ELASTICIDADE-RENDA DO CONSUMO FÍSICO DE FRANGO NAS REGIÕES METROPOLITANAS DO BRASIL

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1 ELASTICIDADE-RENDA DO CONSUMO FÍSICO DE FRANGO NAS REGIÕES METROPOLITANAS DO BRASIL Mirian Rumenos Piedade Bacchi 1 Humberto Francisco Silva Spolador 2 RESUMO Foram utilizados os dados da Pesquisa de Orçamento Familiares de 1987 e de , publicados pelo IBGE, para estimar as elasticidades-renda do consumo de carne de frango. As elasticidades foram obtidas através do ajustamento de uma poligonal com três segmentos relacionando o logaritmo do consumo físico per capta de carne de frango com o recebimento familiar per capta. Para o ajustamento do modelo foi utilizado o método de Mínimos Quadrados Ponderados. As elasticidades foram obtidas considerando o consumo total, o de carcaça e o de alguns corte individuais de frango. O resultado referente à elasticidade-renda média para consumo total permite classificar o frango como um bem normal. As elasticidades-renda médias obtidas apontam que o peito de frango e a coxa são bens superiores. No que se refere à carcaça (frango abatido na designação do IBGE), foi observado, para o último período, elasticidade média negativa. Palavras chaves: elasticidade-renda, consumo de carne de frango, Brasil. INTRODUÇÃO A produção brasileira de frango evoluiu consideravelmente nas últimas décadas. A sua participação na produção mundial, que em 1974 era de apenas 2,2%, passou a ser de 14% no ano de Nesse período, a posição do Brasil na relação dos maiores produtores de frango passou do décimo lugar para o segundo, inferior apenas à dos Estados Unidos. No que diz respeito à exportação, o Brasil tem também posição de destaque, sendo o terceiro maior exportador mundial, precedido apenas pelos Estados Unidos e HongKong (ABEF Associação Brasileira de Exportadores de Frango). A carne de frango é atualmente uma das principais fontes protéicas da dieta do consumidor brasileiro. No ano de 1999, segundo a ABEF, o consumo per capta anual da carne de frango foi de aproximadamente 29 kg, comparável ao de carne bovina e bastante superior ao de carne suína. Analisando aspectos relacionados ao setor de frango de corte no Brasil, Barros (1994) apontou que a esse setor achava-se reservado papel preponderante para a melhoria da qualidade da alimentação da população brasileira. A representatividade da avicultura de corte no contexto econômico nacional e a da carne de frango na dieta do consumidor brasileiro fazem com que a implementação de análises sobre o consumo desse alimento seja de grande importância, podendo auxiliar os agentes do setor na tomada de decisão quanto à produção e comercialização. O conhecimento das elasticidades de demanda de carne de frango possibilita que sejam feitas análises prospectivas sobre o seu consumo interno, o que permite a identificação de excedentes exportáveis. Além do mais, estudos dessa natureza podem embasar a formulação de políticas setoriais. 1 Profissional Liberal da USP/ESALQ, mrpbacch@carpa.ciagri.usp.br 2 Pós-Graduando da USP/ESALQ. 1-10

2 Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo principal a determinação da elasticidade-renda da demanda de carne de frango. Dada a tendência verificada em anos recentes de aumento do consumo de cortes específicas da carcaça, foram obtidas as elasticidades para os cortes mais consumidos: peito e coxa. MERCADO DE FRANGO Nas últimas décadas, a avicultura de corte brasileira, dentre outras atividades agropecuárias, foi a que apresentou os maiores aumentos de produção e produtividade. Essa atividade incorporou crescentes avanços tecnológicos e hoje o seu desempenho é comparável ao da avicultura de países desenvolvidos tais como os Estados Unidos e a França, grandes produtores de frango. Em 1970 o Brasil produzia aproximadamente 200 mil toneladas de carne de frango, passando a produzir mais de 4 milhões de toneladas em A indústria no período de 25 anos cresceu 1.760%, com uma taxa média anual de 14,42% (Araújo, 1996). A evolução da produção brasileira de carne de frango na última década pode ser visualizada no Quadro 1, verificando-se que a taxa de variação é positiva em todos os anos da série, atingindo valor da ordem de 19% em O aumento da produção e da produtividade verificada na avicultura de corte a partir dos anos 70 resultou em acentuada tendência decrescente do preço da carne de frango, observada ainda na década de 90 (Figura 2). No final dessa década, o preço do frango caiu abaixo da metade do vigente no final da década de 80. Observa-se, no entanto, que nos últimos anos (a partir de 1995), o preço tem caído a taxas menores do que as verificadas no início da década de 90. Considerando o atual nível tecnológico, tem-se que a retomada do movimento decrescente acentuado do preço do frango dependeria da queda nos preços dos insumos utilizados na sua produção. Como reflexo do aumento da produtividade e queda no preço da carne de frango, tem-se verificado um crescimento grande e contínuo do consumo desse alimento, conforme mostra a Figura 1. O consumo de carne de frango, e mais especificamente de carnes brancas, tem sido impulsionado também pela busca de uma dieta com menor teor de gordura, em função da valorização de aspectos relacionados à saúde e à estética. Além disso, o intenso processo de migração rural-urbano ocorrido nos anos 70 gerou um mercado com grande potencial de crescimento para os produtos avícolas (Rizzi, 1993). O consumo de carne de frango cresceu, entre 1989 e 1999, a uma taxa média de 8,1% ao ano. 2-10

3 Quadro 1. Evolução na produção brasileira de frango 1989/99. Ano Em toneladas % , , , , , , , , , ,40 Fonte: Associação Brasileira dos Exportadores de Frango - ABEF Figura 1. Evolução do consumo per capita de frango 1989/ kg ano Fonte de dados: ABEF Um importante fato ocorrido no mercado da carne de frango na última década foi o aumento da comercialização de cortes especiais da carcaça. Em algumas regiões metropolitanas do Brasil, o consumo atual de partes recortadas atinge níveis relativamente elevados. Em 1995/96, o consumo de cortes (peito, coxa e asa) em São Paulo, por exemplo, chegou a aproximadamente 30% do consumo de carcaça e em Curitiba a aproximadamente 16% (IBGE). 3-10

4 As empresas brasileiras do setor de aves têm procurado atender às exigências crescentes dos consumidores em termos de peso do animal, coloração da carne e, ainda, disponibilizando diferentes cortes, específicos para cada nicho de mercado. A evolução tecnológica do setor propiciou as condições necessárias para o aproveitamento das partes menos nobres. Como exemplo disso tem-se o aproveitamento da desossa do dorso, da costela e do pescoço na fabricação de embutidos (Bortolin, 2000). Os avanços tecnológicos incorporados na avicultura brasileira e a conseqüente queda no custo de produção de frango possibilitaram que o produto brasileiro tivesse uma maior inserção no mercado internacional. A evolução das exportações brasileiras de frango inteiro (carcaça) e de cortes pode ser visualizada na Figura 3, verificando-se um crescimento expressivo na década de 90. Figura 2. Evolução dos índices de preço médio anual de frango no varejo ano Fonte de dados: FIPE - Elaboração dos autores. DISTRIBUIÇÃO DO RECEBIMENTO MENSAL FAMILIAR NAS DIVERSAS CLASSES DE RECEBIMENTO DA POF Para estimar a elasticidade-renda do consumo físico de frango e cortes de frango foram utilizados, neste estudo, os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, levantados em 9 regiões metropolitanas (Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre), no Distrito Federal e no município de Goiânia. São apresentados dados para as áreas metropolitanas individuais e para todas as áreas, sendo esse último caso o objeto dessa análise. O IBGE distribui as famílias em 10 classes de recebimento familiar 3 conforme mostrado no Quadro 2 que apresenta também o número de famílias por classe de 3 Considera-se como recebimento todos os rendimentos, seja do trabalho, de transferência de aluguel, e de outros recebimentos, tais como: vendas esporádicas de bens (móveis ou imóveis), empréstimos, ganhos de 4-10

5 recebimento, o número médio de pessoas por família e o recebimento mensal per capita em cada classe de recebimento. A análise foi feita considerando os levantamentos de 1987 e com o objetivo de analisar as mudanças ocorridas no período. Figura 3 - Exportação Brasileira de Frangos - Inteiro e Cortes /1999 (mil ton.) mil ton Fonte: ABEF Anos Frango inteiro Frango em cortes Total (inteiro + cortes) CONSUMO PER CAPITA DE CARNE DE FRANGO COMPARAÇÃO ENTRE OS DADOS DAS PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES DE 1987 E 1995/96 No Quadro 3, apresentam-se dados de consumo per capita de carne de frango por classe de recebimento para todas as áreas, considerando o de carcaça (frango abatido na designação do IBGE) e o de partes da carcaça para os anos de 1987 e Comparando-se os valores relativos ao ano de com os de 1987, observa-se que para as classes de maior renda, o consumo de carne nobre (peito) cresceu de forma significativa no período analisado. Conforme já discutido anteriormente, este crescimento do consumo de carne nobre está associado a uma maior preocupação com aspectos relacionados à saúde e estética. O consumo de coxa de frango pelas famílias de maior renda (três maiores classes de recebimento familiar) também cresceu entre os anos de 1987 e , porém de forma menos expressiva do que o de peito. O maior aumento do consumo de cortes, tanto no caso de peito quanto no de coxa, ocorreu no caso das famílias que recebiam de 20 a 30 salários mínimos mensais. Não se observa um padrão definido em relação ao consumo de asa, tendo ocorrido, queda em algumas classes de renda, enquanto que em outras classes o consumo cresceu. Entre os anos de 1987 e , ocorreu aumento do consumo de carcaça de frango pelas famílias das classes de menor renda. O aumento foi mais expressivo para as famílias que recebiam menos de oito salários mínimos. Para as famílias de baixa renda, o aumento do consumo de carne de frango deve estar mais aplicações de capital e outros referentes a lucros de negócios, restituição de impostos de renda, restituição judicial, etc. (IBGE, 1999:30). 5-10

6 associado à queda de preço do que ao efeito saúde. O consumo de carcaça das famílias da classe de maior renda caiu no período considerado. Quadro 2. Número de famílias, tamanho médio da família, recebimento per capita nas 10 classes de recebimento mensal familiar para o total das áreas da POF e Classes de recebimento Número de Famílias Número médio de pessoas por família Recebimento mensal per capita em cada classe de renda 1987 (1.000) (1.000) (Cz$) (R$) Até ,88 2, ,00 50,03 Mais de 2 a ,50 3, ,00 83,54 Mais de 3 a ,01 3, ,00 118,99 Mais de 5 a ,20 3, ,00 164,41 Mais de 6 a ,26 3, ,00 205,25 Mais de 8 a ,28 3, ,00 257,39 Mais de 10 a ,29 3, ,00 351,47 Mais de 15 a ,33 3, ,00 497,12 Mais de 20 a ,40 3, ,00 722,66 Mais de ,29 3, , ,97 Fonte: Pesquisa de Orçamento Familiar IBGE Nota: Em 1987 o valor do piso salarial era Cz$ 2.640,00, e em 1995/96 o salário mínimo correspondia a R$ 112,00. Quadro 3. Consumo familiar per capita de frango anual (kg). Classes de recebimento Relação 1995/ Peito Coxa Asa Carcaça Peito Coxa Asa Carcaça Peito Coxa Asa Carcaça Até 2 0,21 0,13 0,19 8,22 0,21 0,16 0,13 13,29 1,01 1,25 0,71 1,62 Mais de 2 a 3 0,11 0,13 0,13 11,67 0,11 0,23 0,17 14,40 1,04 1,76 1,33 1,23 Mais de 3 a 5 0,13 0,27 0,25 9,79 0,29 0,45 0,19 14,19 2,20 1,71 0,76 1,45 Mais de 5 a 6 0,26 0,31 0,50 11,89 0,22 0,38 0,20 15,49 0,83 1,24 0,41 1,30 Mais de 6 a 8 0,48 0,39 0,30 11,61 0,77 0,89 0,37 14,69 1,60 2,28 1,25 1,27 Mais de 8 a 10 0,31 0,46 0,35 11,32 1,26 0,83 0,67 12,87 4,10 1,78 1,90 1,14 Mais de 10 a 15 0,50 0,79 0,27 12,23 1,28 0,62 0,27 14,21 2,56 0,78 1,01 1,16 Mais de 15 a 20 0,61 0,80 0,24 10,84 1,90 1,17 0,29 12,81 3,10 1,46 1,19 1,18 Mais de 20 a 30 1,12 0,77 0,22 11,20 4,91 3,12 0,63 13,65 4,39 4,04 2,93 1,22 Mais de 30 1,87 1,19 0,32 11,63 4,75 1,53 0,31 10,89 2,54 1,29 0,97 0,94 Fonte: Pesquisa de Orçamento Familiar IBGE O MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DAS ELASTICIDADES As estimativas da elasticidade-renda da despesa com frango e cortes de frango foram obtidas através do ajustamento de uma poligonal com dois vértices (três segmentos), considerando o modelo: 6-10

7 ln 2 i = β 0 + β1 ln R i + h= 1 h hi ( ln R ) i ln φ h u i C δ Z + no qual C i é o consumo físico per capita de carne de frango da i-ésima classe; R i é o recebimento per capita da i-ésima classe; φ h é o nível de recebimento familiar per capita correspondente ao h-ésimo vértice da poligonal (com φ i < φ 2); Z hi é uma variável binária sendo Z hi = 0 se R i for menor ou igual a φ h e Z hi = 1 se R i for maior do queφ h, e, u i são erros independentes com média zero e variância inversamente proporcional ao número de famílias por classe de recebimento familiar. Os três segmentos da poligonal correspondem a três estratos que têm como limites φ 1 e φ 2. A elasticidade no estrato I, no qual R φ 1, é igual a β 1; a elasticidade no estrato II, no qual φ 1 < R φ 2 é igual a β 1 + δ1 ; e a elasticidade no estrato III, no qual R > φ 2 é igual a β. 1 + δ1 + δ2 O limite entre dois estratos de recebimento per capita foi tomado como o limite entre duas classes de recebimento familiar dividido pela média geométrica dos tamanhos médio das famílias existentes nessas duas classes (Hoffmann, 2000). Foi utilizado o método dos mínimos quadrados ponderados na estimação dos parâmetros do modelo. Como fator de ponderação considerou-se o número de famílias por classe de recebimento familiar. Para o cálculo das elasticidades médias dos estratos utilizou-se uma média ponderada das elasticidades em cada estrato, sendo o fator de ponderação a participação de cada estrato no total consumido. Os modelos foram ajustados considerando diversas formas alternativas de agrupar as classes de recebimento familiar da POF nos três estratos. RESULTADOS As elasticidades-renda do consumo de carne de frango obtidas para os diferentes estratos e a elasticidade média para o consumo de carne de frango em sua totalidade 4, de 4 Para calcular o consumo per capita de carne de frango considerado em sua totalidade agregaram-se os valores referentes à aquisição de frango evicerado (carcaça), frango vivo, cortes de frango e frango assado. Para transformar os valores referentes à aquisição de frango vivo e frango assado em equivalente carcaça, utilizou-se como fator de conversão o valor de 0,846 para frango vivo e 1,520 para o frango assado. O frango consumido em partes foi transformado em carcaça considerando o consumo de peito e a participação desse corte na carcaça (0,274%). O peito foi o corte escolhido porque ele representava, após a transformação, o maior peso em carcaça, comparativamente aos demais cortes consumidos. A utilização dessa sistemática possibilita que todo o consumo seja levado em consideração na definição do valor total. Os coeficientes utilizados para as transformações foram extraídos das seguintes publicações: Griswold (1972), no caso do frango assado, SENAC (1993), no caso do peito e Mead (1995) no caso da eviceração. 7-10

8 carcaça, de peito e de coxa são apresentadas no Quadro 4. Os valores referem-se ao modelo que apresentou o melhor ajustamento, ou seja, o maior coeficiente de determinação, entre alguns modelos que consideravam agregações alternativas para as 10 classes de recebimento familiar. Pode-se verificar que as elasticidades-renda médias obtidas para são maiores do que as obtidas para o ano de 1987, tanto no caso do consumo total de carne de frango quanto no caso do consumo de partes específicas da carcaça. Isso se deve, provavelmente, a maior participação da carne de frango na dieta do consumidor brasileiro, num cenário onde ocorreram significativas mudanças nos hábitos da população em relação ao consumo de carnes. Quando se comparam as elasticidades obtidas para os estratos individuais relativas ao ano de 1987 com as elasticidades obtidas para os respectivos estratos relativas ao levantamento de (embora eles não incluam exatamente as mesmas classes de renda), verifica-se que em todos os casos analisados ocorreu uma mudança de sinal no último estrato, indicando que a carcaça e também os cortes individuais passaram a ser considerados bens inferiores pelas famílias de maior renda. No caso da carcaça, uma mudança de sinal ocorreu já no segundo estrato. Em , para os cortes especiais: coxa e peito, foram encontradas altas elasticidades-renda para o segundo estrato que inclui famílias que recebem mensalmente entre 15 a 30 salários mínimos. É interessante notar que nos casos dos cortes especiais: peito e coxa e também no caso do consumo total que inclui esses cortes, a elasticidade estimada para o primeiro estrato, relativo às classes de menor renda, é menor do que as obtidas para o segundo estrato, o que contraria os conhecimentos empíricos e a teoria econômica que postula elasticidades inversamente proporcionais à renda. Esse fato pode estar associado a hábito de consumo, ou seja, a ainda pequena participação dos cortes especiais na alimentação dessas famílias. Dessa forma, o consumo de partes recortadas da carcaça pelas famílias de baixo poder aquisitivo reage pouco frente a variações na renda. A carcaça é tida como um bem inferior pelas famílias do segundo estratos de renda quando se considera o segundo período da análise. Isso pode ser um indicativo de que as famílias inseridas nesse estrato podem estar dispostas a substituir, na alimentação, a carcaça por partes nobres do frango ou mesmo pela de carne bovina. Hoffmann (2000) estimou elasticidades positivas para a carne bovina de primeira e de segunda para as famílias que recebem até 30 salários mínimos. Cumpre chamar a atenção para o fato de que as inferências feitas analisando as elasticidades médias devem ser mais precisas do que as feitas analisando as elasticidades individuais. Isso deve ocorrer porque no caso de alguns estratos tem-se apenas uma ou duas classes de recebimento, o que pode conferir algum grau de imprecisão à estimativa dessas elasticidades individuais. As elasticidade foram obtidas com dados levantados nas regiões metropolitanas brasileiras. No entanto, como a maior parte da população brasileira reside em zona urbana, as elasticidades encontradas devem representar bem as relações entre renda nacional e consumo de forma geral. 8-10

9 Produto Frango total Quadro 4. Elasticidades-renda do consumo de frango e cortes. R 2 Data do Esquema de Elasticidades no estrato Elasticida levantamento agrupamento I II III de média ,976 0,165 0,137 0,160 0, ,993 0,1 84 0,854-0,400 0,283 Carcaça ,866 1,499 0,332 0,246 1, ,909 0,552-1,320-2,049-0,459 Peito ,843 0,583 0,823 0,790 0, ,983 0,586 6,299-1,580 2,407 Coxa ,965 0,690 0,810 0,530 0, ,912 0,767 2,100-1,568 1,040 Elaboração dos autores CONCLUSÕES Comparando-se as elasticidades encontradas para 1987 com as de , observam-se significativas mudanças em relação ao consumo de carne de frango frente a variações de renda. As elasticidades médias para os cortes especiais são maiores no segundo período e a carcaça passa a ser considerada um bem inferior. A definição da elasticidade-renda do consumo total de frango permite a elaboração de análises prospectivas sobre a demanda potencial desse produto. Considerando os resultados obtidos para o consumo total de carnes de frango com dados da POF de , pode-se inferir que uma variação de 1% na renda da população causa um aumento de aproximadamente 0,28% no seu consumo. Essa baixa elasticidade-renda permite concluir que o consumo de carne de frango deve crescer pouco frente a variações na renda nacional. Isso sugere que num cenário de crescimento vegetativo estável, deve-se buscar uma maior inserção no mercado internacional para que a produção possa crescer a taxas semelhantes às que tem sido observadas em anos recentes. Isso deve ocorrer num contexto onde não se espera grandes reduções do preço do frango, o que poderia levar a um aumento significativo do consumo interno. As elasticidades-renda obtidas utilizando dados da POF de indicam que tanto a carcaça quanto os cortes individuais de frango são considerados bens inferiores pelas famílias que têm as maiores rendas. Para as famílias que recebem entre 15 e 30 salários mínimos, as elasticidades estimadas para os cortes indicam que eles são considerados bens superiores, com altas elasticidades-renda. As elasticidades-renda médias obtidas para as partes recortadas consideradas nobres sinalizam um aumento significativo da procura desses cortes frente a um aumento da renda. De outro lado, a elasticidade-renda média obtida para o consumo da carcaça sinaliza uma diminuição de seu consumo frente a um aumento da renda. Isso indica que, em caso de aumento de renda, há possibilidade de ocorrência de alteração nos preços relativos (da carcaça e dos cortes) e a necessidade de se buscar alternativas para aumentar o aproveitamento da desossa da carcaça em produtos industrializados. 9-10

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, M. P. Rentabilidade da Produção de Frango de Corte sob Contratos de Integração Vertical em Minas Gerais, Dissertação de Mestrado, Piracicaba, BARROS, G.S. de C. Formação de preços no setor de corte no Brasil. Relatório de Pesquisa ao CNPq, março de1994. BORTOLIN, S. E. Os Efeitos da taxa de câmbio sobre as exportações brasileiras de frango, (Mimeo Seminário apresentado na ESALQ/USP). GRISWOLD, R. M. Estudo Experimental de Alimentos. São Paulo, Editora Edgard Blücher Ltda, 1972, 469 p. HOFFMANN, R. Elasticidade-renda das despesas e do consumo físico de alimentos no Brasil Metropolitano em Agricultura em São Paulo, São Paulo, v.30, n.1, p , IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares : consumo alimentar domiciliar per capita. Rio de Janeiro, IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares 1987 MEAD, G. C. Processing of Poultry. Londres, Chapman & Hall, p. RIZZI, A T. Mudanças Tecnológicas e Reestruturação da Indústria Agroalimentar: O Caso da Indústria de Frangos no Brasil, Tese de Doutoramento, Campinas, SENAC. Orientações sobre o Comércio Varejista de Carne. São Paulo, Editora Senac, p