Composição florística da flora meliponícola da área de entorno do Meliponário Experimental do Câmpus Petrolina Zona Rural, IF Sertão-PE

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1 Composição florística da flora meliponícola da área de entorno do Meliponário Experimental do Câmpus Petrolina Zona Rural, IF Sertão-PE RESUMO Floristic composition of meliponícola flora surrounding area of Experimental Meliponary the Campus Petrolina Rural, IF Sertão-PE Seção Temática: Biodiversidade e Bens Comuns A criação racional de abelhas indígenas sem ferrão é considerada atualmente uma atividade adequada ao desenvolvimento sustentável, já que oferece uma renda complementar aos criadores, com grande potencial para meliponicultura. A identificação das plantas visitadas pelas abelhas é de grande relevância para o desenvolvimento da atividade meliponícola, pois indica as fontes de alimento adequadas para a coleta dos recursos tróficos, principalmente em área de vegetação natural. O objetivo desse estudo foi conhecer as espécies vegetais com potencial para meliponicultura. Para tanto foi realizado um levantamento florístico, onde foram coletadas 121 amostras, registrando 25 famílias, 51 gêneros e 72 espécies de plantas. As famílias mais ricas em espécies foram a Fabaceae com 28%, em seguida Asteracea com 18% e Malvaceae com 14%. Com esses resultados foi possível conhecer as espécies vegetais de interesse meliponícola, contribuindo para o fortalecimento da meliponicultura na região semiárida. Palavras chave: Meliponicultura; Abelha Nativa. Abstract: The rational breeding of stingless bee is currently considered an appropriate activity to sustainable development, it offers a supplementary income to farmers, with great potential for beekeeping. The identification of the plants visited by bees is of great importance for the development of activity meliponícola, because it indicates the sources of food suitable for the collection of trophic resources, mainly in the area of natural vegetation. The objective of this study was to investigate the plant species with potential for beekeeping. For both was performed a floristic survey, where were collected 121 samples, registering 25 families, 51 genera and 72 species of plants. The richest families in species were Fabaceae with 28 %, then Asteracea with 18% and Malvaceae with 14 %. With these results it was possible to know the plant species of interest meliponícola, contributing to the strengthening of beekeeping in the region semiarid. Key words: Meliponiculture; Native Bee, Stingless

2 INTRODUÇÃO A criação racional de abelhas sem ferrão pode contribuir para a salvação das espécies, pois é uma atividade potencial de desenvolvimento sustentável. A meliponicultura é a criação racional de abelhas nativas sem ferrão (NOGUEIRA- NETO, 1953, p. 8). Atividades como a meliponicultura podem contribuir para a conservação da biodiversidade e proporcionar a sustentabilidade nas comunidades rurais, especialmente aquelas com o sistema de agricultura familiar. Atualmente, o principal interesse pela criação racional de abelhas sem ferrão está na possibilidade de agregar valor na produção do pequeno produtor rural, especialmente no sistema de agricultura familiar, e no lazer que o manejo diário proporciona ao homem e a sua família, uma vez que esta atividade não apresenta risco de acidentes com enxames porque estas abelhas não ferroam. É impossível a produção melípona sem a presença de flores, sejam elas oriundas de plantas nativas ou cultivadas. Assim o conhecimento da vegetação torna-se imprescindível ao meliponicultor, uma vez que a diversidade florística influencia diretamente na composição do produto, por indicar as fontes de alimento utilizadas para coleta de néctar e pólen. O objetivo desse estudo foi conhecer a composição florística da área de entorno do meliponário experimental, através de um levantamento florístico, verificando sua potencialidade com espécie melípona. MATERIAL E MÉTODOS A caracterização da área de estudo ao redor do meliponário experimental situado dentro do IF Sertão-PE, Câmpus Petrolina Zona Rural, próximo a uma área de produção de uva orgânica. A área circular do entorno, com raio de 500 m, contem 41,4 hectares de caatinga representando 52,7% da área, onde há o predomínio de espécies nativas, mesclado com culturas forrageiras, fruticultura e olericultura. Nas demais áreas: estradas, construções, áreas com solos muito degradados (Figura 1). Para realizar o levantamento da flora meliponícola estabeleceu-se com o auxílio de um aparelho de posicionamento geográfico (GPS) oito trilhas de 500 m a partir do meliponário nas direções pontos cardeais e colaterais (Figura 1). Realizaram-se coletas do material botânico, quatro dias por semana entre os meses de outubro de 2013 e maio de 2014, segundo as normas usuais empregada na taxonomia vegetal. Cada uma das oito trilhas, orientada por piquetes previamente fincados a cada 100 m, foi percorrida uma vez por semana nos horários das 5h às 10h da manhã. A primeira trilha a ser percorrida foi escolhida aleatoriamente e, a partir dessa, as demais foram percorridas seguindo o sentido horário. Ao longo do percurso na trilha, todas as plantas foram fotografadas, coletadas e transportadas para o laboratório do CVT Agroecologia. As coletas botânicas foram armazenadas como exsicatas para posterior identificação. As espécies foram identificadas com utilização de chaves de

3 identificação de espécies fanerógamas baseadas na APG-II, e por comparação, com a utilização de bibliografias especializadas: LORENZI (1996), LORENZI e SOUZA (1999), LORENZI (2003), LORENZI et al. (2006). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na área de estudo, foram identificadas 25 Famílias, 51 gêneros e 76 espécies, (Tabela 1). As Famílias Fabaceae apresentou o maior número de espécies (20 = 28%), seguida pelas famílias Aesteraceae (13 = 18%), Malvaceae (10 = 14%). Segundo Oliveira et al. (2009) as leguminosas (Fabaceae) são fontes importantes de néctar e pólen para as abelhas e outros animais que necessitam destes recursos. Neste sentido pode ser notada, a importância das espécies da família Fabaceae para as abelhas melíponas, pois além dessas espécies servirem como fontes proteicas para as abelhas, elas possuem interesse forrageiro, tornando-se uma alternativa para criação de outros animais gerando renda aos meliponicultores em sistema de agricultura familiar em região de clima semiárido, pois as leguminosas sobrevivem bem às condições locais. A Asteraceae, segunda mais representativa nas amostras (18%), embora muitas espécies desta família sejam consideradas como plantas daninhas, Marques et al. (2011) identificaram 41 espécies de Asteraceae, sendo utilizadas como recurso por A. mellifera, Trigonini e Melipona, constituindo assim, uma das mais ricas em número de espécies e mais visitadas por abelhas. As Malvaceas, representando 14% da área estudada, espécies de hábito herbáceo é consideradas por alguns autores como família de alto interesse apícola/meliponícola (SILVA, 2006; MAIA-SILVA et al., 2012). No que diz respeito às demais famílias, a maioria das espécies identificadas apresentaram uma frequência baixa (Figura 2). CONCLUSÕES A riqueza da flora meliponícola no entorno do Meliponário Experimental do IF Sertão-PE, apresentou-se com alto potencial para meliponicultura, por conter diversas plantas de interesse meliponícola com importantes fontes de recursos (néctar/pólen) para as abelhas sem ferrão. O conhecimento da flora meliponícola de uma região é uma importante ferramenta para a conservação das espécies vegetais e de abelhas, para elaboração de planos de manejo, além de auxiliar o agricultor na implantação de pasto meliponícola, melhorando a eficiência do meliponário. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MAIA-SILVA, C.; SILVA, C. I.; HRNCIR M.; QUEIROZ, R. T. de; IMPERATRIZ- FONSECA, V. L. Guia de Plantas Visitadas por Abelhas. 1ª ed. Fortaleza: Editora Fundação, p. NOGUEIRA-NETO, P. A criação de abelhas indígenas sem ferrão (Meliponinae) São Paulo: Chácaras e Quintais, 280 p., 1953.

4 OLIVEIRA, F.P.M.; ABSY, M.L.; MIRANDA I.S. Recurso polínico coletado por abelhas sem ferrão (Apidae, Meliponinae) em um fragmento de floresta na região de Manaus, Amazonas. Acta Amazonica, Manaus, v. 39, n. 3, p , mar SILVA, R. A. da. Caracterização da flora apícola e do mel produzido por Apis mellifera L., 1758 (Hymenoptera, Apidae) no estado da Paraíba. Tese (doutorado) UFPB, Areia, PB. Outubro, Meliponário Figura 1. Trilhas de 500 m e os pontos onde foram realizadas as caminhadas em torno do meliponário experimental para coleta de material botânico no Câmpus Petrolina Zona Rural, IF Sertão-PE.

5 Figura 2. Famílias botânicas mais representadas no entorno do Meliponário Experimental do Câmpus Petrolina Zona Rural, IF Sertão-PE.

6 Tabela 1. Espécies distribuídas por famílias FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO Acanthaceae Ruellia brevifolia (Pohl) c. Ezecurra Amarantaceae Alternanthera sp. Fabaceae- Alternanthera brasiliana (L.) kuntze Caesalpinoideae Apocynaceae Apocynaceae Asteraceae Boraginaceae Cactaceae Capparaceae Caricaceae Convolvulaceae Curcubitaceae Euphorbiaceae Euphorbiaceae Fabaceae- Caesalpinoideae Allamanda cathartica L. Plumeria rubra Linn. Ageratum conyzoides L. Lourteigia ballotifolia (kunth) R.M.King & H. Rob. Chromolaena sp. Baccharis cordifolia Dc. Emilia fosbergii Nicolson Ageratum sp. Emilia sp. Emilia coccinea (Sims) G. Don Tridax procumbensl. Centratherum sp. Bidens sp. Chromolaena maximilianii ( Schrad.)R.M.King & H. Rob. Centratherum punctatum Cass. Heliotropium sp. Cordia sp. Varronia leucocephala ( Moric.) j.s. Mill..(2) Cordia leucocephala Moric Napolea cochenillifera (L.)Lyons Cynophalla flexuosa (L.) Presl Vasconcellea sp. Ipomoea sp. Jacquemontia heterantha (Nees & Mart.) Hallier f.(4) Cayaponia podantha cogn. Mormodica charantia L. Chamaesyce hirta (L.) Millsp. Cnidoscolus phyllacanthus (Mill.Arg.)Pax &L. Hoffem.(3) Senna uniflora (Mill.)H.S Irwin & Barneby (2) Cenostigma macrophyllum tul. Caesalpinia pluviosa DC. var. peltophoroides (Benth.) G. P. Lewis Senna hirsuta var. leptocarpa (Benth.) H.S.Irwin & Barneby Cassia leiandra Benth Delonix regis (Bojer ex Hook.) Raf.(2) Caesalpinia paraguariensis (D. Parodi) Burkart Senna alata (L.) Roxb. Cassia leiandra Benth Caesalpinia ferrea var. leiostachya Benth. Sena uniflora (Mill.) H>S Irwin & Barneby Senna alata (L.) Roxb. Bauhinia purpurea L. Fabaceae- Cercideae Bauhinia longifolia (Bong.) Steud. Fabaceae-Faboideae Crotalária sp. Piptadenia rigida Benth. Anadenanthera peregrina (L.) Speg. Piptadenia sp. Fabaceae-Mimosoideae Neptunia plena (L.)Benth Anadenanthera sp. Anadenanthera colubrina (Vell.) brenan Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke Mimosa sp. Hypericaceae Hypericum perforatum Lamiaceae Hyptis sp. Waltheria tomentosa H. St. John. Waltheria douradinha A. St. Hil. Sida cordifolia L. Melochia pyramidata L. Malvaceae Sida rhombifolia L. Herissantia crispa (L.) Brizicky (2) Sida acuta Burm. F.(2) Malvastrum coromandelianum (L.) garcke (4) Waltheria indica L. (6) Waltheria sp.(7) Musaceae Heliconia sp. Myrtaceae Psidium guajava var. pomifera L. Nyctaginaceae Bougainvillea gabra choisy (3) Oxalidaceae Oxalis sp. Richardia scabra L. Rubiaceae Diodella teres (Walter) Small Richardia grandiflora (Cham. & Schultdl.)Steud.(2) Verbenaceae Lippia sp. Duranta repens Linn " Aurea"(7) Zingiberaceae Alpinia purpurata K. Schum

7 do meliponário experimental do Câmpus Petrolina Zona Rural, IF Sertão-PE. botânicas mais representativas encontradas no entorno