CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA INSTITUIÇÃO(ÕES): UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS - UNISANTOS
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1 TÍTULO: EXTRATOS AQUOSOS DE ERVA MATE (ILEX PARAGUARIENSIS) E HIBISCO (HIBISCUS ROSA-SINENSIS) COMO INIBIDORES DE CORROSÃO PARA OS AÇOS AISI 316 E AISI 430 EM PRESENÇA DE ÁCIDO CLORÍDRICO CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA SUBÁREA: Química INSTITUIÇÃO(ÕES): UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS - UNISANTOS AUTOR(ES): JULIANA CAMARGO MICHELETTI, BRUNO VIEIRA ORIENTADOR(ES): MAURÍCIO MARQUES PINTO DA SILVA
2 1. RESUMO A utilização dos aços inoxidáveis é notável em nosso cotidiano. Com o uso, foram desenvolvidos inibidores de corrosão para aumentar a vida útil do material, maximizando suas funções; porém, alguns destes inibidores podem ser tóxicos ao meio ambiente. Esse estudo tem por objetivo avaliar a potencialidade dos extratos aquosos de Erva Mate (Ilex paraguariensis) e Hibisco (Hibiscus rosa-sinensis) como inibidores de corrosão (inibidores verdes ou naturais) para os aços AISI 316 e AISI 430 em contato com HCl 0,10 mol.l ¹, de modo a diminuir a agressividade do meio. O extrato foi utilizado na concentração de 10 ml/l inserido diretamente no meio corrosivo e com imersão prévia de 1 hora. Foram medidos os valores de potencial de circuito aberto (Eca) e potencial de corrosão (Ecorr), utilizando como referência um eletrodo de calomelano saturado (ECS), com os quais constatou-se que a utilização do extrato aquoso de Erva Mate com imersão prévia de 1 hora promove valores de Ecorr mais positivos para o aço AISI 430, contribuindo para um aumento de vida útil do material metálico. Porém, não foram verificadas variações significativas para aço AISI 316. Também foi possível constatar a acidez acentuada do extrato de hibisco, caracterizando problemas de ataque prévio aos aços, quando feita imersão. Esse trabalho se constitui como uma continuidade do trabalho em andamento apresentado no CONIC, em INTRODUÇÃO Caracteriza-se a corrosão como a deterioração de um material através de reação química ou eletroquímica, ocorrendo danos na durabilidade e desempenho do material, prejuízo econômico e perigos para a sociedade. A presença de elementos como níquel e cromo nos aços inoxidáveis promove maior resistência à corrosão desses materiais; entretanto, eles não estão isentos à corrosão, pois meios ácidos e/ou que contenham cloretos podem deteriorar este tipo de material. Dentre os diversos métodos para diminuir e prevenir a corrosão, essa pesquisa emprega o uso de inibidores de corrosão, que são definidos como substâncias ou misturas de substâncias que, em concentrações adequadas no meio corrosivo, diminuem ou eliminam a corrosão do meio, possuindo como vantagem a facilidade de manuseio. Pode ser feito por acréscimo ao meio corrosivo (fornecendo proteção anódica ou catódica), ou por formação de películas, devido à presença de átomos de
3 nitrogênio, oxigênio ou enxofre e presença de ligações múltiplas nas substâncias, que facilitam a adsorção destes compostos na superfície metálica. Atualmente, há preocupações na utilização de inibidores que são tóxicos ao meio ambiente, ocorrendo um aumento em pesquisas com inibidores verdes, que são compostos orgânicos extraídos de plantas, sendo compatíveis com o meio ambiente (KESAVAN, 2012; GENTIL, 2011) 3. OBJETIVOS O trabalho teve como objetivo analisar extratos de hibisco e erva mate como possíveis inibidores verdes de corrosão em placas de aço inoxidáveis, utilizando eletrodo de calomelano saturado (ECS) e medindo o potencial de circuito aberto (Eca) e potencial de corrosão (Ecorr) entre dois tipos de placas de aço, o austenítico AISI 316 e o ferrítico AISI 430, em meio de HCl 0,10 mol.l ¹. 4. METODOLOGIA Os inibidores verdes foram preparados segundo a metodologia proposta por Quraishi (1999), obtendo-se extratos aquosos de Erva Mate (Ilex paraguariensis) e Hibisco (Hibiscus rosa-sinensis). As placas de aço foram lixadas manualmente com lixas d água de 400 e 600 mesh, lavadas com água destilada e secas à temperatura ambiente. A avaliação da resistência à corrosão foi realizada de duas maneiras: acrescentando a concentração de 10 ml/l diretamente no meio de ácido clorídrico 0,10 mol.l ¹ (Figura 1A), ou, preparando-se uma solução com água destilada, na mesma concentração, deixando a placa imersa por 1 hora (Figura 1B), à temperatura ambiente, anotando os valores do potencial de circuito aberto (Eca), utilizando eletrodo de calomelano saturado como referência, com determinação do potencial de corrosão (Ecorr), após 60 minutos de imersão. Os experimentos foram realizados em duplicatas.
4 Figura 1 - Obtenção de Potencial de circuito aberto (Eca) em placas de aço 5. DESENVOLVIMENTO Em laboratório, métodos eletroquímicos permitem analisar a suscetibilidade de metais à corrosão, sendo práticas muito comuns para o estudo da corrosão (RAMANATHAN, 1988). Esse trabalho se caracteriza como uma continuidade do trabalho em andamento de Silva e Micheletti (2017), em que se observou pouca eficiência em inibição, de soluções de hibisco e erva mate em presença de ácido clorídrico, na placa AISI 316. Segundo Silva et al (2007), o extrato aquoso de erva-mate apresenta potencial inibidor, quando utilizado em aço-carbono ASTM 1020 em meio de cloreto. Os extratos possuem diferentes compostos que podem proporcionar o efeito inibidor: o extrato aquoso de erva-mate pode conter principalmente cafeína, ácido tânico e outros polifenóis (BORILLE, 2004) enquanto o extrato aquoso de hibisco pode conter antocianinas e outros polifenóis (GUINDANI, 2014). Com a toxicidade que inibidores orgânicos, como o imidazol, apresentam, procurou-se a utilização destes potenciais inibidores verdes, para menor impacto ambiental e por sua fácil obtenção. 6. RESULTADOS No gráfico abaixo é possível obter os seguintes valores de potencial de circuito aberto com a placa AISI 316:
5 E (mv) Gráfico 1: potencial de circuito aberto (Eca) para aço AISI Potencial de Circuito Aberto - AISI 316 em meio HCl 0,10 mol.l ¹ Tempo (min) Branco Erva-Mate (Direto) Hibisco (Direto) Erva-Mate (Imersão) Hibisco (Imersão) Hibisco Neutro (Imersão) Foram obtidos os seguintes valores de potencial de corrosão (Ecorr) a partir dos potenciais de circuito aberto (Eca) para aço austenítico AISI 316: Tabela 1: Potenciais de corrosão - AISI 316; Teste Ecorr (mv/ecs) Branco -151 ± 23 Erva-Mate (Imersão) -172 ± 24 Hibisco (Imersão) -181 ± 28 Hibisco Neutro (Imersão) -158 ± 9 Erva-Mate (Direto) -160 ± 10 Hibisco (Direto) -166 ± 39
6 Através do gráfico e da tabela acima, é possível observar que não ocorreu proteção inibitória utilizando o extrato aquoso de hibisco e erva mate nesse meio corrosivo e nessas concentrações, pois não houve variação significativa do potencial de circuito aberto e do potencial de corrosão. Para o aço ferrítico AISI 430 foram obtidos os seguintes resultados: Tabela 2: Potenciais de corrosão - AISI 430 Teste Ecorr (mv/ecs) Branco -529 ± 4 Erva-Mate (Imersão) -294 ± 1 Hibisco (Imersão) -327 ± 17 Hibisco Neutro (Imersão) -346 ± 7 Erva-Mate (Direto) -346 ± 8 Hibisco (Direto) -311 ± 40 Nota-se um aumento significativo nos valores de Ecorr quando comparados ao teste branco, ao analisar a tabela. A variação de potencial de circuito aberto pode ser analisada no gráfico a seguir:
7 E (mv) Gráfico 2: potencial de circuito aberto (Eca) para aço AISI Potencial de Circuito Aberto - AISI 430 meio HCl 0,10 mol.l ¹ Tempo (min) Branco Erva-Mate (Direto) Hibisco (Direto) Erva-Mate (Imersão) Hibisco (Imersão) Hibisco Neutro (Imersão) Fonte: Autor Com a análise do gráfico é possível observar o resultado mais positivo e mais estável, de imersão em extrato de erva-mate. O teste de imersão em extrato de hibisco neutro foi realizado devido à natureza ácida do extrato, conferindo ataque prematuro às placas de aço, que podem ser analisadas na tabela a seguir: Tabela 3: Potenciais de corrosão - AISI 316 e AISI 430 Ecorr (mv/ecs) Teste AISI 316 AISI 430 Branco -151 ± ± 4 Hibisco (sem meio corrosivo) -173 ± ± 3 A variação de potencial de circuito aberto pode ser analisada no gráfico a seguir:
8 E (mv) Gráfico 3: potencial de circuito aberto (Eca) para os aços AISI 316 e Potencial de circuito aberto com extrato aquoso de hibisco 10 ml/l Tempo (min) Hibisco AISI 430 Hibisco AISI 316 Branco AISI 430 Branco AISI 316 A análise dos dados apresentados caracteriza um ataque corrosivo às placas de aço, menos acentuado que o meio HCl 0,10 mol.l ¹ à placa AISI 430 e mais acentuado à placa AISI CONSIDERAÇÕES FINAIS Através dos resultados obtidos nesse trabalho, é possível concluir que a utilização de extratos aquosos de hibisco e erva mate a 10 ml/l em aço inoxidável AISI 316 (austenítico) não altera de forma significativa o valor de potencial de corrosão (Ecorr), indicando que não ocorre proteção inibitória ou filme inibidor no meio corrosivo HCl 0,10 mol.l ¹. Em aço inoxidável ferrítico AISI 430 ocorre alteração de Ecorr, o que indica a formação de um filme inibidor e proteção inibitória, nessa concentração e nesse meio corrosivo. Após medição de potencial de circuito aberto de potencial de corrosão de ambas as placas em meio solução de hibisco 10 ml/l é possível constatar que o extrato também age como meio corrosivo.
9 8. FONTES CONSULTADAS BORILLE, ÂNGELA. M. W. Relação Entre Compostos Fitoquímicos e o Nitrogênio em Morfotipos De Erva-Mate (Ilex Paraguariensis St.Hil.). 2004, 121f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Disponível em: < e=1> Acesso em: 10 ago GENTIL, VICENTE. Corrosão. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, GUINDANI, MARCELO. et al. ESTUDO DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DOS COMPOSTOS FENÓLICOS E ANTOCIANINAS TOTAIS DO HIBISCUS SABDARIFFA. XX Congresso Brasileiro de Química. Florianopólis KESAVAN, DEVARAYAN.; GOPIRAMAN, MAYAKRISHNAN.; SULOCHANA, NAGARAJAN. Green Inhibitors for Corrosion of Metal: A Review. Chemical Science Review and Letters, v. 1, n. 1, LOPES, TONI. et al. Antocianinas: Uma breve revisão das características estruturais e da estabilidade. Revista Brasileira de Agrociência, v. 13, n. 3, p , QURAISHI, MUMTAZ. A.; FAROOQI, IZHARUL. H. Investigation of Some Green Compounds as Corrosion and Scale Inhibitors for Cooling Systems. Corrosion. 1999, 55(5), 493. RAMANATHAN, LALGUDI. V. Corrosão e seu controle. São Paulo: Hemus Editora, SILVA, MAURÍCIO M. P. et al. Extrato De Mate Como Inibidor Da Corrosão Do Aço-carbono ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, Disponível em: < Acesso em: 10 ago SILVA, MAURÍCIO. M. P.; MICHELETTI, JULIANA. C. ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DE INIBIDORES VERDES NA CORROSÃO DO AÇO AISI 316 EM MEIO DE ÁCIDO CLORÍDRICO. In: 17º Congresso Nacional de Iniciação Científica - CONIC / SEMESP, 2017, São Paulo / SP. Anais do 17º Congresso Nacional de Iniciação Científica - CONIC / SEMESP, 2017.
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