BINGO VEGETAL: ATIVIDADE LÚDICA PARA A FIXAÇÃO DE CONTEÚDOS DE BOTÂNICA

Transcrição

1 BINGO VEGETAL: ATIVIDADE LÚDICA PARA A FIXAÇÃO DE CONTEÚDOS DE BOTÂNICA Rebeca Deolindo Mavignier (UFPI) Francisca Danielle Rodrigues da Silva (UFPI) Stephanne Marques Araújo Fernandes (UFPI) Rayane Deniz Soares Silva (UFPI) Sandra Maria Mendes de Moura (Professora Associada - UFPI) RESUMO: O estudo da botânica é visto pela maioria dos alunos de ensino médio como desinteressante e cansativo, logo, é sempre um desafio para o professor transmitir conteúdos desta área da biologia e despertar neles atenção para nomes e conceitos difíceis de aprender. Com o intuito de melhorar o processo de aprendizagem, o presente trabalho teve por objetivo desenvolver um jogo didático denominado de Bingo Vegetal e aplicá-lo a alunos do ensino médio da rede pública de Teresina Piauí, a fim de analisar sua eficácia como alternativa metodológica. Os resultados foram obtidos a partir da análise dos dados através da aplicação de um pré-teste e um pós-teste, que demonstraram ser satisfatórios, por proporcionar aos alunos uma maior assimilação e rendimento do conteúdo abordado. Palavras-Chave: Biologia. Ensino médio. Jogos didáticos. INTRODUÇÃO Um dos grandes desafios enfrentados pelos docentes atualmente é a busca de novas metodologias para atraírem a atenção dos alunos e despertarem neles o desejo de aprender, envolvendo-os de forma ativa no processo de ensino aprendizagem. Extensas aulas expositivas ainda são a metodologia mais utilizada, como citado por Barbosa et al., (2012), e ainda segundo o autor, mesmo com os avanços das ciências e da tecnologia, o ensino de Biologia continua restrito à este método tradicional, e como resultado do mesmo os discentes demonstram cansaço e desinteresse pela aula depois de algum tempo, comportamento este, que certamente incomoda os professores levando-os muitas vezes também a sensação de desestimulo. Longo (2012) retrata essa problemática no ensino de Biologia ao dizer que este 6403

2 sofre forte influência da abordagem tradicional em que prevalecem a transmissão-recepção de conhecimentos, a memorização e a dissociação da relação entre o conteúdo e a vida cotidiana. Segundo Santos et al., (2012), o professor possui uma importante função como mediador e cabe a ele buscar recursos diferentes para promover uma melhor assimilação do conhecimento, mas muitas vezes eles não possuem esses recursos acarretando em uma problemática relação professor-aluno. O ensino de biologia por se tratar de uma ciência tão abrangente que aborda dentre tantos temas, os seres vivos; as plantas; o meio ambiente; o corpo humano; as células e os sistemas. Muitas vezes o professor encontra dificuldade em associar esses saberes a exemplos práticos para que o aluno tenha uma melhor compreensão do conteúdo. É nesse contexto que surgem os jogos didáticos como uma opção para promover uma conexão entre professoraluno-conhecimento. Os jogos didáticos vêm adquirindo bastante espaço no processo de ensino aprendizagem, e é possível observar esse destaque pelo muitos trabalhos publicados por diversos autores sobre esta temática. (SILVA et al., 2012). Para Moura et al., (2012) alternativas dinâmicas são boas opções para provocar a curiosidade dos alunos e manter a atenção dos mesmos durante o desenvolvimento de conteúdos de biologia. Segundo Oliveira et al., (2012) a aprendizagem mediada por jogos é uma forma eficaz de relacionar a teoria e a prática junto à dimensão lúdica. Os jogos didáticos são ferramentas importantes que podem auxiliar nas mais diversas áreas do conhecimento (VALADARES e RESENDE, 2009). Além dos benefícios relacionados ao aprendizado do aluno como citado por Miranda (2001), tais como uma maior capacidade de socialização, de motivação, desenvolvimento da inteligência e da criatividade bem como a possibilidade de solucionar problemas, vale ressaltar que o desenvolvimento de jogos didáticos como o proposto no presente trabalho, são feitos com material acessível e de baixo custo o que viabiliza o uso desta metodologia por qualquer docente. O presente trabalho teve como objetivo a produção de um jogo didático intitulado Bingo Vegetal e a sua aplicação em uma turma do ensino médio em uma escola da rede pública localizada na cidade de Teresina-PI, para avaliar a eficácia do mesmo no que diz respeito a uma maior aquisição e compreensão do conteúdo abordado. MATERIAL E MÉTODO 6404

3 O jogo intitulado Bingo Vegetal é composto por 06 cartelas de bingo (Figura 1); 6 placas-resposta (Figura 2). Destas placas, 2 têm letra a, 2 letra b e 2 letra c. O jogo possui 80 cartas-ponto, que apresentam a quantidade de pontos variando entre 5, 10, 15 e 20 (Figura 3); 40 bolinhas do bingo (Figura 4) devidamente enumeradas de 1 a 40; uma caixa de bingo (Figura 5) para colocar todas as bolinhas do bingo e 40 cartas-pergunta de múltipla escolha (Figura 6), que correspondem à mesma numeração das bolas de bingo. Todas as cartas foram feitas no programa Word e impressas em papel A4. Forma cobertas com papel adesivo transparente, de forma a proporcionar uma maior durabilidade do material. As bolinhas do bingo são de isopor e estas devem permanecer dentro de uma caixa. Figura 1 Cartela do bingo Figura 2 Placas-resposta Figura 3. Cartas-ponto Figura 4. Bolinhas do bingo Figura 5. Caixa do bingo Figura 6. Cartas-pergunta 6405

4 PROCEDIMENTO DO JOGO Para dar início ao jogo a turma deve ser dividida em dois grupos e o professor será o mediador, ou seja, aquele que irá conduzir o jogo. Inicialmente cada grupo receberá e três placas-resposta (contendo as letras a, b e c). Em seguida, um representante de cada grupo escolherá uma cartela de bingo que se encontra com mediador, e este sorteará a primeira bola da caixa, o que deverá ser anunciado em voz alta para que todos possam marcar em suas cartelas. O mediador prosseguirá pegando a carta-pergunta correspondente ao número da bolinha retirada da caixa e lerá a pergunta contida nela. Vale ressaltar que cada carta possui uma pontuação (5, 10, 15 ou 20 pontos). Após ler a pergunta os dois grupos simultaneamente irão levantar a placa-reposta com a alternativa que eles julgam ser a correta, caso a resposta esteja certa, o grupo receberá uma carta-ponto com a pontuação correspondente ao acerto. Se o grupo errar a pergunta, eles poderão marcar na cartela o número da bola chamada, mas não receberão a carta-ponto. O jogo terminará com o primeiro grupo que completar uma fileira na cartela de bingo (seja na vertical, horizontal ou diagonal) e gritar BINGO. Neste momento o grupo ganhará 20 pontos (por terem completado primeiro uma fileira na cartela do Bingo) e estes pontos serão somados com todas as cartas-ponto que o grupo possuir em mãos referentes aos acertos obtidos. O grupo que tiver mais pontos será o vencedor. AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO JOGO Para a avaliação da eficácia do jogo, foi aplicado um pré-teste (antes da aplicação do jogo) com 10 questões de múltipla escolha sobre o tema abordado e um pós teste (depois da aplicação do jogo), o qual continha as mesmas 10 questões do pré teste, acrescido de duas questões subjetivas: 1- Você já havia participado de uma atividade como esta em sala de aula? 6406

5 2- Você acha que a aplicação de jogos didáticos auxilia na fixação e em uma melhor compreensão dos conteúdos abordados em sala de aula? Por quê? Os resultados foram mostrados em formas de gráficos, produzidos pelo programa Microsoft Office Excel RESULTADOS E DISCUSSÃO O jogo Bingo Vegetal foi aplicado em uma escola pública localizada em Teresina e teve uma ótima aceitação da turma, pois todos os alunos participaram ativamente da atividade. Com a aplicação dos pré-testes e pós-testes chegou-se aos seguintes resultados: antes da aplicação do jogo a média obtida com os pré-testes foi de 3,8 pontos e a média obtida com os pós-testes foi de 5,8 pontos (Figura 7), com esses resultados pode-se inferir que houve melhorias no que diz respeito a uma maior fixação do conteúdo visto que houve um aumento da média das notas após a aplicação da atividade. Figura 7. Média dos alunos antes e depois da aplicação do jogo Juntamente com as questões objetivas do pós-teste havia duas questões subjetivas para que os alunos dessem sua opinião sobre a realização desta atividade. Na primeira questão foi perguntado se eles já tinham participado de uma atividade como esta em sala de aula e como resposta, dos 20 alunos que participaram do jogo, apenas 5 afirmaram ter participado de uma 6407

6 atividade semelhante e o restante (15 alunos) nunca haviam participado, os valores demonstram uma realidade ainda frequente na maioria das escolas em relação à utilização de novas metodologias e mesmo que este quadro esteja aos poucos mudando, uma grande maioria dos docentes ainda não buscam nos jogos didáticos uma alternativa para melhorar suas aulas. Em porcentagem os resultados obtidos são: 75% dos alunos nunca participaram de uma atividade como esta ao passo que 25% já participaram (Figura 8). Figura 8. Nível participação dos alunos com jogos didáticos Em relação à segunda questão subjetiva, em que foi perguntado aos alunos se eles acham que a aplicação de jogos didáticos auxiliam em uma maior fixação de conceitos e uma melhor compreensão dos conteúdos abordados em sala de aula, todos os alunos disseram que sim e quanto ao por que as respostas foram variadas (Quadro 1). Quadro 1 - Opiniões de alunos a respeito da importância dos jogos didáticos Aluno 1 Aluno 2 Aluno 3 Aluno 4 Sim. Porque estimula nosso raciocínio e além de aprender a gente se diverte Sim. Porque nos ajuda a relembrar o conteúdo Sim. Porque é uma maneira mais fácil de aprender Sim. Porque é uma coisa educativa, que não é cansativo, é uma forma da 6408

7 gente aprender brincando. Aluno 5 Sim. Porque fica mais divertido. Aluno 6 Sim. Porque nos auxilia sobre a biologia e disperta o interesse dos alunos. Fonte: o autor (2014) Analisando as respostas dos alunos é notória a carência que os mesmos sentem no que diz respeito à falta de novas metodologias para auxiliar na transmissão do conhecimento. Através das respostas é possível fazer uma análise da visão que esses alunos possuem da sala de aula, a maioria enxerga como um espaço monótono e cansativo, sem nenhuma motivação para aprender, e levar essa proposta didática para as escolas pode ser uma boa alternativa para contribuir nesse processo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a aplicação dos pré-testes e pós-testes constatou-se que após a atividade, a média das notas dos alunos aumentou o que implica em uma maior fixação dos conteúdos trabalhados e confirmando a capacidade do jogo didático como um ótimo recurso para auxiliar as aulas teóricas e envolver os alunos efetivamente no processo de ensinoaprendizagem, além de terem a oportunidade de aprender de uma forma prazerosa não se prendendo apenas ao livro didático e as aulas expositivas. Os resultados obtidos também comprovam o que relata a literatura em relação à capacidade que o jogo exerce no desenvolvimento da motivação do aluno além de proporcioná-lo maior interesse, comunicação e aquisição de conhecimentos. REFERENCIAS BARBOSA, J. L. B. et al. Aprendendo mitose e meiose de forma mais simples : Proposta de jogo didático. Revista SBEnBio/ Associação Brasileira de Ensino de Biologia. Goiânia, v LONGO, V. C. C Vamos jogar? - Jogos como recursos didáticos no Ensino de Ciências e Biologia. Prêmio Professor Rubens Murilo Marques 2012: incentivo a quem ensina a ensinar/fundação Carlos Chagas. São Paulo, FCC/SEP. MIRANDA, S. de. No Fascínio do jogo, a alegria de aprender. In: Linhas Críticas, v.8, n.14. Brasília,

8 MOURA, H. F. N. et al. Ferramenta didática para a aprendizagem de conceitos em Biologia dos organismos: Bingo dos seres vivos. Revista SBEnBIO-Associação Brasileira de Ensino de Biologia, Fortaleza, v.3, n.3, out OLIVEIRA, L. A. de; et al. Jogos Didáticos: Uma proposta do uso do lúdico no Ensino de Ecologia. Revista SBEnBio/ Associação Brasileira de Ensino de Biologia. Goiânia, v SANTOS, A. S. et al. Produção de jogo: Uma proposta Alternativa didático-lúdica para e Ensino-Aprendizado de Biologia Molecular e Forense para o Ensino Médio. Revista SBEnBio/ Associação Brasileira de Ensino de Biologia. Goiânia, v.5, SILVA, V.F; CARNEIRO-LEÃO, A. M. A; JÓFILI, Z. M. S. A contribuição dos jogos didáticos na formação de conceitos abstratos da Biologia. Revista SBEnBio/Associação Brasileira de Ensino de Biologia. Goiânia, v.5, VALADARES, B. L. B; RESENDE, R. de O. Na Trilha do Sangue: O Jogo dos Grupos Sanguíneos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GENÉTICA, 55., Águas de Lindóia. Anais eletrônicos. Águas de Lindóia: SBG, p Disponível em: < Acesso em: 16. maio