TURISMO E APROPRIAÇÃO DO TERRITÓRIO: O PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL DO TURISMO NA REGIÃO METROPOLITANA DO VALE DO PARAÍBA
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- Ísis de Sintra Bernardes
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1 TURISMO E APROPRIAÇÃO DO TERRITÓRIO: O PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL DO TURISMO NA REGIÃO METROPOLITANA DO VALE DO PARAÍBA Vanessa Carvalho Mangialardo, Veriano Takuji Miura, Pedro Ribeiro M. Neto, Friedhilde Maria K. Monolescu Universidade do Vale do Paraíba/Programa de Mestrado em Planejamento Urbano e Regional, Av. Shishima Hifumi, 2.911, São José dos Campos SP, vcmangialardo@yahoo.com.br Resumo- Com a criação da Região Metropolitana do Vale do Paraíba, surgem novas perspectivas para o desenvolvimento do turismo regional. Trata-se de uma região que se caracteriza pela diversidade da sua produção econômica, que vai da produção de aviões à indústria pesada, passando pelo setor agropecuário e pelo turismo. Este artigo discute por meio de uma reflexão teórica, as possibilidades de relação entre atividade turística e a apropriação do território indicando seus impactos na cultura e no ambiente. O planejamento do turismo sustentável na RM Vale, surge como uma importante alternativa de suporte ao desenvolvimento sustentável da Região, possibilitando a inclusão de comunidades que estão à margem da cadeia produtiva da atividade industrial, no processo de desenvolvimento regional. Palavras-chave: Turismo. Território. Planejamento Sustentável. Área do Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas Introdução O turismo caracteriza-se por ser uma atividade complexa, que relaciona os elementos culturais e naturais das paisagens aos segmentos da indústria, comércio e serviços. É uma atividade econômica que gera empregos, atrai investimento para as infraestruturas básica e turística e incrementa a economia local, que ajuda a fixar o homem no território e, portanto, se bem planejado e administrado, contribui para a sustentabilidade regional. Enquanto apropriação do território, o turismo transforma o espaço socialmente produzido em espaço-mercadoria, pois, no enfoque econômico é uma atividade que fortalece a entrada e movimentação de divisas em uma determinada localidade. Essa correlação se dá a partir da circulação de visitantes que irão consumir os recursos naturais e culturais de uma região turística, e, portanto, acrescentar um maior valor a esses recursos. Na Região Metropolitana do Vale do Paraíba, a atividade turística pode apresentar diferentes níveis de importância no desenvolvimento regional, já que elas apresentam recursos turísticos diferenciados. Dependendo do grau de desenvolvimento de uma localidade, ou região, o turismo estimula a criação de bens e serviços que beneficiam as populações locais. Embora exista um discurso favorável à atividade turística e aos impactos positivos gerados, cresce também, as advertências quanto aos riscos e à degradação que esta atividade provoca nos recursos socioculturais dos espaços receptores. É inconcebível, portanto, a prática do turismo que não contemple em seu planejamento o enfoque do turismo sustentável que vise minimizar as tensões e os atritos provocados pelo convívio entre o turista, o trade 1, o ambiente e as comunidades locais que recepcionam o visitante. Uma perspectiva que envolve esforço para a longa viabilidade e qualidade dos recursos naturais e humanos (apud GARROD & FYALL,1998,p.201). O desafio desta atividade está pautado em como promover um turismo sustentável que gere crescimento econômico, a inclusão da população local e a conservação do meio ambiente a partir da apropriação do território. Área de Estudo Situada entre as duas Regiões Metropolitanas mais importantes do País: São Paulo e Rio de Janeiro; a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte foi criada com a finalidade de complementar a reorganização do território paulista possibilitando a gestão compartilhada dos municípios. A RMVale destaca-se nacionalmente pela sua intensa e diversificada atividade econômica. A sua localização estratégica completa o quadrilátero formado entre as cidades de Santos, Campinas, 1 Conjunto de agentes econômicos ligados diretamente ao setor de prestação de services para o turismo: agências de turismo, hotéis, operadoras turísticas, restaurantes e outras entidades profissionais. 1
2 São Paulo e São José dos Campos, a chamada Macrometrópole Paulista, que abriga dois terços da população paulista. A região concentra 82,7% do PIB estadual e, aproximadamente, 27,7% do nacional (EMPLASA, 2012). Figura 1 Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte Fonte: EMPLASA (2012) Do ponto de vista histórico, é uma região muito especial, onde a cultura do café deu base para a indústria de São Paulo. O novo café, agora, é o petróleo, o gás e muito mais. Isto porque, a força econômica do Vale do Paraíba e Litoral Norte vai da produção de aviões à indústria pesada, passando pelo setor agropecuário e pelo turismo. Como a produção industrial é altamente desenvolvida, sobretudo nos municípios localizados no eixo da Rodovia Presidente Dutra, as atividades portuárias e petroleiras no Litoral Norte e o turismo na Serra da Mantiqueira, litoral e cidades históricas, a RMVale passa por um acelerado processo de crescimento das cidades, que tem provocado a formação de extensas áreas urbanas contínuas, em escala metropolitana, com grande concentração populacional. De acordo com a EMPLASA, a Região possui importância estratégica e requer a identificação das oportunidades e dos desafios para o seu desenvolvimento. No aspecto do desenvolvimento econômico destaca-se o parque industrial, com a presença dos setores automobilístico, aeroespacial, petrolífero e farmacêutico, e para o polo científico e tecnológico, reunindo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o Parque Tecnológico da Universidade do Vale do Paraíba (Univap) e o Parque Tecnológico de São José dos Campos. A atividade turística é, sem dúvida, outro fator de competitividade nacional na disputa por investimentos. É uma das atividades econômicas que mais cresce no mundo e, por ser um mercado altamente promissor, possibilita inúmeras opções de trabalho, gerando empregos e divisas e movimentando milhões de dólares. (EMPLASA, 2012) O Estado de São Paulo possui 67 cidades Estâncias das quais 13 estão localizadas na Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte. Encontram-se nos municípios dessa região atividades diversas relacionadas ao setor do turismo tecnológico, de negócios, cultural, de lazer, rural, com efetivo potencial para o desenvolvimento do turismo sustentável. Em levantamento realizado pela EMPLASA, foram identificados cinco circuitos turísticos com potencial para o turismo sustentável. São eles o Circuito da Cultura Caipira, o Circuito da Fé, o Circuito Turístico da Mantiqueira, o Circuito do Vale Histórico e o Circuito do Litoral Norte. Os municípios de Caçapava, Taubaté, Tremembé, Jambeiro, São Luiz do Paraitinga, Redenção da Serra, Natividade da Serra, Lagoinha, Cunha e Paraibuna reúnem atrativos que integram o Circuito da Cultura Caipira. A iniciativa tem como objetivo preservar as tradições e os aspectos culturais da região. O Circuito Turístico da Mantiqueira, integrado pelas cidades de Campos do Jordão, Pindamonhangaba, Monteiro Lobato, Piquete, Santo Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí e São Francisco Xavier (distrito de São José dos Campos). Os atrativos deste circuito são a gastronomia e hotelaria consideradas de alto padrão, bem como os turismos: rural, ecológico e cultural. Na sub-região 3, localiza-se o Circuito da Fé, onde predomina o turismo religioso, com a presença forte do município de Aparecida. Conhecida mundialmente, a estância turísticoreligiosa recebe, anualmente, milhões de pessoas, vindas de todos os cantos do Brasil e do exterior. Também fazem parte deste circuito os municípios de Guaratinguetá, por ser a cidade natal de Frei Galvão e o município de Cachoeira Paulista que sedia a comunidade Canção Nova. O Circuito do Vale Histórico, localizado na subregião 4 guarda relíquias históricas herdadas do período do colonial. Surgida na época das Capitanias Hereditárias e cujo apogeu ocorreu durante o ciclo cafeeiro, os municípios de Areias, Silveiras, São José do Barreiro, Arapeí e Bananal preservam casarões de antigos barões do café e encantam pela beleza paisagística dos atrativos naturais da Serra da Bocaina. 2
3 O mais tradicional e conhecido circuito é o Circuito do Litoral Norte que compreende os quatro municípios (Caraguatatuba, Ubatuba, São Sebastião e Ilhabela) do litoral norte paulista. Nestes munícipios o turismo se caracteriza pelos pelo turismo de praia, e esportes náuticos. CIRCUITOS TURÍSTICOS DO VALE DO PARAÍBA Circuito Turistico Municípios envolvidos Religioso Aparecida, Guaratinguetá e Cachoeira Paulista. Vale Histórico Mantiqueira Cultura Caipira Arapeí, Areias, Bananal, São José do Barreiro, Silveiras e Queluz. Campos do Jordão, Monteiro Lobato, Piquete, Pindamonhangaba, Santo Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí e São Francisco Xavier, distrito de São José dos Campos. Lagoinha, Taubaté, Tremembé; São Luiz do Paraitinga, Natividade da Serra, Paraibuna, Redenção da Serra, Jambeiro, Caçapava e Cunha. Ilhabela, São Sebastião, Litoral Norte Caraguatatuba e Ubatuba. Tabela 1 Circuitos Turísticos do Vale do Paraíba e respectivos municípios. Fonte: Sebrae Além desses circuitos, a região ainda possui outros potenciais turísticos como os ecossistemas do Parque Estadual da Serra do Mar, um parque natural que abrange uma área de, aproximadamente, hectares, administrada a partir de um núcleo operacional localizado no distrito de Picinguaba, o Polo tecnológico de São José dos Campos, localizado às margens da Via Dutra, abrigando grandes indústrias dos setores aeroespacial, de telecomunicação e automotivo, e o Polo de cerâmica artística de Cunha, Estância Climática onde se congrega arte com boa gastronomia, parques estaduais, cachoeiras, grutas, além de abriga importante trecho da Estrada Real, antigo caminho do ouro por onde as riquezas das Minas Gerais eram escoadas até o porto de Paraty rumo a Portugal. Os circuitos turísticos e as demais potencialidades relacionadas demonstram que o turismo local e regional é capaz de impulsionar a economia regional como alternativa para as comunidades descentralizadas, onde a industrialização não se consolidou, demonstrando uma vocação diferenciada de perfil econômico. Nesse sentido, evidencia-se a necessidade da realização de um planejamento integrado de desenvolvimento sustentável do turismo regional, integrando o turismo à economia local e regional. Discussão A ênfase dada ao potencial turístico pode ser notada no documento de lançamento da RMVale, editada pela EMPLASA e pela Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano do Governo do Estado de São Paulo. No documento são destacados o conjunto de monumentos e edificações existentes no Vale Histórico, bem como a riqueza cultural das festividades populares e religiosas da região. A beleza natural da região também é destacada, sobretudo na região da Mantiqueira e do Litoral Norte. Como citado no documento As sub-regiões integrantes desse amplo território dispõem de diversas atrações com efetivo potencial para o turismo sustentável, abrangendo as principais modalidades do setor: os turismos tecnológico, de negócios, cultural, de lazer, rural, ecoturismo e de compras, dentre outras. (EMPLASA, 2012) Portanto, tem se aqui, implementado o conceito de visão sistêmica. Beni (2000) oferece uma definição mais explicativa sobre sistema, apresentando-o como o conjunto de partes que interagem de modo a atingir determinado fim, de acordo com um plano ou princípio; ou conjunto de procedimentos, doutrinas, idéias ou princípios, logicamente ordenados e coesos com intenção de descrever, explicar ou dirigir o funcionamento de um todo. Baseado na visão de que tudo pode ser analisado como sendo e fazendo parte de um sistema, surge a Teoria de Sistemas, também explicada por Leiper (1979) onde o propósito diferente da Teoria Geral de Sistemas é lidar com alguma coisa ou alguma idéia que pareça complexa. A intenção é reduzir a complexidade (PANOSSO NETO, 2005). A teoria geral dos sistemas afirma que cada variável, em um sistema, interage com as outras variáveis de forma tão completa que causa e efeito não podem ser separados. Uma única variável pode, ao mesmo tempo, ser causa e efeito. A realidade não permanecerá imóvel. Mas não pode ser desmembrada. Não será possível entender uma célula, a estrutura de um cérebro, a família, uma cultura ou o turismo se forem isolados de seus contextos. O relacionamento é tudo (BENI, 2002). A proposta da RMVale, aborda a questão regional com visão sistêmica e fortalece o desenvolvimento regional como um todo. 3
4 Segundo Matos (2005), o conjunto de região vem sendo ampliando diante das novas possibilidades de interpretação. Além de considerada uma resposta aos processos de acumulação do capital e palco das relações sociais de expropriação, a região pode ser entendida como o espaço da construção de identidade, definido por um conjunto específico de relações culturais entre grupos de atores. Atualmente, é impossível abordar o turismo sem adicionar à atividade o conceito de sustentabilidade. Sachs (2002) introduz o conceito de sustentabilidade em que se propõe uma economia baseada na ética, na ciência e na biodiversidade como fatores chaves para a superação da miséria e a distribuição global do trabalho e riquezas. Em sua reflexão, discute que uma luta eficiente contra a pobreza deve-se levar em consideração a dimensão ambiental e, para uma política ambiental eficiente, faz-se necessária a associação de uma política de progresso social. Portanto, a tratativa de desenvolvimento social e meio ambiente não podem ser dissociados. Segundo Beni (2006, p. 67) o turismo sustentável provoca o: desenvolvimento intersetorial, em função do efeito multiplicador do investimento e dos fortes crescimentos da demanda interna e receptiva. É atividade excelente para obtenção de melhores resultados no desenvolvimento e planejamento regional ou territorial. Por efeito do aumento da oferta turística (alojamentos, transportes, estabelecimentos de alimentação, indústrias complementares e outros), eleva a demanda de emprego, repercutindo na diminuição da mão-de-obra subutilizada ou desempregada. A partir de 1990 proliferaram estudos e definições do turismo sustentável, especialmente sob o prefixo eco turismo ou sob o adjetivo ecológico. Dentre as várias definições de turismo sustentável, o que têm em comum é: Produzir um desenvolvimento de longo prazo que integre a população local e ocasione a melhoria de sua qualidade de vida; Estabelecer boa relação de convívio entre turista e anfitrião; Possibilitar uso racional de recursos. Sachs (1996) indica a abrangência em que a sustentabilidade deve ser empregada: social (equidade); econômica (eficiência no uso dos recursos); ecológica (capital natural); ambiental (reprodutibilidade, regeneração natural); espacial (compatibilidade e complementaridade de usos); política nacional (democracia, coesão social); política internacional (codesenvolvimento nortesul); cultural (inserção global, modernização com preservação da identidade local). Deduz-se, então, que a base do turismo sustentável é composta pelas pilastras do desenvolvimento sustentável: prudência ecológica, justiça social e eficiência econômica. A nova organização do espaço geográfico (aldeia global) dá-se a partir do fenômeno denominado globalização que institui uma nova integração econômica, social, cultural e política. Resultante da evolução da técnica e da ciência, da eficiência dos meios de comunicação e transportes além da construção de instituições supranacionais que lhe dão sustentação, é o fenômeno mais recente da economia capitalista mundial. Caracteriza-se, portanto, pela liberdade de circulação de capitais, mercadorias, e serviços entre as nações. Para Ianni (1995) o mundo vai se transformando em território de tudo e de todos, onde tudo gente coisas e ideias se desterritorializa, adquirindo novas modalidades de territorialização. Nesse processo, os fenômenos globais influenciam os locais mutuamente. O global e o local formam um par dialético, pois se complementam a se impelem. Mantendo cada um a sua identidade, o global se materializa e o local se globaliza. Em consonância com a globalização, o turismo ao mesmo tempo em que integra as economias ditando padrões de consumo e lazer, seleciona, exclui e hierarquiza os espaços, sociedades locais, concentrando funções e serviços em lugares específicos (RODRIGUES,2000). Na Região Metropolitana do Vale do Paraíba, a diversidade de produto turístico a ser ofertado é bem variada, porém, nem todas são bem exploradas de forma sustentável ou, até mesmo, oferecem infraestrutura adequada. Nessa perspectiva, a conjugação desses atores permite sustentar que há, pelo menos teoricamente, uma tendência à descentralização econômica, impondo novos papéis às regiões e cidades, espaços fragmentados pelas políticas públicas que delinearam planos Nacionais e Setoriais centrados nas realidades do território (SANTOS,1997). Embora o lançamento da Região Metropolitana do Vale do Paraíba ainda seja recente é importante ressaltar que essas regionalizações turísticas, decorrentes da dinâmica de produção, ocorrem em processos de inclusão / exclusão, continuidade / descontinuidade, que dão origem a economias desiguais e combinadas, produzindo desenvolvimento e subdesenvolvimento, como movimentos mutuamente determinantes do movimento desigual e conjunto do capital (SOJA, 1993). 4
5 Esses efeitos da globalização, das inovações técnicas e da terceira revolução industrial, propiciam uma sociedade de economia flexível cujos sócios passam a possuir maior disponibilidade às condições básicas de lazer, oferecendo esta estrutura, condição de emergência do turismo como atividade de grande significação principalmente nos países em desenvolvimento. Assim, o turismo absorve um caráter cultural, mas por formar um par perfeito com o capitalismo, passa a ter função puramente comercial, e na era da globalização a prática da atividade turística tende a direcionar-se para pequenos lugares ou comunidades, uma vez que as localidades são os termos do destino, remetendo à teoria de globalização/fragmentação, pois à medida que globaliza, a atividade turística abre espaço ao local, por que o lugar com sua singularidade é o espaço onde o global se realiza, cada lugar é à sua maneira o mundo (SANTOS, 1994). Conclusão Ao renovar-se, o conceito de sustentabilidade, vem traduzindo, atualmente, não exclusivamente os bens culturais, mas também o patrimônio natural (BRUNDLAND, 1991), os quais se tornam complementares, sinérgicos e indissociáveis. Nesse sentido, é importante observar que a natureza, além de provedora de recursos, se apresenta como marco cultural, contribuindo para a definição de uma identidade local, regional, nacional. O planejamento sustentável deve, portanto, ter a função de minimizar os impactos resultantes da atividade turística, de forma a planejá-la visando seu desenvolvimento de forma sustentável e responsável, através do direcionamento de políticas públicas voltadas para o turismo. Partindo desse pressuposto Cruz (2002, p.9) indica que o modo como se dá a apropriação de uma determinada parte do espaço geográfico pelo turismo depende da política pública de turismo que se leva a cabo no lugar. Portanto, o estabelecimento de metas e diretrizes que orientam o desenvolvimento socioespacial da atividade, tanto no que tange à esfera pública como no que se refere à iniciativa privada devem estar indicados nas diretrizes de política pública do turismo, pois, em sua ausência, o turismo se dá à revelia, ou seja, ao sabor das iniciativas e interesses particulares. Por sua vez, o turismo é uma atividade mundial que ocasiona intervenções na organização dos territórios, e que exigem controle do governo e da própria sociedade, através de políticas públicas e privadas e, por outro lado, uma melhor compreensão de conceitos interdisciplinares, uma vez que as ações engendradas em função da exploração da atividade turística trazem seus resultados socializados (YÁZIGI, 1998). Após análise da diversificada vocação turística do Vale do Paraíba, conclui-se que o desenvolvimento turístico completamente destituído de regulamentação e planejamento certamente conduzirá à degradação da paisagem e, por isso, é imprescindível que a atividade seja articulada à luz da sustentabilidade no planejamento da RMVale. Bibliografia BENI, M.C. Análise estrutural do turismo. São Paulo: Editora Senac, BRUNDTLAND. CMMAD. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Ed. FGV, CORRÊA, Roberto Lobato. Região e Organização espacial. São Paulo: Ática, CRUZ, Rita de Cássia. Política de Turismo e Território. 3ed. São Paulo: Contexto, EMPLASA. Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte. Governo do Estado de São Paulo: Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano. São Paulo: GASTA L, Susana (org.). Turismo: Investigação e Crítica. S.Paulo: Contexto, (Coleção turismo Contexto). HALL, Colin Michael. Planejamento Turístico: Políticas, processos e relacionamentos. 2º Ed. São Paulo: Contexto, (Coleção Turismo Contexto). IANNI, Octavio. Teorias da globalização. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, GARROD, Brian & FYALL, Alan. Beyond the theoric os sustainable tourism? Tourism management. Reino Unido: Elsevier Science, v.19, n.3, p , MATOS, R. BRAGA, F. Redes geográficas, redes sociais e movimentação da população. In: MATOS, R. (org.) Espacialidades em rede. População, urbanização e migração no Brasil contemporâneo. Belo Horizonte: C/Arte, RODRIGUES, Arlete Moysés. Turismo e o mito da sustentabilidade: o eterno retorno ao mito do desenvolvimento. In: Encontro nacional com base 5
6 local Joinville. Anais CD-ROM. Joinville: IELUSC, (palestra proferida) SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, SANTOS, Milton. Por uma geografia nova. Da crítica da geografia a uma geografia crítica. São Paulo: Hucitec, UNESCO. Nossa diversidade criadora: relatório da Comissão Mundial de Cultura e Desenvolvimento. Javier P. de Cuellar (org.) Campinas (SP): Papirus, Brasília: UNESCO,
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