POUPE 1879 EM 10 ANOS

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1 Com o apoio do programa Energia Inteligente da Europa, da Comissão Europeia POUPE 1879 EM 10 ANOS 10 Proteste 375 janeiro 2016

2 Sala virada para o calor EM Usar aquecedor elétrico, ar condicionado, caldeira a gás natural ou salamandra a pellets tem vantagens e inconvenientes. Saiba como decidir e conheça a opinião de quem usa DESTAQUE Pontos positivos e negativos de quatro soluções para aquecer a casa Custo de utilização do aquecimento em 10 anos As razões que levaram à escolha e a opinião de quem usa Há mais de 10 anos que José Pato não dispensa o convector para aquecer o quarto no inverno, antes de se deitar. Já Alzira Barata prefere o ar condicionado, por ser muito prático de usar e também arrefecer a casa no verão. Eva Vasconcelos optou pela caldeira mural, não só pelo aquecimento uniforme, mas também por poder programar o arranque. Alberto Santos adora ver o lume e sentir o calor que a sua salamandra a pellets liberta. As razões que levam uma pessoa a optar por um sistema de aquecimento, em detrimento de outro, podem ser as mais variadas. Daí termos falado com os consumidores. Mas também reunimos as principais vantagens e inconvenientes de cada sistema e indicamos a que tipo de casa se destinam. Regra geral, e desde que haja orçamento ou seja possível, colocar ar condicionado em toda a casa é a solução mais eficiente e a que tem custos de utilização anuais mais baixos. Acresce a vantagem de permitir arrefecer a casa no verão. Poupe quase 2 mil euros em 10 anos Fizemos os cálculos para descobrir quanto custa, ao fim de 10 anos, a utilização de cada uma das quatro soluções analisadas. Para tal, considerámos o preço de aquisição dos equipamentos, a instalação, a manutenção e o custo da energia usada para obter o mesmo nível de conforto térmico. Realizámos contas para duas áreas: 20 e 45 metros quadrados. Como o termoventilador é usado sobretudo em áreas mais pequenas, apresentamos, nesta página, os valores para uma divisão de 20 metros quadrados. Mesmo assim, aquele equipamento é o que fica mais caro ao fim de 10 anos. Apesar de ser um aparelho barato (custa a partir de 10), a utilização fica mais cara para garantir o CUSTO PARA AQUECER 20 M 2 EM 10 ANOS 1749 Ar condicionado 3096 Salamandra a pellets mesmo nível de aquecimento das restantes soluções. Já o ar condicionado é o que fica mais barato: 1749 após 10 anos de utilização. Estamos perante uma poupança de 1879, ao fim de 10 anos. Ao aumentar a área a aquecer para 45 m 2, a diferença de custo do termoventilador face ao ar condicionado (o mais barato) aumenta para mais do dobro: 8132 contra 3553 do mais poupado. Também a diferença entre a caldeira a gás natural ( 5101) e a salamandra torna-se notória, com a última a revelar-se mais em conta: 4153 euros Caldeira a gás natural 3628 Termoventilador O conteúdo desta publicação é da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não reflete necessariamente a posição da União Europeia. Nem a EASME nem a Comissão Europeia são responsáveis pela utilização das informações contidas na mesma. janeiro Proteste 11

3 Ar condicionado 4 SOLUÇÕES PARA UM Salamandra a pellets Para instalar ar condicionado em várias divisões, poderá optar por um sistema multi-split, que liga várias unidades interiores a uma única exterior. Pode inclusive ir instalando as unidades interiores à medida do seu orçamento. As unidades interiores podem ser do tipo mural (instaladas na parede), de chão, cassete ou estarem ligadas a uma conduta. Deste modo, pode adaptar as máquinas à decoração e ao espaço. A salamandra pode ter aquecimento por convecção natural ou forçada. As de convecção natural, como não incluem ventilador, são mais silenciosas, mas demoram a aquecer a sala. Podem aquecer apenas o local onde estão instaladas ou canalizar o ar quente para outras divisões. Os pellets são restos de serradura, lascas de madeira e outros resíduos orgânicos, compactados em forma de granulado. Aparelho desde 350 custos da instalação Aparelho desde 600 custos da instalação PRÓS Além de aquecer, arrefece, desumidifica e ventila. Se estiver bem dimensionado e instalado, aquece a divisão em minutos. A maioria das unidades interiores está equipada com filtros de partículas e antiodores. O custo do aquecimento é baixo. CONTRAS Se a casa não tiver pré-instalação, são necessárias obras para a sua colocação. Irá ocupar espaço no exterior, pelo que poderá implicar autorizações do condomínio ou da câmara municipal. Embora cada vez mais silenciosos, ainda fazem algum ruído, que pode incomodar. UTILIZAÇÃO IDEAL Para quem pretende rapidez a aquecer uma divisão ou a casa com um elevado conforto térmico, e também queira arrefecimento, no verão. PRÓS Calor confortável e possibilidade de programar o início e a paragem. Se a salamandra o permitir, poderá aquecer mais de uma divisão, com a distribuição do ar quente pelos espaços contíguos. CONTRAS Necessita de ficar ligada a uma chaminé, o que poderá inviabilizar a sua instalação, caso não exista e não seja permitido colocar uma no exterior. A alimentação de combustível não é contínua: será necessário carregar pellets com alguma regularidade. Após cada utilização é preciso remover as cinzas que se acumulam. UTILIZAÇÃO IDEAL Para quem possua uma chaminé ou facilidade em instalar uma e pretenda aquecer uma ou mais divisões contíguas. Custo energético 0,05 por kwh + BARATO Custo energético 0,06 por kwh Alzira Barata Castelo Branco Por morar numa zona que aquece muito no verão, Alzira optou pelo ar condicionado para complementer a lareira que tem na sala. Instalou o primeiro aparelho há 24 anos e foi depois equipando o resto da casa. Considera uma opção muito eficaz para aquecer e que não dá trabalho, ao contrário da lareira. Basta ligar e definir a temperatura para conseguir um ambiente agradável e cómodo. Os principais pontos negativos são a necessidade de ter as divisões fechadas, para o calor não sair, o consumo de eletricidade e a limpeza regular dos filtros, para manter a eficiência. Alberto Santos Rio de Mouro Sempre gostou de lareiras e de aquecer- -se com o calor que emanam, mas vive num apartamento sem um destes equipamentos. Ao ver uma exposição de salamandras a pellets, decidiu que era o que queria em casa. Há cerca de 9 anos que se aquece desta forma e recomenda-a a familiares e amigos. No inverno, afirma conseguir estar de manga curta e sem frio. Principais vantagens: calor natural, sem fumo, e poupança de energia, pois o radiador a óleo que usava gastava muita eletricidade. Ponto negativo, só mesmo o elevado preço de aquisição. 12 Proteste 375 janeiro 2016

4 Mais informações A CASA QUENTINHA Caldeira a gás natural Aquecedor elétrico A mais habitual é a caldeira mural (aparelho semelhante a um esquentador), mas existem versões de chão, com maior potência e um depósito de água quente incorporado. Quanto ao funcionamento, pode ser convencional ou de condensação. A caldeira de convensação aproveita o calor emitido pelos gases de exaustão, o que aumenta a sua eficiência. Os mais comuns são os convectores e os termoventiladores. Estes aquecem com maior rapidez, graças ao ventilador que distribui o ar pela divisão. O convector tem um funcionamento mais silencioso, sendo mais indicado para os quartos. Aparelho desde 600 custos da instalação Aparelhos entre 10 e 100 PRÓS Além de aquecer toda a habitação, através de radiadores ou de pavimento radiante, a caldeira serve para a produção de água quente sanitária. Fácil de usar e com possibilidade de ligar equipamentos para controlar ou programar ou a um sistema domótico. Boa opção para servir como sistema auxiliar aos painéis solares térmicos. CONTRAS Se não possuir pré-instalação, o custo e o incómodo das obras necessárias serão elevados. Consome menos do que o aquecedor elétrico, mas mais do que o ar condicionado e a salamandra. UTILIZAÇÃO IDEAL Para quem possua pré-instalação de aquecimento central e pretenda aquecer toda a casa. Boa opção para climas mais frios, onde o rendimento do ar condicionado possa não ser tão elevado. PRÓS Alia o baixo custo de aquisição à facilidade de utilização e à mobilidade. Por não necessitar de instalação, pode ser uma boa solução para quem não queira fazer obras nem investir muito. CONTRAS Como consome muita eletricidade, não é indicado para quem pretende manter a casa quente durante longos períodos. O controlo da temperatura é pouco preciso, pelo que poderão ocorrer grandes oscilações na divisão. Se usar vários aparelhos, pode sobrecarregar o quadro elétrico. UTILIZAÇÃO IDEAL Aquecer uma divisão de cada vez e por curtos períodos. São indicados para quem quer gastar pouco na compra e não pretende ou não pode colocar outro tipo de aquecimento (uma casa arrendada, por exemplo). Custo energético: 0,11 por kwh Custo energético: 0,20 por kwh + CARO Eva Vasconcelos Lisboa A casa tem pré-instalação de ar condicionado, mas optou pela caldeira com aquecimento central. Queria um ambiente aquecido de modo uniforme e pensou que o ar condicionado piorava a qualidade do ar. Já usa há 6 anos e salienta o conforto que proporciona, porque aquece a casa de modo rápido, uma vez que existem radiadores em todas as divisões. Além disso, mantém a temperatura constante e permite programar o valor e o horário de funcionamento. Os pontos negativos são os custos com o gás natural e, ao contrário do ar condicionado, não arrefecer no verão. José Pato Fernão Ferro Há mais de 10 anos que usa o convector para aquecer o quarto, antes de se deitar, no inverno. Como a zona é fria, utiliza o equipamento todos os dias. Liga-o cerca de 15 minutos antes de se deitar, define a tempertaura e, durante a noite, o aparelho vai desligando e ligando, para manter o quarto quente. Além de ter sido barato, considera-o simples de usar, pequeno, pelo que não ocupa muito espaço, e não faz barulho. Nota um aumento no consumo de eletricidade, mas nada de especial. Como o aparelho vai desligando, considera que não gasta tanto. janeiro Proteste 13

5 A experiência de quem poupou com a PROTESTE Em maio, lançámos a nossa primeira campanha de compra coletiva de sistemas energéticos renováveis: as bombas de calor, mais conhecidas por aparelhos de ar condicionado, foram as eleitas. Nuno Almeida e Pedro Capote beneficiaram de um desconto superior a 200, na compra dos equipamentos. O que é que o levou a comprar um ar condicionado? Estava a pensar comprar há algum tempo, mas andava indeciso. Por hábito, faço muitas prospeções antes de comprar alguma coisa. Consulto e comparo os preços. Quando surgiu a vossa campanha, com o desconto, achei que era uma boa oportunidade. Como correu a instalação? Correu tudo muito bem: foi feita em julho. Ainda só tenho o sistema há 3 meses. Os motivos que o levaram a optar por este sistema em particular foram ecológicos ou monetários? Monetários, principalmente. O ar condicionado era o sistema que melhor se adaptava às minhas necessidades. Por dois motivos: apesar de ser uma casa de construção recente, no verão, há dias em que está muito calor e sentia necessidade de arrefecimento. No inverno, como a casa também está fechada durante a semana, precisava de aquecê-la com rapidez. O que é o levou a comprar um ar condicionado? Já andava a pensar comprar este equipamento para a minha casa. Durante as minhas pesquisas por aparelhos e preços, o fornecedor local falou-me da campanha. Informei-me e aproveitei. Como decorreu a instalação? Correu tudo sem problemas. Acordámos que primeiro iriam a minha casa analisar as condições, para decidir como seria feita a instalação. Depois, numa manhã, foram feitas as ligações e instalados os aparelhos. Como escolheu o equipamento? Consultei os vossos testes comparativos e, pelo que vi, era o que apresentava melhor relação entre a qualidade e o preço. Nuno Almeida Charneca de Caparica A vossa campanha pareceu-me uma boa opção Pedro Capote Aveiro A instalação decorreu sem problemas Portátil: prático, mas mais caro Quando se escolhe um sistema de aquecimento, é preciso ponderar vários fatores: monetários e não só. Um dos primeiros passa por decidir entre um aparelho portátil ou fixo. Os aparelhos portáteis podem ser transportados para qualquer lugar, desde que haja uma tomada para os ligar. Das possibilidades existentes, os termoventiladores e os convectores são os mais indicados. Conseguem aquecer rapidamente uma divisão, mas podem fazê-lo de modo uniforme. Têm também alguma dificuldade em definir e manter a temperatura desejada. Por esta razão, podem funcionar por mais tempo do que o necessário, o que se reflete no consumo elétrico. Contudo, são uma solução interessante para quem tem uma casa com pouca necessidade de aquecimento, por estar bem isolada ou exposta ao sol no inverno, para quem vive numa casa arrendada ou quem muda de residência com frequência. Entre as soluções fixas, as mais eficientes são o ar condicionado, a salamandra a pellets e a caldeira a gás natural. A última só deverá ser considerada se existir pré-instalação e acesso a gás natural. A salamandra pode não aquecer a casa toda, mas manter quentes as divisões contíguas. Deixe os profissionais instalar Todas as soluções fixas devem ser instaladas e mantidas por técnicos especializados. Embora a salamandra seja vendida em grandes superfícies, convém que seja comprada a um instalador ou que, na loja, peça o contacto de alguém habilitado para fazer o serviço. Este equipamento deve ser colocado num local que suporte as elevadas temperaturas superficiais e ligado a uma chaminé. Já o ar condicionado e a caldeira a gás têm mesmo de ser instalados por empresas credenciadas. Se não houver pré-instalação, as obras poderão ser avultadas e, no caso do aquecimento central, ficam muito caras, pois implicam a colocação de radiadores em toda a casa. Mas, se a casa incluir a estrutura e a tubagem, basta comprar os aparelhos e pedir à empresa para instalá-los. Os aparelhos fixos também necessitam de uma manutenção mais regular. No caso do ar condicionado, devem ser seguidas as recomendações do fabricante para a limpeza dos filtros das unidades interiores ou, na ausência daquelas, feitas, pelo menos, duas limpezas por ano. As unidades interiores, bem como a exterior, devem ser revistas por técnicos credenciados a cada 3 anos. Quanto às caldeiras a gás natural, é essencial respeitar o plano de manutenção indicado pelo fabricante. Evite deixar o aparelho mais de 1 a 2 anos sem revisão. 14 Proteste 375 janeiro 2016

6 PROTESTE ENTREVISTA ISABEL OLIVEIRA COORDENADORA DE ESTUDOS TÉCNICOS As nossas campanhas não se centram apenas no preço: também garantimos instaladores qualificados O que ganharam os consumidores com a criação da comunidade Energias Renováveis em Casa? Antes de mais, ganharam um espaço onde podem ver esclarecidas quaisquer dúvidas relativas à utilização de sistemas de energias renováveis. E isso é muito importante: recebemos, com frequência, dúvidas de associados sobre estes temas. Sabemos, por essa experiência, que não existe uma resposta universal para algumas questões, pois cada questão representa um caso particular. Com a criação da comunidade, damos a possibilidade de responder a mais questões, provenientes de mais consumidores. Sabemos que estes sistemas são vantajosos e queremos ajudar, o mais possível, esclarecendo as dúvidas. Ainda existe muito ceticismo quanto às energias renováveis? Um dos grandes objetivos deste projeto era facilitar o acesso dos consumidores a bons sistemas de energias renováveis. Antes de arrancarmos com as campanhas, procurámos saber quais as barreiras que dificultavam a opção por estes equipamentos. Fizemos um questionário a mais de 1000 portugueses, onde ficou claro que o preço era um obstáculo importante, o que não nos surpreendeu. Mas também verificámos que os consumidores estariam disponíveis para fazer esta transição desde que, por um lado, as poupanças resultantes fossem reais e compensassem o investimento e, por outro, houvesse uma garantia quanto à qualidade do produto e do serviço. Daí que as nossas campanhas não se centrem apenas no preço. É essencial que o produto tenha boa qualidade e que o retorno do investimento seja garantido, mas também queremos que o consumidor seja servido por instaladores qualificados. Só estes podem garantir que se tira o máximo partido do sistema escolhido. Tem havido muito interesse por parte dos consumidores? A nossa comunidade foi iniciada a 29 de maio, dia nacional da energia. Desde essa altura, tivemos mais de 110 mil visitas ao site (o que dá mais de 20 mil visitas por mês) e cerca de 5 mil membros registados. Só podemos concluir que existe muito interesse. Um aspeto que nos agrada muito é contarmos com alguns membros regulares que nos ajudam a esclarecer outros visitantes. E qual é o sistema que mais atrai a atenção dos portugueses? A nossa campanha dos sistemas fotovoltaicos de autoconsumo foi, até agora, o tema que mais interesse registou, não só por parte dos consumidores (obtivemos mais de 9000 registos), mas também por parte das empresas. Foram muitas as que nos contactaram a manifestar o seu interesse em participar nesta campanha, oferecendo preços mais convidativos. Qual a razão? É natural que haja muito interesse no tema. Em 2015, assistimos a uma verdadeira revolução na forma como esta tecnologia pode ser aproveitada pelos consumidores: em vez de venderem a eletricidade que geram à rede, passam a usá-la para compensar o seu consumo. Existem diferentes tipos de sistemas e, como são mais pequenos e baratos, podem ser usados por mais consumidores do que a antiga microprodução. Não é de estranhar, portanto, o interesse. O ar condicionado é o segundo tópico mais visitado. O que podemos esperar nos próximos meses? Continuaremos a explorar estes temas e a oferecer mais informação e soluções aos nossos membros. Durante 2016, iremos alargar a nossa base de informação aos sistemas renováveis para produção de água quente sanitária. Vamos começar por testar sistemas solares térmicos. Estes equipamentos são já bem conhecidos no nosso país, mas persistem muitas dúvidas sobre o seu real desempenho. Vamos esclarecer essas dúvidas com testes. No final do ano, iremos analisar uma tecnologia que se perspetiva como o futuro na produção da água quente, por oposição aos esquentadores e sobretudo aos termoacumuladores elétricos: as bombas de calor para águas quentes sanitárias. É uma adaptação do conceito do ar condicionado, mas para aquecer água. Vamos explorar esta tecnologia que ainda é dispendiosa e verificar se tem alguma vantagem económica. Iremos dando conta das novidades. janeiro Proteste 15