poemas do vai e vem versos aves de arribação atravessam tempo e espaço Elias Fajardo

Transcrição

1 poemas do vai e vem

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3 poemas do vai e vem versos aves de arribação atravessam tempo e espaço Elias Fajardo

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5 Pequenas alegrias sinônimo de felicidade. Para meu filho Gabriel, sua mãe Vasni, meus irmãos Angelina, Eloisa, Isa e José Justiniano. E também para as sobrinhas Ana Maria, Denise e Sílvia. Para Themilton e todos os amigos, principalmente os do facebook, pelas apreciações generosas que me estimularam a publicar este livro. Elias Fajardo

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7 o destino é a viagem Um diálogo constante com o tempo, a busca incessante diante do enigma, a coragem de estar frente a frente com a esfinge munido apenas de palavras. poemas do vai e vem, de Elias Fajardo, é um guia de viagem repleto de anotações poéticas, onde o leitor poderá criar seu próprio mapa para chegar ao destino. Qual? Não importa, o poeta nos revela que a poesia está na viagem. Leva em sua bagagem e conosco divide heranças orientais, místicas, mineiras, temperadas com pequenos tons de humor: Tem horas que sei tudo,/ sereno,/ no mais da vezes/ sei nada. Consegue entrar e sair do estado poético sem perder a poesia, harmonizando imagem e reflexo. Apreende a face fugaz do tempo, que arrasta paisagens, lugares, pessoas. Pessoas: elas pontuam a poesia de Elias Fajardo, ressoando os sentimentos que ficam quando partem. E apesar de todo o rigor que a poesia exige, o poeta desafia a esfinge com mais uma boutade: Escrever bem / é inimigo da poesia. poemas do vai e vem nos instiga a buscar o nosso estado poético, única forma de lidar com o tempo, um surfista a pontificar na onda para não ser por ela devorado. Mesmo que ao final o mergulho seja inevitável. Marcus Veras

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9 o olho interior Alguns artistas usam o olho interior para redescobrir a natureza, a paisagem. Sua arte é forma de meditação, leva à iluminação. São assim os trabalhos de uma figura múltipla e instigante, com rara capacidade de empatia e que não teme ir fundo na grande viagem do viver o escritor, jornalista e artista plástico Elias Fajardo. Suas paisagens e cenas de natureza revelam uma silenciosa e solitária intimidade com as coisas que surpreende, numa pessoa ligada no que há de mais contemporâneo, de vida tão movimentada. Tamanha e tão prazerosa delicadeza de traços e pinceladas evoca, além da arte oriental, os desenhos das crianças. Uma delicadeza assim também encontramos em certas paisagens de outro mineiro como Elias Guignard. O que nos revelam os trabalhos de Elias são insights da visão mística. E o deslumbramento que traz esse ver tão puro. Num mundo redescoberto, numa religação com a natureza e com nós mesmos. Sonia Coutinho

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11 sumário em viagem chegando em casa sobre a escrita atrás do tempo em torno da natureza à sombra dos haicais em flor com meus botões

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13 O caminho é o vazio e seu uso jamais o esgota é profundo e amplo como a raiz de todos os seres cegando o corte desatando o nó harmonizando-se à luz igualando-se à poeira límpido como a existência eterna Lao Tse 13

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15 Quando ao crepúsculo me vem a sensação de que tudo é tudo: nuvens terra estrada vento céu. Quando os tampos da cabeça saltam e aperta a necessidade de me pôr em andamento a poesia bate à porta. (dedicated to Emily Dickinson) 15

16 Arrumar as coisas gestos objetos memória de histórias que se desenrolam diante de meus olhos e meus pensamentos 16

17 fragmento dormir é quando a gente se esquece de onde está chegar é quando a gente se enrosca debaixo do cobertor gozar é quando a gente se acaba now boarding restinga: libélula de asas iluminadas pelas casas que dormem arquipélago: constelação de contornos adivinhados baía: colar de pérolas presas pelo fio da luz elétrica na distância entre nós e o solo o voo se faz 17

18 despedida Vou-me embora com um frio no estômago coração aos saltos. Partir é fugir aos poucos da angústia de ficar. A viagem é uma folha em branco no bloco dos dias. O acaso irá preenchê-la com pensamentos, palavras e obras. 18