REPirBLICA DE ANGOLA TRIBUNAL CONSTITUCIONAL. ACORDAO N.o 403/2016. Em nome do Povo, acordam, em Conferencia no Plenano do Tribunal Constitucional:

Transcrição

1 REPirBLICA DE ANGOLA TRIBUNAL CONSTITUCIONAL ACORDAO N.o 403/2016 PROCESSO N.o 406-C/2014 (Recurso Extraordinano de Inconstitucionalidade) Em nome do Povo, acordam, em Conferencia no Plenano do Tribunal Constitucional: 1. RELATORIO Adao Castelo Antonio, melhor identificado nos autos, requereu, junto do Tribunal Supremo, providencia de habeas corpus, com a seguinte argumentaao : 1. Foi preso preventivamente no dia 25 de Outubro de 2010, acusado e posteriorrnente pronunciado pelo crime de peculato, nos terrnos do artigo do Codigo Penal. ZC 2. No dia 27 de Junho de 2011, foi condenado na pena de prisao \.N"'/\ \ maior de 8 anos. I 3. Prolatado 0 Acordao 0 Ministerio Publico interp6s Recurso, (A.J' que foi admitido, nos proprios autos, com a subida imediata ea com efeito suspensivo. \ 1

2 4. 0 referido recurso corre seus termos na Camara dos Crimes Comuns do Tribunal Supremo, sob 0 n.o 10633/ Ao admitir-se 0 referido recurso com efeito suspensivo, suspendeu-se tambem a execuc;ao efectiva da pena, pelo que a prisao continua a ser preventiva. 6. De acordo com do artigo 337. do C6digo de Processo Penal, em instancia de recurso, 0 prazo de prisao preventiva em processo de querela, e de 10 (dez) meses, isto e, 300 dias, que ja expiraram ha muito tempo. 7. A manutenc;ao da prisao nos termos referidos supra e incompativel com 0 respeito pela dignidade da pessoa humana, valor fundamental de todo 0 direito, consagrado no artigo 1.0 da Constituic;ao da Republica de Angola - CRA. 8. A manutenc;ao da referida prisao constitui tambem abuso de poder, nos termos do artigo da CRA. 2

3 13. Assim, a manuten<;ao da prisao preventiva ap6s julgamento e por periodo superior a 300 dias, a contar da data de admissao do recurso com efeito suspensivo, viola os artigos 57., 64., 66.,67. e 68. da CRA. 14. Termina pedindo que 0 habeas corpus seja concedido e ele, Reu, restituido aliberdade. o Tribunal Supremo considerou que a prisao do Reu continua a justificar-se por ser com culpa form ada e ser inadmissivel a liberdade provis6ria. ll. COMPETENCIA DO TRIBUNAL o Tribunal Constitucional e competente para, ap6s 0 esgotamento de todos os recursos ordinanos oponiveis nos tribunais comuns, apreciar as senten<;as dos demais tribunais que contenham fundamentos que contrariem principios, direitos, liberdades e garantias previstos na Constitui<;ao, nos termos da alinea m) do artigo 16. da Lei n. 2/08, de 17 de Junho (Lei Organica do Tribunal Constitucional), na redac<;ao consagrada pelo artigo 2. da Lei n , de 3 de Dezembro, conjugada com alinea a) do artigo 49. da Lei n.o 3/08, de 17 de Junho (Lei do Processo Constitucional- LPC). ill. LEGITIMIDADE Tern legitimidade activa quem possu! mteresse directo em demandar e legitimidade passiva quem tern interesse directo em responder ademanda. o ora, Recorrente tern legitimidade activa nos termos da alinea a) do artigo 50. da Lei n.o 3/08, de 17 de Junho - LPC, bern como do artigo 26. do C6digo Processo Civil. IV. OBJECTODORECURSO o objecto do presente recurso e 0 Ac6rdao de 11 de Fevereiro de 2014 proferido no processo n.o 10633/2011, que correu seus termos junto da 3

4 Camara Criminal do Tribunal Supremo que indeferiu a providencia de habeas corpus requerida pelo ora Recorrente. V. APRECIANDO Durante a tramitaao do presente processo, veio a saber 0 Tribunal Constitucional que 0 Venerando Tribunal Supremo decidiu em segunda instancia 0 recurso ordinario que the fora interposto pelo Recorrente. Com essa decisao a prisao do arguido - "Recorrente" deixou de ser preventiva e tomou-se efectiva, deixando assim de haver fundamento para a eventual existencia de excesso de prisao preventiva como alegava 0 Recorrente. Por outro lado, e em consequencia da mesma decisao foi 0 Recorrente posto em liberdade com 0 Ac6rdao desse recurso que, antes mesmo de suscitar a presente providencia cautelar interpusera, tendo reduzido para metade (4 anos) a pena de prisao antes aplicada pelo Tribunal "a quo", A libertaao do Recorrente e 0 termo da sua prisao preventiva sao factos de especial relevancia processual porque tomam inutil conhecer urn pedido cujo tim e0 do objectivo ja realizado, isto ea sua soltura. Assim sendo, com a superveniencia do facto da libertaao do Recorrente, tomou-se despicienda a apreciaao da questao controvertida e, consequentemente, inutil a presente lide, nos termos da alinea e) do artigo 287. do CPC. DECIDINDO Nestes tennos, Tudo visto e ponderado, acordam, em Plemirio os Julzes do Tribunal Constitutional em J.Jr(,, a... -t':.t ciadt _.4. v'e.'flvji L 'c.&- e. ex--h'nia.. a... 1/V ':i. lavlc,tl{ Sem custas nos termos do artigo 15 da Lei n.o 3/08, de 17 de Junho - Lei do Processo Constitucional. 4

5 Notifique. Tribunal Constitucional em Luanda, aos 08, de Setembro de OS ruizes CONSELHEmOS Dr. RBi Constantino da Cmz Ferreira (Presidente_"=,.c.-.f-H t=:::-.._ Dr. Americo Maria de Morais Garcia...:;.J.;""'+"-'-=""---'F+'----r-+"''?7't''"=t---'-' Dr. Antonio Carlos Pinto Caetano de 1ISt=.;;;;;;;tt====::::::.:..,- Dr. Carlos Magalhaes c:::::u.:.::::=::==-_== Dra. Guilhermina Prata Dra. Luzia Bebiana de Almeida Dra. Maria da Imaculada L. da C Dr.OnofreMartinsdosSantos -4 == Dr. Raul Carlos Vasques Aralijo. Dr.sUnaodesousaVictor 5