AULAS DE MÚSICA: POSSIBILIDADES DE VERIFICAÇÃO DE POTENCIAL MUSICAL EM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
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- Anna Santarém Flores
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1 AULAS DE MÚSICA: POSSIBILIDADES DE VERIFICAÇÃO DE POTENCIAL MUSICAL EM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL Ana Karolina Lopes Rodrigues Rosemeire de Araújo Rangni Universidade Federal de São Carlos Eixo Temático: Altas habilidades Palavras-chave: Educação Especial, Potencial Musical, Ensino de Música, Parâmetros Curriculares Nacionais. 1. Introdução Há diversas elucidações diante das definições que contornam e compõem a música. Chiarelli e Barreto (2005) apontam que atualmente, de um modo geral, a música é considerada ciência e arte, na medida em que as relações entre os elementos musicais são relações matemáticas e físicas; a arte manifesta-se pela escolha dos arranjos e combinações. A partir desse entendimento, no tocante à educação musical, Asnis (2014, p.22) comenta que é comum que se entenda a educação musical como uma atividade destinada ao entretenimento das pessoas, além de um conjunto de técnicas e métodos voltados para o desenvolvimento de habilidades e competências. Porém, seu significado vai além dessas dimensões. Martinez e Pederiva (2013) reitera que a música é uma prática social que esteve inserida nas mais diversas culturas ao longo dos tempos. No Brasil, existem diferentes expressões que demonstram a riqueza musical que emana em meio à população, como o samba, a bossa-nova, o frevo, o forró, entre outras inúmeras expressões musicais que existem nessa extensão territorial da América do Sul. No entanto, essa musicalidade não é tão perceptível no interior dos muros escolares da educação básica brasileira. O ensino de música em escolas regulares tornou-se obrigatório após a publicação da Lei Federal nº (BRASIL, 2008), na qual visibiliza possibilidades para uma prática educativa compromissada com o desenvolvimento musical dos alunos.
2 A pesquisa em tela preocupou-se em questionar se os procedimentos das aulas de musica da professora de Música participante em uma escola pública de um município do interior paulista conduziam ao reconhecimento e desenvolvimento do potencial musical dos seus alunos e se esses procedimentos estavam de acordo com as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 2008). O potencial destacável, principalmente em crianças menores, normalmente se prenunciam como dotação, ou seja, capacidade natural enraizadas na genética, de acordo com Guenther (2011, 2012), desse modo, há necessidade de estímulos ambientais que favoreçam o desenvolvimento para um desempenho elevado. 2. Objetivos Verificar se os procedimentos de ensino da professora de música participante reconheciam os potenciais de seus alunos e se seus procedimentos estavam de acordo com as orientações dos (PCNs). 3. Método A justificativa metodológica se valeu de pesquisa qualitativa descritiva. Em pesquisa qualitativa, de acordo com Minayo (2001, p ) A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. E quanto à natureza descritiva, segue-se o que aponta Gil (2008, p. 28) As pesquisas deste tipo têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este titulo e uma das suas características mais significativas esta na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. Participaram desta pesquisa uma professora de Música regente e alunos do 3º ano do ensino fundamental I de uma Escola Municipal de Educação Básica de um município do interior de São Paulo.
3 A pesquisa obteve aprovação do Comitê de Ética em Seres Humanos (Parecer ) e todos os procedimentos éticos foram obedecidos de forma a manter o sigilo dos participantes. Para observar as aulas de música da professora, a pesquisadora criou um protocolo para preenchimento durante as aulas observadas em que classificou os procedimentos de ensino da seguinte forma: Ruim: A professora propôs a atividade, mas não explicou e não auxiliou, não obtendo retorno dos alunos. Médio: A professora propôs a atividade e a explicou, mas não auxiliou os alunos, obtendo um retorno parcial. Bom: A professora propôs a atividade, explicou e auxiliou de forma geral, obtendo um retorno dos alunos. Muito Bom: A professora propôs a atividade explicou e auxiliou de forma individual, obtendo o retorno dos alunos. A pesquisadora também se utilizou de um diário de campo para observações adicionais. Foram realizadas 20 observações em sala de aula com duração de 50 minutos cada aula. As etapas dos procedimentos de coleta de dados foram: a) Buscaram-se, inicialmente, professores de música regentes em escolas públicas; b) Realizou-se contato com a escola na qual a professora participante lecionava; c) Houve explicação dos objetivos da pesquisa para a professora selecionada, à direção da escola e os pais/responsáveis; d) Realizou-se a entrega dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecidos (TCLE) para assinatura dos participantes; e) Agendaram-se as datas e horários das observações junto à professora de Música participante; f) Procedeu-se a realização e registro das 20 observações das aulas de Música. Já para a análise dos dados, as observações registradas dos procedimentos de ensino da professora foram relidas e buscou-se compará-las com as orientações dos PCNs. Tentou-se, também, inferir se os procedimentos em aula da professora haveria possibilidades de reconhecer alunos com potencial musical destacável em sala de aula. 4. Resultados e discussão
4 As observações das 20 aulas de Música realizadas pela pesquisadora enunciaram que as práticas da professora em sala de aula apresentaram 100% de eficiência; qualificadas como Muito Boas. Vale ressaltar que a pesquisadora tem conhecimento de música, sendo assim pode constatar a aprendizagem dos alunos em relação às atividades propostas nos procedimentos de ensino da professora. As atividades se constituíram, entre outras de: conhecimento sobre música africana, samba, além de cantigas infantis, cantigas folclóricas e coreografias. Também, houve utilização de instrumentos como violão, pandeiro, calimba, chocalho, agogô, tambor e ganzá e vídeos que ilustravam os conteúdos abordados. A professora manteve os alunos motivados e participativos em sala de aula com aulas lúdicas, destacando-se que ela usava o canto e instrumentos musicais como ferramenta, assim, renovava-os de maneira criativa participando das atividades junto aos alunos. Pode-se perceber que conteúdos sugeridos e os procedimentos de ensino da docente para ensiná-los estavam de acordo ao que orienta os PCNs. Nesse contexto, essas recomendações pontuam que movimentos musicais e obras de diferentes épocas e culturas, associados a outras linguagens artísticas no contexto histórico, social e geográfico observados na sua diversidade devem ser contemplados nas aulas de Arte, especificamente as de Música (BRASIL,1997). Quanto ao reconhecimento de potencial musical nos alunos do ensino fundamental I observados, inferiu-se que procedimentos de ensino bem planejados, executados e interessantes em aulas de música podem oferecer condições para que alunos se destaquem em seus potenciais elevados, conforme explicita Guenther (2012). A qualidade de um programa para desenvolver dotação e talento em uma escola não depende tanto de "recursos materiais" específicos. Depende quase inteiramente da atuação de alguém, devidamente preparado para catalisar os recursos materiais e humanos existentes na escola, e fora dela, e, sobre essa base tecer um programa específico para cada criança dotada, de acordo com seu potencial e considerando suas características, interesses e necessidades (2012, p.3). É nesse entendimento que se buscou com as observações das práticas da professora de Música de uma escola municipal pública se haveria possibilidades de verificar a eficiência dos procedimentos para detecção de talentos e a constatação foi positiva, havendo um aluno entre a turma que se destacou durante o período de observações.
5 5. Conclusão Com o decorrer da pesquisa e dos dados obtidos notou-se que é possível, em aulas de Música; ministrada por um professor competente, com disponibilização de conteúdo significativo, diversas estratégias de ensino e recursos materiais e instrumentais, que os alunos com potencial musical sejam reconhecidos e se desenvolvam, em suas habilidades, fazendo com que o potencial cresça ao invés de se ocultar. Os PCNs de Arte para o ensino fundamental mostram sucintamente alguns pontos importantes a serem ensinados e tratados em sala de aula. Pode-se claramente entender e comparar as práticas da professora participante com o orientado no mencionado documento. Recomenda-se que os resultados desta pesquisa sejam valorizadas as aulas de Música nas escolas do país e que elas favoreçam a potencialização dos talentos de vários estudantes; que muitas vezes somente são vistos pela performance em outras disciplinas mais tradicionais. 6. Referências ASNIS, V. P. Relações entre Habilidades Musicais e Habilidades Sociais em Pessoas com Síndrome de Williams: Perspectivas e Limitações. (Dissertação). 115f Programa de Pós Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos, BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: arte / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília : MEC/SEF, p. BRASIL. Lei nº , de 18 de agosto de Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica. Brasília, Disponível em: < agosto publicacaooriginal pl.html>. Acesso em: mar GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas, GUENTHER Z. C. Caminhos para desenvolver potencial e talento. Lavras: Ed. UFLA, Crianças dotadas e talentosas...não as deixem esperar mais! Rio de Janeiro: LTC, MARTINEZ, A. P. A.; PEDERIVA, P. L. M. Um breve olhar para o passado: contribuições para pensar o futuro da educação musical. Revista da Associação Brasileira de Educação Musical, v.21 - n.31, Universidade de Brasília, MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18 ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
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