.8 Natureza jurídica 1.9 Fontes 1.10 Interpretação 1.11 Integração 1.12 Eficácia no tempo 1.13 Eficácia no espaço 1.14 Princípios 1.15 Formas de solução dos conflitos 1.16 Comissão de Conciliação Prévia. 1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA A Constituição Política do Império do Brasil, de 1824, tratava do Poder Judiciário em seus arts. 151 a 164, sem haver previsão a respeito da Justiça do Trabalho.

3 20 MANUAL DE PROCESSO DO TRABALHO Gustavo Filipe Barbosa Garcia Conforme o Regulamento 737, de 25 de novembro de 1850, as ações sobre contratos de trabalho eram apreciadas pelos juízes comuns, de acordo com o rito sumário 1. A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 1891, versava sobre o Poder Judiciário nos arts. 55 a 62, mas ainda não havia previsão da Justiça do Trabalho. Em 1923 foi instituído o Conselho Nacional do Trabalho, no âmbito do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, pelo Decreto , de 30 de abril de 1923, com as finalidades de ser órgão consultivo em matéria trabalhista, instância recursal em matéria previdenciária e atuar como órgão autorizador de dispensa de empregados (por meio de inquérito administrativo) que detinham estabilidade no serviço público. O Decreto , de 26 de novembro de 1930, instituiu o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, organizado pelo Decreto , de 4 de fevereiro de 1931, o qual também criou o Departamento Nacional do Trabalho. Com o Decreto , de 30 de dezembro de 1931, foi atribuída à Procuradoria do Departamento Nacional do Trabalho, a qual atuava junto ao Conselho Nacional do Trabalho, a competência para opinar em matéria contenciosa e consultiva 2. As Comissões Mistas de Conciliação foram criadas pelo Decreto , de 12 de maio de 1932, voltadas para a conciliação de conflitos coletivos. Uma vez frustrada a tentativa conciliatória, havendo recusa quanto ao juízo arbitral, o processo era remetido ao Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio para a solução. As Juntas de Conciliação e Julgamento foram instituídas pelo Decreto , de 25 de novembro de 1932, para a solução de conflitos individuais, com natureza de órgãos administrativos, as quais eram formadas por um presidente nomeado pelo Ministro do Trabalho, Indústria 1 Cf. BATALHA, Wilson de Souza Campos. Tratado de direito judiciário do trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, v. 1. p Cf. MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. Breve história da Justiça do Trabalho. In: FERRARI, Irany; NASCIMENTO, Amauri Mascaro; MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. História do direito do trabalho e da Justiça do Trabalho: homenagem a Armando Casimiro Costa. 2. ed. São Paulo: LTr, p. 195.

4 Cap. 1 INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 21 e Comércio (devendo a escolha recair de preferência em advogados, magistrados e funcionários federais, estaduais ou municipais) e dois vogais (representantes de empregados e empregadores) 3. A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 1934, foi a primeira a prever, no texto constitucional brasileiro, a Justiça do Trabalho (art. 122), mas ainda não integrava o Poder Judiciário, estando ligada ao Poder Executivo. De acordo com o Decreto , de 14 de julho de 1934, o Conselho Nacional do Trabalho passou a ter atuação como órgão deliberativo de cúpula do sistema judicante laboral. A Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 1937, no art. 139, dispunha sobre a competência da Justiça do Trabalho, a qual permanecia sem integrar formalmente o Poder Judiciário. Os Decretos-leis 1.237, de 2 de maio de 1939, e 1.346, de 15 de junho de 1939, institucionalizaram a Justiça do Trabalho, a qual foi instalada em 1º de maio de 1941, com o Conselho Nacional do Trabalho, oito Conselhos Regionais do Trabalho e 36 Juntas de Conciliação e Julgamento. A Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei 5.452, de 1º de maio de 1943, atribuiu às Juntas de Conciliação e Julgamento a competência originária para apreciar inquéritos administrativos. O Decreto-lei 9.797, de 9 de setembro de 1946, conferiu à Justiça do Trabalho estrutura judicial: converteu o Conselho Nacional do Trabalho em Tribunal Superior do Trabalho; transformou os Conselhos Regionais do Trabalho em Tribunais Regionais do Trabalho; formou a carreira dos juízes togados da Justiça do Trabalho (com ingresso mediante concurso público) 4. 3 Cf. MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. Breve história da Justiça do Trabalho. In: FERRARI, Irany; NASCIMENTO, Amauri Mascaro; MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. História do direito do trabalho e da Justiça do Trabalho: homenagem a Armando Casimiro Costa. 2. ed. São Paulo: LTr, p Cf. MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. Breve história da Justiça do Trabalho. In: FERRARI, Irany; NASCIMENTO, Amauri Mascaro; MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. História do direito do trabalho e da Justiça do Trabalho: homenagem a Armando Casimiro Costa. 2. ed. São Paulo: LTr, p

5 22 MANUAL DE PROCESSO DO TRABALHO Gustavo Filipe Barbosa Garcia A Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 1946, passou a prever a Justiça do Trabalho como integrante do Poder Judiciário (art. 94, inciso V), tendo como órgãos o Tribunal Superior do Trabalho, os Tribunais Regionais do Trabalho e as Juntas ou Juízes de Conciliação e Julgamento (art. 122). A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1967, previa a Justiça do Trabalho como órgão integrante do Poder Judiciário (art. 107, inciso V), tendo como órgãos o Tribunal Superior do Trabalho, os Tribunais Regionais do Trabalho e as Juntas de Conciliação e Julgamento (art. 133). Com a Emenda Constitucional 1, de 17 de outubro de 1969, a Justiça do Trabalho continuou integrando o Poder Judiciário (art. 112, inciso V), inclusive após a Emenda Constitucional 7/1977 (art. 112, inciso VI). A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, prevê os Tribunais e Juízes do Trabalho como órgãos do Poder Judiciário (art. 92, inciso IV). Originariamente, o art. 111 da Constituição da República previa como órgãos da Justiça do Trabalho o Tribunal Superior do Trabalho, os Tribunais Regionais do Trabalho e as Juntas de Conciliação e Julgamento. Com a Emenda Constitucional 24, de 9 de dezembro de 1999, foi extinta a representação classista nos órgãos da Justiça do Trabalho. O art. 114 da Constituição da República, com redação dada pela Emenda Constitucional 45/2004, dispõe sobre a competência da Justiça do Trabalho. A Emenda Constitucional 92/2016 alterou os arts. 92 e 111-A da Constituição Federal de 1988, passando a explicitar o Tribunal Superior do Trabalho como órgão do Poder Judiciário, bem como alterou os requisitos para o provimento dos cargos de Ministros daquele Tribunal e modificou a sua competência. 1.2 DIREITO ESTRANGEIRO A Justiça do Trabalho, como órgão próprio para a solução de conflitos relativos ao trabalho, também existe em outros locais. Não

6 Cap. 1 INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 23 obstante, há países em que as questões trabalhistas são solucionadas por juízes que integram a Justiça Comum, ainda que sejam magistrados especializados para decidir a referida matéria 5. Na França, os conflitos individuais de trabalho, ou seja, entre empregados e empregadores, são solucionados pelos Conseils de Prud hommes, enquanto os conflitos coletivos (envolvendo organizações sindicais e fixação de novas condições de trabalho) são objeto de conciliação, mediação e arbitragem 6. Na Alemanha, os órgãos jurisdicionais trabalhistas são organizados em três níveis: Tribunais do Trabalho de primeiro grau (Arbeitsgerichte ArbG); Tribunais do Trabalho de segundo grau (Landesarbeitsgerichte LAG), os quais apreciam matérias de fato e de direito por meio de recurso; Tribunal Federal do Trabalho (Bundesarbeitsgericht BAG), com atuação em juízo de revisão, apreciando recursos em matéria de direito, sendo de âmbito federal (Bund). Na Itália, os conflitos coletivos de natureza econômica são resolvidos por meio de greves, contratos coletivos, mediação e arbitragem. Os dissídios individuais de trabalho são julgados por juízes togados da jurisdição ordinária, estando o processo do trabalho regulado em Capítulo do Código de Processo Civil italiano, submetido a um procedimento especial, mais simplificado do que o ordinário 7. No Reino Unido da Grã-Bretanha, a Justiça especializada para a solução de questões trabalhistas é constituída, na primeira instância, pelos assim chamados Industrial Tribunals e, na segunda instância, pelos Employment Appeal Tribunals. Quanto aos conflitos coletivos de trabalho, são aplicadas a conciliação e a arbitragem 8. 5 Cf. GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Competência da Justiça do Trabalho: da relação de emprego à relação de trabalho. Rio de Janeiro: Forense, Cf. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. 16. ed. São Paulo: Saraiva, p ; MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho. 30. ed. São Paulo: Atlas, p Cf. SORDI, Paolo; AMENDOLA, Fabrizio. Il processo del lavoro privato e pubblico. Torino: G. Giappichelli, p Cf. MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. Manual esquemático de direito e processo do trabalho. 13. ed. São Paulo: Saraiva, p. 313.

7 24 MANUAL DE PROCESSO DO TRABALHO Gustavo Filipe Barbosa Garcia Na Espanha, existem as Salas Sociais na Justiça Comum, em todas as instâncias do Poder Judiciário, as quais decidem as questões trabalhistas. Estas são julgadas pelos Jueces de lo Social (órgão jurisdicional de primeira instância e unipessoal), Salas de lo Social de los Tribunales Superiores de Justicia de las Comunidades Autónomas (existentes em cada Tribunal Superior de Justiça nas unidades autônomas), Sala de lo Social de la Audiencia Nacional (com jurisdição sobre toda a Espanha e sede em Madri) e Sala 4ª de lo Social del Tribunal Supremo (uma das salas do Tribunal Superior). Os conflitos coletivos de natureza econômica podem ser solucionados por meio da negociação coletiva e da arbitragem 9. Em Portugal, a apreciação das questões trabalhistas é feita por juízos de competência especializada trabalhista. O Código de Processo do Trabalho em Portugal foi aprovado pelo Decreto-lei 480/1999. Os conflitos coletivos de trabalho de natureza econômica são solucionados por negociação coletiva ou, caso frustradas a conciliação e a mediação, pela arbitragem 10. Nos Estados Unidos da América não existe Justiça do Trabalho, e a solução jurisdicional de questões trabalhistas (perante a Justiça Comum) não é frequente. Prepondera a solução de conflitos individuais por meio de conciliação, mediação e arbitragem privada, geralmente patrocinada pelos sindicatos 11. Nos conflitos coletivos de trabalho, normalmente as controvérsias são solucionadas por normas coletivas negociadas; no entanto, após a tentativa de conciliação obrigatória, há possibilidade de ser utilizada a arbitragem facultativa Cf. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. 24. ed. São Paulo: Saraiva, p Cf. FERNANDES, António Monteiro. Direito do trabalho. 13. ed. Coimbra: Almedina, p Cf. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao processo do trabalho. São Paulo: Saraiva, p Cf. SHIEBER, Benjamin M. Iniciação ao direito trabalhista norte-americano. São Paulo: LTr, p

8 Cap. 1 INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 25 No México, o art. 123 da Constituição de 1917 estabelece que os conflitos entre capital e trabalho se sujeitam à decisão das Juntas de Conciliación y Arbitraje, compostas de igual número de representantes de trabalhadores, dos empregadores e um do governo. A Ley Federal del Trabajo, de 1970, prevê as Juntas Federales y Locales de Conciliación, Junta Federal de Conciliación y Arbitraje e Juntas Locales de Conciliación y Arbitraje, as quais constituem instância única e são competentes para solucionar conflitos trabalhistas de natureza individual e coletiva 13. A Argentina, em sua Constituição Nacional, prevê, no art. 108, que o Poder Judiciário da Nação é exercido por uma Corte Suprema de Justiça e pelos demais tribunais inferiores que o Congresso estabelecer. Observam-se dois tipos de estrutura judicial, a nacional e a provincial, de modo que cada Província pode organizar a sua Justiça, possuindo a sua própria organização judicial trabalhista. Os conflitos coletivos são solucionados por conciliação e arbitragem voluntária DENOMINAÇÃO Anteriormente, utilizava-se a expressão Direito Judiciário do Trabalho. Entretanto, de forma mais adequada, a atual denominação é Direito Processual do Trabalho. 1.4 CONCEITO O Direito Processual do Trabalho pode ser conceituado como o ramo do Direito que disciplina o processo do trabalho, o qual é o meio para a solução jurisdicional de conflitos trabalhistas. 13 Cf. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. 24. ed. São Paulo: Saraiva, p Cf. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao processo do trabalho. São Paulo: Saraiva, p. 48.

9 26 MANUAL DE PROCESSO DO TRABALHO Gustavo Filipe Barbosa Garcia 1.5 ABRANGÊNCIA O Direito Processual do Trabalho tem aplicação na solução de conflitos sociais decorrentes das relações de trabalho, tanto de natureza individual como coletiva. Os conflitos individuais de trabalho são os decorrentes das relações individuais de trabalho, envolvendo partes determinadas, tratando de interesses individualizados. Os conflitos coletivos de trabalho abrangem os decorrentes das relações coletivas, os de natureza sindical e os relativos a direitos metaindividuais. O processo do trabalho, assim, é o instrumento da jurisdição, em seu exercício voltado aos conflitos trabalhistas, de natureza individual e coletiva. No âmbito coletivo, o dissídio coletivo é previsto não apenas em hipóteses de greve e de interpretação ou aplicação de normas existentes, mas também nos conflitos coletivos de natureza econômica. O processo do trabalho, além de disciplinado pelo Direito Processual do Trabalho, é aplicado nos órgãos que integram a Justiça do Trabalho, no exercício de sua jurisdição, delimitada pela Constituição e pelas leis. 1.6 AUTONOMIA O Direito Processual do Trabalho integra o Direito objetivo e processual, pois disciplina o exercício da jurisdição, com o objetivo de pacificar os conflitos sociais decorrentes das relações de trabalho. A Ciência do Direito Processual do Trabalho, por sua vez, é o setor da ciência jurídica e processual que estuda e interpreta o Direito Processual do Trabalho, com destaque a suas regras e princípios, analisando-os em consonância com os fatos a que se aplicam, levando em conta os valores que procura assegurar.

10 Cap. 1 INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 27 Pode-se dizer que do mesmo modo que a jurisdição (como poder do Estado) é una, o Direito Processual, como a disciplina do exercício da jurisdição, também é uno, sendo tratado, em termos científicos, pela Teoria Geral do Processo. A Constituição Federal de 1988, no art. 22, inciso I, prevê a competência privativa da União para legislar sobre direito processual. O art. 24, inciso XI, da Constituição Federal, por sua vez, dispõe que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre procedimentos em matéria processual. A autonomia científica de certo ramo do Direito é normalmente reconhecida quando presentes certos requisitos: extensão da matéria; doutrinas homogêneas e princípios específicos; método próprio. Para os monistas, não haveria autonomia quanto ao Direito Processual do Trabalho, por fazer parte do Direito Processual Civil. São os chamados monistas, uma vez que os princípios e métodos seriam os mesmos. Há quem defenda a autonomia apenas relativa do Direito Processual do Trabalho em face do Direito Processual Civil, pois na ausência de normas específicas o Direito Processual do Trabalho prevê a aplicabilidade (subsidiária) do Direito Processual Civil, conforme art. 769 da Consolidação das Leis do Trabalho. Isso, entretanto, não afasta a autonomia do Direito Processual do Trabalho, pois o próprio Direito do Trabalho, considerado autônomo, também autoriza a aplicação do Direito Comum, quando ausentes normas específicas tratando da questão (art. 8º, parágrafo único, da CLT). Os dualistas defendem que o Direito Processual do Trabalho é ramo do Direito dotado de autonomia integral. Prevalece a posição de que o Direito Processual do Trabalho, embora mantenha relação com outros ramos do Direito, é cientificamente autônomo perante o Direito Processual Civil Cf. MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho. 30. ed. São Paulo: Atlas, p

11 28 MANUAL DE PROCESSO DO TRABALHO Gustavo Filipe Barbosa Garcia A Justiça do Trabalho é o ramo especializado do Poder Judiciário que aplica o Direito Processual do Trabalho, o qual conta com diplomas legais próprios (com destaque para a Consolidação das Leis do Trabalho), doutrina e trabalhos científicos específicos, matéria diferenciada, bem como peculiaridades que o distinguem do Direito Processual Civil propriamente. Logo, defende-se a autonomia científica do Direito Processual do Trabalho, pois há ampla temática objeto de estudo, dando origem a institutos específicos, com metodologia apta a entender as suas diversas peculiaridades, bem como princípios próprios. No plano legislativo, a Consolidação das Leis do Trabalho possui disposições pertinentes ao Direito do Trabalho, bem como ao Direito Processual do Trabalho. Observam-se, ainda, diversas leis esparsas sobre a matéria. De todo modo, a legislação processual trabalhista é ampla e se destaca dos outros ramos do Direito. No aspecto doutrinário, as diversas obras publicadas sobre a matéria confirmam a autonomia científica do Direito Processual do Trabalho, tratando de temas específicos, ou mesmo de forma global. Quanto ao desenvolvimento didático, o Direito Processual do Trabalho é estudado nas diversas Faculdades de Direito, havendo crescente interesse a seu respeito, inclusive em cursos de extensão e aperfeiçoamento. No campo jurisprudencial, a Justiça do Trabalho, com competência para solucionar conflitos trabalhistas na forma do art. 114 da Constituição Federal, é o ramo do Poder Judiciário que aplica o Direito Processual do Trabalho. 1.7 RELAÇÕES COM OUTROS RAMOS DO DIREITO O Direito Processual do Trabalho apresenta relações com outras disciplinas, conforme a seguir se explicita. Quanto ao Direito Constitucional, a organização e a competência da Justiça do Trabalho são previstas na Constituição da República (arts. 111 a 116). Além disso, os direitos e garantias constitucionais,