Revista Economica e Financeira
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- João Lucas Borja Balsemão
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1 2. A ECONOMIA DE MACAU 2.1 Conjuntura macro-económica e sectorial Evolução dos agregados Em 214, a economia global continuou a registar uma expansão moderada com um grau de divergência elevada nas tendências das principais economias. Neste embiente externo complexo e volátil, e reflectindo os desenvolvimentos no sector do turismo, a economia da RAEM cresceu de forma estrondosa nos primeiros dois trimestres, seguido por uma contracção acentuada no resto do ano. Em 214, o PIB real caiu ligeiramente,4%, a primeira contracção desde Não obstante isso, o PIB nominal subiu para MOP443,3 mil milhões, com um PIB per capita histórico de MOP Registaram-se níveis de crescimento sólido de 13,1% e 8,% na RAEM nos primeiro e segundo trimestres de 214. Este desempenho satisfatório deveu-se principalmente às exportações dos serviços e às despesas de investimento. Tendo os primeiros dois trimestres em consideração, registou-se um aumento de 6,7% comparado com o ano anterior no primeiro e de 39,9% no segundo. No entanto, a segunda metade do ano mostrou uma história bastante diferente. Apesar do aumento no número de visitantes, as exportações de serviços relacionados com o turismo diminuíram 1,8% no terceiro trimestre, comparado com o ano prévio, seguido por uma contracção ainda mais acentuada no quarto trimestre de 27,2%. As exportações dos serviços relacionados com o jogo e outros serviços registaram quedas durante este período. As exportações totais de serviços, que costumavam ser uma das principais forças motrizes da economia da RAEM, sofreram, consequentemente, quedas de 9,9% e 26,% nos terceiros e quarto trimestres, respectivamente, compensando os resultados positivos dos restantes componentes do PIB. Apesar de as exportações visíveis terem aumentado 2,7% em termos reais durante 214, a contracção das exportações invisíveis resultou num decréscimo das exportações totais por 5,5%. As importações totais aumentaram moderadamente por 1,7% dado que a queda nas importações de serviços contrabalançou em parte o aumento nas importações de mercadorias. O excedente comercial continuou a ser dominado pelas significativas exportações de serviços, tendo caído 11,1% em 214. Por outro lado, a procura doméstica cresceu novamente no ano em análise com aumentos no consumo e investimento. Além disso, os factores domésticos continuaram a aumentar os preços. O deflector implícito do PIB aumentou de 7,9% para 8,5%. As principais agências de classificação de crédito mantiveram as classificações de investimento elevadas da RAEM durante o ano. A Moody s Investor s Services em Março de 214 aumentou a classificação de emitente a longo-prazo da RAEM (moeda estrangeira e doméstica) de Aa3 para Aa2 com uma previsão estável, devido ao amplo excedente fiscal da RAEM, a forte posição financeira externa e a ausência de dívida por parte do Governo da RAEM. Em Junho de 214, a Fitch Ratings manteve GRÁFICO II.1 TAXA DE CRESCIMENTO REAL DO PIB,
2 Relatório Anual 214 QUADRO II.5 TAXAS DE CRESCIMENTO REAL DOS AGREGADOS ECONÓMICOS (ANO DE REFERÊNCIA = 212), a 213 a 214 b Taxa de Peso no Taxa de Peso no Taxa de Peso no crescimento PIB crescimento PIB crescimento PIB Procura interna 1,9 41,7 6,3 4,1 16,1 46,7 Despesa de consumo privado 8,7 2,1 6,6 19,3 5,9 2,5 Despesa de consumo final do governo 6,2 6,9 5,1 6,6 7,1 7,1 Formação bruta de capital fixo 19,9 13,6 8,9 13,4 35,2 18,1 Variação de existências -1,6 1,1-23,,8 1,7,9 Procura externa líquida 7,9 58,3 13,8 59,9-11,1 53,5 Exportação de bens e serviços 7,2 19, 11,7 11, -5,5 14,4 Mercadorias 3,2 3,4 7,8 3,4 2,7 4,1 Serviços 6,5 15,5 11,9 16,7-6,3 1,3 Importação de bens e serviços 6,4 5,7 9,4 5,1 1,7 51,1 Mercadorias 12,4 24, 19,7 26, 16,7 3,4 Serviços 1,3 26,7,1 24,1-13,8 2,9 Produto interno bruto 9,2 1, 1,7 1, -,4 1, Memorando: Taxa de crescimento anual do PIB deflator 7,1 7,9 8,5 Notas: a Revisto. b Estimativas preliminares. a classificação da RAEM como emissor de divisas domésticas e estrangeiras a longo-prazo a AA- com uma perspectiva estável. De acordo com o Índice de Liberdade Económica, da responsabilidade da Heritage Foundation, a economia da RAEM foi designada como geralmente livre pelo sétimo ano consecutivo. A RAEM foi classificada a nona economia mais livre de entre as 42 economias da região da Ásia- Pacifico e a 34.ª entre um total de 178 economias Procura externa Turismo O sector do turismo continuou a ter um desempenho satisfatório em 214. O número de visitantes cresceu 7,5% para o nível histórico de 31,5 milhões. O número de visitantes que permaneceu menos de 24 horas cresceu 12,6% para 17, milhões, representando 53,8% dos visitantes totais, enquanto o número de excursionistas aumentou a um ritmo ainda mais acelerado por 26,2% para 12,3 milhões. Os visitantes do Interior da China a maior fonte de visitantes para a RAEM continuou a ser a força impulsionadora do crescimento durante o ano. Registou-se um aumento de 14,1% nos visitantes para 21,3 milhões no ano em análise. Ao todo, a proporção de visitantes que vieram a Macau ao abrigo do Esquema de Visto individual aumentou de 43,3% em 213 para 45,% em 214. Os visitantes da RAEHK e de Taipé, China, a segunda e terceira maiores fontes de influxo de turistas a Macau, decresceram no ano em análise por 5,% para 6,4 milhões e de 4,7% para 1, milhões, respectivamente. As chegadas por via terrestre aumentaram 9,9% para 17,4 milhões enquanto as chegadas por via marítima e aérea subiram por 4,5% e 5,4%, para 12,1 milhões e 2,1 milhões de pessoas, respectivamente. Os gastos totais dos visitantes não relacionados com o jogo atingiram MOP61,7 mil milhões em 214, o que corresponde a um aumento de 3,7% em comparação com os MOP59,5 mil milhões registados em 213. Os visitantes que permaneceram em Macau menos de 24 horas e os que pernoitaram representaram 82,4% e 17,6% dos gastos totais, respectivamente. Por outro lado, os gastos relacionados com o jogo por visitantes diminuiu 2,5% para MOP349,8 mil milhões, devido a uma queda significativa nas receitas do sector do jogo VIP. Os gastos per-capita relacionados com o jogo de visitantes também decresceu ligeiramente 3,5% para MOP
3 QUADRO II.6 DISTRIBUIÇÃO DE VISITANTES SEGUNDO LOCAL DE RESIDÊNCIA, Variação N.º (1 3 ) Ponderação N.º (1 3 ) Ponderação Interior da China ,2 63, ,4 67,4 14,1 RAE de Hong Kong 6.766, 23, ,6 2,4-5, Taipé, China 1.1,2 3,4 953,8 3, -4,7 Outros 2.925,4 1, 2.892,9 9,2-1,1 Total ,8 1, ,6 1, 7,5 QUADRO II.7 DISTRIBUIÇÃO DE VISITANTES POR MEIO DE TRANSPORTE, Variação N.º (1 3 ) Ponderação N.º (1 3 ) Ponderação Terrestre ,5 53, ,9 55,2 9,9 Marítimo ,6 39,4 12.8,5 38,3 4,5 Aéreo 1.949,7 6,6 2.55,2 6,5 5,4 Total ,8 1, ,6 1, 7,5 GRÁFICO II.2 VARIAÇÃO ANUAL DAS RECEITAS BRUTAS DO JOGO, (1 9 Patacas) 4, 361,9 352,7 35, 57,5% 35,2 3, 269,1 25, 2, 189,6 41,9% 15, 18,6% 1, 13,4% 5, -2,5%, Receitas brutas do jogo (eixo da esquerda) Taxa de crescimento (eixo da direita) Não obstante a subida prolongada no número de quartos de hotel, a taxa de ocupação média dos hotéis e pensões subiu 3,4 pontos percentuais para 86,5%. Os hotéis de quatro estrelas foram a escolha mais popular, com a taxa de ocupação a crescer 2,6 pontos percentuais para 87,8%. Os hotéis de cinco e três estrelas também registaram taxas de ocupação elevadas, de 87,5% e 85,6%, respectivamente. A duração média da estadia dos hóspedes em hotéis permaneceu inalterada a 1,4 noites. Em 214, realizaram-se ao todo 1.55 eventos de reuniões, incentivos, convenções e exposições (MICE) na RAEM, nos quais participaram 2,6 milhões de pessoas, um aumento de 28,6% em comparação com o ano prévio. As reuniões e conferências representaram 91,8% de todos os eventos MICE. Foi realizada um número comparativamente menor de exposições, 87, todavia o número de participantes e pessoas presentes dispararam 31,4% em comparação com ano prévio para 2,5 milhões, um sinal encorajador para o desenvolvimento do sector de turismo de negócio. Analisando por tema dos eventos, a rubrica comércio e gestão manteve a sua posição dominante (45,4%), seguido pelas rubricas informática e outras tecnologias (12,9%), medicina e saúde (11,4%), actividades bancárias e financeiras (1,2%), educação e formação (5,6%) e finalmente turismo (4,7%). 5
4 Relatório Anual 214 Comércio de mercadorias As exportações totais de mercadorias cresceram ininterruptamente pelo quarto ano consecutivo, num contexto de contínua mudança na estrutura e nos padrões do comércio da Região Administrativa Especial de Macau. Aparentemente, os produtos tradicionais manufacturados perderam a sua vantagem comparativa no mercado internacional. Em 214, as exportações de têxteis e de vestuário diminuíram novamente por 7,7% para MOP 781,3 milhões, após a queda de 19,6% em 213. Esta categoria de exportações representou apenas 7,9% do total; uma redução de 1.4 pontos percentuais em relação ao ano anterior. As exportações de produtos não têxteis aumentaram 1,7%, passando a representar 92,1% do total. Em 214, as exportações totais de mercadorias cresceram 9,%, totalizando MOP 9,9 mil milhões, após terem aumentado 11,4% no ano anterior. O aumento geral das exportações tangíveis deveu-se apenas à subida de 11,4% em reexportações, largamente imputável às existências dos bens de consumo importados não vendidos e à devolução de maquinaria de construção. Entretanto, as importações totais de mercadorias cresceram 11,% totalizando MOP9. mil milhões. Assim, a Região Administrativa Especial de Macau registou pelo décimo quarto ano consecutivo um défice comercial que aumentou em 11,3% para MOP8. mil milhões. O rácio de exportações/importações caiu ligeiramente,2 pontos percentuais sendo de 11,%. As exportações para a Região Administrativa Especial de Hong Kong, o maior mercado das mercadorias exportadas, cresceram 19,7%, tendo absorvido mais de metade do total das exportações de mercadorias da RAEM. O fluxo transfronteiriço de bens para o interior da China, o segundo maior mercado para exportação, caiu 3,2% para uma quota de 15,7% do total. As vendas para os Estados Unidos da América, o terceiro maior mercado para exportação, diminuíram 19,6% após terem decaído precipitadamente em 28,1% no ano anterior, mas mesmo assim representando 3,% do total. As exportações para o Japão cresceram 12,6%, tornando este país Asiático no quarto maior mercado para exportação (1,7%) da RAEM em 214. Graças a uma contínua e forte procura de bens de consumo e de telemóveis, as importações de mercadorias subiram 11,% em 214, depois de terem crescido 14,2% no ano anterior. Uma prolongada alucinação consumista tanto de residentes como de turistas motivou o aumento de 8,4% das importações de mercadorias. Esta categoria de importações representou 62,2% do total com uma redução de 1,5 pontos percentuais deste mesmo indicador em relação ao ano precedente. Devido principalmente ao forte crescimento das importações de telemóveis, as importações de bens de capital tiveram um crescimento significativo de 22,2%, representando 18,4% do total com um aumento 1,7 pontos percentuais em relação à quota do ano precedente. Reflectindo a redução acentuada dos preços internacionais do petróleo ao longo do ano, as importações de combustíveis e lubrificantes cresceram apenas GRÁFICO II.3 VALOR TOTAL DO COMÉRCIO EXTERNO DE MERCADORIAS E TAXA DE COBERTURA, (1 9 Patacas) Valor total do comércio externo Taxa de cobertura (right scale)
5 marginalmente em,2%, com a sua quota no total das importações de mercadorias a cair 1, ponto percentual para 8,9%. O interior da China manteve-se como a principal origem das importações, fornecendo 33,2% do total das mercadorias importadas para a RAEM. Em termos de valor, as importações do interior da China cresceram significativamente por 13,%. As aquisições da RAEHK, o segundo maior fornecedor de importações, diminuíram 12,1% mas ainda assim representaram 1,3% do total. Entretanto, as importações com origem na Suíça e na França cresceram, respectivamente, 16,4% e 8,6%. As importações da Suiça passaram a representar 9,% do total e as da França 8,4%. Em 214, os preços das exportações caíram a um ritmo mais rápido que os das importações. Como resultado, o valor do índice das trocas comerciais, dados pelo rácio entre o índice do valor unitário das exportações e o das importações, caíram de 97,6 no ano anterior para 97, Procura interna A subida acentuada no investimento e o crescimento estável do consumo resultaram numa expansão da procura doméstica por 16,1% em 214, em comparação com os 6,3% registados em 213. O crescimento do consumo privado abrandou para 5,9% em 214, dos 6,6% registados no ano anterior. As despesas de consumo final das famílias no mercado doméstico, que corresponderam a quase 8% do total das despesas de consumo, subiram 6,% enquanto as despesas de consumo final das famílias no estrangeiro também cresceram ao mesmo ritmo. As despesas de consumo final de entidades sem fins lucrativos ao serviço das famílias registaram um aumento mais moderado de 2,5%, depois de ter aumentado 9,6% em 213. No âmbito das despesas de consumo da administração pública, as despesas com o pessoal aumentaram 2,% enquanto as despesas líquidas com as aquisições de bens e serviços expandiram 13,6%. As despesas finais de consumo da administração pública cresceram consequentemente 7,1% no ano em análise. As despesas de investimento subiram pelo quarto ano consecutivo. Depois de um aumento de 8,9% em 213, a formação bruta de capital fixo cresceu fortemente 35,2% em 214. O investimento do sector privado, uma rubrica que representa 9% das despesas de investimento totais, dispararam 41,4%, com o investimento na construção privada a aumentar 42,9%. Pelo contrário, o investimento da administração pública diminuiu 6,%, com as componentes da construção e equipamento a cair 5,% e 8,6%, respectivamente Preços Apesar de uma ligeira contracção da economia, o IPC geral da RAEM aumentou 6,% em 214, mais elevado que os 5,5% registados no ano prévio. O Quadro II.4 revela que a inflação dos preços no consumidor manteve-se a 6,% durante o ano. O abrandamento do crescomento económico na última parte do ano ajudou a amenizar progressivamente a inflação, que se situou a 5,6% no final de 214. O nível geral dos preços na RAEM como uma economia aberta resultou tanto de factores internos como externos. Os factores internos têm sido a principal força motriz da inflação nos últimos anos, devido à disponibilidade extremamente limitada de meios de produção inactivos. A oferta no mercado de trabalho continuou a ser limitada em 214, tendo a taxa de desemprego caído para o nível histórico de 1,7%. Consequentemente os salários subiram, com a mediana do rendimento mensal do emprego a subir 13,8% no último trimestre de 214 em comparação com o ano prévio. Além disso, o preço e as rendas das propriedades comerciais também dispararam significativamente. Todos estes factores encareceram os custos dos estabelecimentos comerciais e consequentemente os preços dos bens e serviços. Na frente externa, verificou-se uma mitigação das pressões externas dos preços devido aos baixos preços internacionais de mercadorias, aos níveis moderados de inflação nas principais fontes de importações e à valorização do USD contra as principais moedas. Os preços das principais mercadorias aumentaram progressivamente na primeira metade de 214 mas flutuaram significativamente na segunda. O preço do petróleo Brent cru atingiu o seu apogeu em Junho, a mais de USD11 por barril, tendo no entanto registado uma queda apreciável para cerca 52
6 Relatório Anual 214 GRÁFICO II.4 VARIAÇÃO MENSAL DO ÍNDICE DE PREÇOS NO CONSUMIDOR, , 9, 8, Variação homóloga Taxa média anual 7, 6, 5, 4, 3, 2, Jan Mar Maio Jul Set Nov Jan Mar Maio Jul Set Nov Jan Mar Maio Jul Set Nov GRÁFICO II.5 CONTRIBUIÇÕES PARA A TAXA DE INFLAÇÃO, Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas Bebidas alcoólicas e tabaco Vestuário e calçado Habitação e Equipamento combustíveis doméstico e materiais de utilização corrente Saúde Transportes Comunicações Recreação e cultura Educação Produtos e serviços diversos de USD6 por barril no final de 214. Isto resultou em parte numa queda de 1,% no índice do valor unitário das importações em 214, em contraste com a subida no IPC compósito. Todos os subíndices do valor unitário das importações registaram caídas anuais nos preços, com as rubricas combustíveis e lubrificantes, matérias-primas e produtos semimanufacturados, bens de consumo e bens de capital a revelaram quedas de 4,5%, 1,8%,,5% e,3%, respectivamente. Verificaram-se aumentos nos preços na maioria dos componentes do IPC em 214. A rubrica habitação e combustíveis, que sendo de 49,9%, mais contribuiu para a inflação dos bens de consumo, registou um aumento do preço de 11,9%. Destas, as rendas imputadas à habitação, que representam mais de 7% desta categoria, dispararam14,1%. Os preços da alimentação e bebidas não alcoólicas aumentaram 6,1%, principalmente devido à subida dos preços das refeições trazidas fora de casa, o que representa mais de metade do peso desta rubrica. As categorias bens de uso doméstico e mobiliário, saúde e recreação e cultura registaram subidas de preço de 4,7%, 4,6% e 4,3%, respectivamente, níveis abaixo das taxas verificadas em 213. De entre os restantes principais componentes do cesto do IPC, a rubrica comunicações registou uma queda de,3%, resultante principalmente da competição no mercado e das inovações tecnológicas Emprego A oferta no mercado de trabalho manteve-se restrita no ano em análise, com a taxa de desemprego a atingir níveis historicamente baixos. A situação 53
7 de pleno emprego no mercado de trabalho resultou numa subida continuada de salários e rendimentos e no nível mais alto de sempre do número de trabalhadores não-residentes. Em 214, o número de pessoas empregadas continuou a sua tendência ascendente, tendo subido 7,5% para pessoas, após a subida de 5,2% registado no ano prévio. Analisando por ocupação os empregados administrativos, pessoal dos serviços e vendedores e trabalhadores não qualificados foram as três categorias que mais pessoas empregaram, correspondendo respectivamente a 27,9%, 19,8% e 15,% da população empregada. A expansão de emprego foi particularmente visível nos segmentos mais qualificados, com os profissionais (+29,7%), os deputados da Assembleia Legislativa, quadros do governo, dirigentes de associações, directores e dirigentes de empresas (+22,7%) e técnicos e profissionais associados (+12,1%) a registarem aumentos particularmente notáveis no número de pessoas empregadas. A taxa de participação da população activa no mercado de trabalho subiu 1,1 pontos percentuais para 73,8%, depois de ter crescido por,3 pontos percentuais em 213. Analisando por sector económico, o jogo continuou a ser o maior empregador na RAEM, onde 21,5% da população empregada total trabalhou em 214, apesar de ter sofrido uma queda de 1,6 na sua quota em comparação com o ano prévio. Os sectores dos hotéis, restaurantes e similares e construção empregaram 14,1% e 13,5% do total, respectivamente. Em termos absolutos, verificou-se um crescimento notável do emprego nos sectores da construção (+48,8%), transportes, armazenagem e comunicações (+2,7%) e intermediação financeira (+14,8%). Por outro lado, o emprego nos sectores abastecimento de electricidade, gás e água registou declínios de 24,5%, 18,2% e,7%, respectivamente. A procura pela mão-de-obra manteve-se forte durante o ano, com o número de oportunidades de emprego a aumentar na maioria dos sectores económicos. As vagas nos sectores de indústrias transformadoras e hotéis, restaurantes e similares subiram 17,2% e 24,2%, respectivamente. No final 214, o número de ofertas nos sectores do comércio por grosso e a retalho e transporte, armazenagem e comunicações haviam crescido de 24,1% e 11,1%, respectivamente, em comparação com o ano prévio. A queda nas receitas do jogo na segunda parte de 214 causou uma descida na oferta de emprego no sector do jogo 57,7%. Continuando a tendência decrescente de 21, a taxa de desemprego em 214 caiu ainda mais,1 ponto percentual para o nível historicamente baixo de 1,7%. O Quadro II.6 revela que a taxa de desemprego manteve-se estável a este nível durante o ano. Verificou-se uma taxa de desemprego dos residentes da RAEM (excluindo os trabalhadores importados) de 2,3%, tendo sofrido uma queda ligeira de,1 ponto percentual em comparação com o ano prévio. Além disso, a taxa de subemprego caiu novamente,2 pontos percentuais para,4%. O número de pessoas desempregadas caiu para 6.6 em 214, em comparação com as 6.7 pessoas registadas no ano prévio, devido a um declínio na faixa de pessoas menos educadas e de meia idade. No que se refere às habilitações literárias, 16,7% dos desempregados apresentaram o nível de ensino primário, 22,7% tinham o nível secundário obrigatório, 24,2% completaram o ensino secundário complementar e 33,3% tinham qualificações de ensino superior. Feita uma análise numa perspectiva etária, o número de pessoas desempregadas com idade igual ou superior a 45 anos caiu significativamente, representando agora 3,3% da população total desempregada. Além disso, 16,7% da população estava a procurar o seu primeiro emprego, face a 1,4% em 213. Reflectindo o mercado de trabalho restrito na RAEM, o número de trabalhadores não-residentes cresceu significativamente 23,6% ano-após-ano para no final de 214. Deste total, o sector da construção empregou mais pessoas (26,9%), tendo-se registado um acréscimo de 74,5%, para Além disso, o número de trabalhadores não-residentes nos sectores de imobiliário, arrendamento e actividades comerciais, comércio a retalho e a grosso e educação aumentou 24,6%, 17,5% e 17,1%, respectivamente. Por outro lado, registou-se uma queda no número de trabalhadores não-residentes no sector das indústrias transformadoras de 1,1%. 54
8 Relatório Anual 214 GRÁFICO II.6 TAXA DE DESEMPREGO, , 3, 2, 1, T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T Os salários e rendimentos nominais continuaram a sua tendência ascendente em 214 devido às restrições no mercado de trabalho. A mediana do rendimento mensal do emprego disparou 1,8% para MOP13.3 em 214, após o aumento de 6,2% em 213. Verificaram-se aumentos na mediana do rendimento na maioria dos sectores económicos, com o abastecimento de electricidade, gás e água a registar o maior aumento de 16,7% para MOP21.. Verificaram-se também aumentos salariais nos sectores dos hotéis, restaurantes e similares, actividades recreativas, culturais, de jogo e outros serviços e administração pública e segurança social de 13,6%, 11,1% e 1,3%, respectivamente, enquanto os rendimentos dos trabalhadores do sector da saúde e acção social caíram por 12,1% Mercado imobiliário Tem-se observado uma tendência decrescente no mercado imobiliário desde o terceiro trimestre de 213, devido em parte às medidas macroprudenciais implementadas pelas autoridades. Não obstante isso, houve uma ligeira recuperação de trimestre para trimestre no segundo trimestre de 214, devido principalmente ao lançamento de unidades em regime de pré-venda de elevado valor 1, tendo as transacções posteriormente caído na segunda metade do ano. O volume das transacções imobiliárias sofreu uma queda de 31,2% para 13,23 unidades, enquanto o valor agregado das transacções caiu 12,9% para MOP83,7 mil milhões, equivalente a 18,9% do PIB. No que diz respeito às unidades habitacionais, o volume de transacções de unidades habitacionais existentes diminuiu 22,4% para um total de e o valor destas sofreu uma queda de,8% para MOP34,2 mil milhões. O número de transacções de imóveis em regime de pré-venda caiu vertiginosamente 53,7% para MOP15,6 mil milhões. O interesse externo em imóveis locais recuperou ligeiramente após a queda abrupta verificada em 213. Depois da queda de 66,% em volume e 73,% em valor em 213, as unidades imobiliárias adquiridas por não residentes subiu 9,5% em volume e 57,1% em valor para 214. Em consequência, a proporção de não-residentes no valor agregado de todos os edifícios adquiridos subiu de apenas 4,4% em 213, para 7,9% em 214. Apesar da queda verificada nas transacções, os preços das propriedades imobiliárias continuaram a subir para níveis históricos na primeira metade de 214 devido ao ambiente favorável no mercado de trabalho combinado com a escassez de terrenos e unidades concluídas. De acordo com os registos oficiais do imposto de selo, o preço médio por transacção 2 (PMT) de unidades habitacionais disparou para o nível histórico de MOP no segundo trimestre de 214. Este aumento nos preços das transacções no segundo trimestre deveu-se principalmente 1 Os imóveis em regime de pré-venda são definidos como propriedades planeadas para serem construídas, em construção ou cuja construção já está concluída, mas cujo dono da obra ainda não obteve a licença de ocupação por parte do governo. Se os imóveis são construídos através de um sistema estratificado de propriedade, incluindo unidades individuais, os imóveis não concluídos também são considerados propriedade com registo final de propriedade horizontal ainda não concluída. 2 O preço médio por transacção de imóveis refere-se ao preço médio por metro quadrado de área útil. 55
9 GRÁFICO II.7 EVOLUÇÃO DO MERCADO IMOBILIÁRIO, Fracções privadas concluídas Fracções privadas transaccionadas Número de fracções privadas Valor total das transacções imobiliárias em percentagem do PIB (eixo da direita) ao lançamento de unidades em regime de pré-venda de elevado valor. Contudo, o PMT abrandou a partir do terceiro trimestre, retrocedendo do valor historicamente alto que tinha atingido. Os PMT nos terceiro e quarto trimestres de 213 caíram 1,3% e 5,2%, respectivamente em comparação com o trimestre anterior. O PMT para o ano no seu todo mesmo assim aumentou 22,% para MOP99,795. Em particular o PMT de unidades habitacionais em regime de pré-venda cresceu 48,1% para MOP , ao passo que o PMT das unidades habitacionais existentes subiu 28,8% para MOP No que se refere às unidades não-residenciais, o PMT das unidades industriais disparou 6,9% para MOP54.25 e dos escritórios aumentou subitamente 62,5% para MOP A oferta, medida pelo número de unidades completas, ressaltou em 214 da fraca base observada no ano anterior, contudo o número de unidades iniciadas desceu. O número total de unidades completas aumentou de forma substancial 128,% para 3.1 no ano em análise. No entanto a área bruta correspondente sofreu uma queda de 21,7% para m 2, devido principalmente ao declínio na categoria industrial e outros. Entre estes, o número unidades residenciais completadas disparou 173,5% e a área bruta 222,6%, enquanto as unidades industriais e outras categorias de unidades subiram 77,8% em número, mas caíram 73,6% em área bruta. Analisando os tipos de unidades habitacionais 3 completadas, a categoria unidades de duas assoalhadas, que ocupou a maior quota, aumentou onze vezes para unidades, seguido pela segunda maior categoria, as unidades de três assoalhadas, que subiram 756 unidades. O número de edifícios começado a construir caiu 15,2% para 1.9 e a área bruta sofreu uma queda de 6,6% para m 2. O crédito bancário para a aquisição de imóveis, incluindo os empréstimos hipotecários para habitação (EHHs) e os empréstimos comerciais para actividades imobiliárias (ECAIs) continuaram a crescer. As novas aprovações de EHHs aumentaram de forma substancial 39,9% para MOP56, mil milhões, enquanto as novas aprovações de ECAIs dispararam 116,2% para MOP93.1 mil milhões em 214. No final de 214, o valor de EHHs não liquidados subiu 29,3% ano-após-ano para uma total de MOP152,9 mil milhões e o valor correspondente de ECAIs cresceu 43,1% para MOP 122, mil milhões. A soma de EHHs e ECAIs corresponderam a 39,9% dos empréstimos concedidos ao sector privado, mais 38,1% que no final de Finanças públicas Evolução global Numa base preliminar, o excedente fiscal da conta central diminuiu para MOP9,3 mil milhões em 214, de MOP 96,3 mil milhões em 213, um valor que corresponde agora a 2,4% do PIB, comparado com 23,5% no ano prévio. Esta ligeira queda no excedente fiscal resultou principalmente do aumento nas despesas maior que a subida das receitas. 3 Tipologia de imóveis habitacionais: - T: Unidade habitacional sem qualquer divisão, compreendendo uma cozinha e uma casa de banho. A área bruta mínima é de 23m 2. - T1, T2, T3, T4 e acima: Unidades habitacionais compreendendo uma cozinha, casa(s)-de-banho, e uma sala, e 1,2,3,4 ou mais quartos, respectivamente. 56
Em 2007, a economia local atingiu
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