Comunicação da Comissão que altera as orientações para o exame dos auxílios estatais no sector das pescas e da aquicultura 1.

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1 Comunicação da Comissão que altera as orientações para o exame dos auxílios estatais no sector das pescas e da aquicultura 1. Introdução A comunicação da Comissão com orientações para o exame dos auxílios estatais no setor das pescas e da aquicultura - C(2015) 4361 final de , na Secção 5 Auxílios que podem ser considerados compatíveis com o mercado interno, ponto 5.6, prevê a compatibilidade de auxílios ao funcionamento em Regiões Ultraperiféricas (RUP), desde que tenham um efeito de atenuar os condicionalismos específicos dessas regiões, decorrentes do seu isolamento, insularidade e ultraperifericidade. Estas orientações não se aplicam aos auxílios concedidos sob a forma de financiamento suplementar para a execução dos planos de compensação dos custos suplementares para os produtos da pesca e da aquicultura nas RUP, referidos no artigo 72.º do Regulamento (UE) n.º 508/2014. Tais auxílios são aprovados no âmbito daqueles planos, em conformidade com o artigo 73.º desse regulamento. Os auxílios estatais relativos à renovação da frota (construção de novas embarcações) não estão consignados nestas orientações, resultando da política comum de pesca implementada a partir de 2003, havendo como é do conhecimento geral uma derrogação para as RUP até 31 de dezembro de Vem agora a Comissão propor alterações nas orientações para o exame dos auxílios estatais no setor das pescas e da aquicultura, com a introdução do secção 5.6a Ajuda à renovação da frota de pesca nas RUP, na sequência da Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu, ao Comité das Regiões e ao Banco Europeu de Investimento - Uma parceria estratégica reforçada e renovada com as RUP da EU, de 24/10/2018 COM (2017) 623 final, onde a Comissão se propõe examinar a possibilidade de concessão de auxílios estatais para a construção de novos navios nas RUP, desde que sejam asseguradas condições para uma pesca sustentável. As alterações propostas pela Comissão, quanto às orientações referidas anteriormente, serão abordadas no ponto ponto 3. 1

2 As RUP terão de manter uma posição firme e enérgica quanto aos apoios à construção de novas embarcações, consignando no futuro período de programação pós 2020 (novo FEAMP) auxílios europeus para a renovação da frota nestas regiões. 2. Renovação da Frota de Pesca A frota de pesca da Região Autónoma da Madeira (RAM) é constituída basicamente por embarcações de caraterísticas costeiras, utilizando artes seletivas, não depredadoras dos recursos haliêuticos, contribuindo para uma pesca sustentável e responsável. O mesmo não se pode afirmar quanto às grandes frotas oceânicas, que têm sido causadoras da depauperação dos recursos, com consequências irreversíveis para o setor. A renovação da frota pesqueira regional, consubstanciada na construção de novas embarcações, estagnou com eliminação dos apoios financeiros a partir de 2007, com a entrada em vigor do regulamento do Fundo Europeu das Pescas. O quadro financeiro europeu relacionado com as pescas Fundo Europeu das Assuntos Marítimos e das Pescas (FEAMP) , também não prevê apoios à construção de novas unidades (regulamento (UE) nº 508/2014, de 15 de maio). A título informativo, refira-se que desde 2009 que não há entradas na frota de novas construções no segmento com mais de 12 metros de comprimento. A idade média da frota regional é de 46 anos, enquanto a frota nacional situa-se nos 33 anos. O segmento com menos 12 metros atinge uma média de 48 anos, contrapondo com os 26 anos da restante frota. Segundo estes indicadores é bem patente a sua vetustez. A RAM, aquando da preparação do regulamento do FEAMP, mostrou o seu desagrado, através dos canais adequados, por esta não contemplar, uma vez mais, ajudas para a construção de embarcações. Sugeriu, inclusive, que as medidas existentes até 2007, consignadas no regulamento (CE) nº 639/2004 derrogação do regime de entradas e saídas de embarcações, complementado com a possibilidade de auxílios financeiros às regiões ultraperiféricas (RUP) -, vigorassem para o período de programação atual Refira-se aqui a importância da interpretação, no sentido de uma discriminação positiva, do artigo 349º (ex-299º) do Tratado sobre o funcionamento da União Europeia sobre a necessidade do Conselho sobre proposta da Comissão adotar medidas específicas destinadas, 2

3 em especial, a estabelecer as condições de aplicação dos Tratados às RUP, das quais ressalta as políticas no domínio das pescas. Se nada for feito, a nossa frota poderá a breve trecho caminhar para uma degradação ainda mais acentuada, com resultados nefastos para o setor, em especial para os profissionais que dele dependem e respetivas famílias, mas também para a economia regional. Deste modo, e pensando sempre na viabilidade do setor das pescas da Região, sendo transversal a todas as RUP, União Europeia terá de reequacionar a sua política de apoio à renovação da frota, considerando no próximo período de programação financeira (pós 2020) os auxílios à construção de novas embarcações, pese embora a proposta de regulamento do futuro FEAMP voltar a não considerar este tipo de apoios. 2.1 Caso particular da frota do Peixe Espada Preto A frota de pesca do peixe-espada preto é caraterizada por pequenas embarcações tradicionais de cerca de 13 metros. Das unidades a operar, em 2017 foram licenciadas 22 embarcações, apenas uma possui o casco de plástico/fibra de vidro, sendo as restantes de madeira (vide mapa 1). A idade média desta frota é 25 anos. São necessários cerca de 10 homens por embarcação, numa pesca com mecanização baixa com palangre deriva. O número de pescadores de segmento da frota situa-se nos 154 homens, todos do concelho de Câmara de Lobos, considerando-se que esta comunidade vive da pesca e para a pesca, representando muito mais que os tripulantes atrás, dado os elevados agregados familiares. A pesca descarregada, em 2017, rondou as toneladas, equivalente a cerca de 7,6 milhões de euros (27,1% em quantidade e 25,3% em valor face ao total desembarcado) vide mapa 2. A indústria transformadora é importante para o escoamento desta espécie, laborando cerca de 1/3 da produção primária. 50% do aprovisionamento é enviado para o exterior, em várias formas de apresentação, desde a posta ao filete. O paradigma da exploração deste tipo de atividade alterou-se nos últimos anos, conduzindo as embarcações para águas mais longínquas, fora da nossa Zona Económica Exclusiva. No 3

4 entanto, as unidades são as mesmas, não havendo renovação, a qual é essencial, sobretudo em termos de segurança. Os armadores não são detentores de meios financeiros suficientes para empreenderem uma modernização efetiva deste segmento da frota, com novas e adequadas embarcações, pelo que é fundamental regressarem os apoios financeiros europeus para a renovação da frota, por sermos uma RUP pobre que não pode substituir-se á União Europeia. 3. Alteração às orientações para o exame dos auxílios estatais no sector das pescas e da aquicultura É inserida na comunicação da Comissão com orientações para o exame dos auxílios estatais no setor das pescas e da aquicultura - C(2015) 4361 final, após o ponto 114 da secção 5.6, uma nova secção 5.6a. - Ajuda à renovação da frota de pesca nas RUP. Nada temos a acrescentar relativamente aos pontos introduzidos na secção 5.6a, 114-A, 114- B, 114-C e 114-E. 114-D os plafonds de capacidade de pesca em cada EM devem ser respeitados e incluem os plafonds para cada uma das RUP mas nunca por segmento para não contrariar os regulamentos relativos ao ficheiro da frota. Assim, sugere-se que este ponto seja alterado: (114-D) Os limites máximos da capacidade de pesca de cada Estado-Membro e de cada região ultraperiférica, fixados no anexo II do Regulamento (UE) n.º 1380/2013, tendo em conta qualquer eventual redução desses limites máximos por força do artigo 22.º, n.º 6 do referido regulamento, não podem ser excedidos em momento algum. A entrada na frota de uma nova capacidade adquirida com auxílios deve ser realizada no pleno respeito desses limites máximos de capacidade e não deve conduzir a uma situação em que esses limites sejam ultrapassados. Quanto ao ponto 114-F, intensidade máxima da ajuda pública, não deve haver taxa de financiamento em função do comprimento das embarcações. No ponto (6) destas orientações é referido que os auxílios previstos revestem um caráter compensatório excecional e que não afeta a concorrência pelo que, neste contexto, os níveis de apoio devem ser mais flexíveis e equiparados aos apoios destinados a compensar as RUP no FEAMP ( ), sendo no máximo 85%. A razão deste acréscimo prende-se com o facto da natureza e dimensão dos 4

5 proprietários das embarcações registadas nesta Região, com fracos recursos financeiros e sem capacidade negocial face às exigências do setor bancário. Assim sugere-se que o ponto 114 F passe a ter a seguinte redação: (114-F) A intensidade máxima da ajuda pública não pode exceder 85% do montante total dos custos elegíveis. 5