Teoria museológica III (plano de curso )
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- Mirela Sá Camilo
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1 Teoria museológica III (plano de curso ) Professor responsável: Alexandro Silva de Jesus Ementa: A constituição de uma crítica diferenciada para uma museologia em espaços pós-coloniais. Discriminação de aspectos teóricos e metodológicos capazes de determinar a teoria museológica como atividade de diagnóstico da atualidade. Construção do objeto da teoria museológica. Teoria museológica como observatório das relações entre cultura e sociedade. Museologia social à luz da teoria das massas. Objetivos: Geral: Habilitar a teoria museológica contemporânea para o exercício de diagnóstico da atualidade Específicos: Habilitar o discente para atividades técnicas (teórica e metodológica); Mapear as problemáticas contemporâneas concernentes a Museologia; Compreender mecanismos políticos e culturais que definem a estrutura moderna; Oferecer subsídios para a construção de análises críticas sobre a cultura e a sociedade.
2 Metodologia A metodologia aplicada consiste, essencialmente, em Leitura, que para a disciplina, significa não somente as exposições analíticas e críticas sobre os elementos que estão em jogo em cada um dos autores, mas também momento de leituras dirigidas dos seus textos. Durante o percurso da disciplina, os discentes serão responsáveis por controlar a discussão através da captura de exemplos empíricos, e pela construção de ferramentas de análise capazes de lhe oferecer as condições de possibilidade para emergência de sua análise particular. Avaliação: Consistirá na análise e atribuição de valor para a construção de um arquivo particular sobre a disciplina teoria Museológica I. A construção e funcionamento desse arquivo estão indicados no conceito mais geral de artesanato intelectual, tal como o mesmo aparece no pensamento de Charles Writ Mills. Sua leitura, anterior a todas as demais, torna-se condição essencial para a avaliação efetiva. Tal arquivo deverá conter: 1.Relatório de duas temáticas trabalhadas durante a disciplina (uma temática de cada unidade). Tal relatório deverá conter: 1.1 Uma descrição dos problemas que a temática impõe (isto supõe que cada temática lidará com um conjunto de problemas).; 1.2 Os textos que servirão de suporte para a temática. Aqui, os textos devem ser descritos, de um lado, em suas questões ou proposições centrais, e, de outro, quais as apropriações que eles se permitem em função de nossas temáticas; 1.3 Uma apreciacão pessoal sobre a temática e sua abordagem. Esta apreciação deve, de um lado, acusar o efeito da temática sobre o saber do discente sobre a questão, e, de outro, demonstrar a sua capacidade crítica. Temática: Museu, memória e vida: o ponto de vista filosófico. Problema 1. As relações possíveis entre Museu e os modos de existência. O que esta problemática enfrenta é a relação entre produção de memória e atividade. Em que medida, é o que ela se pergunta, o excesso de história não paralisa a vida de indivíduos, grupos e culturas
3 Texto: II Considerações O texto serve aos interesses da temática uma vez que a prática de produção da memória não é restrita a Historiografia, podendo ser compartilhada, inclusive, pela Museologia. Um detalhe importante: uma das formas de uso da história permite com que a o texto cruze nossa temática de forma evidente, uma vez que o uso patrimonial da história é previsto pelo autor que Apreciação: Para mim, estudante de museologia, o problema sobre a relação entre Museu e Existência figura como fundamental. Pois, de modo geral, associamos museu, por exemplo, a experiência criativa; essa criatividade aparece assegurada pelo simples fato de falarmos: museu. A leitura da II Consideração, neste aspecto, foi esclarecedora. Ela me permitiu perceber que tal criatividade não é natural e se relaciona ao que o autor denominou como a força plástica dos indivíduos, grupos e culturas.. Apreciação alternativa: Muito embora a leitura de Nietzsche seja uma novidade, a relação entre Museu e Experiência já era conhecido por mim. Tenho acompanhando essa discussão a partir da literatura, particularmente, na leitura de alguns romances do século XIX, como é o caso de Bouvard e Pecuchet de Flaubert. No entanto, essas leituras, inclusive a II Consideração, não foram capazes de me demover sobre a relação negativa entre os elementos da relação. Primeiro, no caso de NIetzsche, não vejo como adequado o uso de termos médicos para analisar experiências culturais; Segundo. 2. Problema de pesquisa (o problemas é de natureza teórica/ele deve ser justificado[irei estabeleer o número de páginas]) A interdisciolinaridade em Museologia (1981) A Museologia é uma ciência nova e em formação. Ela faz parte das ciências humanas e sociais. Possui um objeto específico, um método especial, e já experimenta a formulação de algumas leis fundamentais. O objeto da Museologia é o "fato museal" ou fato museológico O fato museológico é a relação profunda entre o homem - sujeito conhecedor - e o objeto, parte da realidade sobre a qual o homem igualmente atua e pode agir. Essa relação comporta vários níveis de consciência, e o homem pode apreender o objeto por intermédio dos sentidos: visão, audição, tato, etc. Essa relação supõe, em primeiro lugar e etimologicamente falando, que o homem "admira o objeto". [ ] A interdisciplinaridade deve ser o método de pesquisa e ação em Museologia [ ] De todas a críticas que poder ser feito ao fato museal como objeto da Museologia, a crítica sobre a impossibilidade lógica precede as demais. Posto que a relação profunda, enquanto, relação figura como o objeto da Museologia, As partes da relação (homem/objeto) são, ambos, objetos. Disto, um problema se impõe: o que este problema lógico nos revela sobre a intersdiciplinaridade em Museologia?
4 3. Material de teste (filme, música, texto, percepção da vida imediata); [ ] temos necessidade de história [ ] para viver e para agir [ ]. Mas, logo que se abusa da história ou que lhe atribuímos muito valor, a vida se estila e se degenera. [Eis] a razão porque devemos [ ] detestar profundamente a instrução que não estimula a vida, o saber que paralisa a atividade [ ] (NIETZSCHE, 2005, p.68). Agonizo se tento Retomar a origem das coisas Sinto-me dentro delas e fujo, Salto para o meio da vida Angústia (Secos e Molhados) Re-encontro, na letra de Secos e Molhados, a mesma oposição entre História (origem, começo) e vida. Podemos atribuir uma intenção semelhante entre os termos agonizar e degenerar, utilizados, respectivamente, pela banda e pelo filósofo. De resto, há, nos dois casos, convergência na escolha para a vida ( temos necessidade de história [ ] para viver e para agir/salto para o meio da vida). 4. Produção textual (presencial, permitindo apenas a consulta de instrumentos produzidos pelos alunos); 5. Fichamento de um texto trabalhado em sala [o fichamento deve conter a referência completa do texto/as paginas referentes aos tópicos devem ser colocadas. Elemento econômico do fichamento: ele deve ser de tal maneira que sua leitura possa substituir em determinadas circunstâncias, o texto] BOURDIEU, Pierre. Os usos sociais da ciência - por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Editora UNESP, OS USOS SOCIAIS DA CIÊNCIA I. Palestra conferida numa instituição de pesquisa; a preocupação naquele momento, era determinar a "lógica própria do mundo científico", e com seus "usos
5 sociais" pp.17-8; II. o problema é colocado a partir do horizonte de estudos sobre as produções culturais (arte, história, filosofia, ciências)(história, sociologia, antropologia das ciências, epistemologia). Todos esses estudos tem em comum a pretensão de serem cientificamente conduzidos p.19; 6. Resenha de um dos livros listados a seguir: Sobre a verdade e a mentira no sentido extra-moral; O que é o Contemporâneo e outros ensaios; O desprezo das massas. 7.Tratamento conceitual com dicionário vulgar ou especializado. Tal operação deverá ocorrer da seguinte maneira; 7.1. Escolha de um termo problemático [termo que cause estranhamento ou mesmo pressentemento de que uma decisão errada sobre o mesmo causará uma leitura inadequada]; 7.2. O elenco dos sentidos que o termo possui; 7.3. Escolha do(s) sentido(s) que ofereça o modo mais adequado de leitura. Não devemos começar distinguindo o arquivo daquilo a que o reduzimos freqüentemente, em especial à experiência da memória e o retorno à origem, mas também ao arcaico e ao arqueológico, a lembrança ou a escavação, em suma, a busca do tempo perdido? Passo 1. Tomemos por problemático o verbo "reduzimos", ou seja, desconfiemos de seu sentido. Ele se tornou problemático porque aparece num contexto que, neste, precisamos descobrir qual é a relação entre a arqueologia ou o "arqueológico" e o arquivo. Passo 2. Eis, então os sentidos do verbo reduzir 1. tornar menor 2. subjugar, submeter 3. simplificar 4. constranger, forçar 5. diminuir as proporções de 6. limitar-se, resumir-se 7. transformar 8. engatar marcha de maior tração para diminuir a velocidade de um veículo.
6 Passo 3. Escolhamos para demonstração, dois sentidos, e observemos os efeitos distintos que eles produzem na Leitura a) reduzir como limitar, resumir (6). Esta escolha exige com que eu entenda o arquivo como algo maior do que a operação arqueológica, sem contudo, descartar o elemento arqueológico. Tudo se passa como se o arquivo não fosse somente isto; sua natureza é isso somada a mais alguma coisa. b) reduzir como transformar (7). Neste caso, reduzir o arquivo ao arqueológico significa transformar sua natureza o que, no limite, significa, apagá-lo. Neste caso, a associação do arquivo ao arqueológico é algo que impede que observemos a singularidade do arquivo. O mais importante: a escolha determina o sentido de toda a Leitura. É bom que, feita a escolha, ela seja testada ao longo do texto. No caso específico, perceber todas as ocorrências da arqueologia no texto e precisar sua relação com o arquivo. 8. Encontro presencial Neste encontro já será necessário a apresentação da sugestão de pesquisa ; 9 Apresentação pública dos textos que orientam a disciplina acompanhada de uma memória sobre a apresentação [a apresentaçào pública deve seguir e conter os mesmos elementos exigidos nos relatórios]; Observação. Para as atividades de Fichamento, Resenha, Proposta de Investigação, Relatório e Memória das apresentações orais, a seguinte formatação textual é exigida: Arial, Tamanho da fonte 11, espaçamento 1,5, margens: S = 2,5, E = 3,7, I = 3,2, D =2,5). Programa do curso: Unidade 1: Curadoria, Linguagem e Metáfora; Museo-lógica e Teoria sobre os Dispositivos; Indecisão museológica e o fato museal; Teoria museológica e diagnósticos sobre a atualidade; Unidade 2: Polícias das Cultura e Intervalos pós-coloniais; Museologia e experiência de Governo; Teoria museológica e suas relações com a experiência; Reconhecimento museológico e desprezo das massas.
7 Plano de curso: DATA C. TEMA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HS 22/05 04 Apresentação da disciplina e método de avaliação 05/06 08 Existência, conceito e verdade Sobre a Verdade e a mentira no sentido extra-moral. In: NIETZSCHE, Friedrich. Sobre a verdade e a mentira. São Paulo: Hedra, /06 12 Museu, atualidade e diagnóstico: a teoria sobre os dispositivos O que é o dispositivo? In: AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? e outros ensaios. Chapecó, SC: Argos, /06 16 Indecisão museológica e as tentativas de determinação de seu objeto Sobre o tema Museologia ciência ou apenas trabalho prático? In: STRÁNSKÝ, Zbinesk Z. Revista Eletrônica do Programa de Pós- Graduação em Museologia e Patrimônio PPG-PMUS Unirio MAST, Vol. I, N. I, 2008/O Objeto de Estudo da Museologia In: MENSCH, Peter van. O Objeto de Estudo da Museologia. Rio de Janeiro: Uni-Rio/UGF, /06 20 Fato museal e o objeto da Museologia (I) A interdisciplinaridade em Museologia. In: BRUNO, Maria Cristina Oliveira. Waldisa Rússio Camargo Guarnieri: textos e contextos de uma trajetória profissional. São Paulo: Pinacoteca do Estado: Secretaria do Estado da Cultura: Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus, /07 24 Fato museal e o objeto da Museologia (II) Sistema da Museologia; Museologia e ciências humanas e sociais; Museologia e Identidade. In: BRUNO, Maria Cristina Oliveira. Waldisa Rússio Camargo Guarnieri: textos e contextos de uma trajetória profissional. São Paulo: Pinacoteca do Estado: Secretaria do Estado da Cultura: Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus, /07 28 Modernidade e política: teorias sobre os modos de Governo Governamentalidade: FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979; Aula de 17 de março de In: FOUCAULT, Michel. Em defesa da Sociedade (curso no Collège de France ). São Paulo: Martins Fontes, 1999; Discurso sobre a servidão voluntária. In: LA BOETIE, Ettiene de. Discurso sobre a
8 servidão voluntária. 2 a. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, /07 32 Produção Textual 24/07 36 Semana de Encontros 31/07 40 O colonialismo como dado: A.L. e seus males. A Europa e a América Latina: a opinião corrente; Conseqüências da malevolência européia; Organismos biológicos e organismos sociais; Causas da degeneração. In: BOMFIM, Manoel. América Latina: males de origem. Rio de Janeiro: Topbooks, 2005; A loucura epidêmica de Canudos In: RODRIGUES, Nina. As coletividades anormais. Brasília, Senador Federal, Conselho Editorial, Sobre a violência. In: FANON, Frantz. Os condenados da terra. Juiz de fora: Editora da UFJF, /08 44 O programa da descolonização: violência como ação. 14/08 48 Atualidade e experiência (1): a técnica. Pobreza e experiência; Teoria sobre o facismo alemão; In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, /08 52 Atualidade e experiência (2): o saber. Infância e história: ensaio sobre a destruição da experiência. In: AGAMBEN, Giorgio. Infância e história: destruição da experiência e origem da história. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005). 28/08 56 Museologia social e a teoria das massas (1) Pretume de gente; Desprezo como conceito. In: SLOTERDIJK, Peter. O desprezo das massas: ensaio sobre lutas culturais na sociedade moderna. São Paulo: Estação Liberdade, /09 60 Museologia social e a teoria das massas (2) À sombra das maiorias silenciosas. In: BAUDRILLARD, Jean. À sombra das maiorias silenciosas: o fim do social e o surgimento das massas. São Paulo: Brasiliense, Entrega do Arquivo: 09 de Setembro Horário de atendimento dos alunos: Segundas, 14h as 17h.
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