ARCADISMO (NEOCLASSICISMO) Obras poéticas, Cláudio Manuel da Costa Suspiros poéticos e saudades, Gonçalves de Magalhães

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1 ARCADISMO (NEOCLASSICISMO) Obras poéticas, Cláudio Manuel da Costa Suspiros poéticos e saudades, Gonçalves de Magalhães

2 CONTEXTO HISTÓRICO Mudança do centro econômico: Minas e RJ. Ouro e diamantes em MG. Surgimento de sociedade urbana, complexa, em minas; Estabilização de uma sociedade culta: funcionários da coroa, magistrados, mineradores e comerciantes que estudaram na Europa. Sistema literário;

3 Fé e religião substituídas pela razão e pela ciência; Iluminismo francês; Críticas à ordem social vigente; Rousseau o homem natural, bom selvagem. Despotismo esclarecido Marquês de Pombal: expulsão dos jesuítas e laicização do ensino) Inconfidência mineira;

4 CARACTERÍSTICAS Fim dos exageros do Barroco, busca da simplicidade; Modelo greco-latino: clareza, predomínio da razão, equilíbrio, submissão a regras e modelos. O Belo, o Bem, a Perfeição; Otimismo, crença no homem (antropocentrismo) Verossimilhança; (mímesis imitação)

5 Não é um inventor, é mais importante a cópia perfeita do modelo; café coado pela terceira vez ; Poesia objetiva, pouco uso de metáforas; Inutilia truncat; Bucolismo; Locus amoenus; fugere urbem; Carpe diem; Arcádias, baseadas no modelo mitológico de Pã. Poetas com codinomes pastoris.

6 CLÁUDIO MANUEL DA COSTA ( ) Filho de mineradores; Estudou em colégio jesuíta; Formou-se em Direito (Portugal); Trabalhou para a família; Inconfidência Mineira; Inculpou os amigos; Suicídio (?); Glauceste Satúrnio.

7 Obras poéticas; poesia lírica Vila Rica; poesia épica descoberta das minas e fundação de Vila Rica; Entre o Barroco e o Arcadismo; obra rica mas sem ostentação, simples mas sem banalidade; Oscilação entre paisagens de Minas Gerais e de Portugal; Rústico (paisagem mineira, rochas) X civilizado (experiência de viver na Europa) Influência de Camões (sonetos); resíduos cultistas; Nise: amante infeliz e a tristeza da mudança das coisas em relação à permanência dos sentimentos;

8 Não vês, Nise, este vento desabrido, Que arranca os duros troncos? Não vês esta, Que vem cobrindo o Céu, sombra funesta, Entre o horror de um relâmpago incendido? Não vês a cada instante o ar partido Dessas linhas de fogo? Tudo cresta, Tudo consome, tudo arrasa, e infesta, O raio a cada instante despedido. Ah! Não temas o estrago, que ameaça A tormenta fatal: que o Céu destina Veja mais feia, mais cruel desgraça: Rasga o meu peito, já que és tão ferina; Verás a tempestade, que em mim passa; Conhecerás, então, o que é ruína.

9 Destes penhascos fez a natureza O berço em que nasci! Oh quem cuidara Que entre penhas tão duras se criara Uma alma terna, um peito sem dureza! Competir não pretendo Contigo, ó cristalino Tejo, que mansamente vais correndo: Meu ingrato destino Me nega a prateada majestade; Que os muros banha da maior cidade.

10 TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA ( ) Vem para o Brasil com 7 anos; Se forma em Coimbra; Ouvidor de Vila Rica; Maria Joaquina Doroteia de Seixas (Marília) Inconfidência Mineira, desterro para Moçambique; Goza de boa vida em Moçambique e morre.

11 Poesia lírica: Liras de Marília de Dirceu Partes I e II; Mais árcade dos poetas brasileiros, apesar de trazer traços que fogem às características clássicas: -descreve Minas Gerais, não os campos europeus renascentistas; -lirismo, falando de seus sentimentos pessoais em relação à Marília;

12 PRIMEIRA PARTE: PROJETO DE VIDA FUTURA, ENCANTOS DE AMBAS AS PARTES Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado, De tosco trato, de expressões grosseiro, Dos frios gelos e dos sóis queimado. Tenho próprio casal e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que me visto. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela!

13 SEGUNDA PARTE: PRISÃO, SAUDADES DE MARÍLIA (PRÉ-ROMANTISMO) Porém se os justos céus, por fins ocultos, em tão tirano mal me não socorrem, verás então que os sábios, bem como vivem, morrem. Eu tenho um coração maior que o mundo, tu, formosa Marília, bem o sabes: um coração, e basta, onde tu mesma cabes.

14 POESIA SATÍRICA: CARTAS CHILENAS Poema constituído de 13 cartas; Tomás Antônio Gonzaga: Critilo; Governador Cunha de Menezes: Minésio; Destinatário: Doroteu. - Os ataques são destinados à pessoa do governador, não se trata de crítica à colônia ou ao colonizador.

15 Não cuides, Doroteu, que vou contarte Por verdadeira história uma novela Da classe das patranhas, que nos contam Verbosos navegantes, que já deram Ao globo deste mundo volta inteira. Uma velha madrasta me persiga, Uma mulher zelosa me atormente E tenha um bando de gatunos filhos, Que um chavo não me deixem, se este chefe Não fez ainda mais do que eu refiro. Tem pesado semblante, a cor é baça, O corpo de estatura um tanto esbelta, Feições compridas e olhadura feia; Tem grossas sobrancelhas, testa curta, Nariz direito e grande, fala pouco Em rouco, baixo som de mau falsete; Sem ser velho já tem cabelo ruço, E cobre este defeito a fria calva À força de polvilho que lhe deita. Ainda me parece que o estou vendo No gordo rocinante escarranchudo, As longas calças pelo umbigo atadas, Amarelo colete, e sobre tudo Vestia uma vermelha e justa farda.