Subcapítulo 7.5: Violações do Direito da Guerra

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1 7.5.1 Introdução Subcapítulo 7.5: Violações do Direito da Guerra 1. O mandato da Comissão exigia que esta reportasse as violações dos direitos humanos, incluindo as violações do direito humanitário internacional. Este direito é, por vezes, designado direito da guerra ou direito dos conflitos armados Muitas das violações do direito humanitário internacional que ocorreram durante a vigência do mandato ( ) foram, também, violações das normas internacionais de direitos humanos e, por esse motivo, foram analisadas noutros subcapítulos deste Relatório. O objectivo principal deste subcapítulo é abordar as violações do direito da guerra que não foram abordadas noutros subcapítulos. Inclui-se, aqui, a incapacidade dos combatentes protegerem civis, prisioneiros de guerra, feridos e outras categorias de pessoas que têm de ser protegidas; a incapacidade de distinguir entre alvos militares e civis durante as operações militares; o recrutamento forçado; a destruição intencional da propriedade civil; o recurso à utilização de armas ilegais, tais como armas químicas, e outras violações das regras referentes à condução de operações militares. 3. Este subcapítulo baseia-se maioritariamente em informação fornecida por fontes primárias à Comissão, durante o processo de recolha de testemunhos, assim como durante os Seminários de Perfil Comunitário em sucos e, ainda, através de entrevistas exaustivas. Dado que as violações do direito da guerra, como a morte ou a tortura de civis, são, também, violações de outras normas internacionais referentes aos direitos humanos, existe alguma sobreposição entre o presente subcapítulo e outras componentes do Relatório. 4. As provas e indícios analisados pela Comissão, neste e noutros subcapítulos, resultam na formulação de um quadro de violações sistemáticas e avultadas do direito da guerra pelas forças de segurança indonésias durante a invasão de Timor-Leste e nos anos da ocupação que se lhe seguiram; estas violações incluíram um programa de intimidação, violência e destruição relacionadas com a Consulta Popular, em Não se pode colocar em pé de igualdade a responsabilidade pelas violações cometidas pelos militares indonésios (ABRI/TNI) e pela Fretilin/Falintil, embora as acções de ambas as forças armadas se tivessem traduzido num vasto leque de violações que causou um imenso sofrimento à população civil de Timor-Leste. As ABRI/TNI e as forças que as apoiavam foram, claramente, os principais responsáveis neste domínio. A Fretilin/Falintil causou sofrimento e mortes de civis. Apesar de terem sido em muitos casos extremamente graves, as violações cometidas pela Fretilin/Falintil constituíram uma percentagem muito reduzida da totalidade das violações. 6. As obrigações humanitárias de carácter geral que se aplicam a situações de conflito armado interno foram violadas tanto por membros da Fretilin como da UDT, durante o período de conflito político, em Estas violações, como por exemplo a morte, a detenção e a tortura de civis e de prisioneiros, foram globalmente abordadas nos subcapítulos relativos a estes temas, assim como no Capítulo 8: Responsabilidade e Responsabilização. Os acontecimentos da guerra civil não foram, por isso, referidos em pormenor neste subcapítulo, embora adiante se proceda a uma análise global desses acontecimentos (ver em particular: Capítulo 3: História do Conflito; Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados; Subcapítulo 7.3: Deslocação Forçada e Fome; Subcapítulo 7.4: Prisão, Tortura e Maus-Tratos; Subcapítulo 7.8: Violações do Direito da Criança). 7. A 11 de Agosto de 1975, a UDT lançou um movimento armado, a que muitos chamaram o Movimento do 11 de Agosto. Os antecedentes e os pormenores desta acção armada são analisados detalhadamente no Capítulo 3: História do Conflito. Mário Lemos Pires, governador português de Timor nessa altura, disse à Comissão que a UDT se apoderou do poder utilizando armas retiradas à polícia portuguesa 2. Os líderes da Fretilin retiraram-se para o seu quartel-

2 general nas colinas de Aileu, a Sul de Díli. A UDT capturou membros da Fretilin em vários distritos do país e manteve-os presos (ver Subcapítulo 7.4: Prisão, Tortura e Maus-Tratos). As tentativas da administração portuguesa de conseguir uma solução negociada foram goradas e, a 20 de Agosto, a Fretilin lançou uma contra-ofensiva ou insurreição armada a que, entre a comunidade, muitos chamaram contragolpe da Fretilin. Durante várias semanas, a violência alastrou por muitos distritos do território e, em finais de Setembro, a Fretilin controlava virtualmente todo o território. Os membros da UDT, da Apodeti e dos pequenos partidos Trabalhista e KOTA assim como as respectivas famílias fugiram para Oeste, em direcção à fronteira. A Fretilin fez centenas de prisioneiros entre os membros da UDT e, em Outubro, igualmente entre os membros da APODETI. O Subcapítulo 7.4: Prisão, Tortura e Maus-Tratos, analisa, em pormenor, estes acontecimentos. 8. Os habitantes de Timor-Leste, que tinham fugido para a zona da fronteira, vieram encontrar-se sob o controlo dos militares indonésios e dos agentes dos serviços de informação e muitos juntaram-se às tropas dos Partidários, que tinham sido treinadas pelos militares indonésios desde finais de Os ataques transfronteiriços começaram em finais de Agosto, e o exército indonésio passou a usar estas tropas de Partidários, em conjunto com as tropas regulares indonésias. 9. A 15 de Outubro, os militares indonésios lançaram ataques em grande escala, com apoio de meios marítimos e aéreos e ocuparam, por exemplo, as cidades de Batugadé e Balibó (Bobonaro) em Timor-Leste. No ataque a Balibó foram mortos cinco jornalistas internacionais (ver Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados). 10. Dado que as tropas indonésias ocupavam vilas timorenses bem dentro do território como, por exemplo, Atabae (Bobonaro), as autoridades portuguesas permaneciam na Ilha de Ataúro sem dar resposta às súplicas da Fretilin para que regressassem e as conversações internacionais entre Portugal e a Indonésias ignoravam a realidade das tropas indonésias que ocupavam centros urbanos timorenses, a Fretilin viu-se cada vez mais na necessidade desesperada de pedir a intervenção e o apoio internacionais para proteger o território da agressão estrangeira. A 28 de Novembro de 1975 a Fretilin declarou unilateralmente a independência. 11. Apoiados pelo Parlamento indonésio, os militares indonésios lançaram, a 7 de Dezembro de 1975, uma invasão em grande escala de Timor-Leste. Os dirigentes da Fretilin retiraram para o interior. Um grande número de civis fugiu do atacante militar indonésio ou foi obrigado pela Fretilin a acompanhá-la na fuga para o interior (ver Subcapítulo 7.3: Deslocação Forçada e Fome). Estes civis vieram, mais tarde, a sofrer terrivelmente no interior, durante a guerra que se seguiu a estes acontecimentos. 12. Durante a invasão, as Forças Armadas indonésias cometeram violações do direito da guerra, ao executarem civis em Díli, a 7 e 8 de Dezembro de 1975 (ver Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados). 13. No decorrer das operações militares em larga escala que se seguiram em todo o território, os militares indonésios não fizeram qualquer distinção entre civis e combatentes, usando toda a sua força militar, para matar um grande número de homens, mulheres e crianças desarmados. Para além de ter sido apanhada indiscriminadamente no fogo cruzado, a população civil foi também um alvo específico nas operações destinadas a conseguir a rendição das áreas controladas pela Fretilin/Falintil (ver Subcapítulo 7.3; Deslocação Forçada e Fome). Foram muito poucos os casos em que a população civil foi avisada antes do início das operações militares. 14. Durante os primeiros anos de ataques e de resistência foi prática corrente dos membros das ABRI/TNI executarem, torturarem e violarem civis e prisioneiros capturados ou que se renderam. Os militares indonésios recorreram a todos os meios ao seu dispor, para derrubar a resistência à invasão e à ocupação. Nos anos de 1976, 1977 e 1978 estas violações foram perpetradas em grande escala e de forma sistemática. Compreenderam a destruição e o saque sistemático da propriedade civil, incluindo prédios, habitações e bens pessoais, destruição das fontes de alimentos e uso de armas proibidas pelo direito internacional que rege os conflitos armados.

3 Entre os meios utilizados, contavam-se armas químicas que envenenaram as reservas de água e destruíram as colheitas e demais flora, assim como bombas de napalm e outras armas incendiárias, cujo efeito foi queimar indiscriminadamente tudo e todos, incluindo civis, homens, mulheres e crianças. 15. Dirigida pela Fretilin/Falintil nos primeiros anos após a invasão, a Resistência desenvolveu uma posição ideológica que visava a revolução social baseada na transformação da população civil que vivia no interior com a chefia política e armada (ver Capítulo 5: Resistência: Estrutura e Estratégia). À medida que se foram intensificando as ofensivas militares indonésias que avançavam cada vez mais em áreas sob controlo da Fretilin/Falintil, desenvolviam-se as divergências no seio da direcção da Fretilin. Isto levou, em 1977, a uma violenta purga dentro do partido. A Fretilin/Falintil foi responsável por violações como a detenção e tortura de civis e de outros presos, por exemplo, membros das Falintil, e execuções sumárias de prisioneiros (ver Capítulo 3: História do Conflito; Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados; Subcapítulo 7.4: Prisão, Tortura e Maus-tratos). Estas violações foram cometidas de forma organizada e sistemática. 16. Depois de, em finais de 1978, as ofensivas militares indonésias terem destruído as bases de apoio da Fretilin/Falintil nas montanhas, causando um imenso sofrimento aos milhares de civis que viviam nessas áreas, os líderes políticos e militares da Resistência que sobreviveram levaram a cabo uma importante alteração na sua estratégia. Esta nova estratégia veio modificar profundamente a relação entre a resistência armada e a população civil que, inicialmente, fora detida em campos de trânsito e centros de detenção e que, mais tarde pôde instalar-se de novo nos centros urbanos e sucos. Na década de 1980, foi criada uma ampla estrutura e rede clandestinas com o objectivo de prestarem apoio à resistência armada de guerrilha (ver Capítulo 5: Resistência: Estrutura e Estratégia). Durante este período, a Fretilin/Falintil violou o direito da guerra ao atacar membros da população civil, incendiar habitações e roubar alimentos aos civis que consideravam estar a colaborar com as Forças Armadas indonésias Os membros das ABRI/TNI procederam sistematicamente ao recrutamento forçado de civis destinados a participarem nas operações militares contra a Resistência armada. A maior destas operações consistiu no recrutamento forçado de mais de civis, durante os meses da Operação Kikis, em 1981 (ver, adiante, a secção sobre o recrutamento forçado pelas ABRI/TNI para a realização de actividades militares). Era ainda prática militar corrente obrigar os civis a carregar as armas e as munições, a cozinhar, limpar e cuidar das necessidades pessoais da hierarquia militar. Os recrutas forçados, muitos deles ainda crianças, eram maltratados e sujeitos frequentemente a tratamentos cruéis, degradantes e desumanos. 18. Nos anos da ocupação e da resistência subsequente, as ABRI/TNI aplicaram regularmente punições colectivas à população civil, incluindo homicídios, violação e tortura de familiares de indivíduos suspeitos de apoiarem a Fretilin/Falintil, assim como de civis que pertenciam às comunidades de onde esses suspeitos eram oriundos. Esta prática regular contra os civis intensificava-se particularmente após operações militares das Falintil contra alvos das ABRI/TNI (ver Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados, Subcapítulo 7.4: Prisão, Tortura e Maus-Tratos). 19. As violações do direito da guerra cometidas pelos membros da Fretilin/Falintil incluíram a execução de prisioneiros e a morte de civis, particularmente daqueles que eram suspeitos de colaborarem com os militares indonésios. Os membros da Fretilin/Falintil torturaram e mataram membros das suas próprias forças que discordavam das políticas do Comité Central da Fretilin. Também incendiaram habitações de alegados colaboradores e saquearam os seus bens (ver Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados, Subcapítulo 7.3: Deslocação Forçada e Fome, Subcapítulo 7.4: Prisão, Tortura e Maus-Tratos). 20. As mulheres e as jovens timorenses presas ou forçadas a trabalhar para membros das ABRI/TNI, eram sistematicamente violadas e obrigadas a viver em condições de escravidão sexual, sendo inclusivamente passadas de um oficial para outro, uma vez terminada a comissão de serviço do primeiro (ver Subcapítulo 7.7: Violência Sexual).

4 21. Em finais da década de 1980 e princípios da década de 1990, à medida que a juventude urbana se envolvia de forma crescente na Resistência e que as manifestações públicas se tornavam uma nova característica da acção da Resistência, as ABRI/TNI intensificaram a perpetração de violações contra civis. O Massacre de Santa Cruz foi o mais célebre exemplo, quando os militares indonésios dispararam contra civis desarmados que se manifestavam pacificamente, causando um avultado número de mortos e de feridos graves (ver Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados). 22. Durante toda a década de 1990, as ABRI/TNI foram responsáveis pela prática contínua de detenção e tortura de civis, normalmente daqueles que eram suspeitos de algum envolvimento com a rede clandestina da Resistência. Estas práticas visavam especialmente os jovens que, durante este período, se envolveram cada vez mais na Resistência. Entre estas práticas contavase a morte e o desaparecimento dos detidos (ver Subcapítulo 7.4: Prisão, Tortura e Maus-Tratos, Capítulo 10: Acolhimento e Apoio à Vítima). 23. No final de 1998 e início de 1999, as ABRI/TNI formaram grupos de milícias armadas em todo o território. As ABRI/TNI puseram em prática um programa de recrutamento forçado sistemático de milhares de rapazes timorenses para integrarem estes grupos, para além daqueles que aderiram voluntariamente (ver Capítulo 3: História do Conflito, Capítulo 9: Reconciliação Comunitária). As forças de segurança indonésias e as milícias que actuavam como que em seu nome, foram responsáveis, depois da Consulta Popular, por uma vasta gama de violações do direito da guerra, incluindo homicídios, violação, tortura e a destruição em massa e intencional de bens de civis em todo o território (ver Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados, Subcapítulo 7.3: Deslocação Forçada e Fome, Subcapítulo 7.4: Prisão, Tortura e Maus-Tratos, Subcapítulo 7.7: Violência Sexual) Normas relevantes 24. As normas adoptadas pela Comissão em relação ao direito internacional que rege os conflitos armados são citadas em pormenor no Anexo do Capítulo 2: Mandato da Comissão. A maioria dos princípios jurídicos relevantes ao conflito em Timor-Leste decorre das Convenções de Genebra, ratificadas pela Indonésia e por Portugal, e do direito internacional consuetudinário. As normas fundamentais estão reflectidas em quatro princípios básicos: 4 1. A força só deve ser usada quando necessária para atingir um objectivo militar legítimo (princípio da necessidade militar) 2. Todas as acções devem ser levadas a cabo em conformidade com princípios de humanidade i 3. Os ataques devem ser lançados exclusivamente contra alvos militares e de forma a minimizar os danos causados a civis e a bens de carácter civil. Os ataques nunca devem visar intencionalmente civis nem bens de carácter civil (princípio da distinção) 4. Quando um ataque é susceptível de causar baixas civis colaterais, esse ataque só é permitido se os danos causados a civis e a bens de carácter civil não excederem a vantagem militar esperada (princípio da proporcionalidade). 25. Estas normas aplicavam-se às forças militares indonésias. Aplicavam-se igualmente às Falintil que podiam ser reconhecidas, à luz do direito humanitário internacional, como um movimento de resistência uma vez que satisfaziam de forma geral os requisitos necessários a tal reconhecimento: tinham uma estrutura de comando operacional; os seus membros distinguiamse normalmente dos civis e transportavam visivelmente as suas armas; e realizavam operações em conformidade com as leis e os costumes da guerra Mesmo nos casos em que a Comissão teve livre acesso a todas as provas factuais, nem sempre foi possível distinguir entre as situações em que os civis foram alvos directos e intencionais e i O exemplo mais famoso do princípio de humanidade está contido na Cláusula Martens, no Preâmbulo da Convenção IV da Haia Sobre Direito e Costumes da Guerra em Terra, de 1907.

5 outras circunstâncias em que civis foram mortos ou feridos em combate que não os visava deliberadamente. Em muitas das operações militares examinadas pela Comissão em todo o Relatório, a Comissão concluiu que os ataques foram indiscriminados no que se refere ao seu impacto sobre os civis ou desproporcionados no que toca à necessidade militar e que, por conseguinte, constituíram violações do direito da guerra. Em particular, as provas delineadas neste subcapítulo e analisadas em maior pormenor nos subcapítulos relevantes deste Relatório, demonstram que as ABRI/TNI ignoraram sistematicamente e violaram deliberadamente as suas obrigações de protecção dos civis timorenses em conformidade com as Convenções de Genebra de que a República da Indonésia era signatária Violações do direito da guerra pelas forças militares indonésias Ataques a civis e a propriedade civil 27. A legislação internacional relativa a conflitos armados estipula claramente que os ataques não podem ser dirigidos contra civis, bens de carácter civil ou cidades ou edifícios não defendidos. 6 É também proibido levar a cabo actos cujo principal objectivo seja espalhar o terror entre a população civil Os ataques não podem ser perpetrados com o recurso a meios de combate ou de forma a impossibilitar a distinção entre alvos militares e civis Os ataques de que se possa esperar venham a causar incidentalmente perda de vidas humanas na população civil ou danos nos bens de carácter civil, são unicamente permitidos quando não excessivos relativamente à vantagem militar concreta e directa esperada. 9 Os ataques devem ser levados a cabo de forma a minimizar as baixas civis e os danos a bens de carácter civil. 10 Sempre que possível, os civis devem ser alertados antecipadamente dos ataques que podem causar danos à população civil Esta secção debruça-se sobre as violações ao direito da guerra cometidas pelas ABRI/TNI nos primeiros anos do conflito. 31. A partir de Agosto de 1975, as ABRI/TNI desencadearam ataques transfronteiriços em Timor- Leste, que incluíram a morte de civis e destruição de bens de civis (ver Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados). A 15 e 16 de Outubro, as Forças Armadas indonésias intensificaram as operações contra Timor-Leste recorrendo a bombardeamentos aéreos e marítimos em larga escala. Estes ataques causaram baixas entre os civis e a destruição de bens civis. 32. A invasão em larga escala começou a 7 de Dezembro de 1975 e combinou ataques aéreos, terrestres e marítimos, primeiro sobre Díli e, depois, sobre Baucau. Estes ataques estenderamse, em seguida, aos distritos de Bobonaro, Ermera, Manufahi e Covalima. Causaram muitas mortes entre os civis, deslocações em massa da população e enorme destruição de propriedade, pública e privada. Durante estes ataques iniciais, civis desarmados foram alvos directos das forças das ABRI/TNI em execuções sumárias e verificou-se uma incapacidade generalizada de distinguir entre alvos civis e militares. 33. O uso de artilharia pesada, bazucas, granadas, morteiros e artilharia, tanto em cenários urbanos como rurais, resultou inevitavelmente num número avultado de baixas civis. É muitas vezes impossível esclarecer se tais ataques foram específicos ou aleatórios. A Comissão recolheu evidência significativa a partir de testemunhos recolhidos por todo o território, que aponta claramente para o recurso, por parte dos militares invasores indonésios, a uma política que envolvia a destruição e o saque sistemáticos de habitações, gado e culturas agrícolas, assim como a morte deliberada de civis. 12 José da Silva Amaral afirmou à Comissão que as ABRI/TNI destruíram deliberadamente fontes alimentares durante o ataque a Osso-Gori, Uaibubo (Ossu, Viqueque) em 1976:

6 Quando as ABRI atacaram Ossu, na estação seca de 1976, a minha mulher Ceverina, o meu filho Arlindo e eu estávamos em Basilau, Osso-Gori, no suco de Uaibubo. Fugimos para Monte Builo, Ossorua. As ABRI entraram em Ossu e continuaram a avançar. Construíram um posto perto da minha terra, em Loi-Lubu, Ossorua. Durante uma patrulha, queimaram a minha casa em Basilau. As ABRI abandonaram o posto, passado cerca de um mês. Quando descobri que as ABRI tinham partido, um cunhado meu, Patrício e eu voltámos lá para ver os meus coqueiros. Tinham sido todos destruídos. As ABRI cortaram todas as bananeiras para construírem um posto. Também cortaram os 300 coqueiros. Só deixaram intacta uma árvore Para além de serem alvos e de sofrerem ataques indiscriminados, os civis foram também severamente castigados pelas ABRI/TNI sempre que suspeitos de apoiarem as forças da Fretilin/Falintil. Estes castigos variavam de acordo com as circunstâncias e os indivíduos envolvidos. Lobato Amaral, um jovem soldado das Falintil, disse à Comissão que o seu irmão mais velho, Leonardo Freitas, e outros onze civis foram capturados e mortos pelas ABRI/TNI, em Bobonaro, por suspeita de terem fornecido comida a ele e a outros soldados das Falintil, em Qualquer suspeita de contacto com pessoas que fugissem para a floresta, fizessem ou não parte das forças da Fretilin/Falintil, podia resultar em retaliações por parte das ABRI/TNI. Em 1977, por exemplo, Frederico Gonçalves, de Atabae (Bobonaro), declarou que o seu gado foi confiscado por membros da milícia Halilintar, que suspeitavam que ele mantinha contactos com o irmão que se encontrava na floresta Durante a fase inicial da invasão, travaram-se combates duríssimos em muitas áreas, com as forças da Fretilin/Falintil a impedirem o avanço das forças indonésias. A Comissão recolheu diversos depoimentos sobre retaliações brutais das tropas indonésias contra civis, depois de capturarem determinado povoado. No suco de Leimea Kraik (Atsabe, Ermera), por exemplo, as ABRI/TNI queimaram deliberadamente as habitações com os seus proprietários no interior. 16 A resistência não violenta dos civis deparou também frequentemente com forças letais que contribuíram para disseminar o medo e o pânico quando dezenas de milhar fugiram para a montanha e para as florestas em busca de protecção e refúgio. A Comissão recolheu um grande número de relatos provenientes de todo o território que corroboram este facto e apontam para a vulnerabilidade dos civis timorenses face ao avanço dos militares indonésios, da invasão até ao final de Embora muitos tivessem procurado protecção e refúgio em áreas controladas pelas forças da Fretilin/Falintil, essa pausa foi apenas temporária enquanto as forças indonésias tentavam consolidar a ocupação. Agustinho Soares disse à Comissão: Eu tinha 17 anos quando fugimos para a floresta em Katrai Leten, no sopé do Monte Ramelau. Escondi-me lá com 10 membros da família. Milhares de habitantes dos sucos reuniram-se em Katrai Leten, vindos inclusivamente de Letefoho, Ermera, Ainaro, Aileu e Cailaco. Katrai Leten era a segunda maior base da Fretilin em Ermera, a seguir a Fatubesi, por isso ali estávamos seguros. As tropas da Fretilin protegiam-nos do inimigo e nós ficávamos na retaguarda e cultivávamos alimentos para podermos comer Em Katrai Leten, eram raras as mortes por fome ou por doença.

7 Mas, dois anos depois, em 1978, os militares indonésios atacaram a nossa base em Katrai Leten, e obrigaram-nos a sair de Katrai Leten e a ir para outros sítios. As tropas das ABRI vinham de Atsabe, Ainaro, Same e Bobonaro, e cercaram-nos completamente, isolando-nos na nossa base em Katrai Leten, antes de elas [ABRI] atacarem em simultâneo. As ABRI dispararam os seus morteiros, bazucas e canhões. Lá de cima, os aviões largaram bombas sobre nós. As bombas não nos queimaram, mas as granadas schrapnel mataram muita gente que não conseguiu encontrar um lugar bom para se esconder. Os ataques das ABRI destruíram a nossa base de resistência em Katrai Leten, a 18 de Maio de Por todo o território de Timor-Leste, comunidades inteiras foram forçadas a manter-se em deslocação constante. A Comissão recolheu testemunhos de um padrão semelhante de experiências que culminavam na morte, captura ou rendição de comunidades e de indivíduos em todo o território. A experiência da comunidade do suco de Muapitine (Lospalos, Lautém) ilustra bem este padrão. Quando as forças das ABRI/TNI desembarcaram na praia de Com, em Fevereiro de 1976 e começaram a disparar contra os civis, os residentes fugiram para as montanhas. Durante dois anos mantiveram-se juntos, deslocando-se de lugar para lugar. No decurso de 1977/1978, 155 habitantes de Muapitine morreram de fome, enquanto outros sete morreram durante um ataque das ABRI/TNI em Como aconteceu em muitas outras áreas, em finais de 1978, os restantes habitantes de Muapitine começaram a render-se às ABRI/TNI A Comissão recolheu testemunhos que mencionavam incidentes em que os comandantes das ABRI/TNI não protegeram deliberadamente os civis, nem estabeleceram a distinção entre civis e tropas armadas da Fretilin/Falintil. Um antigo soldado timorense das ABRI/TNI, baseado em Same em 1977, relatou à Comissão que, antes do início das operações em torno do Monte Kablaki, membros do Kodim (Comando Militar Distrital) e forças civis de defesa (Hansip) de Manufahi receberam instruções do comandante do Kodim para matar qualquer pessoa que encontrassem durante a operação, independentemente do facto de se tratar de civis ou de soldados da Fretilin/Falintil: Durante uma operação em Kablaki, em 1977, os soldados e as Hansip vieram de duas direcções, Ainaro e Same, e formaram um círculo completo para impedir as Falintil e os civis de se refugiarem na montanha. O ataque a Kablaki foi simultâneo e o comandante do Kodim disse-nos que, encontrássemos quem encontrássemos, civis ou Falintil, deveríamos agir sem compaixão, [deveríamos] disparar imediatamente ou, se necessário, prendê-los. Quando chegámos ao cume do Monte Kablaki, vimos um grupo de cinco ou seis pessoas e disparámos. Não sabíamos se eram civis ou das Falintil. [Algumas] fugiram e só conseguimos encontrar coisas abandonadas, tais como sacos de comida que tinham deixado para trás. Depois, continuámos a nossa operação, de volta a Same, via Rotuto O mesmo antigo soldado descreveu outro incidente, ocorrido durante as operações na área de Same, destinadas a encontrar tropas das Falintil e civis que continuavam escondidos na floresta e durante as quais uma idosa, que os soldados encontraram numa cabana de um suco abandonado, foi executada por um membro da Hansip As incursões e os ataques dos militares indonésios contra comunidades em territórios que não estavam sob o seu controlo, continuaram durante o ano de Como era de prever, os civis tiveram de continuar a sofrer as consequências destes ataques. Maria José da Costa descreveu

8 à Comissão a experiência vivida pela sua comunidade, numa área de dolok (zona pantanosa), no Sul do distrito de Manufahi: Em 1978, o inimigo cercou-nos no dolok e muita gente morreu de fome. Todas as reservas de alimentos foram queimadas. Cercaram-nos, atacando por mar com navios de guerra, pelo ar com aviões de guerra e por terra queimando a erva seca em redor e fazendo intervir o exército. Estávamos em Agosto, que é a estação seca. O exército provocou incêndios que atearam rapidamente, despejando gasolina sobre as ervas altas. Muitos morreram, porque não conseguiram fugir às chamas que nos rodeavam Os militares indonésios tinham previsto erradamente que a força militar esmagadora lhes garantiria a ocupação de Timor-Leste de uma forma relativamente expedita. Quando isto não aconteceu e as forças indonésias ficaram atoladas, havendo forças da Fretilin/Falintil que viviam com grandes massas de populações civis no interior do território, os militares indonésios lançaram uma ofensiva de grande escala contra as bases de resistência. Em 1978, estes ataques ficaram conhecidos como campanha de cerco e aniquilamento e causaram muitas mortes entre a população civil que se encontrava nas bases. O facto de tantos civis estarem a viver nestas bases, com as forças da Fretilin/Falintil, pode ter contribuído para a dificuldade de distinguir entre civis e combatentes. Contudo, os testemunhos apresentados à Comissão fornecem uma imagem clara de uma campanha militar das ABRI/TNI, na qual houve pouco respeito pelo princípio da protecção de civis ou pela necessidade de estabelecer a distinção entre civis e combatentes. Os ataques no território pareciam ter por base o pressuposto de que qualquer pessoa, combatente ou civil, a residir fora da área controlada pelos militares indonésios, era um alvo legítimo (ver Capítulo 3: História do Conflito; Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados; Subcapítulo 7.3: Deslocação Forçada e Fome). 43. A Comissão ouviu testemunhos semelhantes provenientes de diferentes partes do país que relatam a forma como indivíduos e comunidades inteiras tentaram desesperadamente fugir do avanço das tropas indonésias. Muitas destas pessoas andaram fugidas durante três e quatro anos, deslocando-se de localidade para localidade, vivendo em circunstâncias de enorme dificuldade que resultaram na perda gradual de vidas de indivíduos e até de famílias inteiras. 23 As comunidades dos sucos de Aiassa e de Malilait, no subdistrito de Bobonaro (Bobonaro) relataram à Comissão: Em Janeiro de 1976, os militares indonésios penetraram no subdistrito de Bobonaro. Os ataques contínuos por terra e por ar obrigaram os civis a fugirem para Lour. Os habitantes dos sucos não levaram muita comida. Ficámos em Holba, Anapal durante cerca de um ano a cultivar arroz e outros alimentos. Enquanto esperávamos pelas colheitas, comemos raízes. Na altura da colheita, as ABRI/TNI e os Partidários obrigaram as pessoas a deslocarem-se de Holba para Fatuleto e abandonarem as suas hortas e campos por colher. As pessoas permaneceram em Fatuleto durante um ano mas tiveram de continuar a deslocar-se primeiro para Molop, depois para Dikehili, onde muitos morreram em consequência dos ferimentos sofridos durante os ataques aéreos ou de doença e fome. Em 1978, mais uma vez as pessoas tiveram de fugir para Halik a seguir a ataques aéreos das 7 às 9 da manhã que causaram sete mortes e, [houve] mais mortes em consequência de fome, doenças e envenenamento por ingestão de legumes não comestíveis.

9 Em 1979, quando já não tínhamos para onde ir, os habitantes dos sucos, foram-se rendendo gradualmente ao Batalhão A Comissão recolheu 247 depoimentos só do distrito de Baucau a relatar 278 casos de ataques a civis e a alvos civis durante o período da operação Seroja, na década de Relatos semelhantes foram apresentados em relação a Aileu, registando a morte de 97 civis e a destruição de alvos civis, durante as operações das ABRI/TNI. 45. Houve também civis que morreram de fome, depois de o seu gado e as reservas de alimentos terem sido destruídos ou roubados, ou por terem fugido com poucos ou nenhuns meios de subsistência. Durante este mesmo período, a crescente pressão exercida sobre as condições de vida nas zonas libertadas, decorrente das operações das ABRI/TNI, causou grandes dificuldades e perda de vidas entre a população civil que se encontrava naquelas zonas. No início, a circulação no interior destas zonas era limitada mas, mais tarde, os civis foram obrigados a estar constantemente em deslocação para tentarem escapar aos ataques das ABRI/TNI, razão pela qual não lhes era possível cultivar alimentos e colhê-los (ver Subcapítulo 7.3: Deslocação Forçada e Fome). 46. Para a Fretilin/Falintil, a precariedade da sua situação era uma preocupação de extrema importância. A restrição das movimentações dos civis foi uma consequência directa da necessidade de garantir e manter o controlo geofísico da área. Tais imposições não foram aplicadas exclusivamente por quadros políticos e militares da Fretilin/Falintil. Determinados a sobreviverem, os civis impuseram frequentemente a si próprios medidas duras ou mesmo brutais. Não serem descobertos na floresta, por exemplo, implicava muitas vezes opções de vida ou de morte. Adriano João era adjunto político da Fretilin na Zona de Cailaco e descreveu à Comissão as medidas desesperadas, tomadas pelos civis, para conseguirem sobreviver durante este período: [Em Purugua] vi um pai abafar o filho de quatro anos até matá-lo porque a criança não parava de chorar. Depois, houve um consenso entre os habitantes dos sucos: quem revelasse a posição às ABRI seria eliminado, mesmo que se tratasse de uma criança. Quase tivemos de nos desfazer do nosso bebé de 18 meses por ele não parar de chorar Quando os militares indonésios localizavam uma concentração de guerrilheiros ou de civis numa determinada área, a prática usual era bombardear o local com artilharia pesada. Estes ataques eram frequentemente indiscriminados e letais. Em 1978, por exemplo, bombardeamentos aéreos e navais causaram cem mortes entre a população do suco de Aidantuik (Suai, Covalima) que se tinha refugiado em Beco (Suai, Covalima) A base da Fretilin/Falintil no Monte Matebian (distritos de Baucau e Viqueque), no Leste, tornouse num dos últimos centros de resistência, em 1978, quando as ABRI/TNI invadiram esta base de apoio da Fretilin/Falintil. No seguimento da invasão, no início de 1976, as forças da Fretilin/Falintil evacuaram muitos civis dos distritos Leste, de Baucau, Viqueque e Lautém, levando-os para a montanha. Nos primeiros anos após a invasão, muitos civis timorenses fugiram dos ataques dos militares indonésios, dirigindo-se para a montanha. Em 1978, esta tinha-se tornado um dos últimos principais lugares de refúgio. Conforme os militares iam invadindo outras bases, as forças da Fretilin/Falintil e os civis retiravam-se para a base de Matebian. Em resposta, entre Agosto e Outubro daquele ano, os militares indonésios lançaram ataques devastadores por terra, ar e mar contra as pessoas que se encontravam na montanha. Armindo da Silva, que procurou refúgio na montanha naquela altura, disse à Comissão:

10 Quando a minha família e eu nos encontrávamos em Matahoi em Uatu-Lari [Viqueque], ouvi dizer que as ABRI/TNI estavam prestes a atacar Osso Lero no sopé de Matebian, em Baguia. Muitos civis de Ossu morreram durante os bombardeamentos aéreos e ataques indiscriminados de morteiro das ABRI a partir de Quelicai [Baucau]...O meu primo Januário da Silva, de 20 anos, a minha mãe Paeloi e o Liurai de Uaibubo foram atingidos pelas bombas e morreram O refúgio da montanha foi cercado pelas ABRI/TNI e estas lançaram uma campanha sistemática para obterem a rendição de todos os que se encontravam na montanha. Muitas das comunidades com que a Comissão dialogou relataram a morte e destruição que acompanharam o assalto das ABRI/TNI. 28 A Comissão foi informada de que vários milhares de pessoas tinham sido mortas ou feridas antes de os comandantes da Fretilin/Falintil darem autorização, em 22 de Novembro de 1978, para que as pessoas se rendessem (ver Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados; Subcapítulo 7.3: Deslocação Forçada e Fome). As bombas vinham do céu, da costa e de terra A comunidade do suco de Defawasi, no subdistrito de Baguia, na região montanhosa de Matebian, em Baucau, relatou à Comissão a sua experiência aquando do assalto final das forças indonésias à montanha, no final de 1978: 1978 foi o ano em que o exército, a marinha e as unidades aerotransportadas (Paskhas) e as Unidades Móveis da Polícia (Brimob) atacaram, montando o cerco a Matebian. Formaram em anel em torno da montanha. Os habitantes dos sucos de Defawasi, Viqueque, Baucau e Lospalos ficaram no interior do anel. Esta barreira foi apertando diariamente, encurralando cada vez mais civis no Monte Matebian. Os militares indonésios aproveitaram esta oportunidade para atacar as pessoas, usando fogo de terra. Atacaram com canhões, bazucas, morteiros e rockets assim como procederam a bombardeamentos aéreos e navais. Estes ataques incessantes destruíram as fontes de água e impediram qualquer tentativa de preparar alimentos. Criaram uma situação caótica. Muita gente morreu devido aos bombardeamentos ou de fome ou perdida na montanha. Os civis morreram, também, em consequência dos ferimentos causados pelas armas automáticas e pelos bombardeamentos. Cerca de cem pessoas de todas as idades, homens ou mulheres do nosso suco de Defawasi, morreram em Matebian. Entre 2 de Outubro e 28 de Novembro de 1978, os habitantes de Defawasi regressaram à cidade de Baguia, vindos da montanha A escalada dos ataques das ABRI/TNI, ao longo de 1978, levou ao agravamento da situação dos civis no interior, o que, por sua vez, resultou na rendição de um maior número de civis às ABRI/TNI. Outros permaneceram em fuga constante até serem capturados ou forçados a renderse. 30 A rendição final, de civis em massa ocorreu-se após a queda da base de Matebian, em Novembro de 1978, depois de a Fretilin/Falintil terem autorizado a rendição dos civis (ver Capítulo 3: História do Conflito e Subcapítulo 7.3: Deslocação Forçada e Fome). 51. A situação após captura ou rendição era extremamente penosa. Os militares indonésios separavam as pessoas que identificavam como Fretilin/Falintil, muitas das quais foram executadas ou desapareceram (ver Capítulo 3: História do Conflito e Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados). Os restantes civis foram, inicialmente, reunidos em campos de trânsito e, posteriormente, em centros de detenção. Mais tarde, foram reinstalados em áreas sob controlo das ABRI/TNI. A alimentação e o acesso a medicamentos não eram suficientes para este elevado número de civis que se encontrava, efectivamente, detido o que resultou na morte de milhares de pessoas de fome e de doenças naqueles que foram, eventualmente, os anos mais trágicos da História de Timor-Leste. O Subcapítulo 7.3: Deslocação Forçada e Fome, incide sobre estes acontecimentos trágicos e as violações dos direitos humanos então cometidas. Diversas comunidades de todo o território relataram à Comissão a experiência

11 que viveram durante este período. Por exemplo, as comunidades de Lequidoe (Aileu), Remexio (Aileu) e Metinaro (Díli) falaram do elevado número de civis mortos de fome e de doença nos campos, após a rendição às forças indonésias Embora os ataques a civis e a alvos civis tivessem diminuído significativamente após a fase mais intensa da Operação Seroja, em 1979, os civis continuaram a ser marcados como alvos e a sofrer consequências adversas devido à táctica continuada de contra guerrilha adoptada pelas ABRI/TNI durante toda a ocupação indonésia de Timor-Leste. 53. A Comissão recolheu vários relatos sobre execuções levadas a cabo pelas ABRI/TNI durante a Operação Kikis, em 1981, quer de civis que se renderam quer de outras pessoas que foram forçadas a participarem na operação. A comunidade do suco de Orlalan Batara (Laclubar, Manatuto) descreveu a experiência vivida ao ser forçada a participar na operação: Depois de das ordens de Manatuto e de Díli para preparar os civis para se juntarem à Operação Kikis, o comandante do Koramil de Laclubar ordenou aos chefes de seis sucos que seleccionassem civis fortes para participarem na operação, excluindo apenas as crianças e os velhos. Todas as escolas foram fechadas. Os civis foram autorizados a levar apenas facas, lanças, flechas, tambores de bambu. Todos tinham de atar uma fita preta na cabeça que os identificava e todos tinham de transportar as suas próprias rações de alimentos. Cada suco tinha um chefe. Os civis foram forçados a caminhar a partir das seis da manhã para irem em busca das Falintil e de civis que ainda se encontrassem a viver na floresta. Quando os encontrassem tinham de os matar para que a guerra pudesse terminar rapidamente. Em Fatuhada [Laclubar, Manatuto], deu-se um recontro armado entre o Batalhão 744 e as Falintil, que custou às Falintil a vida de quinze membros e de 50 civis que se renderam ao Batalhão 744. Uma mulher grávida foi apunhalada na barriga, tendo o bebé morrido instantaneamente. Depois, os cadáveres foram esquartejados e enterrados. Durante a operação, os soldados do Batalhão 744 que suspeitavam que os habitantes de Laclubar trabalhavam com a Fretilin, ordenaram a esses habitantes que queimassem todas as plantações, a fim de evitar que a Fretilin se servisse delas, tentando deste modo pressioná-la para que se rendesse rapidamente. Estas ordens eram acompanhadas por uma ameaça de execução daqueles que se recusassem a cumpri-las. Durante os 40 dias da incursão, um dos habitantes do suco de Laclubar morreu de uma doença que não foi tratada e outro foi abatido por um soldado das ABRI em Aitana. O soldado justificou-se, alegando que tinha confundido esta pessoa com outra. Depois, as pessoas regressaram aos seus sucos em Laclubar Albino da Costa, antigo soldado das Falintil, relatou à Comissão: Vi, com os meus próprios olhos como os militares indonésios do Batalhão 744 matavam civis. Capturavam os que estavam desarmados, atavam-nos e esfaqueavam-nos até à morte. Capturaram uma mulher grávida e mataram-na, assim, sem mais nem menos. Vi-o de perto, a uns meros cem metros do local onde isto se passou. 33

12 55. Quando os militares chegaram à área de Lacluta (Viqueque), em Setembro de 1981, houve um massacre em que, segundo vários relatos, foram mortas centenas de pessoas. Ao mesmo tempo que a Indonésia proclamava a vitória militar nesta área citando a captura de 450 membros da Fretilin e de 150 armas, monsenhor D. Martinho da Costa Lopes, na altura Administrador Católico Apostólico de Timor-Leste, declarou que tinham sido mortas 500 pessoas (ver Capítulo 3: História do Conflito e Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados). As autoridades indonésias admitiram 70 mortos. 34 Outras fontes referem que o número de baixas situa-se na ordem das centenas. 35 Embora não exista um relato rigoroso sobre este acontecimento, nomeadamente na distinção pormenorizada sobre o estatuto de combatente ou de civil das pessoas que foram mortas, a maioria das fontes descreve este acontecimento como um massacre brutal de civis (ver Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados). 56. O levantamento de membros timorenses da Hansip e da Ratih em 1983, contra os militares indonésios em Kraras (Lacluta, Viqueque) é um dos casos mais flagrantes de retaliação das ABRI/TNI contra a população civil (ver Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados). O levantamento foi coordenado em ligação estreita com as Falintil. Depois de terem morto doze membros do Batalhão de Engenharia Zipur 4, os membros da Hansip e da Ratih desertaram para as Falintil, com as suas armas. A população civil ficou vulnerável. Muitas pessoas fugiram para a floresta e para as montanhas próximas, receando retaliações. Os militares indonésios levaram a cabo um acto terrível de castigo colectivo contra esta população civil que não estivera envolvida nos ataques às forças indonésias. 57. Seguiram-se uma série de massacres da população civil naquela área. A 7 de Setembro, os soldados das ABRI/TNI entraram no suco de Kraras e mataram quatro ou cinco civis, incluindo uma idosa. Depois queimaram a maioria das habitações do suco. Os corpos de várias das pessoas mortas foram deixados nas habitações a arder. 36 Nas semanas que se seguiram, os soldados indonésios patrulharam as montanhas próximas a fim de obrigar aqueles que tinham fugido a regressarem aos sucos de Kraras e Buikaren, e a Viqueque. A Comissão recolheu relatos sobre várias pessoas que foram executadas durante estas operações, incluindo um rapaz de quinze anos, em 12 de Setembro, ou em data próxima, e três outras pessoas a 15 de Setembro. 37 Durante este período, inúmeras pessoas foram também detidas e torturadas, várias delas em Olobai, base do Batalhão de Infantaria Sobreviventes relataram à Comissão que, na manhã de 16 de Setembro, soldados indonésios e da Hansip levaram um grande número de civis, incluindo mulheres e crianças, para o suco de Caraubalu. Estas pessoas foram levadas para um lugar chamado Welamo, onde as mandaram entrar para um buraco causado por um desabamento de terras e foram executadas pelos soldados e pelos membros da Hansip. 38 A Comissão compilou uma lista com o nome de 54 vítimas executadas em Caraubalu. ii 59. Em 17 de Setembro, os soldados indonésios acercaram-se de um grande grupo de civis de Kraras que tinham fugido para o suco vizinho de Buikarin. O suco foi cercado e os civis de Kraras foram detidos. Separaram os homens das mulheres e foram informados que teriam de ir a pé até Kraras, sob escolta militar, para irem buscar comida. De acordo com os testemunhos recolhidos pela Comissão, seis a oito soldados indonésios e dois membros timorenses da Hansip escoltaram dúzias de homens até à ribeira de Wetuku, numa zona conhecida por Tahubein. Foram então fuzilados. Só se sabe de quatro pessoas que sobreviveram ao massacre. Há relatos divergentes quanto ao número de vítimas mortas em Tahubein, que variam de um mínimo de 26 até um máximo de 181. iii A Comissão recolheu o nome de 141 vítimas, todas do sexo masculino. iv ii Esta lista está incluída na totalidade no Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados. iii Entrevistas da CAVR a António Soares, (sem data) que citou 79 mortos; Miguel Viana, Viqueque, 17 de Julho de 2003, que citou 181 mortos; Silvino das Dores Soares, Viqueque, 10 de Março de 2004, que mencionou 143; Manuel de Jesus Pinto, Buikarin, Viqueque, 20 de Março de 2004, que diz ter contado 82 cadáveres. iv A lista das vítimas deste massacre está também incluída na totalidade no Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados.

13 Violações económicas e de bens danos colaterais ou estratégia deliberada? 60. Em termos do direito da guerra, os bens de civis estão protegidos dos ataques v. Os danos colaterais infligidos a bens de civis só são permitidos se não forem excessivos em relação a um benefício militar concreto previsível vi. Acresce que um ataque militar não pode resultar no forçar a população a ser transferida ou deslocada. 61. A informação recolhida pela Comissão indica que a destruição e o roubo de bens foram objectivo militar central em si mesmo e não um mero efeito colateral dos ataques. A Comissão recolheu depoimentos sobre de incêndio e de destruição de habitações, destruição de gado e de plantações, roubo e saque de propriedades. Embora parte substancial desta destruição resultasse dos ataques indiscriminados, existem inúmeros testemunhos corroborativos de que os civis suspeitos de serem pró-independência eram deliberadamente marcados como alvos das ABRI/TNI nas violações relativas a direitos económicos, em diferentes períodos do conflito, o que aconteceu desde os primeiros dias da invasão até à destruição ocorrida após o acto de votação de Setembro de A análise dos depoimentos prestados à Comissão indicam que as violações dos direitos económicos e dos bens de civis foram acompanhadas invariavelmente de outras violações directas cometidas contra civis, tais como prisão, detenção, tortura ou morte. 63. A violação dos direitos económicos e de propriedade faziam parte integrante da política militar indonésia durante este período. Eram utilizadas por variadíssimas razões, entre as quais se contavam o castigo, a destruição de recursos e a instituição de um sistema que compensava materialmente os seus colaboradores com os bens dos opositores políticos, confiscados forçosamente para o efeito. 64. A natureza e a extensão da destruição dos bens de civis, durante e após a invasão, revela uma semelhança flagrante com os acontecimentos de Setembro de 1999, quando o TNI e os seus agentes, as milícias, executaram a política de terra queimada e incendiaram e destruíram cerca de sessenta mil habitações e a maioria das infra-estruturas do governo, no espaço de umas breves semanas / A Comissão reuniu provas de roubos deliberados e de destruição de propriedade pelas forças indonésias desde o início da invasão. Rui Emiliano Teixeira Lopes, antigo membro da UDT que aderiu às forças de Partidários timorenses que apoiaram as ABRI/TNI no auge da invasão, descreveu os saques praticados pelos soldados indonésios: Na manhã de 7 de Dezembro de 1975, a Kopassus [na altura conhecido por RPKAD], Comandos, Kujang, Kostrad e Fuzileiros desembarcaram em Díli. Nós ficámos no navio. Vimos o fogo a alastrar e ouvimos tiros mas não desembarcámos porque eles não precisavam de nós. Quando nos dirigíamos para Baucau vimos apenas que as ABRI pegavam nos carros e na bagagem das pessoas e os carregavam a bordo do navio. Não gostámos nada do que vimos. Aquilo era uma guerra ou um roubo? Este tipo de roubos não ocorreu apenas em Díli [e Baucau], mas também em Balibó e no Hospital de Maliana. 40 v Artigo 52º, Protocolo I Adicional às Convenções de Genebra que, reconhecidamente, reflecte o direito consuetudinário [ver J. Henckaerts e L. Doswald-Beck, IRC s Customary International Law, Vol. I, Rules (2005), pp. 25 e 26]. vi J. Henckaerts e L.Doswald-Beck,, IRC s Customary International Law, Vol. I, Rules (2005), p. 46.

14 66. Os Partidários foram acusados de destruição e saque generalizados em Baucau. 41 Há relatos semelhantes sobre este mesmo período recolhidos nos distritos de Liquiça, 42 Ermera, 43 Viqueque, 44 Lautém 45 e Bobonaro No seguimento da invasão inicial, as forças indonésias tentaram consolidar e expandir o controlo do território. A Comissão recolheu relatos de roubos e destruição de propriedade em todo Timor Leste durante o avanço das ABRI/TNI, nos seus Seminários de Perfil Comunitário, incluindo das comunidades dos distritos de Bobonaro (Atabae e Lolotoe), de Aileu, de Baucau (Baguia, Quelicai, Venilale, Vemasse), de Viqueque (Lacluta, Ossu, Quelicai, Uatu-Carbau, Vemasse) e de Manatuto (Uaimori). Depois da tomada de uma nova localidade, as forças das ABRI/TNI confiscavam ou destruíam rotineiramente os bens deixando os respectivos proprietários e residentes, literalmente sem bens e abrigo. As quintas e outras propriedades eram incendiadas, as plantações por colher eram destruídas e grandes rebanhos de gado eram exterminados. Nalguns locais, a uma lulik (casa sagrada de um clã) era destruída com tudo o que continha. 47 Esta destruição gratuita indicia a intenção deliberada de minar a cultura e a identidade timorenses. 68. Em muitas áreas, os civis já tinham fugido para as colinas e para as florestas vizinhas antes da chegada das forças indonésias. Dado que as suas propriedades tinham ficado indefesas, as ABRI/TNI tinham de facto carta-branca para destruírem ou roubarem tudo o que desejassem. 69. Estas práticas prolongaram-se implacavelmente durante os primeiros anos da ocupação. Os militares indonésios admitiram abertamente este comportamento como a norma da prática militar: A Operação Pamungkas V, a 6 e 7 de Março de 1978, cujo objectivo era libertar as pessoas que se encontravam no SAS MAUBU [que estavam] presas por GPK [ie, Falintil], [foi dirigida] com os efectivos de duas Ki [companhias] juntamente com a Hansip e Danpur-12. Daí resultou: a rendição de três pessoas, o incêndio de oito casas e a destruição de 2,5 hectares de searas As ABRI/TNI foram auxiliadas nas suas acções ofensivas por diversas forças coadjuvantes, incluindo os Partidários e, mais tarde, estruturas da defesa civil como a Hansip e grupos de milícias como a Halilintar, no distrito de Bobonaro. A Comissão recolheu um grande número de relatos a respeito do envolvimento destas forças substitutas ou coadjuvantes em roubos de bens, quer coligadas com as ABRI/TNI, quer agindo independentemente. 71. A Comissão recolheu inúmeros relatos sobre o roubo de gado e de colheitas. Para além disto, bens de valor, incluindo objectos de importância cultural e económica, nomeadamente tais (tecidos), contas e moedas de prata foram, também, roubados. Domingos da Costa da Silva, de Fatuberliu, Manufahi, falou à Comissão do roubo de um grande número de objectos tradicionais de valor: Em 1976 corremos para a floresta e escondemo-nos até 1978 num lugar chamado Orboa, na aldeia de Orlara. Uma vez, apareceu um grupo de membros da Hansip com o seu líder, L1. Capturaram o meu irmão, João da Costa, bateram-lhe e arrastaram-no como a um animal. Levaram também todos os nossos pertences, incluindo 15 mortens, 76 belaks, 7 caibauks, 15 fucadors, 30 osan manu liras, 25 colares, 10 sasakis, 2 loku liman, 10 buti liman, 4 pentes de ouro e 2 murak bulu ayams vii. Estas coisas foram-nos tiradas pelos perpetradores, que só nos deixaram as feridas. 49 vii Morten: colar feito de contas de pedra cor de laranja; belak peitoral circular em prata, de pendurar ao pescoço com um fio de algodão grosso; caibauks: adereço para a cabeça no formato de cornos em ouro ou prata, com um fio de algodão grosso; fucadors: pulseira pesada em corrente de prata ou ouro; osan manu liras: grandes moedas portuguesas antigas em prata; sasakis: loku liman: braçadeira de ouro ou prata; buti liman: pulseira fina de prata; murak bulu ayam: toucado de penas

15 72. Os inúmeros relatos apresentados à Comissão a respeito dos constantes saques e roubos perpetrados pelas tropas indonésias indiciam que estes actos devem ter sido do conhecimento do topo da hierarquia militar e apoiados por esta. É evidente que a utilização de alimentos provenientes dos roubos contribuiu para resolver os problemas de abastecimentos essenciais às tropas indonésias. Os animais disponíveis também permitiram gerar rendimentos adicionais a membros das ABRI/TNI. Os militares indonésios serviam-se dos bens de civis timorenses como elemento essencial de apoio às operações militares. João Pinto Dias disse à Comissão: Em 1976, eu tinha doze cavalos. O Comandante do Kombet, L2, [timorense] e os seus homens levaram os meus cavalos. Alguns foram mortos a tiro, outros comidos e outros ainda vendidos. Eu tinha mais de quarenta búfalos, mas os Comandantes L2 e L3 [timorenses] e os seus homens mataram alguns e levaram o resto para ser vendido em Batugadé, a pessoas de Atambua À execução de civis seguia-se com frequência a destruição de bens. António Soares contou à Comissão o assassinato do seu tio, o incêndio da sua casa e o roubo dos seus bens por membros da Hansip, no suco de Esa-isi, Ossu (Ossu, Viqueque): Os Hansip, comandados por L18 com dois dos seus membros, L4 e L5, patrulharam Esa-isi. Viram o tio Cristovão e mataram-no [a tiro]. Depois incendiaram a nossa casa e levaram o nosso gado, 40 búfalos, 31 cavalos e 58 cabras, bem como de 5 celeiros de arroz Jacinto Olo Mau disse que, em 1975, os membros das ABRI/TNI do Batalhão 501 atacaram Lahomea (Maliana, Bobonaro) e mataram-lhe os pais, Bere Soro e Bui Bere. Depois da morte dos pais e com a casa vazia, soldados do Batalhão 501 aproveitaram para pilhar os bens das vítimas e, em seguida, incendiaram a casa com os cadáveres das vítimas no interior. Jacinto Olo Mau disse à Comissão: Depois da morte dos meus pais e de não estar mais ninguém em casa, os perpetradores aproveitaram a oportunidade para a assaltar, e levaram tudo o que pertencia às vítimas, incendiando em seguida a casa com os corpos das vítimas ainda lá dentro O roubo do gado e a destruição das colheitas teve consequências directas, havendo gente em muitas partes do território a sofrer de enorme escassez de mantimentos que resultou em fome endémica e em surtos de fome extrema. Foram recolhidos relatos a respeito de fome endémica e de surtos de fome extrema resultantes da destruição levada a cabo pelas ABRI/TNI em várias localidades, incluindo Cailaco e Lolotoe (Bobonaro) e Zumalai (Covalima). Alfredo Moniz Soares disse à Comissão: 1978/1979 Em 1977, quando as ABRI atacaram, não houve hipótese de procurar alimentos. Muitos membros da minha família morreram de fome e por falta de medicamentos. Além disso, os perpetradores [ABRI] também incendiaram as nossas casas e apoderaram-se dos nossos animais Quando, em 1977/1978 os civis desceram das montanhas em grande número e se renderam aos militares indonésios, regra geral não foram autorizados a regressar de imediato às suas áreas de residência. Começaram por ser retidos em campos de trânsito; muitos continuaram, durante longos anos, cativos em centros de detenção ou sucos de reinstalação controlados pelas ABRI/TNI (ver Subcapítulo 7.3: Deslocação Forçada e Fome). Quando conseguiram voltar aos

16 seus lugares de origem, muitos encontraram as suas casas e os seus sucos saqueados e queimados. As bases da Fretilin/Falintil foram destruídas e o modelo de Resistência armada foi alterado radicalmente, contudo, a guerra terminara e continuava a ter um impacto brutal em todos os aspectos da vida civil. No interior, a população civil já não vivia com a Resistência armada mas, durante aquele período, ficou sob o rigoroso controlo dos militares indonésios, cujo objectivo era assegurar que a população civil não contactava nem apoiava os guerrilheiros da Resistência. A vigilância, a recolha de informação e o controlo rigoroso das movimentações dos civis eram a realidade do dia-a-dia para a maior parte dos civis nestes campos controlados pelas ABRI/TNI. As ABRI/TNI continuaram a destruir as colheitas e a roubar bens como forma de castigo e intimidação e por oportunismo económico. Muitas das pessoas que se encontravam nestes campos foram alvo de espancamentos e de outras agressões físicas praticadas pelas Forças Armadas indonésias Alguém com um passado conhecido de ligação à Fretilin, era invariavelmente alvo preferencial dos militares indonésios. Os timorenses que se aliaram às forças de ocupação também se aproveitaram da situação. José António disse à Comissão que, em 1979, antigos membros da UDT se apoderaram das suas terras, em Beikala, (Hatu Udo, Ainaro) por causa dos seus antecedentes como membro da Fretilin. 55 Outro depoente contou à Comissão que, em Março de 1979, foi preso pelas ABRI/TNI e torturado por causa da actividade com a Fretilin e, depois, forçado a entregar a sua plantação de café. 56 Outros continuaram a ser marcados como alvos devido a suspeita de ligação com os guerrilheiros da Resistência que permaneciam na floresta. 78. Foram recolhidos relatos sobre roubo e confiscação de bens pelas Forças Armadas indonésias, a pessoas que se renderam dos distritos de Bobonaro, Baucau (subdistritos de Laga, Vemasse, 59 Quelicai 60 e Baguia 61 ), Manufahi, 62 Manatuto, 63 Covalima, 64 Ermera, 65 Viqueque 66 e Oecusse. 67 Em certos casos, estes actos eram acompanhados por espancamento e tortura Em Lautém, o renovado esforço das ABRI/TNI em 1979 para localizar as forças da Fretilin/Falintil resultou em mais mortes de civis. 69 Maria Alves rendeu-se aos militares indonésios em 1979, na cidade velha de Fatuberliu (Fatuberliu, Manufahi). Contou à Comissão a destruição dos seus bens: A década de 1980 Recebi ordens dos membros das ABRI e da Hansip, L6 e L19, para construir uma casa e fazer um arrozal. Depois de ter feito a casa e o arrozal, o administrador do subdistrito, L7 [timorense] e as ABRI mandaram-me voltar para Sukaer Laletek. Depois, as minhas plantações de papaia e mandioca foram destruídas. Também destruíram a casa que eu tinha construído Em finais de 1979, eram poucas as localidades e distritos que ainda permaneciam sob controlo da Fretilin/Falintil. No início da década de 1980, enquanto alguns civis continuavam em campos de reinstalação sob controlo directo de militares indonésios, grande parte da população civil tinha regressado às suas casas. Neste período, as ABRI/TNI asseguravam já uma cobertura do território que lhes permitia terem postos militares em sucos por todo o território. Os civis viviam rigorosamente controlados pelas ABRI/TNI e pelos seus auxiliares timorenses, como a Hansip, e os Babinsa (ver Capítulo 4: Regime de Ocupação). 81. O número de relatos recolhidos pela Comissão relativos a infracções económicas neste período foi bastante inferior ao dos quatro anos anteriores. Entre 1980 e 1989, as operações das ABRI/TNI centraram-se na destruição das forças remanescentes da Fretilin/Falintil e concentraram-se frequentemente em áreas específicas do território, com vista a alcançarem este objectivo.

17 82. Em meados de 1981, os militares indonésios lançaram a Operação Kikis viii, como referido na secção acima sobre os ataques dos militares indonésios contra os civis e objectos de carácter civil. A Comissão recolheu relatos segundo os quais as ABRI/TNI e membros da Hansip continuaram a incendiar habitações, a roubar animais e bens e a destruir searas e outras fontes de alimentos durante estas operações. 71 Por exemplo, a Comissão recebeu 43 relatos sobre o incêndio de habitações de civis, pelas ABRI/TNI e membros da Hansip, no suco de Mauchiga (Hatu Builico, Ainaro) entre 20 e 24 de Agosto de À medida que a Indonésia ia consolidando o controlo do território, começou a centrar a sua acção e atenção em localidades, comunidades e indivíduos específicos, supostamente ligados à Resistência. As tentativas dos militares indonésios para pôr cobro as actividades clandestinas de apoio à Resistência tiveram como resultado intimidação e repressão generalizadas. Detenções, espancamento e torturas continuaram a par dos roubos e da destruição de bens em todo o território Para conseguir controlar as populações civis que tinham regressado às suas áreas de residência, as ABRI/TNI apoiaram-se fortemente nos seus grupos auxiliares como a Hansip e os Babinsa. Foi exercida uma dura repressão sobre as comunidades civis e, por vezes, houve tensões entre os membros das ABRI/TNI e os seus grupos auxiliares timorenses. No início da década de 1980 houve várias rebeliões internas entre estas forças de apoio, que resultaram em acções de retaliação violenta das ABRI/TNI contra a população civil. Em Agosto de 1983, após a deserção em massa de membros da defesa civil Hansip e da Ratih das ABRI/TNI em Tutuala (Lautém), os militares indonésios retaliaram matando um elevado número de cabeças de gado que pertenciam às famílias dos desertores. 85. O castigo colectivo imposto pelas ABRI/TNI à população civil de Kraras (Lacluta, Viqueque) em Setembro de 1983, referido na secção anterior sobre os ataques dos militares indonésios aos civis e bens de carácter civil, também incluíam actos de destruição de bens. Em retaliação pela revolta dos timorenses da Hansip e da Ratih, os militares indonésios queimaram habitações e mataram gado. O impacto social e económico destes actos e o massacre em larga escala dos homens do suco continuam, até hoje, a pesar negativamente sobre esta comunidade. 86. Durante a década de 1980, os objectivos das operações dos militares indonésios realizadas em todo o território visavam quebrar a rede clandestina constituída pelas Falintil com os seus apoiantes civis. Com a ajuda de membros das milícias, as ABRI/TNI forçaram civis a participar na Operação Curlog, ix que visava destruir as reservas alimentares para matar à fome as forças das Falintil. 73 Os civis tornaram-se alvos, as suas habitações foram incendiadas e os seus pertences foram-lhes arrancados. 74 Além disso, as ABRI/TNI também confiscaram as reservas alimentares da população (ver Subcapítulo 7.3: Deslocação Forçada e Fome). 75 A década de No decurso da década de 1990, embora as ABRI/TNI tivessem conservado uma presença significativa em todo Timor-Leste, deixaram, por norma, de se envolver em operações militares em grande escala. A estratégia da Resistência transitara de conflito armado directo com as viii Em Timor-Leste ficou conhecida como Operasi Kikis. Esta era a abreviatura de uma táctica militar conhecida como Operasi Saber Kikis Baratayudha (do nome de uma guerra mítica no mundo das marionetes de sombra javanesas), também conhecida como Operação Cerco de Pernas. Era uma técnica que recorria a dezenas de milhar de civis como um escudo humano, que avançava à frente das forças das ABRI/TNI, num enorme esforço coordenado que se destinava a arrasar as forças da Fretilin/Falintil. Esta técnica foi usada pela primeira vez durante a insurreição de Darum Islam, nos anos 50. Ver, por exemplo, Ken Conboy, KOPASSUS, Inside Indonesia's Special Forces, Equinox Publishing (Asia), Jakarta, 2003, pp Ver também Capítulo 3: História do Conflito e Subcapítulo 7.3: Deslocação Forçada e Fome. ix Curlog ( Hancur Logistik ) significava, literalmente, Destruição da Logística. Destinava-se a destruir todos os tipos de produções agrícolas que pudessem ser usadas pelas Falintil. Esta destruição privava de comida tanto as Falintil como os civis (ver Capítulo 3: História do Conflito; Subcapítulo 7.3: Deslocação Forçada e Fome).

18 ABRI/TNI para uma estratégia de diplomacia internacional e de resistência urbana baseada essencialmente no crescente movimento de juventude. Os principais alvos das operações das ABRI/TNI eram os civis suspeitos de envolvimento em actividades clandestinas de apoio à Resistência. Estas operações tiveram o apoio frequente da Hansip e de outras organizações paramilitares timorenses criadas por esta altura (ver Capítulo 3: História do Conflito; Capítulo 4: Regime de Ocupação). Também durante este período, a Brimob, polícia indonésia anti-motim, desempenhou um papel muito activo na repressão da dissidência. 88. Esta estratégia das ABRI/TNI envolveu, invariavelmente, ataques violentos a civis. Tal como acontecera relativamente às décadas de 1970 e de 1980, a Comissão recolheu inúmeros relatos sobre a destruição de habitações e de outros bens, assim como sobre roubos e extorsões sob ameaça de violência. Relativamente a este mesmo período, a Comissão recolheu, também, inúmeros relatos que implicavam membros do serviço de polícia indonésio como participantes nos abusos violentos, destruições de propriedades e extorsões. 89. Tal como em períodos anteriores, também neste período se deve interpretar o roubo e a destruição como uma forma de castigo. As habitações eram queimadas se houvesse suspeitas de que os seus proprietários apoiavam ou simpatizavam com as forças das Falintil. 76 Uma pessoa de Ainaro, por exemplo, relatou à Comissão que os soldados das ABRI/TNI lhe incendiaram a casa, em Novembro de 1991, pouco antes do Massacre de Santa Cruz, por suspeitarem que possuía uma bandeira da RDTL Outro depoente de Liquiça contou à Comissão que foi preso por possuir uma bandeira da Fretilin e só foi libertado quando a sua mulher entregou rupias e sete moedas de prata a um comandante das ABRI/TNI. 78 A Comissão recolheu inúmeros testemunhos de diversas zonas do território que revelam como a extorsão pelos militares e pela polícia se tornara prática comum durante este período. Frequentemente, as pessoas detidas só eram libertadas se pudessem pagar aos oficiais responsáveis. As famílias eram obrigadas a pagar a libertação dos seus membros e, segundo a informação relatada, o pagamento situava-se entre e rupias Estas práticas eram em larga medida oportunistas e dependiam, em muito, dos oficiais militares envolvidos. As acções visavam a rede activista clandestina. Em Baucau, os soldados das ABRI/TNI confiscaram os bens e a propriedade das pessoas e extorquiram dinheiro aos civis que acusavam de colaborar com a Fretilin/Falintil Em Díli, a seguir ao Massacre de Santa Cruz, em Novembro de 1991, as ABRI/TNI revistaram habitações em toda Díli em busca dos manifestantes que fugiram do local do tiroteio. A Comissão recolheu testemunhos atestando que foram queimadas as habitações daqueles que albergaram os manifestantes ou onde foi encontrada literatura ou outro material pró-independência Em Ermera foram recolhidos relatos semelhantes de violência, fogo posto e extorsão, referentes à década de Foram identificadas como perpetradores várias unidades militares, incluindo o Batalhão de Infantaria Aerotransportado Durante este período, os ataques das Falintil contra as ABRI/TNI limitaram-se, em geral, a momentos estratégicos em que o objectivo era maximizar o impacto psicológico para relembrar a sua presença e capacidades continuadas, ou o impacto internacional para enfatizar o facto de que o conflito persistia (ver Capítulo 5: Resistência; Estrutura e Estratégia). Quando ocorriam os ataques, os militares indonésios recorriam à prática corrente de aplicar castigos colectivos à população civil. A 9 de Novembro de 1998, as Falintil atacaram o Koramil em Alas (Manufahi). As ABRI/TNI lançaram uma operação de grande dimensão, numa tentativa de capturar os atacantes das Falintil. Durante esta operação houve civis que foram assassinados, detidos, violados e cujos bens foram destruídos (ver Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados; Subcapítulo 7.4: Prisão, Tortura e Maus-Tratos; Subcapítulo 7.7: Violência Sexual). 83 A Comissão

19 recolheu também o testemunho de José Tilman, um civil que participou na destruição de propriedade levada a cabo pelas ABRI/TNI: x Destruição em 1999 A 12 de Novembro de 1998, L12 e L13 [ambos timorenses] e outros soldados do Koramil queimaram casas em Lurin. Começaram em Kulutetuk e terminaram em Hasbot. Em Nataruaen, a destruição incluiu também objectos tradicionais e valores pessoais. Os atacantes apoderaram-se, igualmente, de objectos sagrados, como estátuas de santos. Eu estava com os soldados em Nataruaen. Primeiro, eles queimaram a casa de Remígio, depois outras casas...antes disso, tinham dado ordens aos habitantes para abandonarem o suco e prenderam-nos no edifício de uma escola primária (SD Inpres, vila de Alas), a uns 10 metros da sede do Koramil Com a queda do Presidente Suharto em Maio de 1998, o espaço político de Timor-Leste pareceu abrir-se, ao longo da segunda metade do ano. Como nunca antes acontecera, foram realizados encontros públicos e formulados apelos a um referendo acerca do estatuto político do território, sem que as autoridades ou os militares indonésios os bloqueassem. Contudo, esta Primavera de Díli foi de curta duração. A informação sobre a redução dos efectivos do TNI revelou-se falsa e, nos finais de 1998, surgem os relatos de que o TNI estava a desenvolver uma rede de milícias em todo o território. Este programa evoluiu rapidamente nos primeiros meses de 1999 enquanto a Indonésia, Portugal e as Nações Unidas negociavam as modalidades do acto de autodeterminação em Timor-Leste (ver Capítulo 3: História do Conflito e Capítulo 4: Regime de Ocupação). 96. Com a assinatura dos Acordos de 5 de Maio e o anúncio da Consulta Popular, o CNRT (Conselho Nacional da Resistência Timorense) e algumas organizações de estudantes começaram a organizar-se abertamente por todo o território, preparando o acto de votação sobre o futuro de Timor-Leste. 97. O recrutamento, forçado ou não, de civis para as milícias apoiadas pelo TNI foi rapidamente intensificado nos primeiros meses de Em conjunto com o TNI e a polícia indonésia, as milícias iniciaram uma campanha de terror com o objectivo de intimidar o povo timorense e o forçar a apoiar a integração na Indonésia. Os principais actos de violência e o padrão de violência e de intimidação são analisados em pormenor em vários capítulos do presente Relatório, nomeadamente no Capítulo 3: História do Conflito, Capítulo 4: Regime de Ocupação; Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados, Subcapítulo 7.3: Deslocação Forçada e Fome, Subcapítulo 7.4: Prisão, Tortura e Maus-Tratos, e Subcapítulo 7.7: Violência Sexual. As violações económicas e da propriedade também foram uma característica presente nesta campanha de terror e de intimidação. Estes acontecimentos decorreram antes do anúncio dos Acordos de 5 de Maio e da Consulta Popular, durante o período que antecedeu a votação e durante a infame campanha de violência que se seguiu ao anúncio do resultado de rejeição da integração na Indonésia. 98. A análise quantitativa dos testemunhos recolhidos pela Comissão revela certos padrões de violação dos direitos humanos, de intimidação e de violência perpetradas pelo TNI e pelas milícias, entre Janeiro e Outubro de De forma particular, revela que os ataques em larga escala ocorrerem, em geral, nos períodos em que a presença internacional no território era limitada ou inexistente: por exemplo, no período de Janeiro a Abril antes da assinatura dos Acordos de 5 de Maio e de as Nações Unidas e outras agências internacionais se instalarem no território; e no período que se seguiu ao anúncio dos resultados do escrutínio, quando a maioria das entidades internacionais, incluindo os meios de comunicação social, tinham saído ou sido evacuados do território ou estavam encurralados nas instalações da UNAMET, em Díli, deixando x José Tilman encontrava-se em Soe (Timor Ocidental, Indonésia) quando prestou este depoimento à Comissão.

20 comunidades inteiras nos distritos isoladas e sem monitorização internacional. Esta análise quantitativa indica também que a destruição de bens, levada a cabo pelo TNI e pelas milícias, ocorreu em todos os distritos do território, embora a escala da destruição diferisse entre distritos e subdistritos (ver Capítulo 6: Perfil das Violações dos Direitos Humanos). 99. A 27 de Janeiro de 1999, na altura em que o Presidente Habibie proclamou que o povo de Timor- Leste poderia escolher o seu futuro político, já a breve Primavera de Díli tinha terminado. A seguir aos ataques do TNI a civis em Alas (Manufahi), em Novembro de 1998, e a intensificação do recrutamento para as milícias, recrudesceu a violência perpetrada pelo TNI e as milícias dentro do território enquanto prosseguiam as negociações destinadas a finalizar as modalidades para a realização do acto de autodeterminação No fim de Março, as negociações foram interrompidas quando os representantes indonésios regressaram a Jacarta, vindos de Nova Iorque, para tratar da aprovação final dos Acordos. No mês de Abril assistiu-se a uma escalada da violência contra civis pelos militares indonésios e pelas milícias por eles controladas. O massacre de civis na Igreja de Liquiça, a 6 de Abril, foi um dos mais ataques mais ignominiosos a civis e foi coordenado pelo TNI, pela polícia e pela milícia (ver Subcapítulo 7.2: Mortes Ilícitas e Desaparecimentos Forçados) A 17 de Abril, ainda as Nações Unidas não se encontravam no território, esta violência manifestou-se abertamente, a tal ponto que foi realizado um grande comício frente ao edifício do governo em Díli, na presença das hierarquias de topo do TNI e das milícias. A Comissão analisou excertos de filmes feitos nesse comício e identificou a presença de membros do TNI e de dirigentes das milícias, como Eurico Guterres e João Tavares. Imediatamente após o ataque, a milícia desfilou pela cidade em camionetas e motorizadas, intimidando a população civil. Atacaram e massacraram civis refugiados em casa de Manuel Carrascalão no centro da cidade Durante estes ataques, em 17 de Abril, o TNI e a milícia também destruíram uma casa pertencente a Filomena da Cruz, secretária de Zona do movimento clandestino. 85 A sede do único jornal do território, Suara Timor Timur (Voz de Timor Leste) também foi destruída naquilo que aparenta ter sido um acto de retaliação e de intimidação devido ao facto de o jornal, normalmente pró-integração, ter publicado os apelos a um referendo sobre o futuro do território com uma relativa abertura (ver Capítulo 3: História do Conflito) Em Liquiça, os militares e os membros da milícia Besi Merah Putih [BMP] estiveram envolvidos, desde o início de 1999, em diversos casos de fogo posto, pilhagens e roubos Foram apresentados à Comissão relatos semelhantes sobre o envolvimento directo de militares nos ataques à população civil e sua intimidação durante este período, em várias zonas do território. Estes relatos de violências referem-se aos distritos de Bobonaro, 87 Baucau, 88 Viqueque, 89, Manufahi, 90 Covalima, 91 e Ermera. 92 Um antigo comandante da milícia Darah Merah Putih, que, nessa época, operava num dos subdistritos de Ermera, disse à Comissão: Em Abril de 1999, o comandante do Kodim 1637 em Ermera, L20, deu-me sete metralhadoras, um camião, dois carros Kijang e um carro Taft. Eu tinha duzentos membros da milícia, que foram recrutados para matar os apoiantes da independência em Hatulia. Ataquei Hatulia com os duzentos homens...queimámos casas na aldeia de Kukara e no suco de Manusae Bauah. As pessoas fugiram de casa para tentar escapar Por todo o território, muitas pessoas fugiram de casa com medo destes ataques, deixando as suas propriedades e lares à mercê da destruição e dos saques (ver Subcapítulo 7.3: Deslocação Forçada e Fome) O distrito enclave de Oecusse, esteve particularmente vulnerável, já que inteiramente cercado por território indonésio e isolado do resto de Timor-Leste. Embora a milícia Sakunar

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