REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL E A ANÁLISE DOS CRITÉRIOS DE AFERIÇÃO DA IMPUTABILIDADE PENAL Á LUZ DO ORDENAMENTO JURÍDICO.
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- Aurora Lage Marreiro
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1 1 REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL E A ANÁLISE DOS CRITÉRIOS DE AFERIÇÃO DA IMPUTABILIDADE PENAL Á LUZ DO ORDENAMENTO JURÍDICO. VAGULA, J. E. M. Resumo No decorrer desta pesquisa buscou-se a melhor forma, dentre as conhecidas pela doutrina, para fixar a inimputabilidade no sistema penal pátrio, tendo por objetivo discutir a mudança do critério até então utilizado, assim como, a possibilidade de redução da maioridade penal. Tendo em vista a evolução social ocorrida desde a promulgação do código penal, mostrando-se evidente a necessidade de alteração do critério de aferição, não podendo permanecer o critério puramente biológico. Palavras-chave: Inimputabilidade. Menoridade. Critério de Aferição. Abstract During this study we sought the best way, among those known by the doctrine, for securing the nonimputability in the country penal system, aiming to discuss the change in the discretion used, as well as the possibility of reducing the legal age. In view of social developments since the enactment of the Criminal Code, showing an obvious need to change the assessment criteria, not being able to remain the purely biological criteria. Keywords: Nonimputability. Infancy. Measurement Criteria. INTRODUÇÃO A presente pesquisa tem como objetivo apresentar a melhor maneira, para fixação da imputabilidade no sistema penal pátrio. Inicialmente, será feito um apanhado acerca da menoridade, para melhor se entender este fenômeno. Em seguida, será apresentado o conceito de cada um dos sistemas que podem ser utilizados parra fixarem à inimputabilidade, mostrando qual se revela
2 2 melhor para tal finalidade, levado em consideração, a clara evolução na capacidade de compreensão dos jovens, não podendo mais ser enquadrados nos mesmos critérios empregados na década de 1940, quando da criação do Código Penal. REFERENCIAM TEÓRICO-METODOLÓGICAS Menoridade refere-se à pessoa que ainda não atingiu idade suficiente para praticar os atos da vida civil e principalmente refere-se à incapacidade de ser culpado na esfera penal. Assim, o indivíduo que não completou 18 (dezoito) anos, não atingindo a maioridade, assim sendo: Quem carece desta capacidade, por não ter maturidade suficiente, ou por sofrer de graves alterações psíquicas, não pode ser declarado culpado e, por conseguinte, não pode ser responsável penalmente por seus atos, por mais que sejam típicos e antijurídicos 1. Conforme o estabelecido no artigo 228 da Constituição Federal de 1988, são inimputáveis os menores de dezoito anos, ficando sujeitos à legislação especial. Desta forma, a responsabilidade penal inicia-se somente ao completar a referida idade. Para Francisco Toledo, nada indica que a idade de dezoito anos seja um marco preciso no advento da capacidade de compreensão do injusto e de autodeterminação 2, quanto à legislação especial a que o aludido artigo refere-se, trata-se da Lei nº /90, que introduziu o Estatuto da Criança e do Adolescente no ordenamento jurídico nacional, prevendo medidas socioeducativas ao menor infrator. Se, a imputabilidade só é conferida ao sujeito dotado de capacidade de compreender a ilicitude do fato que motivou e, assim agir de acordo com este entendimento, a inimputabilidade é, portanto, a falta desta capacidade de entender e distinguir o ato lícito do ilícito. Segundo Mirabete, quem não tem essa capacidade de entendimento e de determinação é inimputável, eliminando-se a culpabilidade 3. 1 MUÑOZ CONDE, Francisco. Teoria Geral do Delito. Porto Alegre, Sérgio Fabris, P TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios básicos de direito penal. 5.ed. SÃO PAULO: Saraiva, P MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito Penal, volume 1: parte geral, arts 1º a 120 do CP/ Julio Fabbrini Mirabet, Renato n. Fabbrini Ed, São Paulo, Atlas, P. 196.
3 3 São considerados inimputáveis perante o Código Penal, aqueles agentes absolutamente incapazes de compreender o caráter ilícito do fato ou agir de acordo como o mesmo, pelo fato de possuir doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado no momento do fato. utiliza de três sistemas: Quanto aos critérios de aferição da imputabilidade nossa doutrina se O sistema biológico ou etiológico, usado no caso da menoridade, onde a pessoa é considerada inimputável sempre que não possuir uma saúde mental adequada, assim, basta a este sistema saber se o autor é possuidor de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, o considerado inimputável, se algum tipo de anomalia mental no momento em que praticar um delito, para ser considerado absolutamente inimputável. Nas palavras do professor Damásio o sistema biológico, Condiciona a imputabilidade á inexistência de doença mental, de desenvolvimento mental deficiente e de transtornos psíquicos momentâneos. (...) não importando que a causa tenha excluído ou diminuído a capacidade de compreensão ou de determinação da conduta delituosa. 4 O sistema psicológico que, ao contrário do biológico não leva em consideração se o agente possui doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, leva em consideração apenas, se no momento da prática delituosa o agente possuía ou não a capacidade de compreensão e a capacidade de atuar de acordo com o ato praticado. Neste sistema, segundo Mirabete, se verificam apenas as condições psíquicas do autor no momento do fato, afastada qualquer preocupação a respeito da existência ou não de doença mental ou distúrbio psíquico patológico 5, dizendo ainda se tratar de, critério pouco científico, de difícil averiguação 6. E por fim, o sistema biopsicológico ou misto, que é a união dos dois métodos anteriores, onde o sujeito torna-se inimputável em razão da existência de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado o agente no 4 JESUS, Damásio E. de, 1935 Direito Penal / Damásio E. de Jesus. São Paulo, Saraiva, P MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito Penal, volume 1: parte geral, arts 1º a 120 do CP/ Julio Fabbrini Mirabet, Renato n. Fabbrini Ed, São Paulo, Atlas, p Ibid, Ibdem. p. 196.
4 4 momento da prática delituosa não possuía a capacidade de compreensão e a capacidade de atuar de acordo com o ato praticado. Para Damasio, só é inimputável o sujeito que, em consequência da anomalia mental, não possui capacidade de compreender o caráter criminoso do fato ou determinar-se de acordo com esta compreensão. 7. Assim só é imputável caso possua capacidade de compreender o caráter criminoso do fato. Desta forma o sistema utilizado para a menoridade é extremamente falho, como diz Mirabete, É, evidente, um critério falho 8, pois não leva em consideração a capacidade de a criança ou o adolescente entender o ato ilícito que esta praticando como, por exemplo, matar alguém, roubar, estuprar, aos 16 anos já se entende estes crimes. Assim sendo, o melhor sistema para aferir a inimputabilidade no caso da menoridade seria como no restante dos casos de imputabilidade do Código Penal, o sistema biopsicológico por não considerar apenas a existência do desenvolvimento mental incompleto da criança ou adolescente, mas também a capacidade de compreensão e a capacidade de o jovem determinar-se de acordo com o ato praticado. CONCLUSÃO Conclui-se, que a redação do artigo 228 da Constituição mostrou-se equivocada ao definir um critério puramente biológico para concedê-la. É evidente a necessidade de alteração do critério de aferição da inimputabilidade penal nos casos da menoridade, proporcionando assim uma melhor aplicação da lei, passando a utilizar o critério biopsicológico, por não considerar apenas a existência do desenvolvimento mental incompleto da criança ou adolescente, mas também a capacidade de compreensão e a capacidade de o jovem determinar-se de acordo com o ato praticado o sistema biopsicológico torna-se o mais indicado. REFERÊNCIAS 7 JESUS, Damásio E. de, 1935 Direito Penal / Damásio E. de Jesus. São Paulo, Saraiva, P MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito Penal, volume 1: parte geral, arts 1º a 120 do CP/ Julio Fabbrini Mirabet, Renato n. Fabbrini Ed, São Paulo, Atlas, 2011, p. 196.
5 5 ARRUDA, Senador José Roberto. Proposta de Emenda a Constituição. Nº 20, BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral, Ed. São Paulo, Saraiva, CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. volume 1, parte geral; (arts. 1º a 120) 14. Ed. São Paulo: Saraiva, D`URSO, Luiz Flávio Borges. A Imputabilidade e a Maioridade Penal. Revista Pratica Jurídica, Nº62. DIAS, Osmar. Estatuto da Criança e do Adolescente. 5ª. Ed.. Brasília, Senado Federal, DOTTI, René Ariel. Curso de Direito Penal: parte geral. Rio de Janeiro, Forense, JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. São Paulo, Saraiva, MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito Penal, 27. Ed, São Paulo, Atlas, MUÑOZ CONDE, Francisco. Teoria Geral do Delito. Porto Alegre, Sérgio Fabris, NETO, Cândido Furtado Maia. Imputabilidade penal e os Direitos Humanos. Revista Pratica Jurídica, Nº62.
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