Joaquim Olinto Branco** & Adriana Thives*** ABSTRACT
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- Aníbal Franco Cunha
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1 RELAÇÃO PESO/LARGURA, FATOR DE CONDIÇÃO E TAMANHO DE PRIMEIRA MATURAÇÃO DE Callinectes danae SMITH, 1869 (CRUSTACEA, PORTUNIDAE) NO MANGUEZAL DO ITACORUBI, SC, BRAZIL. Joaquim Olinto Branco** & Adriana Thives*** **Bolsista CAPES/PICD. Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas - Zoolgia. UFPR. NEMAR-CCB-UFSC. CX.P Florianópolis - SC. ***Núcleo de Estudo do Mar - NEMAR-CCB-UFSC. Cx.P Florianópolis, SC. ABSTRACT WEIGHT/ WIDTH RELATIONSHIP, CONDITION FACTOR AND THE SIZE OF THE FIRST SEXUAL MATURATION OF Callinectes danae SMITH, 1869 (CRUSTACEA, PORTUNIDAE) OF THE ITACORUBI MANGROVE, SC, BRAZIL. Young and adults of Callinectes danae SMITH, 1869 (Crustacea, Portunidae) were collected from January 1988 to May 1989 in the Itacorubi mangrove, SC, Brazil, in order to take information about weight/width relationship, condition factor and the size of the first sexual maturation. We examined 606 males and 398 females. Key words: Callinectes danae, manguezal, peso/largura, fator de condição. INTRODUÇÃO Callinectes danae, popularmente conhecido como siri azul, ocorre no Atlântico ocidental: Flórida, Golfo do México, América Central, Antilhas, norte da América do Sul, Brasil (da Paraíba ate o Rio Grande do Sul) e Argentina (1). Habita estuários lodosos, manguezais, praias arenosas a lodosas até oceano de 75 m de profundidade, apresentando grande tolerância à salinidade (2). Entre as sete espécies do gênero Callinectes que ocorrem no Brasil, C. danae é considerada a mais comum. No litoral brasileiro foram realizados alguns trabalhos sobre a espécie, abordando aspectos como anatomia e fisiologia (3), aspectos de sua biologia (4, 5 e 6), apenas PEREIRA BARROS & TRAVASSOS (7) e COSTA et al. (8), estudaram a relação peso/comprimento de C. danae e C. bocourti, respectivamente.
2 Com objetivo de obter informações sobre a biologia de Callinectes danae do manguezal do Itacorubi (Florianópolis, SC), são analisadas a relação peso/largura da carapaça, a variação mensal do fator de condição médio "corrigido" e o tamanho de primeira maturação. ÁREA DE ESTUDO 0 manguezal do Itacorubi está localizado na Baia Norte da Ilha de Santa Catarina, Brasil, entre as coordenadas '14" e '31" S. e '07" e '33" W., com área aproximada de 1,6km 2, e atravessado pe to Rio Itacorubi e o afluente Rio do Sertão (Fig. 1). São rios sinuosos e de pouco caudal, percorrendo 4.543m e 3.300m respectivamente, apresentando largura media de 14 m a profundidade oscilando entre 0,5 e 3,0m (9 e 10). MATERIAL E MÉTODOS Durante o período de janeiro de 1988 a maio de 1989, exemplares de Callinectes danae (606 machos e 398 fêmeas) foram coletados mensalmente no Manguezal do Itacorubi. As amostragens foram realizadas à noite, em uma estação fixa (Fig. 1) com duração média de seis horas por coleta. Os siris foram capturados com o auxílio de jererés com diâmetro de 50 cm, malha de 1Omm entre nos e cabo de 15m, pedaços de peixes foram utilizados como isca. A identificação e sexagem foram de acordo com WILLIAMS (2), os estádios de maturação (jovens, adultos) pelo formato e aderência do abdômen externatos torácicos, conforme TAISSOUN (11). De cada exemplar foram registradas as seguintes variáveis: sexo, estádio de maturação, largura da carapaça (wid) média entre as pontas dos espinhos laterais em cm; peso total (wt) em g e registrada em ficha de coleta e presença de casais em cópula.
3 Fig. 1. Mapa indicando a área de coleta 0 tamanho de primeira maturação, para os sexos separados, foi estabelecido partindo-se do modelo, sugerido por SANTOS (12): y = 1 e axb
4 MÉTODOS DE ANÁLISE DOS DADOS A relação entre o peso e a largura da carapaça foi calculada para cada sexo durante o período em estudo, através da expressão: Wt = φ wid θ, onde φ = fator de condição, relacionado com o grau de engorda do siri θ = constante, relacionada com o tipo de crescimento do siri Após ser estabelecido o valor anual do parâmetro θ para cada sexo, foram calculados os valores médios mensais do fator de condição corrigido (φ*) através das expressões matemáticas: φ* = wt/wid θ e φ* =Σφ*/n, onde n = número de indivíduos, sexos separados, mensalmente amostrados. Em seguida foram verificadas as linearidades entre as variáveis transformadas, estimados os coeficientes de correlação linear de Pearson (r) e da reta, através do método dos mínimos quadrados, resultando: fr = 1-e a wid,onde fr = freqüência relativa dos indivíduos adultos; wid = ponto médio das classes de largura da carapaça; a e b = parâmetros da curva ajustada. Obtida a expressão matemática, verificou-se a aderência da curva. teórica e estimou-se a largura máxima que, em media, 50% dos siris atingiram a maturidade sexual, através da expressão: wid pm = e 0, In a/b
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores médios do peso total (wt) foram laçados em gráfico, em função dos valores médios da largura total da carapaça (wid) para machos e fêmeas, separadamente. Os resultados encontramse nas figuras 2a e 3a, os quais foram corroborados pela linearidade das relações (figuras 2b e 3b) a pelos valores estimados do coeficiente de correlação linear de Pearson (r), demonstrados nas seguintes expressões matemáticas: Machos Wt = wid ; In wt = ln wid r = Fêmeas Wt = wid ; In wt = ln wid r = PEREIRA-BARROS & TRAVASSOS (7), estudando Callinectes danae da Lagoa de Mundaú, Alagoas, encontram os seguintes resultados, para a relação peso/comprimento: machos w = 0,001 L 2,829 e fêmeas w = 0,0019 L 2,659 e COSTA et al(8), para C. bocourti da Lagoa Manguaba, registram para a relação peso/comprimento as expressões: machos w = 0, L 3,0897 e para as fêmeas w = 0, L 2,7674. Embora os autores acima referidos, não tenham trabalhado com a relação peso/largura, indicam que ocorre dimorfismo sexual, quanto ao peso, sendo os machos mais pesados que as fêmeas. No Manguezal do Itacorubi, os machos, em geral, apresentamse mais pesados que as fêmeas para uma mesma classe de largura. Os valores do θ de e , respectivamente para
6 machos e fêmeas, indicam que C. danae apresenta crescimento do tipo alométrico negativo. 0 fator de condição médio corrigido (φ*) pode ser usado como uma medida da condição geral do siri. Embora, o desenvolvimento gonadal e o grau de repleção do estomago, entre outros, podem influenciar os resultados do fator de condição. Fig. 2 - Relação peso total médio (wt)/largura total media da carapaça (wid)(a) e a transformação logarítmica (b) para machos de Callinectes danae. Analisando-se a distribuição mensal do fator de condição médio cor rígido da relação peso/largura para machos e fêmeas, observa-se oscilações com a mesma tendência em sua variação anual (Fig. 4). Os valores mais elevados do fator de condição médio corrigido em 1988 foram registrados no verso e os menores na primavera; já no verão/89
7 ocorreu um declínio no fator de condição em relação ao verão do ano anterior (Fig. 4). Fig. 3 - Relação peso total médio (wt) /largura total média da carapaça (wid) (a) e a transformação logarítmica (b) para fêmeas de Callinectes danae. Fig. 4 - Variação mensal do fator de condição médio corrigido (0*) da relação entre o peso do corpo e a largura da carapaça de Callinectes danae.
8 VAN ENGEL (13), estudando Callinectes sapidus em Chesapeake bay, verificou que a copula ocorre em águas de baixa salinidade, as fêmeas fecundadas migram para águas de maior salinidade, e os machos permanecem no local de crescimento copulando com outras fêmeas. DARNELL (14), trabalhando com C. sapidus em Louisiana, menciona que a cópula da espécie ocorre nos rios, apos a cópula, as fêmeas migram para áreas de salinidade mais elevada onde ocorre a desova a eclosão dos ovos e que, os machos permanecem nos rios. Comportamento semelhante foi verificado para C. danae do Manguezal do Itacorubi. Casais em cópula ocorreram durante todo o ano com maior freqüência nos meses de primavera e verão, o que e corroborado per BRANCO et al. (6) para algumas espécies do gênero Callinectes na Lagoa da Conceição (SC). A migração das fêmeas após a fecundação pode ser inferida pela ausência das ovígeras e pelo número reduzido das adultas. As oscilações mais acentuadas no fator de condição, provavelmente ocorra em função do recrutamento, da migração para a Baia Norte adjacente a este sistema a do incremento das gônadas das fêmeas em relação à dos machos. 0 tamanho de primeira maturação foi estimado à partir da distribuição de freqüências relativa de machos e fêmeas adultos, em relação ao ponto médio das classes de largura (Figs. 5a e 6a). Verificada a existência de relação linear entre as variáveis transformadas (Figs: 5b a 6b), a estimado os coeficientes, resultando nas expressões: Machos fr = 1 e 3, wid 22,4394 In [-ln(1-fr)] = -51, ,4394 In wid r = 0,9926 Fêmeas fr = 1 e 6, wid 20,0290 In - in(i-fr)] - 44, ,0290 In wid r = 0,9590
9 Através das expressões matemáticas das curvas de ajustamento, estimou-se a largura media de primeira maturação sexual, obtendo-se: Machos wid pm = 9,85cm; Fêmeas wid pm = 8,88cm Assim, nenhum siri adulto foi capturado com largura da carapaça inferior a 7,5cm, 100% das fêmeas adultas ocorreram a partir de 10,5cm e machos a partir de 11,5cm. PITA et al. (4), estudando Callinectes danae no complexo baíaestuário de Santos (SP) informam que o tamanho de primeira maturação foi de 5,5 a 6,7cm, respectivamente para fêmeas e machos, medidos na base dos espinhos laterais. Fig. 5 - Freqüência relativa (fr) de machos adultos por classe de largura da carapaça (wid)(a), trans formação linear das variáveis (b) e o valor médio do tamanho de primeira maturação sexual (wid pm - 9,85cm) de Callinectes danae.
10 Em WILLIAMS (2) encontram=se os valores médios para a largura da carapaça de C. danae com e sem incluir os espinhos laterais, assim a diferença nos machos é de 2.53cm e nas fêmeas de 2.12cm. Dessa forma, os valores obtidos por PITA et al. (op.cit.) e corrigidos conforme WILLIAMS (op. cit.) são: Machos - 6,7 cm corrigindo = 9,23cm Fêmeas - 5,5 cm corrigindo = 7,62 cm Ainda assim, os valores por nos obtidos são superiores aos de PITA et al. (4), mas se considerarmos o desvio padrão apresentado por WILLIAMS (2), os resultados não diferem significativamente. Fig. 6 - Freqüência relativa (fr) de fêmeas adultas por classe de largura da carapaça (wid) (a), transformação linear das variáveis (b) e o valor médio do tamanho de primeira maturação de Callinectes danae.
11 AGRADECIMENTOS A Profa. Blanca Sierra de Ledo, coordenadora do NEMAR, pelas facilidades colocadas à nossa disposição e aos colegas do NEMAR pelo auxílio nos trabalhos de campo e datilográficos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. MELO, G.A.S.; VELOSO, V.G. & OLIVEIRA, M.C. (1989). A fauna de braquiura (Crustacea, Decapoda) do litoral do Estado do Paraná. Lists preliminar. Nerítica, Pontal do Sul, PR, 4 (1/2): WILLIAMS, A.B. (1974). The swimming crabs of the genus Callinectes (Decapoda, Portunidae). Fishery Bull., Washinghton, 72(3): KRETZ, J. & BUCHERL, W. (1940). Contribuição ao estudo da a anatomia e fisiologia do gênero Callinectes (Crustacea, Decapoda, Portunidae), no complexo baía-estuário de Santos, Estado de São Paulo, Brasil. Bolm.Inst. Pesca, São Paulo, 12(4): PITA, J.B. ; RODRIGUES, E.S. ; GRACA LOPES, R. & COELHO, J.A.P.(1985). Observações bioecológicas sobre o siri Callinectes danae Smith, 1869 (Crustacea, Portunidae), no complexo baía-estuário de Santos e São Vicente, SP. I Ocorrência e composição. Bolm. Inst. Pesca, São Paulo, 12 (4): MOREIRA, P.S.; PAIVA-FILHO, A.M.; OKIDA, C.M.; SCHIMIEGE LOW, M.M. & GIANNINI, R. (1988). Bioecologia de crustáceos decápodes, braquiúros no sistema baía-estuário de Santos e São Vicente, SP. I Ocorrência e composição. Bolm.Inst.Oceanogr., São Paulo, 36(1/2): BRANCO, J.O.; THIVES, A. & PORTO-FILHO, E. (1990). Estrutura das populações, abundancia e distribuição dentro de espécies integrantes da família Portunidae (Crustacea, Decapoda), na Lagoa da Conceição e área adjacente, Ilha de Santa Catarina, SC, Brasil. II. Simp.Ecossist. Costa Sul e Sudeste Brasil.: estrutura, função e manejo. ACIESP, São Paulo. 71(2): PEREIRA-BARROS, J.B. & TRAVASSOS, I.B. (1975). Informes sobre a pesca e biologia do siri tinga (Callinectes danae) e guajaú (Callinectes bocourti), na Lagoa Mundau - Maceió, Alagoas. Recife, SUDENE-DRP. 9p. 8. COSTA, F.J.C.B.; NASCIMENTO, I.V. & SK, M.P. (1980). Estudo biométrico do siri guajaú, Callinectes bocourti A. Milne Edwards, 1879, da Lagoa Manguaba. Bolm.Nucl.Est.Cilenc.Mar, Maceió, 2: SORIANO-SIERRA, E.J.; MACENO-SILVA, J.R.B.; DERNER,.R.B. & BRANCO, J.O. (1986). Aspectos ecológicos do manguezal do Rio Itacorubi, Santa Catarina, Brasil. NEMAR,UFSC, Ser.Cont. Cient. Florianópolis, SC. 16:1-32.
12 10. RIBEIRO, G.C.; CLEZAR, L.; SILVA, M. & SIERRA DE LEDO, B. (1990). Ocorrência, abundancia e distribuição de jovens de Mugilidae no manguezal do Itacorubi, SC, Brasil. II - Simp.Ecossist. Costa Sul e Sudeste Brasileira.: estrutura, função e manejo. ACIESP, São Paulo, 71(2): TAISSOUN, N.E. (1969). Las especies de cangrejos del genero "Callinectes" (Brachyura) en el Golfo de Venezuela y Lago de Maracaibo. Boln.Cient. Invest.Biol. 2: SANTOS, E.P. (1978). Dinâmica de populações aplicada a pesca e psicultura. São Paulo, Hucitec-Edusp, 129p. 13. VAN ENGEL, W.A. (1958). The blue crab and its fishery in Chesapeake Bay., 1 - reproduction, early development, growth migration, U.S. Fish Wildl. Serv., Comm. Fish.Rev., 24(6): DARNELL, R.M. (1959). Studies of the life history of the blue crab (Callinectes sapidus Rathbun) in Louisiana waters. Trans. Amer. Fish. Soc., 88:
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