Unidade: A Arte e os Novos Meios
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- Maria das Neves Assunção Ribas
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1 Unidade: A Arte e os Novos Meios 0
2 Unidade: A Arte e os Novos Meios Como já mencionado em Orientações, esta unidade possui um formato não-autoral para o item Conteúdo Teórico e por isso irá indicar as fontes bibliográficas para o estudo de seus conteúdos. Cada um dos textos indicados abaixo é de igual importância para o aprendizado da unidade e por isso devem ser lidos e estudados conforme as páginas indicadas. Veja abaixo, um pequeno resumo dos conteúdos apresentados por esses textos. História e Conceito Foram enormes as transformações que ocorreram na arte com as Vanguardas Artísticas, mas uma grande mudança no cenário artístico ocorreu com o surgimento das novas tecnologias que aos poucos foram sendo absorvidas e utilizadas pelos artistas. A utilização da tecnologia tem sua origem na arte há muito tempo atrás. O Futurismo se encantou com os avanços tecnológicos que começavam a surgir, principalmente através das primeiras máquinas que surgiam e traziam consigo a velocidade. Jean Tinguely começou a fazer experimentos com o movimento através de obras que podiam movimentar-se, o que veio a se chamar de Arte Cinética. Marcel Duchamp também fez experimentos nessa área. Os Discos Espirais foram obras que exercitavam a ação do movimento real na imagem pintada, as quais foram também utilizadas em seu Anemic Cinema. As novas propostas artísticas dos contemporâneos trouxeram novas possibilidades e necessidades com elas. As linguagens artísticas começaram a propor obras não-materiais, fazendo surgir assim o termo desmaterialização da arte. Em muitos casos, o objeto artístico deu lugar a ação feita pelo artista ou pelo público, ao registro dessa ação sobre o corpo do artista que virou suporte para suas criações muitas vezes radicais e a composições espaciais únicas. A Land Art, por exemplo, que tinha sua ação na natureza, criando intervenções sobre ela, se deparou com a dificuldade de promover o encontro de suas obras com o público. Encontraram como solução expor os esboços e 1
3 os rascunhos feitos para a criação e planejamento da obra, assim como as fotografias e vídeos feitos a partir da ação do artista. Em 1965 a Sony lançou a primeira câmera de vídeo chamada de Portapack que possibilitava a gravação de imagens e a sua reprodução, o que até então era apenas possível para as emissoras de televisão. O artista Nan June Paik foi um dos primeiros a experimentar a câmera. Ele acreditava no potencial da nova ferramenta. Disse uma vez: Do mesmo modo que a técnica da colagem desbancou a pintura a óleo, o vídeo substituirá a tela. Assim como outros artistas, Allan Kaprow e Nan June Paik participaram da criação e produção de programas televisivos. A entrada de artistas nessa área trouxe uma grande inovação para o setor e tirou um pouco do forte convencionalismo que existia no meio. Ao contrário de outros, Paik e Kaprow se mantiveram fiéis ao conceito de happening e ao Fluxos trazendo para dentro do programa a participação dos espectadores. Larry Cuba ganhou fama mundial por ser um dos primeiros artistas a se interessar pela tecnologia digital para pesquisar possibilidades criativas de animação de imagens. A vídeoarte é uma linguagem artística que se utiliza da câmera de vídeo e da edição de imagens para criar obras audiovisuais para serem divulgadas em galerias e museus. Em 1968 Gerry Schum, juntamente com a historiadora Hannah Weitemeier e o artista Bernhard, criou a primeira galeria especializada em vídeoarte. A absorção da linguagem audiovisual pelos artistas fez com que rapidamente se desdobrasse em muitas outras possibilidades ao conectá-la aos os elementos próprios do universo da arte. Surgiu o vídeo-objeto que integra o objeto com um ou mais vídeos. O objeto mais a imagem criam uma interdependência na criação de um discurso específico para a obra. Shigeko Kubota, por exemplo, construiu uma escada e em cada degrau embutiu um vídeo com a imagem da obra de Marcel Duchamp chamada Nú descendo a escada. 2
4 Marie Jo Lafontaine é uma artista, que entre outras linguagens, se utiliza do vídeo integrado às suas esculturas. É o que chamamos de vídeo-escultura. A obra Victoria, criada por ela entre 1987 e 1988, era composta por vários cubos pretos retangulares, que juntos formavam um grande círculo. A partir do interior desse círculo era possível assistir aos vídeos que eram projetados sobre cada um deles. As vídeo-instalações são espaços compostos com vídeos, podendo haver outros objetos. É importante observar que os vídeos são parte integrante e indispensável da obra, conferindo-lhe significados. Na obra Escola de tabacologia ou morro por... Marcel Oldenbach se utiliza da escuridão da sala para provocar o espectador com imagens e sons de forma sucessiva e simultânea. A obra de Nan June Paik TV Budha é uma escultura de Budha posicionada de frente para um televisor. A captação da imagem da escultura é captada e transmitida ao mesmo tempo pela televisão. Assim como a Land art, a performance necessitava levar para as salas de exposição algo de suas ações feitas fora dela ou o registro dessas ações dentro delas, como uma forma de perpetuar a ação através do tempo e do espaço. Os vídeos inicialmente foram uma forma de registro dessas ações e também uma maneira de apresentá-las ao público das galerias. Com o passar do tempo essa ação de registro passou a ganhar elementos, como cortes e intervenções em suas edições, o que acabou por conferir-lhe uma especificidade que a diferia da apresentação da performance ao público. Essa seria a vídeo-performance. Rebecca Horn, por exemplo, faz suas performances para serem fotografadas e filmadas e é isso que ao final o público vê. Nos anos 70 surgiu uma fase chamada de a fase do monitor, na qual os artistas faziam suas performances para o público e ao mesmo tempo eram filmadas e retransmitidas simultaneamente oferecendo outros pontos de vista para o espectador. A arte digital propõe novas possibilidades criativas para o artista no espaço virtual. Dentro dele e através de suas ferramentas começam a criar obras, manipulando imagens para transformá-las de todas as formas. Colorir, deformar, ampliar, reduzir, inserir e animar são algumas das ações feitas pelos artistas. A tecnologia absorvida pelos artistas chegou a níveis altíssimos, como 3
5 a utilização de recursos da engenharia e da robótica. O artista Stelarc cria máquinas que viram extensões de seu corpo em performances que realiza para o público. Outra possibilidade de criação é a Sky art, na qual os artistas captam informações vindas de radares e satélites para a construção de suas obras. José Wagner Garcia é um especialista no assunto. A arte telemática é um tipo de manifestação artística bastante complexa e ainda pouco conhecida. O artista cria a obra dentro do ambiente da internet e ela se nutre e se constrói da participação dos internautas. Como vantagem tem uma rápida disseminação dentro do ambiente virtual. Roy Scott, Bambozzi e Gilbertto Prado são artistas que se utilizam dessa linguagem. A obra Galápagos de Karl Sims, apresentada no Intercomunication Center de Tókio entre 1997 e 2000 consistia de um software capaz de fazer crescer criaturas virtuais no computador. A instalação era composta por 12 computadores através dos quais os visitantes podiam controlar a evolução dos organismos artificiais. Cinema de artista foi uma linguagem criada também como conseqüência da disponibilidade de câmeras a um baixo custo. Feito por artistas e disponibilizado para o circuito cultural os filmes desta categoria possuem uma proposta bastante diferente daqueles criados para o circuito comercial. Não há a necessidade de se contar histórias e a linearidade não é uma de suas características. O que existe é uma preocupação com a imagem em si. Artistas como Andy Warhol criaram filmes de arte como o John Giorno Sleep, filmado em 16 mm, mudo, sem cortes e com duração de 6 horas. Laszlo Moholy-Nagy disse certa vez: A realidade do nosso século é tecnologia: A invenção, construção, e manutenção das máquinas. Ser um usuário de máquinas é o espírito deste século. As máquinas tomaram o lugar do espírito transcendental das eras passadas. 4
6 Referências RUHRBERG; SCHNECKENBURGER; FRICKE. Arte do Século XX. Paulo: Taschen do Brasil, Vol. II São Nuevos Medios. Capítulo 3. En el cruce del arte y la industria de los medios. Pg. 591à 595 Nuevos Medios. Capítulo 4. Software, hardware y performance en vídeo. Pg. 596 à 603 Nuevos Medios. Capítulo 75. Los años noventa: interación con el espacio virtual. Pg. 616 a 619 ARANTES, Arte e mídia. Perspectivas da estética digital. São Paulo: editora SENAC, 2005 Capítulo Confluências entre arte, ciência e tecnologia. Pg. 37 a 49 Capítulo Experimentando novas interfaces. Pg.68 à 72 COSTA, Cacilda Teixeira da. Arte no Brasil Movimentos e meios. São Paulo: Alameda, Pg. 49 a 73. Capítulo Meios. Pg. 49 a 73 Conceituação das principais linguagens artísticas: contexto de criação, artistas e obras. 5
7 6 Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Rita de Cássia Garcia Jimenez Lattes: Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, São Paulo SP Brasil Tel: (55 11)
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