ACÓRDÃO. Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete do Des. ARNOBIO ALVES TEODOSIO

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1 a 1 Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete do Des. ARNOBIO ALVES TEODOSIO ACÓRDÃO EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N , 3a Vara Criminal da Comarca de Campina Grande PB. RELATOR : O Exmo. Dr. Tércio Chaves de Moura, Juiz convocado para substituir o Exmo. Des. Arnobio Alves Teodósio EMBARGANTE : Lucas da Silva Pascoal ADVOGADO : Gilberto Aureliano de Lima EMBARGADA : A Câmara Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Omissão no julgado. Redimensionamento da pena aplicada que possibilitava o reconhecimento da prescrição retroativa. Impossibilidade. Lapso temporal não ultrapassado entre o recebimento da denúncia e o trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação. Rejeição dos embargos - Muito embora seja possível declarar, de ofício, a extinção da punibilidade em razão da prescrição, por se tratar de matéria de ordem pública, no caso do autos não se constata ter ocorrido, razão pela qual o acórdão atacado deve ser mantido na íntegra, uma vez que entre a data do recebimento da denúncia, em 10 de agosto de 2006, e data do trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação, 02 de março de 2010, não se ultrapassou os 04 (quatro) anos impostos na regra do art. 109, V, do Código Penal, como quer fazer crer equivocadamente a defesa, por meio do presente embargo. Vistos, relatados e discutidos, os autoa dos presentes embargos.

2 2 Acorda a Câmara Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, à unanimidade, conforme voto do relator e certidão de julgamento, às fls. 332, CONHECER E REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RELATÓRIO Trata-se de Embargos de Declaração, às fls. 318/323, em face do Acórdão de fls. 305/316, que conheceu e deu provimento parcial ao apelo (fls. 248, com razões às fls. 282/286), tão somente para alterar a pena do réu Lucas da Silva Pascoa, em harmonia parcial com o parecer ministerial. Os presentes embargos buscam o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva do Estado, decretando extinta a punibilidade sobre o réu Lucas da Silva Pascoa, uma vez que, alterada a sua pena para 02 (dois) anos de reclusão, frente a regra do art. 109, V, do Código Penal, restaria ultrapassado o prazo necessário para o reconhecimento do referido fenômeno penal, uma vez que, segundo o embargante, contada o lapso temporal entre o recebimento da denúncia (01 de agosto de 2006) e a intimação do réu (22 de março de 2010), já haveriam se passado mais de 04 (quatro) anos. Instada a se manifestar, a Procuradoria-Geral de Justiça, por meio de parecer do Exmo. Sr. Dr. José Marcos Navarro Serrano, Procurador de Justiça, opinou pelo acolhimento dos embargos, às fls. 328/329. É o relatório. VOTO: Exmo. Sr. Des. TÉRCIO CHAVES DE MOURA (Relator) Conheço dos Embargos de Declaração, porquanto preenchidos os requisitos intrínsecos e extrínsecos inerentes a esta espécie de recurso. Inicialmente, destaco que na consonância do previsto no art. 619 do CPP, os embargos de declaração se consubstanciam em instrumento processual destinado a sanar falhas, suprir omissões, esclarecer a ambiguidade e aclarar a obscuridade na decisão proferida pelo órgão jurisdicional, não se prestando a simples reexame do mérito da decisão que não padece de quaisquer dos vícios elencados. Lado outro, apesar do recurso aqui analisado não se firmar nos preceitos basilares dos embargos de declaração na seara processual penal, e ausente no acórdão qualquer omissão, contradição, obscuridade e ambiguidade, apresentam os aclatórios a chamada matéria de ordem pública, prescrição, a qual deve, a qualquer tempo e modo, ser trazida a apreciação do julgador, portanto, plenamente passível de apreciação através do instrumento agora enfrentado. Em síntese, o ernbargante busca o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva do Estado, na sua forma retroativa, levando-se em conta a pena de 02 (dois) redimensionada 'em favor do réu 'através do acórdão embargado (fls. 305/316), aplicando-se para tanto a regra do art. 109, V, do CP, certo que., segundo aduz, entre o recebimento da denúncia e a intimação do réu já se ultrapassaram mais 04 (quatro) anos, necessários ao reconhecimento do referid fenômeno. GO C4".01 (se tv,00 ('

3 3 O embargo é de fácil deslinde. Como sabido, transitada em julgado a sentença para a acusação, a prescrição contar-se-á pela pena aplicada em concreto, na presente hipótese são 02 anos de reclusão (v. acórdão de fls. 305/316), cuja pena prescreve em 04 anos, conforme lição do art. 110, 1, c/c o art. 109, inciso V, ambos do Código Penal. caso em espécie: In verbis com antiga redação, da Lei n 7.200/84, aplicável ao "Art A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenató ria regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. 1 d - A prescrição, depois da sentença condenatória CO))? trânsitá em _julgado para a acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada". "Art A prescrição, antes de transitar em julgado o sentença final, salvo o disposto nos I" e 2' do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a uni ano ou, sendo superior não excede a dois: " Essa lógica já é sedimentada na jurisprudência. Sobre o tema, o Superior Tribunal de Justiça: "... De acordo com o art. 109, inciso IV, c/c o art. 110, 1 ambos do Código Penal, a prescrição depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para o acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela peno (EDcl nos EDcl no REsp SP 2007/ Relator(a): Ministro Og Fernandes, DJe 31/08/2009) Ainda, nos termos da Súmula 146 do Supremo Tribunal Federal: "A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não há recurso da acusação." Entretanto, na presente situação, não se decorreram mais de 04 (quatro) anos entre o recebimento da denúncia até a publicação da sentença condenatória, transitada em julgado para a acusação, última causa interruptiva da prescrição (art. 117, IV, do CP). Redação original : "Art O curso da prescrição 1 ferrompe-se: CO,NIC'S OVO( U õe \xe c.c., C.prgocP(

4 IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; (Redação dada pela Lei n , de 2007). Diferentemente da lógica adotada pelo embargante, o marco interruptivo não é a intimação do réu de sua sentença condenatório, mas sim o trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação, a qual constatada, levar-se-a em consideração o registro e publicação da sentença havido em 02 de março de 2010 (fls. 242) como ponto primordial para contagem dos prazos. Entre a data do recebimento da denúncia, em 1 de agosto de 2006, às fls. 55 verso, e data do trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação, 02 de março de 2010, não se ultrapassou os 04 (quatro) anos impostos na regra do.art. 109, V, do Código Penal, como quer fazer crer equivocadamente a defesa, por meio do presente embargo. Bom ressaltar, também, que mesmo que a data da intimação do réu fosse marco válido para contabilização do prazo prescricional, 22 de março de 2010, às fls. 243 verso, nem de perto se aproximariam os "04 (quatro) anos 02 (dois) meses e 21 (vinte e um) dias" apontados nos presentes aclaratórios. Assim, muito embora seja possível declarar, de ofício, a extinção da punibilidade em razão da prescrição, por se tratar de matéria de ordem pública, no caso do autos não se constata ter ocorrido a prescrição, razão pela qual o acórdão atacado deve ser mantido na íntegra. 4 DECLARATÓRIOS. Posto isso, É como voto. CONHEÇO E REJEITO OS EMBARGOS Presidiu o julgamento, com voto, o Excelentíssimo Senhor Desembargador Luiz Sílvio Ramalho Júnior, dele participando os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Tércio Chaves de Moura (Juiz convocado para substituir o Exmo. Sr. Des. Arnábio Alves Teodásio, Relator, e Onaldo Rocha de Queiroga (Juiz convocado para substituir o Exmo. Sr. Des. João Benedito da Silva). Presente à sessão o douto representante ministerial, Doutor José Roseno Neto, Procurador de Justiça. Sala Sessões "Des. Manoel Taigy de Queiroz Mello Filho" da Egrégia Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, em João Pessoa (PB), 27 de março de 2012 TÉRCIO CHAVES DE MOURA Juiz convocado - Relator

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