ACTIVIDADES DE AVENTURA SAÚDE? SEGURANÇA?
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- Neuza Maranhão Brás
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1 ? Existem várias designações, mas entre as mais consensuais poderemos nomeálas como actividades de exploração da natureza, actividades de animação, desporto aventura, desporto de natureza, turismo activo, actividades outdoor, entre outras.. É uma área que tem tido um grande desenvolvimento nas últimas décadas, sendo hoje um dos grandes motores do desenvolvimento desportivo e da actividade física, quer no lazer, no turismo, na saúde, no ambiente, na vertente educativa ou na competitiva
2 Tem sido uma área problemática onde a tutela do Desporto tem responsabilidades e para as quais pouco tem contribuído, avolumando os problemas. Quais são as problemáticas desta área. 1- TRANSVERSALIDADE É uma área transversal, com todas as implicações positivas e negativas que daí advêm. Quais são as actividades que fazem parte desta área? Qual o critério para estarem ou não integradas?
3 2- O MEIO ONDE SE DESENVOLVEM O facto de se desenvolverem num meio incerto, a natureza, o que implica o domínio e o seu conhecimento, que não se esgota em abordagens teóricas ou em práticas pontuais. Não são cursos com 30 horas práticas que podem formar técnicos para operar nestas áreas. 3- ACTIVIDADES DE RISCO Normalmente consideradas actividades de risco acrescido ou de risco controlado. Esta visão implica várias reflexões: A primeira é o que é o risco? O risco é a probabilidade de um acontecimento vir a ocorrer, ou a probabilidade do mesmo não ocorrer.
4 O perigo é real, existe, está associado a forças da natureza ou a situações sobre as quais não temos controlo. O risco tem a ver com a nossa intervenção, com a acção humana sobre essas situações. O risco é essencialmente uma probabilidade que podemos controlar, conhecendo os fenómenos com os quais interagimos. Risco para os participantes, de que estamos a falar? Falamos sobretudo dos praticantes que frequentam as actividades, por sua própria iniciativa, com os clubes, as instituições, as empresas, nas nossas ruas, nos nossos espaços desportivos, etc. Como avaliam o risco? Como decidem as suas respostas?
5 O que podem ser factores potenciadores do risco para a nossa área? O domínio técnico das actividades, conhecer e manusear os materiais, saber ler e interpretar as condições naturais, dominar conceitos de meteorologia, conhecer a resistência dos materiais, ter conhecimentos de primeiros socorros e resgate de acordo com a actividade e o nível de dificuldade em que trabalha, saber dirigir e coordenar grupos, ter competências ao nível da capacidade de trabalhar em situações de fadiga e stress, entre outras. 4- ENQUADRAMENTO LEGAL Um outro problema é a questão do enquadramento legal. Este tem Implicações com as mais diversas áreas: Com a área económica, nomeadamente o turismo e os serviços, Com a área ambiental com a utilização dos espaços naturais, parques e reservas, Com a área náutica, com todas as actividades desenvolvidas em meio aquático e que estão sob jurisdição das autoridades marítimas, Com a área aeronáutica, com as actividades de voo, que estão sob jurisdição das autoridades aeronáuticas. Com os ministérios que tutelam o território nomeadamente da agricultura (utilização das terras e florestas, não tuteladas pelo ambiente), administração interna com todo o tipo de provas que implique com as vias de comunicação e ordem pública. Com as autarquias locais, pelas actividades desenvolvidas dentro da sua área de jurisdição. Com o Instituto da Juventude, em relação às actividades desenvolvidas nos Campos de Férias. Com o Desporto, como tutela de várias actividades desportivas que são realizadas nos espaços/ áreas acima referidos.
6 Vários ministérios têm produzido legislação parcelar, que tem criado um quadro legal de referência, ajudando a regular e melhorar o exercício destas actividades (embora desconexos e contraditórios em muitos dos casos). Numa análise por áreas, poderemos citar alguns decretos, os mais relevantes, iniciando pelo primeiro decreto onde se fala de Desporto de Natureza Decreto-Lei n.º 47/99 de 16 de Fevereiro, do Ministério da Economia (articulação com o Ministério do Ambiente) Âmbito Define e regula o turismo em espaço natural e, entre outros itens, aborda o que denominaram de Desporto de Natureza, no Artigo 9. - Modalidades, nº Consideram-se actividades de desporto de natureza todas as que sejam praticadas em contacto directo com a natureza e que, pelas suas características, possam ser praticadas de forma não nociva para a conservação da natureza.
7 Decreto Regulamentar n.º 18/99 27 de Agosto, do Ministério do Ambiente (mais tarde revogado pelo Dec. Reg. 17/ 2003) Regula a animação ambiental nas modalidades de animação, interpretação ambiental e desporto de natureza nas áreas protegidas, bem como o processo de licenciamento das iniciativas e projectos de actividades, serviços e instalações de animação ambiental 3 - Constituem actividades e serviços de desporto de natureza as iniciativas ou projectos que integrem: a) O pedestrianismo; b) O montanhismo; c) A orientação; d) A escalada; e) O rapel; f) A espeleologia; g) O balonismo; h) O pára-pente; i) A asa delta sem motor; j) A bicicleta todo o terreno (BTT); l) O hipismo; m) A canoagem; n) O remo; o) A vela; p) O surf; q) O windsurf; r) O mergulho; s) O rafting; t) O hidrospeed; u) Outros desportos e actividades de lazer cuja prática não se mostre nociva para a conservação da natureza.
8 Artigo 8.º Licença 1 - Sem prejuízo de outras autorizações ou licenças exigíveis por lei, as iniciativas ou projectos que integrem as actividades, serviços e instalações de animação previstos no artigo 3.º carecem de licença, titulada por documento a emitir pelo ICN após parecer prévio da Direcção-Geral do Turismo (DGT) ou do Instituto Nacional do Desporto (IND), nas situações previstas no n.º 3 do mesmo artigo,. Os ministérios da Economia e do ambiente legislam sobre áreas de influência tradicional do desporto, remetendo para o IDP a análise curricular, mas a pergunta é: A análise curricular é feita com que critérios? Como vão garantir aos outros ministérios que aqueles técnicos têm habilitações para coordenar e dirigir as actividades?
9 Decreto-Lei n.º 204/2000 de 1 de Setembro, do Ministério da Economia. Regula o acesso e o exercício da actividade das empresas de animação turística. Umas das preocupações desta legislação foi salvaguardar os direitos e interesses dos consumidores. Mais uma vez, as actividades desportivas são amplamente referidas Artigo 2.º Noção 1 - São empresas de animação turística as que tenham por objecto a exploração de actividades lúdicas, culturais, desportivas ou de lazer, que contribuam para o desenvolvimento turístico de uma determinada região,..
10 Artigo 3.º Actividades próprias e acessórias das empresas de animação turística 1 - Sem prejuízo do regime legal aplicável a cada uma das actividades previstas nas alíneas seguintes, são consideradas actividades próprias das empresas de animação turística as actividades de animação previstas no n.º 1 do artigo anterior desenvolvidas em: a) Marinas, portos de recreio e docas de recreio, predominantemente destinados ao turismo e desporto; b) Autódromos e kartódromos; c) Balneários termais e terapêuticos; d) Parques temáticos; e) Campos de golfe; f) Embarcações com e sem motor, destinadas a passeios marítimos e fluviais de natureza turística; g) Aeronaves com e sem motor, destinadas a passeios de natureza turística, desde que a sua capacidade não exceda um máximo de seis tripulantes e passageiros; h).. i) Centros equestres e hipódromos destinados à prática de equitação desportiva e de lazer; j) Instalações e equipamentos de apoio à prática do windsurf, surf, bodyboard, wakeboard, esqui aquático, vela, remo, canoagem, mergulho, pesca desportiva e outras actividades náuticas; l) Instalações e equipamentos de apoio à prática da espeologia, do alpinismo, do montanhismo e de actividades afins; m) Instalações e equipamentos destinados à prática de pára-quedismo, balonismo e parapente; n) Instalações e equipamentos destinados a passeios de natureza turística em bicicletas ou outros veículos de todo o terreno; o) Instalações e equipamentos destinados a passeios de natureza turística em veículos automóveis, sem prejuízo do disposto no artigo 16.º; p) Instalações e equipamentos destinados a passeios em percursos pedestres e interpretativos; q) As actividades, serviços e instalações de animação ambiental previstas no Decreto Regulamentar n.º 18/99, de 27 de Agosto, sem prejuízo das mesmas terem de ser licenciadas de acordo com o disposto nesse diploma; r) Outros equipamentos e meios de animação turística, nomeadamente de índole cultural, desportiva, temática e de lazer..
11 Todas as disposições legais se resumem à obrigação da utilização de um seguro de acidentes pessoais. Onde para a tutela do desporto? Como podem garantir os direitos dos utentes sem que exista uma definição do que é um técnico desta área. Qual é o currículo de um técnico? Quem o pode formar? Qual o modelo de formação? Quem o pode credenciar? Estas são as respostas urgentes que o Desporto tem de dar. Com o Decreto-lei N.º 407/99, o Estado reconhece a importância da formação, embora o decreto seja principalmente dirigido ao modelo desportivo federado, pode ser um bom ponto de partida assim se cumpra o estipulado.
12 Ao longo dos últimos anos, entre outros contributos, as empresas associadas na PACTA, têm sugerido soluções para o sector, a tutela tem estado parada, será que é desta que vamos arrancar e iniciar a resolução deste problema? O que é preciso 1- Definir o modelo de formação 2- Definir os currículos (tronco comum e específicos) 3- Acreditar as entidades formadoras 4- Acreditar os formadores. 5- Iniciar a formação É reconhecido que, para a formação na área do lazer e das empresas, que trabalham na área do Desporto Aventura, o modelo actual ou o modelo Federativo que venha a existir é curto e desenquadrado, o que o estado deveria fazer é, em articulação com as associações representativas do sector, criar um modelo de formação e currículos adequado às necessidades de qualidade e segurança. O desafio aqui fica
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