INFORMAÇÃO TÉCNICO-JURÍDICA Nº 03, SEM CARÁTER VINCULATIVO, AOS ÓRGÃOS DE EXECUÇÃO. Senhor(a) Promotor(a),
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1 INFORMAÇÃO TÉCNICO-JURÍDICA Nº 03, SEM CARÁTER VINCULATIVO, AOS ÓRGÃOS DE EXECUÇÃO Assunto: Sistema Municipal do Meio Ambiente Senhor(a) Promotor(a), O CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DO MEIO AMBIENTE, por meio de sua Coordenadora que esta subscreve, com fundamento no art. 33, II, da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei Federal nº 8.625/93) e art. 60, inciso II, da Lei Complementar Estadual nº 25/1998 (LOEMP) expede a seguinte Informação Técnico-Jurídica, sem caráter vinculativo, aos órgãos de execução do Ministério Público do Estado de Goiás, com atuação na área do meio ambiente: 01. Considerando que o art. 23 da Constituição Federal estabelece a competência comum dos entes federativos para proteção do meio ambiente, in verbis: Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. 1
2 02. Considerando que o art. 6º da Lei Federal n /81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, estabelece que os Municípios integram o SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente: Art 6º - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado:... VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições. 03. Considerando que a Resolução CONAMA nº 237/97 definiu a competência dos entes federativos relativamente ao licenciamento ambiental e previu no art. 6º quanto aos órgãos ambientais municipais o licenciamento para as atividades de impacto local: Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio. 04. Considerando o teor do Decreto Estadual de Desburocratização nº 5.159/99, que instituiu o Programa de Descentralização das Ações Ambientais no Estado; 05. Considerando que o Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMAm) editou a Resolução nº 69/06, a qual estabelece os critérios para a Descentralização do Licenciamento Ambiental no Estado e elenca no seu Anexo I as atividades consideradas de impacto local; 06. Considerando que o Ministério do Meio Ambiente e os órgãos ambientais no Estado de Goiás (SEMARH e IBAMA) têm fomentado a descentralização 2
3 para gestão ambiental municipal das atividades de impacto local, por meio de programas próprios; 07. Considerando que desde o dia 28 de maio de 2003 encontra-se em tramitação, na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei Federal n 1.131/03, o qual Estabelece que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios somente poderão receber os recursos do Fundo Nacional do Meio Ambiente após a instituição de seus respectivos Conselhos de Meio Ambiente, cujo último andamento, datado de 27 de outubro de 2009, consiste no parecer da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania pela constitucionalidade, juridicidade e boa técnica legislativa do projeto de lei em comento; 08. Considerando que para os Municípios promoverem o licenciamento ambiental de obras e atividades de impacto local deverão atender a dois requisitos: um de natureza material e outro de natureza formal; 09. Considerando que o requisito material consiste na implementação de um sistema de gestão ambiental local por meio do estabelecimento de uma política municipal de meio ambiente com órgão municipal do meio ambiente (Secretaria, Diretoria ou Departamento), Conselho Municipal de Meio Ambiente e Fundo Municipal de Meio Ambiente, criados por lei municipal; 10. Considerando que o requisito formal preconiza a necessidade de celebração de convênio de cooperação técnica e administrativa com o Estado federativo, o qual em Goiás se encontra regulado no art. 1º da Resolução nº 69/06 do Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMAm): Os Municípios para realizarem o licenciamento ambiental e emitirem a licença ambiental das atividades de impacto local deverão credenciar-se junto ao CEMAm ; 3
4 11. Considerando que a citada Resolução (nº 69/06), visando o credenciamento junto ao CEMAm para a realização do licenciamento ambiental das atividades consideradas de impacto local, estabeleceu os seguintes critérios no seu art. 2º, in verbis: Art. 2º. Visando ao credenciamento junto ao CEMAm para a realização do licenciamento ambiental das atividades consideradas de impacto local, deverá o Município: 1. ter implantado Fundo Municipal de Meio Ambiente, através de lei, dotação orçamentária e conta bancária; 2. ter implantado e em funcionamento Conselho Municipal de Meio Ambiente ou Conselho misto que tenha entre suas atribuições institucionais a proteção e conservação do meio ambiente, com caráter deliberativo, tendo em sua composição, no mínimo, 50% de entidades não governamentais; 3. possuir nos quadros do órgão municipal do meio ambiente, ou a disposição deste órgão, profissionais legalmente habilitados para a realização do licenciamento ambiental; 4. possuir servidores municipais com competência para exercício da fiscalização ambiental; 5. possuir legislação administrativa para aplicação do licenciamento ambiental e com as sanções administrativas pelo seu descumprimento; 6. possuir o levantamento das atividades potencialmente poluidoras e/ou degradadoras no Município; 12. Considerando o último levantamento do IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no ano de 2002, que somente 6% dos municípios brasileiros possuía secretarias encarregadas exclusivamente do meio ambiente; 13. Considerando que a pesquisa revelou ainda que, na maioria dos municípios brasileiros, o quadro institucional exclusivo para cuidar do meio ambiente é frágil, com escassos órgãos exclusivamente dedicados à área, raras leis 4
5 específicas sobre o tema, composto de um pequeno e pouco qualificado conjunto de servidores para tratar do assunto e parcos recursos empenhados; 14. Considerando que a maioria dos municípios brasileiros e goianos não tem criados o Conselho Municipal de Meio Ambiente e o Fundo Municipal de Meio Ambiente, além do órgão ambiental; 15. Considerando que somente por meio de Lei podem ser criados o Conselho Municipal de Meio Ambiente e o Fundo Municipal de Meio Ambiente; 16. Considerando que o órgão municipal de meio ambiente é o executor da política ambiental local e tem características predominantemente técnicas, devendo contar com um quadro técnico capaz de analisar os empreendimentos e emitir parecer; 17. Considerando que o art. 20 da Resolução CONAMA nº 237/97 e o art. 2º da Resolução CEMAm nº 69/06 estabelecem a exigência de profissionais legalmente habilitados nos quadros do órgão ambiental municipal, entendendo-se estes como biólogo, engenheiro agrônomo, engenheiro civil, engenheiro florestal, geólogo, químico, geógrafo, analistas ambientais, agentes de fiscalização e assistentes ou agentes administrativos (obs.: pode o quadro técnico ser definido com profissionais de outros setores dependendo da realidade do Município, levando-se em conta, ainda, as principais atividades desempenhadas na localidade, ou seja, mineração, agricultura, pecuária, usinas de cana, etc); lembrando que o ingresso desses profissionais deverá, de acordo com o art. 37, inciso II, da Constituição Federal, ocorrer mediante concurso público; 18. Considerando que o Conselho Municipal de Meio Ambiente tem como função principal opinar e assessorar o poder executivo municipal, suas secretarias e o órgão ambiental municipal nas questões relativas ao meio ambiente, além de gerir e fiscalizar os recursos do Fundo Municipal do Meio Ambiente; 5
6 19. Considerando que de acordo com orientação do Ministério do Meio Ambiente o Conselho Municipal de Meio Ambiente deve ser representativo dos diversos setores da sociedade, devendo sua composição ser paritária, apresentando em igualdade numérica representantes do poder público (municipal, estadual e federal) e da sociedade civil organizada (setor empresarial, setor sindical, universidades, entidades ambientalistas etc.); 20. Considerando que o Ministério do Meio Ambiente recomenda quanto à composição do Conselho Municipal de Meio Ambiente que seja proporcional ao número de habitantes do Município, tal como consta da tabela abaixo: Número de conselheiros População do município 10 Menos de 20 mil habitantes 12 Entre 20 mil e 50 mil habitantes 14 Entre 50 mil e 100 mil habitantes 16 Entre 100 mil e 200 mil habitantes 18 Entre 200 mil e 500 mil habitantes 20 Mais de 500 mil habitantes 21. Considerando que o Fundo Municipal de Meio Ambiente é o instrumento financiador da política ambiental do município, responsável por captar e gerenciar recursos financeiros destinados a projetos socioambientais, representando uma importante fonte de recebimento de recursos públicos alocados especificamente para o meio ambiente, inclusive a destinação de multas de acordo com o art. 73 da Lei Federal nº 9.605/98; 22. Considerando que grande parte dos municípios que possuem o Conselho Municipal de Meio Ambiente e o Fundo Municipal de Meio Ambiente, além do órgão ambiental, não funcionam de modo adequado conforme enuncia a legislação que rege o tema; 6
7 23. Considerando que a gestão ambiental municipal confere ampla proteção ao meio ambiente; INFORMA aos órgãos de execução do Ministério Público do Estado de Goiás, como forma de subsidiar as ações extrajudiciais e judiciais na atuação da Estratégia de exigir a implementação e fiscalização do SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente, prevista no item do Plano Geral de Atuação (PGA), as seguintes sugestões técnicas: a) que seja buscada a resolutividade da questão privilegiando a atuação extrajudicial da seguinte forma: a.1) seja expedida recomendação ou firmado Termo de Ajustamento de Conduta com o Município que não possua órgão ambiental, Conselho Municipal de Meio Ambiente e Fundo Municipal de Meio Ambiente, visando a sua implantação, por intermédio de Lei Municipal, bem como a contratação de profissionais legalmente habilitados, por meio de concurso público, para a inserção do Município no sistema de gestão ambiental e integração ao SISNAMA; a.2) seja expedida recomendação ou firmado Termo de Ajustamento de Conduta com o Município que possua órgão ambiental, Conselho Municipal de Meio Ambiente e Fundo Municipal de Meio Ambiente, em más condições de funcionamento, visando a sua reestruturação e regular funcionamento; a.3) seja reforçado o argumento de que a implementação do Sistema Municipal do Meio Ambiente permitirá a alocação de verbas federais, estaduais, do terceiro setor, além de recebimento de taxas de licenciamento que atualmente são recolhidas aos cofres estaduais, recomendando, se for o caso, que a Câmara de Vereadores do Município participe das discussões e audiências, tendo em vista a necessidade de aprovação de leis municipais para criação do Conselho e Fundo Municipais do Meio Ambiente. 7
8 b) superada a tentativa de resolução extrajudicial da questão, que seja proposta ação civil pública no sentido da implantação e/ou reestruturação, dependendo de cada caso, do órgão ambiental municipal, Conselho Municipal de Meio Ambiente e Fundo Municipal de Meio Ambiente. contendo o seguinte material: Visando facilitar a atuação de V. Exª, segue CD anexo, 1. Modelo de TAC para implantação do sistema de gestão ambiental por parte do Município (criação do órgão ambiental municipal, Conselho Municipal de Meio Ambiente e Fundo Municipal de Meio Ambiente); 2. Modelo de TAC para reestruturação do sistema de gestão ambiental do Município (estruturação do órgão ambiental municipal, Conselho Municipal de Meio Ambiente e Fundo Municipal de Meio Ambiente); 3. Modelo de ACP para implantação do sistema de gestão ambiental por parte do Município (criação do órgão ambiental municipal, Conselho Municipal de Meio Ambiente e Fundo Municipal de Meio Ambiente); 4. Modelo de ACP para reestruturação do sistema de gestão ambiental do Município (estruturação do órgão ambiental municipal, Conselho Municipal de Meio Ambiente e Fundo Municipal de Meio Ambiente); 5. Modelos de minutas de Leis Municipais instituidoras do Conselho Municipal de Meio Ambiente e do Fundo Municipal de Meio Ambiente; 6. Modelo de Regimento Interno do Conselho Municipal de Meio Ambiente; 7. Modelo de Regimento Interno do Fundo Municipal de Meio Ambiente; 8. Textos: a) OS DESAFIOS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL MUNICIPAL, de Michelle Aurelio de Carvalho. 8
9 b) O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO FORMA DE EFETIVAÇÃO DA AUTONOMIA MUNICIPAL E DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, de João Telmo Vieira e Eliana Weber. c) GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL: SISTEMA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE - DO FORMAL À REALIDADE, de Sílvia Capelli. d) "DA NECESSIDADE DE CRIAÇÃO DE CONSELHOS E FUNDOS MUNICIPAIS DE MEIO AMBIENTE BREVES CONSIDERAÇÕES", de Ricardo Rangel. 9. Recomendação da Promotoria de Valparaíso de Goiás ao Município e à SICDAMATUR (Secretaria Municipal de Indústria, Comércio, Desenvolvimento Agrícola, Meio Ambiente e Turismo) sobre o assunto Estruturação da Secretaria do Meio Ambiente para a promoção de licenciamentos ambientais em atenção ao interesse local ; 10. Ação Civil Pública proposta pela Terceira Promotoria de Catalão, em face do Município, visando a reestruturação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente; 11. Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público de Minas Gerais em face do Município de Paracatu que tem como fundamento primordial a omissão de Município mineiro relativa à implantação do sistema de gestão ambiental; 12. TAC do MP/MT celebrado com o Município de Rondonópolis no sentido da estruturação material e pessoal da secretaria municipal de meio ambiente; 13. TAC do MP/MG celebrado com o Município de Paracatu para implantação do sistema de gestão ambiental; 14. Pasta com material produzido pelo Ministério do Meio Ambiente, contendo as seguintes pastas e/ou arquivos: Cadernos PNC; Captação de recursos; Exemplos de leis ambientais; Minutas e comentários; Sistema nacional e estadual de gerenciamento das águas_arquivos; dicas de captação de recursos; Bibliografias sobre assuntos diversos; Cartilha_orçamento-participativo; Constituição de 1988; Fundos estaduais de meio ambiente; 9
10 Fundos estaduais de recursos hídricos; Gestão local de meio ambiente; Instrumentos legais e normativos na área ambiental; Legislação cadernos 1 a 5_leis e decretos; Minuta lei criação CMMA; Minuta regimento interno CMMA; Municimeioambiente2002; PanoramaFundos; Prefeito por um dia; Relação de secretarias municipais de meio ambiente das capitais dos estados; Resoluções CONAMA_cadernos; Sistema nacional e estadual de gerenciamento das águas; Tratado_de_EA. 15. Legislação aplicada ao tema; Importante: Todos os modelos encontram-se disponíveis, também, na página do cao meio ambiente ( órgãos auxiliares - centros de apoio - meio ambiente PGA 2009) e na intranet, em versão.doc, na Wiki MP (estrutura orgânica área meio - centros de apoio caoma - PGA 2009). Ao ensejo, renovo-lhe protestos de elevada estima e distinta consideração, colocando-me à vossa disposição para auxiliá-lo no que for necessário. Atenciosamente, SANDRA MARA GARBELINI Promotora de Justiça Coordenadora do CAO Meio Ambiente 10
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