NOTA INFORMATIVA SOBRE TRABALHO SEM RISCO E CULTURA DE SEGURANÇA 1

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1 NOTA INFORMATIVA SOBRE TRABALHO SEM RISCO E CULTURA DE SEGURANÇA 1 DIA MUNDIAL DA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO Anualmente, morrem cerca de 2 milhões de homens e mulheres devido a acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Em todo o mundo são registrados, a cada ano, 270 milhões de acidentes de trabalho e 160 milhões de doenças profissionais. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) nunca aceitou a idéia de que acidentes e doenças relacionadas ao trabalho fossem ossos do oficio. A prevenção funciona. Ao longo do século XX, os países industrializados observaram que as lesões graves diminuíram consideravelmente, em parte graças aos avanços obtidos para garantir um local de trabalho mais saudável e seguro. O desafio é estender esta experiência positiva a todo o mundo do trabalho. A experiência tem demonstrado que uma cultura de segurança sólida é igualmente benéfica para trabalhadores, empregadores e governos. A eficácia das diversas técnicas de prevenção tem sido comprovada tanto para evitar os acidentes de trabalho e doenças profissionais, quanto para melhorar o rendimento das empresas. Alguns países dispõem de normas de segurança muito desenvolvidas, resultado direto das políticas que adotaram durante longo período, apoiadas no diálogo social tripartite e na negociação coletiva entre os sindicatos e os empregadores. Tais avanços foram obtidos também com uma legislação eficaz sobre segurança e saúde, apoiada por uma inspeção do trabalho adequada. Em 2004, lembramos o vigésimo aniversário de um dos piores desastres químicos da história. O escapamento de gás de uma fábrica de praguicida no Bhopal, centro da Índia, em 1984, provocou, em poucas horas, a morte de pessoas e feriu mais de Neste acidente, não foram afetados somente os trabalhadores da fábrica, mas também suas famílias, bairros e comunidades inteiras. O evento nos recorda como é importante criar uma cultura de segurança em que os governos, os empregadores e os trabalhadores desempenhem seu papel de modo a impedir que este tipo de tragédia volte a se repetir.

2 Desde 1989, o movimento sindical mundial vem rememorando as vítimas dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho todo dia 28 de abril. Essa celebração é fruto de uma idéia inicialmente lançada por trabalhadores dos Estados Unidos e do Canadá. A Confederação Internacional de Organizações Sindicais Livres (CIOSL) universalizou a iniciativa e ampliou sua abrangência para incluir a idéia de trabalho e de locais de trabalho sustentáveis. O Dia Internacional em Memória de Trabalhadores Mortos e Feridos no Trabalho é celebrado anualmente em mais de cem países 2. Desde 2001, a OIT aderiu à iniciativa. Em 2003, a Conferência Internacional do Trabalho adotou 28 de abril como o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, com o objetivo de sensibilizar a opinião pública para a importância da segurança e da saúde no trabalho e promover o direito dos trabalhadores ao meio ambiente de trabalho seguro e saudável. O tema da campanha deste ano é a promoção de uma cultura de segurança e saúde nos locais de trabalho em todo o mundo, aproveitando os pontos fortes tradicionais da Organização, a saber, o tripartismo e o diálogo social. Relatório da OIT de 2004 sobre o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho Em 2004, o Dia Mundial dará também destaque a três áreas de preocupação da OIT: os riscos químicos, a violência no trabalho e as enfermidades do aparelho respiratório. Os riscos químicos são um perigo grave para os trabalhadores. Calcula-se que, a cada ano, entrem no mercado aproximadamente produtos químicos novos e que sejam utilizadas cerca de substâncias químicas em escala mundial. A informação sobre o seu uso, manejo e armazenamento apropriados é um elemento chave para prevenir acidentes e enfermidades. Muitas substâncias que são utilizadas de forma habitual no trabalho contêm produtos químicos que, se não forem manejados corretamente, podem provocar danos aos trabalhadores. Estima-se que dos 2 milhões de mortes por acidentes e doenças relacionadas ao trabalho que acontecem a cada ano, devem-se a produtos químicos, e que dos 160 milhões de casos de doenças relacionadas ao trabalho, 35 milhões são causadas por esses produtos. A 1 Dados obtidos na Información sobre Trabajo Sin Riesgo (SafeWork). Oficina International del Trabajo OIT, Ginebra, Em 2004, o governo brasileiro celebrará o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.

3 preocupação generalizada quanto aos acidentes e às doenças relacionadas ao trabalho derivadas do uso de produtos químicos está aumentando devido ao rápido aumento do número de produtos químicos de uso comercial, em especial nos países em desenvolvimento, que muitas vezes carecem de medidas de controle adequadas. A OIT, reconhecendo a sua importância e as graves conseqüências que poderão advir, tem proporcionado fontes de informação facilmente acessíveis para proteger os trabalhadores de todo o mundo, como o sistema mundialmente harmonizado de etiquetagem de materiais perigosos. A violência no local de trabalho, apesar de não ser um fenômeno novo, não era considerada, até pouco tempo, um risco potencial para a saúde e a produtividade dos trabalhadores. Segundo informações recentes, em 2002, nos Estados Unidos, 2 milhões de trabalhadores foram vítimas de violência no local de trabalho. No Reino Unido, 1,7% dos trabalhadores adultos ( pessoas) foram vítimas de um ou mais incidentes de violência no local de trabalho. Considerando que esta violência pode ter sua origem tanto fora quanto no próprio local de trabalho, ou ser introduzida por um cliente ou usuário, é indispensável que no contexto de uma cultura de segurança e por meio do diálogo social existam políticas e ações globais para tratar de forma rápida e eficaz a questão. A OIT adotou um Repertório de Recomendações Práticas sobre Violência no trabalho que proporciona aos governos, empregadores e trabalhadores um instrumento útil para impedir que se produzam novos casos. Para favorecer a concepção de uma cultura construtiva do local de trabalho, a OIT disponibiliza também um programa educativo único denominado SOLVE. O programa, que é complementar ao Repertório, insiste na necessidade de uma política de empresa integrada que se centre nas necessidades de segurança e saúde no trabalho, incluídos problemas como a violência no local de trabalho. As enfermidades pulmonares causadas pela exposição a poeiras de amianto, sílica e outras substâncias perigosas têm causado a morte de milhares de trabalhadores. Esta é uma situação trágica pois, como tantas outras, há formas de evitá-la. Hoje em dia, as doenças respiratórias profissionais constituem uma proporção considerável das doenças relacionadas ao trabalho, representando de 15 a 30% do

4 total de doenças profissionais; durante o último decênio, a asma profissional, por exemplo, progrediu a um ritmo constante. Segundo nossas estimativas, milhões de trabalhadores continuam sendo expostos, todos os dias, a ar contaminado na indústria e na agricultura, correndo riscos de contraírem doenças que causem sua invalidez ou que os deixem debilitados. De todas as doenças profissionais, as doenças pulmonares são a causa mais importante de morte prematura e de invalidez permanente. Apesar dos esforços realizados pelos governos e pelos especialistas de saúde e segurança do setor industrial, a cada ano surgem milhões de novos casos. Muitos deles não são diagnosticados ou não são registrados devido à falta de infra-estrutura nacional para a prevenção em matéria de segurança e saúde no trabalho. A luta contra as doenças respiratórias ocupacionais tem uma longa história na OIT; começou em 1930 com a primeira Conferência Internacional sobre Silicose, celebrada em Johannesburgo, África do Sul. Praticamente na mesma época, foi adotado o programa da OIT sobre doenças respiratórias ocupacionais. Em resposta a estas questões, a comunidade internacional tem desenvolvido um conjunto de instrumentos técnicos para prevenir as doenças respiratórias ocupacionais no mundo inteiro. O Programa Mundial OIT/OMS para Eliminação da Silicose, cuja criação foi inicialmente proposta pelo Comitê Misto OIT/OMS de Saúde no Trabalho, em 1995, é um programa internacional de cooperação técnica elaborado para ajudar os países em suas ações de combate à silicose, a fim de eliminá-la em todo o mundo. O Programa, em pouco tempo, tem obtido bons resultados, e atualmente conta com a participação da China, Brasil, Índia, Tailândia e Vietnã elaboraram planos nacionais de ação e têm desenvolvido programas nacionais. Vários outros países em desenvolvimento têm expressado grande interesse em fazer parte deste Programa, tendo em vista as experiências positivas que estão tendo com a OIT em matéria de assistência técnica. A função da OIT A Organização Internacional do Trabalho se esforça por garantir a todas as pessoas o direito de trabalhar em liberdade, com dignidade e segurança o que inclui o direito a um ambiente de trabalho saudável e seguro. A OIT tem buscado um enfoque integrado de todos os seus meios de ação, incluindo as atividades normativas, os códigos e as

5 diretrizes, a cooperação técnica internacional, as análises estatísticas e a divulgação de informação, com o fim de contribuir para que as ações de segurança e saúde no trabalho sejam mais eficazes. Uma cultura de segurança no local de trabalho compreende todos os valores, sistemas, práticas de gestão e condutas de trabalho que favoreçam a criação de um ambiente de trabalho saudável e seguro. A Convenção nº 155 da OIT 3, sobre segurança e saúde dos trabalhadores, de 1981, é um marco importante para potencializar uma cultura de segurança e saúde no trabalho. O desenvolvimento de uma cultura de segurança começa educando as crianças, desde cedo, sobre a prevenção eficaz dos acidentes e doenças que ocorrem nas empresas. Esta prevenção requer a participação dos governos e das organizações de empregadores e trabalhadores. A adoção de formas de organização do trabalho, a formação e informação dos trabalhadores e as atividades de inspeção são instrumentos importantes para promover uma cultura de segurança e saúde. As empresas que possuem sistemas de gestão da segurança e saúde obtêm melhores resultados, tanto no que diz respeito à segurança como na produtividade. Também os auditores-fiscais do trabalho desempenham uma função essencial. A propósito, 130 Estados Membros ratificaram a Convenção nº 81 4, sobre a inspeção do trabalho, que é um dos instrumentos da Organização Internacional que mais ratificações tem recebido. As Diretrizes da OIT relativas aos sistemas de gestão da segurança e saúde no trabalho (ILO-OSH 2001) são instrumentos poderosos para desenvolver uma cultura de segurança e saúde nas empresas, oferecendo mecanismos para continuar a melhoria da qualidade do ambiente de trabalho. Normas da OIT O Brasil ratificou as principais Convenções da OIT sobre segurança e saúde no trabalho, dentre as mais de 70 Convenções e Recomendações da OIT a esse respeito. Se desejar obter mais informações, acesse a página ou entre em contato com o Escritório da OIT no Brasil, localizado no Setor de Embaixadas Norte, Lote 35, CEP , Brasília (DF), brasilia@oitbrasil.org.br e site 3 Não ratificada pelo Brasil. 4 Não ratificada pelo Brasil.