DIREITO CONSTITUCIONAL PODER EXECUTIVO
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- Jónatas Palmeira Olivares
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1 DIREITO CONSTITUCIONAL PODER EXECUTIVO Atualizado em 09/11/2015
2 PODER EXECUTIVO Forma de governo de que modo o poder é instituído e como se dá a relação entre governantes e governados: República; Monarquia Poder instituído por Deus, poder divino Vigora a visão da vitaliciedade Poder repassado pela hereditariedade Irresponsabilidade política dos governantes Personificação do poder político República Poder popular Temporariedade dos mandatos Poder repassado pelas eleições periódicas Responsabilidade política dos governantes Ausência de personificação do poder político A república se encontra prevista no texto constitucional como um princípio fundamental (artigo 1º caput CF88); além disso, é um princípio sensível (artigo 34, VII, a, CF88) e também é uma limitação material implícita ao poder reformador. Sistema de governo indica como se dá a relação entre executivo e legislativo: Presidencialismo. O artigo 76 da CF88 marca o sistema presidencialista e também é uma limitação material implícita ao poder reformador. VISÃO GERAL DO PODER EXECUTIVO O executivo federal é composto pelo presidente e pelo vice-presidente da república (não há eleição autônoma no país, a eleição do presidente acarreta a eleição do vice também não se admite candidatura avulsa no país, é indispensável que se preencha o requisito da filiação partidária). Os requisitos para que alguém concorra aos cargos de presidente e vice-presidente da república se encontram no artigo 14 3º, além de ser exigido que seja brasileiro nato e a idade mínima de 35 anos. O vice-presidente é o único sucessor do presidente da república. O restante é substituto: a primeira autoridade apta a substituir o presidente da república é o vice, então o presidente da Câmara, daí o presidente do Senado e por fim o presidente do STF.
3 O presidente da república exercerá o mandato de quatro anos, admita uma recondução na forma do artigo 5º. Se decidir concorrer a outro cargo eletivo, precisa se desincompatibilizar. A família toda do chefe do executivo federal fica impedida de concorrer a qualquer cargo eletivo no Brasil, a não ser que seja candidato a reeleição. O sistema eleitoral responsável pelas eleições da chefia do executivo federal é o sistema eleitoral majoritário de maioria absoluta ou de dois turnos. É o mesmo sistema para eleições de Governadores. Quanto a prefeitos, atenção: o artigo 29, II diz que prefeitos de municípios com mais de eleitores também serão eleitos pelo sistema de dois turnos; municípios com eleitores ou menos terão seus prefeitos eleitos pelo sistema majoritário simples, ou seja, ganha a eleição quem tiver o maior número de votos, não importando a diferença de votos entre o primeiro e o segundo colocado em caso de empate, ganha o que tiver maior idade. Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação. Cuidado! Não será convocado o Vice do candidato que faleceu, desistiu ou foi impedido, mas sim chamado aquele que ficou na terceira posição no primeiro turno. Caso ocorra empate entre os remanescentes, qualificar-se-á o mais idoso. As eleições são, em regra, diretas e há a possibilidade de eleições indiretas, no caso de vacância do presidente e do vice no segundo biênio do mandato eletivo. Se a vacância do presidente e do vice-presidente ocorrer nos dois anos iniciais, teremos eleições diretas 90 dias depois de aberta a última vaga; se entretanto a vacância ocorrer nos 2 anos finais do mandato eletivo, as eleições serão indiretas e os membros do Congresso Nacional irão escolher os novos representantes 30 dias depois de aberta a última vaga. Nas duas hipóteses, quem for eleito vai cumprir apenas o que restou do mandato dos seus antecessores. ATRIBUIÇÕES CONFERIDAS AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA O artigo 84 da CF atribui ao Presidente da República competências privativas, tanto de natureza de chefe de Estado como de chefe de Governo. Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;
4 III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição; IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos; VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; X - decretar e executar a intervenção federal; XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias; XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei; XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União; XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União; XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII; XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional; XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional; XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
5 XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição; XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior; XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei; XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62; XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição. Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações. PERDA DO CARGO O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão conjunta do Congresso Nacional, em 1º de janeiro, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil. Se decorridos 10 dias da data fixada para a posse, o presidente ou o vice-presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago. O presidente e o vice-presidente da república não poderão, sem licença do Congresso, ausentar-se do país por período superior a 15 dias, ocorrerá a perda do cargo. SUCESSÃO PRESIDENCIAL O art. 80 nos apresenta a linha sucessória do Presidente da República. Nos casos de impedimento ou vacância dos cargos de Presidente e Vice, serão chamados ao exercício da Presidência, na ordem: i) o Presidente da Câmara dos Deputados; ii) o Presidente do Senado Federal e; iii) o Presidente do STF. Destaque-se, todavia, que apenas o Vice- Presidente poderá suceder o Presidente em caráter definitivo; todos os outros poderão exercer a Presidência apenas interinamente, ou seja, em caráter temporário.
6 Dessa forma, havendo vacância dos cargos de Presidente e de Vice-Presidente, serão convocadas novas eleições. Temos, então, o seguinte: a) Se a vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente ocorrer nos dois primeiros anos do mandato presidencial, serão feitas eleições 90 (noventa) dias depois de aberta a última vaga. Trata-se, nesse caso, de eleições diretas. b) Se a vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente ocorrer nos dois últimos anos do mandato presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita 30 (trinta) dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional. Serão feitas, portanto, eleições indiretas. IMUNIDADES E RESPONSABILIDADES Não é possível renunciar das imunidades relativas ao cargo. Imunidades formais: Com relação à prisão criminal: a regra geral é a de que o presidente da república não poderá ser preso. Inexiste prisão criminal que possa levar o presidente ao cárcere. Exceção: haverá prisão definitiva, ou seja, por sentença condenatória criminal transitada em julgado. Sobre a prisão civil, não há óbice algum. Se o presidente for devedor de alimentos, a prisão poderá ser determinada. No que tange à imunidade formal processual: compete à Câmara dos Deputados realizarem juízo de admissibilidade das acusações contra o presidente da república. Somente pelo voto favorável de 2/3 dos membros da Câmara, o STF poderá receber uma denúncia (queixa-crime) contra o presidente para crimes comuns; e o Senado Federal deverá iniciar o impeachment do presidente por julgamento por crime de responsabilidade. Crime comum: STF apenas se os crimes comuns estiverem ligados ao exercício da função. Crime de responsabilidade (infrações político-administrativas); Senado Federal. o A pena será a perda do cargo (impeachment) + a inabilitação para qualquer cargo, emprego ou função pública por oito anos.
7 Quanto aos governadores: Imunidades formais: não possuem imunidade formal para prisão criminal nem prisão civil. Prerrogativa de foro: faculdade das constituições estaduais estabelecerem esse juízo de admissibilidade pela Assembleia Legislativa. o Crime comum: STJ o Crime de responsabilidade: controverso, mas prevalece um tribunal especial de desembargadores e legisladores. Quanto aos prefeitos: Imunidades formais: não possuem imunidade formal para prisão criminal nem prisão civil Prerrogativa de foro: faculdade das leis orgânicas estabelecerem esse juízo de admissibilidade pela Câmara dos Vereadores. o Crime comum: TJ. Se crime federal, TRF. Se crime eleitoral, TER. o Crime de responsabilidade: câmara municipal. MINISTROS DE ESTADO Os Ministros de Estado são meros auxiliares do Presidente da República no exercício do Poder Executivo e na direção superior da administração federal. Os Ministros de Estado dirigem Ministérios e são escolhidos pelo Presidente da República, que os nomeia, podendo ser demitidos a qualquer tempo, não tendo qualquer estabilidade. Os requisitos para assumir o cargo de Ministro de Estado, cargo de provimento em comissão, são: Ser brasileiro nato ou naturalizado (salvo cargo de Ministro de Estado da Defesa, que deverá ser preenchido por brasileiro nato). Ter mais de 21 anos de idade. Estar no exercício dos direitos políticos. Compete aos Ministros de Estado: I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República; II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;
8 III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério; IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República. No caso de crimes de responsabilidade praticados sem qualquer conexão com o Presidente da República e nos crimes comuns, os Ministros de Estado serão processados e julgados pelo STF. Na hipótese de crimes de responsabilidade conexos com os do Presidente da República o órgão julgador será o Senado Federal. CONSELHO DA REPÚBLICA E CONSELHO DE DEFESA NACIONAL O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República e suas manifestações não terão, em hipótese alguma, caráter vinculatório aos atos a serem tomados pelo Presidente da República. As competências foram definidas no sentido de se pronunciar sobre a intervenção federal, o estado de defesa e o estado de sítio, bem como sobre questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. O Conselho de Defesa Nacional, também convocado é presidido pelo Presidente da República, é órgão de consulta deste nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do estado democrático. CRIMES DE RESPONSABILIDADE Os detentores de altos cargos públicos poderão praticar, além dos crimes comuns, os crimes de responsabilidade, vale dizer, infrações político-administrativas, submetendo-se ao processo de impeachment. Na Constituição Federal de 1988, o artigo 85 prescreve que os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição serão considerados crimes de responsabilidade. Exemplifica como hipóteses de crime de responsabilidade os atos que atentarem contra: a existência da União; o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; o exercício de direitos políticos, individuais e sociais; a segurança interna do país; a probidade na administração; a lei orçamentária; o cumprimento das leis e das decisões judiciais. Além do Presidente da República, também poderão ser responsabilizados politicamente e destituídos de seus cargos através do processo de impeachment: o Vice-Presidente da
9 República; os Ministros de Estado, nos crimes conexos com aqueles praticados pelo Presidente da República; os Ministros do STF; os membros do CNJ e do CNMP; o PGR e o AGU, bem como Governadores e Prefeitos. IMPEACHMENT Tal procedimento é bifásico, composto por uma fase preambular, denominada juízo de admissibilidade do processo, na Câmara dos Deputados, e por uma fase final, em que ocorrerão o processo propriamente dito e o julgamento, no Senado Federal. A acusação poderá ser formalizada por qualquer cidadão no pleno gosto de seus direitos políticos. A Câmara dos Deputados poderá, pela maioria qualificada de 2/3, autorizar a instauração do processo, admitindo a acusação que está sendo imputada ao Presidente da República, para que seja processo e julgado perante o Senado Federal nos crimes de responsabilidade. Posteriormente, havendo autorização da Câmara dos Deputados, o Senado Federal deverá instaurar o processo sob a presidência do Presidente do STF, submetendo o Presidente da República a julgamento no Senado Federal, assegurando-lhes as garantias do contraditório e ampla defesa, podendo, ao final, absolvê-lo ou condená-lo pela prática do crime de responsabilidade. Instaurado o processo, o Presidente da República ficará suspenso de suas funções pelo prazo de 180 dias. Se o julgamento não estiver concluído no aludido prazo, cessará o afastamento do Presidente da República, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. A sentença condenatória materializar-se-á mediante resolução do Senado Federal, que somente será proferida por 2/3 dos votos, limitando-se a condenação à perda do cargo e inabilitação para o exercício de qualquer função pública por 8 anos, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. CRIMES COMUNS Da mesma forma como ocorre nos crimes de responsabilidade, também haverá controle político de admissibilidade, a ser realizado pela Câmara dos Deputados, que autorizará ou
10 não o recebimento da denúncia ou queixa-crime pelo STF, através do voto de 2/3 de seus membros. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por 2/3 da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o STF. O Presidente da República ficará suspenso de suas funções por 180 dias, sendo que, decorrido tal prazo sem o julgamento, voltará a exercê-las, devendo o processo continuar até decisão final. IMUNIDADE PRESIDENCIAL (IRRESPONSABILIDADE PENAL RELATIVA) O Presidente da República, durante a vigência do mandato, não poderá ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. Assim, as infrações penais praticadas antes do início do mandato ou durante a sua vigência, porém sem qualquer relação com a função presidencial, não poderão ser objeto da persecutio criminis, que ficará, provisoriamente, inibida, acarretando, logicamente, a suspensão do curso da prescrição. Trata-se de irresponsabilidade penal relativa, pois a imunidade só abrange ilícitos penais praticados antes do mandato, ou durante, sem relação funcional. Oferecida a denúncia ao STF, havendo autorização da Câmara dos Deputados, julgando-se procedente o pedido formulado pelo PGR, a condenação aplicada será a prevista no tipo penal, e não a perda do cargo, que só ocorrerá no caso de crime de responsabilidade. No caso de crime comum, a perda do cargo dar-se-á por via reflexa, em decorrência da suspensão temporária dos direitos políticos, enquanto durarem os efeitos da sentença criminal condenatória, transitada em julgado. DICAS IMPORTANTES Ministro de Estado: a) infração penal comum e responsabilidade => STF (art. 102, I, "c", CF); b) crime de responsabilidade conexo com o praticado pelo Presidente da República => Senado Federal (art. 52, I, CF); No caso de crimes de responsabilidade praticado sem qualquer conexão com o Presidente da República e nos crimes comuns, os Ministros de Estado serão processados e julgados perante o STF, nos exatos termos do art. 102, I, "c". Na hipótese de crimes de responsabilidade conexos com o do Presidente da República o órgão julgador será o Senado Federal, nos termos do art. 52, I, e parágrafo único, CF (Pedro Lenza, página 662).
11 Procurador-Geral da República: a) infração penal comum => STF (art. 102, I, "b", CF); b) crime de responsabilidade => Senado Federal (art. 52, II, CF) Aos autores não referenciados, todos os direitos reservados.
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