OCORRÊNCIA, DESCRIÇÃO E HÁBITOS DE Spodoptera spp. EM ALGODOEIRO NO BRASIL.
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- Aurélio de Sequeira Viveiros
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1 OCORRÊNCIA, DESCRIÇÃO E HÁBITOS DE Spodoptera spp. EM ALGODOEIRO NO BRASIL. Walter Jorge dos Santos 1, Karen Bianchi dos Santos 2, Rachel Bianchi dos Santos 2, (1) Instituto Agronômico do Paraná, waljor@pr.gov.br, (2) Universidade de Londrina. RESUMO Os adultos de S. eridania possuem asas acinzentadas com ponto ou tarja preta, as asas anteriores da fêmea de S. cosmioides são cinza-clara, mosqueadas longitudinalmente e margeadas por uma franja. Nas asas do macho de S. frugiperda aparece uma mancha clara ovalada, bem definida e unida a uma outra mancha oblíqua em forma de V. As posturas das Spodoptera spp. são colocadas em forma de massas de ovos recobertos por escamas. A oviposição foi geralmente realizada na face ventral da 5ª ou 6ª folha expandida a partir do ápice da planta. Após a eclosão, as lagartas raspam o parênquima das folhas deixando-as translúcidas. Lagartas desenvolvidas de S. eridania apresentam tonalidade esverdeada e listras amarelas sobre o dorso, enquanto que lagartas de S. cosmioides apresentam listras alaranjadas com pontos brancos. As lagartas de S. frugiperda são pardas com três listras claras possuindo um Y invertido na cabeça. As lagartas de S. eridania se alimentam principalmente de folhas e brácteas, raspam a casca das maçãs e podem danificar botões florais. As lagartas de S. cosmoides são desfolhadoras, mas também perfuram botões florais e maçãs macias ao se alimentarem. As lagartas de S. frugiperda cortam as plantas jovens logo acima do coleto, e danificam todas as estruturas de frutificação. As pupas se desenvolvem no solo. INTRODUÇÃO Spodoptera spp. (Lepidóptera Noctuídea) são pragas importantes das plantas cultivadas como algodão, milho, soja, feijão, tomate, sorgo, hortaliças, frutíferas, danificando pela alimentação órgãos das plantas, podendo ocasionar prejuízos significativos (King & Saunders, 1984). Nos sistemas agrícolas constituídos de soja, milho, feijão e algodão, ocorrem uma oferta continuada de alimento a insetos polífagos como é o caso do gênero Spodoptera (Santos, 2001). A existência de culturas irrigadas, principalmente nas regiões de cerrado, prolonga no tempo a possibilidade de sobrevivência dos insetos, aumentando o número de gerações nos diferentes agroecossistemas. Nestas condições as mariposas estabelecem um processo migratório entre lavouras formadas por espécies vegetais semelhantes, mas implantadas em épocas diferentes, como também entre espécies vegetais diferentes. Spodoptera frugiperda é considerada uma praga importante para o algodoeiro no Brasil, causando danos no caule, folhas, botões florais, flores e maçãs (Santos, 2001). Nestas últimas cinco safras, constatou-se de forma crescente a ocorrência de Spodoptera eridania e Spodoptera cosmioides em lavouras de algodão. Estas espécies estão mais presentes nas regiões de cerrado, causando desfolha e danificando os órgãos frutíferos. S. cosmioides era até pouco tempo considerada sinonímia de Spodoptera latifascia, mas segundo Silvan & Lalanne-Cassou (1997), devem ser consideradas espécies distintas. A descrição das características morfológicas e hábitos dos insetos potencialmente pragas, proporciona um conhecimento valioso do ponto de vista taxonômico e econômico, sobretudo para o reconhecimento das espécies no campo, antes que os insetos atinjam a fase adulta ou nível de dano econômico. Este trabalho teve como objetivo descrever a morfologia e hábitos das fases de desenvolvimento da S. frugiperda, S. eridania e S. cosmioides, em algodoeiro.
2 MATERIAL E MÉTODOS Os indivíduos analisados foram observados e coletados em lavouras de algodão estabelecidas no cerrado nas regiões de Rondonópolis-MT, Barreiras-BA e Goiatuba-GO. As lagartas coletadas completaram o período larval em recipientes apropriados para criação de insetos, sendo alimentadas com folhas, botões florais e maçãs. As pupas foram sexadas para a identificação de adultos machos e fêmeas. Para conhecimento da forma de postura e hábitos das lagartas, casais foram formados e isolados em gaiolas com plantas de algodão. Foram observadas e descritas as características das posturas, comportamento das lagartas, aspectos morfológicos das lagartas e mariposas, registrando-as através de fotos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para as três espécies observou-se que as posturas foram distribuídas em 2 a 3 camadas, sendo que a última camada foi recoberta por escamas oriundas do abdome das mariposas. As massas de ovos são irregulares (fig. 1), podendo conter entre 30 a 300 ovos (King & Saunders,1984). Os ovos são inicialmente esverdeados, tornando-se marrons antes da eclosão. Ao eclodirem as lagartas de S. eridania são verdes, com cabeça preta, permanecendo com um tom esverdeado durante todo o seu desenvolvimento. Nos primeiros estádios as lagartas apresentam quatro pontos escuros sobre o dorso na parte mediana do corpo. Lagartas desenvolvidas possuem três listras longitudinais amareladas, duas laterais e uma dorsal (fig.2). Ao eclodirem as lagartas de S. cosmioides tendem ao marrom, possuindo cabeça preta. Nos primeiros estádios de crescimento as lagartas apresentam um tom pardonegro-acinzentado, com 3 listras longitudinais alaranjadas, uma dorsal e duas laterais, com pontos brancos. Acima dos pontos brancos estão presentes triângulos pretos apontando para o dorso do inseto. Lagartas desenvolvidas são pardas e apresentam uma faixa mais escura entre o 3º par de pernas toráxicas e 1º par de falsas-pernas abdominais e os outros dois na extremidade final do abdome (fig.4). Lagartas recém eclodidas de S.frugiperda tem cor verde clara com pelos negros e cabeça preta. A coloração da lagarta desenvolvida varia de esverdeada a pardo-escura, apresentando uma linha mediana longitudinal, cor marrom-clara, entre duas listras laterais de cor mais clara. A cabeça da lagarta é mais escura com sutura em forma de Y invertido (fig.6). Os adultos de S. eridania mostram entre as nervuras radial e mediana um ponto preto ou uma tarja preta longitudinal ao corpo do inseto em cada asa anterior (fig. 3). Não foi possível diferenciar macho e fêmea através das asas. Adultos de S. cosmioides apresentam as asas anteriores cinza-clara, mosqueadas longitudinalmente e margeadas por uma franja, enquanto que as asas posteriores são de cor branca-pérola com franja. Pode-se diferenciar macho e fêmea através das asas, possuindo as fêmeas asas desenhadas como mosaico de tonalidade preta e bege (fig.5). As mariposas da S. frugiperda apresentam uma coloração geral cinza-escura, as asas anteriores são mosqueadas e as posteriores esbranquiçadas com borda cinza. Na metade das asas anteriores dos machos aparece uma mancha clara ovalada, bem definida e unida a uma outra mancha oblíqua em forma de V (fig. 7). De um modo geral os ovos são colocados em forma de massa sob as folhas existentes na base do ponteiro, entre a 5ª e 6ª folha expandida a partir do ápice da planta. As lagartas recém nascidas permanecem agrupadas, raspam o parênquima das folhas, deixando-as necrosadas e translúcidas, a seguir se distribuem através das plantas. S. cosmioides e S. eridania ocorrem a partir da fase inicial da emissão dos botões florais e durante o pleno florescimento. As lagartas de S. eridania se alimentam principalmente de folhas e brácteas, raspam a casca das maçãs e podem danificar botões florais. As lagartas de S. cosmioides são desfolhadoras, mas também perfuram botões florais e maçãs macias ao se alimentarem. As lagartas de S. frugiperda cortam as plantas jovens logo acima do coleto, reduzindo o estande. Em plantas desenvolvidas as lagartas cortam a parte superior não lignificada do caule. As lagartas causam perfurações danificando os botões florais, flores e maçãs desenvolvidas. A presença
3 das três espécies pode ser percebida ao se observar sinais de raspagem nas brácteas das estruturas de frutificação, como também as lagartas. As lagartas de diferentes idades da Spodoptera spp., demonstraram certa preferência em permanecer no interior das flores, entre as pétalas, alimentando-se das anteras e estigmas. As lagartas completamente desenvolvidas atingem entre 35 a 40mm de comprimento, a seguir se dirigem ao solo onde passam o período de pupa. CONCLUSÕES Os sistemas agrícolas favorecem o desenvolvimento populacional da S. eridania, S. cosmioides e S. frugiperda. Estas espécies estão presentes no cerrado e somente através dos procedimentos de amostragens poderão ser identificadas nas lavouras de algodão, para que medidas de controle apropriadas sejam realizadas. Figura 1. Massa de ovos de Spodoptera spp
4 Figura 2. Lagarta de S. eridania Figura 3. Adulto de S. eridania Figura 4. Lagarta de S. cosmioides Figura 5. Adulto de S. cosmioides Figura 6. Lagarta de S. frugiperda Figura 7. Adulto de S. frugiperda
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KING, A.B.S.; SAUNDERS, J.L. The invertebrate pests of annual food crops in Central America. London: Overseas Development Administration, 166 p SANTOS, W.J. Identificação, biologia, amostragem e controle das pragas do algodoeiro, p.: In: Algodão: tecnologia de produção. Embrapa CPAO, Dourados; 296 p SILVAIN, J.F.; B. LALANNE-CASSOU. Distinction entre Spodoptera latifascia (Walker) et Spodoptera cosmioides (Walker), bona species (Lepidoptera: Noctuidae). Rev. Franc. d Entomol. 19:
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