2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO ÁREA TEMÁTICA: PLANEJAMENTO TERRITORIAL, POLÍTICAS PÚBLICAS
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- Raíssa Pinho de Abreu
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1 2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO ÁREA TEMÁTICA: PLANEJAMENTO TERRITORIAL, POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCAÇÃO BÁSICA NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES: contradições e fracassos Resumo Luíza Cassiano Rangel 1 Ludmila Gonçalves da Matta 2 O Município de Campos dos Goytacazes é considerado um município com inúmeras fontes de oportunidades e de condições de progresso em diversas atividades econômicas, desde a produção de açúcar e álcool até o petróleo, combustível que sustenta não só a condição de vida de diversos habitantes, mas também a administração pública municipal que, por sua vez, recebe uma arrecadação vultosa dos chamados royalties e participações especiais da exploração do petróleo. Apesar do grande montante de recurso que o município recebe, em 2013 recebeu de royalties e participações especiais R$ ,37 (INFOROYALTIES, 2014), o mesmo não é nenhum exemplo de qualidade de vida. Os indicadores sociais sinalizam para graves problemas, como o da educação. Em 2011 Campos ficou em último lugar no estado em relação à nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB. Diante desse cenário, o objetivo desse trabalho é apresentar a relação entre os gastos públicos e arrecadação e os resultados obtidos no IDEB e no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDH-M. Palavras-chave: Educação, IDEB, Gastos Públicos, Políticas Públicas. Abstract Campos dos Goytacazes is considered a municipality with numerous sources of opportunities and conditions for progress in various economic activities, such as production of sugar, alcohol and oil, fuel that sustains not only the condition of life for several inhabitants but also the municipal administration which, in turn, receives a sizable collection of so-called royalties and special participation of oil exploration. Despite the large amount of resources that the municipality receives (it was R$ 1,375,983, (INFOROYALTIES, 2014) in royalties and special participations in 2013), it is not an example of quality of life. Social indicators point to serious problems such as education. In 2011, Campos dos Goytacazes, in Rio de Janeiro state, came last in relation to the position obtained in the Basic Education Development Index - IDEB. Given this scenario, the 1 Especialista em Design e Mídias Interativas e Programadora Visual do Instituto Federal Fluminense - campus Campos-Guarus. Mestranda do programa de Pós-graduação em Planejamento Regional e Gestão de Cidades da Universidade Cândido Mendes/Campos dos Goytacazes - RJ. E- mail: lucran@gmail.com 2 Doutora em Sociologia Política- Professora/pesquisadora do Curso de Mestrado em Planejamento Regional e Gestão de Cidades da Universidade Candido Mendes/Campos dos Goytacazes - RJ. ludmatta@yahoo.com.br
2 objective of this paper is to present the relation between public spending and revenues and the results obtained in the IDEB and the Municipal Human Development Index - MHDI. Keywords: Education, IDEB, Public Spending, Public Policy. Apresentação O Município de Campos dos Goytacazes está situado na região norte do Estado do Rio de Janeiro, sendo o maior município fluminense em área territorial com km 2 e uma população em 2013 estimada de habitantes. (IBGE, 2014) Sua posição estratégica (entre as capitais do Estado do Rio de Janeiro e do Estado do Espírito Santo) abrange o norte e o noroeste do estado além do sul capixaba. Está à aproximadamente 280 km da cidade do Rio de janeiro (capital do estado) e a 250 km de Vitória, capital do Espírito Santo. Atualmente, grandes e médias empresas, nacionais e internacionais se instalaram no município e produzem desde medicamentos a tubulações para o setor offshore. Campos também é o maior pólo cerâmico do estado e um dos maiores produtores de açúcar e álcool do país. (ECONOMIA, 2014) FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO FONTE: Elaboração própria a partir dos dados do IBGE (IBGE, 2014)
3 Por ser o maior município das regiões norte e noroeste fluminense, Campos ocupa um papel de grande relevância para o desenvolvimento do interior do estado, considerada uma cidade com inúmeras fontes de oportunidades em diversas atividades setoriais, desde o setor primário até o terciário, além dos setores sucroalcooleiro e o petrolífero, que sustenta não só a condição de vida de diversos munícipes, mas também da administração pública municipal que, por sua vez, recebe uma arrecadação vultosa dos chamados royalties da exploração do petróleo. Todavia, a imagem que se projeta em diversos cantos da região, senão nacionalmente, é da existência de um oásis de prosperidade econômica que motiva diversas pessoas a um êxodo regional rumo a uma cidade que guarda oportunidades nos setores de construção civil, petrolíferos e serviços dos mais diversos e especializados, mas que tem deixado a desejar na qualidade da educação. A atual gestão municipal ( ) tem feito reformas e ampliado a rede de escolas municipais, mas essa oferta ainda está muito aquém da necessidade. Não obstante do grande montante de recurso que Campos recebe, em 2013 recebeu em Royalties e Participações Especiais R$ ,37 (INFOROYALTIES, 2014), o município não é exemplo em qualidade de vida, os indicadores sociais sinalizam para graves problemas na educação. Em 2011 a rede municipal de ensino de Campos ficou em último lugar no Estado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB nas séries iniciais e com a 5ª pior nota nas séries finais, alcançando o 67º lugar dos 77 avaliados (vide anexos I e II). O objetivo desse trabalho é apresentar a relação entre os gastos públicos e arrecadação e os resultados obtidos nos Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDH-M e IDEB no município. Para tanto, esse trabalho se baseia num levantamento de dados nos sites do Ministério da Educação e Cultura - MEC, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas - IBGE, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP e Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes - PMCG, Atlas Brasil e outros. O Índice De Desenvolvimento Humano Municipal O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal é elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, pelo Instituto de Pesquisa
4 Econômica Aplicada - IPEA e pela Fundação João Pinheiro - FJP e tem por objetivo principal instrumentalizar a sociedade democratizando informações sobre o desenvolvimento humano e promovendo o conhecimento acerca das realidades municipais. Ele classifica os municípios de 0 a 1 e quanto mais próximo de 1, maior é o desenvolvimento humano naquele município. O IDH-M em Campos dos Goytacazes vem subindo nas últimas décadas, passou de 0,505 em 1991 para 0,716 em É um índice alto (de acordo com as faixas de desenvolvimento) e vale ressaltar que no IDH-M Longevidade o município tem seu melhor resultado: 0,830 considerado muito alto, conforme ilustra a figura 2. FIGURA 2 - IDH-M de Campos dos Goytacazes FONTE: Elaboração própria a partir dos dados do PNUD (2013). O IDH-M da Educação também melhorou no período, passou de 0,318 para 0,619, o que o classifica na faixa de médio. Entretanto, devemos salientar que por apenas dois centésimo de diferença ele poderia estar na faixa de IDH-M baixo. Outro ponto importante é a comparação entre o IDH-M da educação e os outros índices como o da longevidade e renda que estão bem acima do adquirido em educação. Este índice (IDH-M Educação) é uma composição de indicadores de escolaridade da população adulta e de fluxo escolar da população jovem, esses indicadores são obtidos a partir das respostas ao questionário do Censo Demográfico do IBGE e calculados a partir dos índices das populações adultas e jovens, observados os pesos 1 para a escolaridade da população adulta e peso 2 para o fluxo escolar da população jovem. Abaixo observamos os componentes do IDH-M Campista da Educação.
5 TABELA 1 - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal da Educação e seus componentes - Campos dos Goytacazes - RJ IDHM da Educação e componentes IDHM Educação 0,318 0,474 0,619 % de 18 anos ou mais com ensino fundamental completo 33,55 41,76 55,50 % de 5 a 6 anos na escola 51,03 87,83 95,78 % de 11 a 13 anos nos anos finais do fundamental ou com fundamental completo 35,91 55,39 77,30 % de 15 a 17 anos com fundamental completo 22,60 35,70 49,24 % de 18 a 20 anos com médio completo 14,12 22,53 39,31 FONTE: Elaboração própria a partir dos dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. (PNUD, 2013) O IDH-M Campista da Educação evidencia que menos da metade da população de 18 a 20 anos possui ensino médio completo, ou seja, menos da metade está apto a ingressar no ensino superior. Em contrapartida, importantes universidades públicas e privadas se instalaram na cidade, transformando-a num pólo universitário, referência em ensino superior para toda a região. Variedade de áreas e formações acadêmicas se multiplicam; a cada semestre cursos cada vez mais especializados tem sido ofertados em Campos dos Goytacazes, inclusive pós-graduações lato e stricto sensu. Em suma, o IDH-M da Educação em Campos tem aumentado, e mensura a ampliação do acesso da população ao sistema educacional, mas ainda é preciso ampliar mais para que todos os componentes desse índice ascenda, em especial, o da população de 18 a 20 anos com ensino médio completo para que possam ingressar no ensino superior e assim, fortalecer o IDH-M da Educação para se aproximar dos demais índices: IDH-M Municipal, IDH-M Longevidade e IDH-M Renda. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB A necessidade de avaliar o setor educacional despontou no Brasil anos 60 e 70 com a intenção de atender a maior demanda possível da população escolarizável maximizando a alocação de recursos, uma vez que esses eram limitados. Nos anos 80 as inovações tecnológicas e a competição no mercado mundial evidenciaram vantagens comparativas a sociedades que possuíam qualidade educacional de seus trabalhadores.
6 Com isso, a educação se tornou propulsora do desenvolvimento dos países emergentes e evidenciou a necessidade de análise da qualidade do ensino fornecido no país para refletir a realidade da forma mais efetiva possível, ampliando e aprofundando avaliações nessa área. Se a aquisição de educação básica pode ser entendida como a condição essencial para a formação de um indivíduo participativo em uma sociedade democrática e o meio mais acessível e seguro para a manutenção e melhoria do nível de vida da população, é fundamental a verificação e o acompanhamento de como e a que tipo de educação básica o cidadão brasileiro está tendo acesso, ou seja, é preciso avaliar. (RICO, 2009, p. 56) Com o objetivo de melhorar a educação no país, o Governo Federal via Ministério da Educação e Cultura - MEC lançou em 2007 o Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE, fixado pelo Decreto nº /2007. O PDE é organizado a partir de quatro eixos: educação básica; educação superior; educação profissional e alfabetização e foi elaborado a fim de estabelecer diretrizes para promover uma educação de qualidade a todos. Para tanto, foi necessário implementar um sistema de avaliação (também meta do PDE) com o intuito de identificar que unidades estariam mais fragilizadas e, por isso, necessitariam maior atenção, apoio financeiro e de gestão. (BRASIL, 2007) O IDEB é um dos eixos desse PDE. Criado em 2007 pelo INEP, o IDEB tem por finalidade reunir em um só indicador dados sobre aprovação escolar e as médias de desempenho nas avaliações do INEP. Esse índice pretende levar em conta toda a diversidade e especificidades das escolas brasileiras. O Censo Escolar tem papel fundamental nessa conta, uma vez que fornece os dados de fluxo e aprovação para o cálculo do índice. Já as médias das avaliações são fornecidas pela Prova Brasil, para a rede municipal e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica - SAEB para a rede estadual e federal. Assim o IDEB promove uma prestação de contas transparente à sociedade de como está a qualidade da educação em cada escola, além de servir de instrumento para o MEC promover apoio técnico e financeiro para que a educação brasileira dê um salto de qualidade. (INEP, 2012) O IDEB vai de zero a dez e quanto mais próximo de 10, melhor o índice. Sua forma geral é dada por: IDEB ji = N ji P ji ; 0 N j 10; 0 P j 1 e 0 IDEB j 10 em que, i = ano do exame (SAEB e Prova Brasil) e do Censo Escolar;
7 N ji = média da proficiência em Português e Matemática, padronizada para um indicador entre 0 e 10, dos alunos da unidade j, obtida em determinada edição do exame realizado ao final da etapa de ensino; P ji = indicador de rendimento baseado na taxa de aprovação da etapa de ensino dos alunos da unidade j. Esse cálculo é feito para os anos iniciais e finais separadamente conforme apresentado nas tabelas 2 e 3. Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do INEP (2012). Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do INEP (2012). Esse índice expressa em valores, segundo o INEP (2012), os resultados mais importantes da educação: aprendizagem (N) e fluxo (P). Apesar de apresentar melhorias nos índices se comparados ao ano anterior, as escolas municipais ainda assim não atingiram a modesta meta estipulada que era de 3,7 para os anos iniciais, atingindo apenas a meta para os anos finais, que era de 3,2 (vide tabelas 6 e 7). Com isso, foi possível identificar que Campos dos Goytacazes precisa aprimorar ambos resultados: as taxas de aprovação (P) e notas (N) em todas as etapas do Ensino Fundamental, do 1º ao 9º ano, dado que ainda são índices e metas abaixo dos ideais para uma educação de qualidade. Vale ressaltar que a média brasileira para os anos iniciais foi de 5,0 e para os anos finais 4,1 e metas de 4,6 e 3,9 respectivamente. No Estado do Rio de Janeiro, O IDEB dos anos iniciais foi de 5,1 atingindo a meta que era de mesmo valor e para os anos finais a nota foi de 4,2 e meta de 4,1. Com quase todas as metas atingidas e valores acima dos campistas, as médias nacionais e estaduais evidenciam ainda mais a precariedade da educação básica no município, uma vez que estão acima das municipais.
8 Conforme informado pelo INEP, o IDEB 2013 deve ser divulgado a partir da segunda quinzena de agosto de 2014 e novas metas estão previstas. Para Campos, são elas: 4,0 para os anos iniciais e 3,5 para os finais. Foi estabelecida, como meta para 2022, que a média brasileira seja 6,0 (seis), o que corresponde a um sistema educacional de qualidade comparável a dos países desenvolvidos. Várias são as críticas ao método e ao cálculo do IDEB, que são interpretados como decretos de sucesso ou fracasso. Porém, a iniciativa de avaliar a qualidade de ensino no país é extremamente necessária e a tentativa de traduzir esses dados complexos em um único índice de fácil entendimento é útil para que todos possam acompanhar a evolução da educação em cada escola, município, estado e consequentemente, no país. Gastos na educação versus resultados nos índices de qualidade Segundo a Secretaria de Educação do Município, esses resultados refletem a precariedade herdada dos governos anteriores, já que a atual prefeita assumiu o cargo em 2009 e, atualmente, está em seu segundo mandato. O IDEB 2013 vai poder indicar se as políticas desenvolvidas pela atual gestão estão adequadas para, efetivamente, melhorar a qualidade do ensino da rede municipal. Algumas dessas ações são questionáveis como a adoção de material didático próprio. O município é o único do estado a não adotar os livros didáticos do MEC. Ou seja, todos os outros municípios do estado que ficaram melhores colocados que Campos dos Goytacazes utilizam o material indicado e distribuído gratuitamente pelo Ministério da Educação. Amplamente divulgado no portal da prefeitura são os investimento em educação, a saber: adaptações de creches em creches-modelos, novas escolas e melhorias nas existentes, além dos concursos para repor os servidores contratados por servidores aprovados em concurso público. Foram divulgados também um novo plano de cargos para os professores municipais e um Projeto de Lei sancionado (Projeto de Lei 8.407/2013) criando uma gratificação para profissionais que atingirem a meta do IDEB. O benefício de R$ 400,00 (para os servidores da escola que atingir a meta do ano) e de R$ 600,00 (para os servidores da escola que atingir a meta do ano subseqüente). A gratificação será paga a partir do mês posterior à divulgação dos resultados oficiais do MEC e terá validade no interstício até a divulgação do próximo índice. (DELFINO, 2013)
9 Abaixo podemos observar a relação dos municípios da Região Norte Fluminense em ordem crescente de gastos per capita com Educação no Estado do Rio de Janeiro. Destaque para Quissamã e São João da Barra, primeiro e segundo colocados. Os altos gastos por aluno em 2009, não garantiram resultados proporcionais no IDEB do mesmo ano, porém, foi possível observar um salto no IDEB 2011 nesses municípios (vide tabelas 6 e 7). Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Anuário 2010 da Frente Nacional de Prefeitos e do INEP (2012). Um aspecto que merece destaque é o aumento dos gastos per capita com educação em Campos dos Goytacazes. Conforme Tabela 4, foram despendidos com educação em 2009 um total de R$ ,00 com educação e este era o 38º município em gastos com educação per capita no estado, com uma despesa de R$ 3.316,00 por aluno. (MORAES, 2011) A Lei Municipal nº /2012 previa um orçamento para a Secretaria Municipal de Educação em 2013 de R$ ,00 e segundo o CENSO Escolar, o município tinha matrículas regulares e 812 especiais, totalizando matrículas no referido ano. Portanto, os gastos per capita com Educação em Campos passaram a R$ 5.474,00 por aluno, é possível observar um aumento de 65% no período de 2009 a (ORÇAMENTO, 2012) (INEP, 2014) Para 2014, o orçamento previsto foi de R$ ,00 conforme noticiado no site da Câmara do Vereadores. (CÂMARA, 2013) Espera-se que, assim como Quissamã e São João da Barra em 2011, o IDEB de Campos dê um salto no IDEB 2013, corroborando com ideia de Borges (2010), de que os investimentos em educação são de longo prazo.
10 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do IBGE (2010). A principal contradição apresentada é a distância entre primeiro lugar no Produto Interno Bruto - PIB e os últimos resultados no IDEB. O município tem o 3º maior PIB do Estado do Rio de Janeiro e o 1º. da Região Norte Fluminense. (IBGE, 2010) Percebe-se que não há uma relação direta do PIB com gastos na Educação e, menos ainda, com os resultados no IDEB. Porém, questionamentos a respeito da forma como são adotadas as políticas públicas nesses ricos municípios se fazem necessárias, uma vez que, esse orçamento possibilita a implantação de políticas adequadas ao aumento da oferta e qualidade da educação. Na Região Norte Fluminense, temos o exemplo do município de São Fidélis que possui um PIB e gastos com educação moderados (abaixo dos gastos de Campos dos Goytacazes) e apresentou bons resultados no IDEB (vide tabelas 6 e 7). Apesar do significativo aumento no orçamento da Educação no período de 2009 a 2013, esse percentual em relação ao orçamento municipal se estagnou nos últimos anos, variou 1% como podemos observar abaixo (MORAES, 2012): Em 2011 o orçamento planejado da Educação foi de R$ 237 milhões (13,1%); Em 2012 o orçamento planejado da Educação foi de R$ 265,7 milhões (12,1%);
11 Em 2013 o orçamento planejado da Educação foi de R$ 295,6 milhões (12,2%); Em 2014 a previsão de orçamento da Educação é de R$ 326,4 milhões (13,1%). É possível observar outra contradição com relação ao ensino superior, dado que Campos dos Goytacazes tem se tornado destaque no cenário nacional com relação à qualidade do ensino no nível superior, enquanto a educação básica não atinge nem as modestas metas propostas. Em 2012, a Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF, situada em Campos, foi considerada a melhor universidade do Estado do Rio de Janeiro e a 12ª melhor do país. Esse sucesso tem sido atribuído à pesquisa e à formação dos docentes que, em sua totalidade, possuem doutorado e são contratados em regime de dedicação exclusiva. Realidade esta, muito diferente da encontrada na Rede Municipal de Ensino onde mais de 40% dos professores possuem só o ensino médio, quando todos deveriam ter, por princípio, pelo menos o nível superior. A realidade estadual é melhor, 83% possuem formação superior, como podemos observar no gráfico 1. (AVELLAR, 2012) Vale ressaltar assim os paradoxos: na medida em que, o ensino superior é o melhor do estado, o ensino fundamental é o pior. Outro é que mais da metade da população campista de 18 a 20 anos não estão aptos a ingressar no ensino superior e mais de 40% dos professores do ensino fundamental também não o fazem. Logo, observamos um contraste quando relacionamos a qualidade da educação superior do município à qualidade da formação básica da rede municipal de ensino. Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Estudo Socioeconômico de Campos dos Goytacazes (2011).
12 Abaixo a relação dos municípios do Norte Fluminense e seus respectivos índices em ordem decrescente a partir do IDEB 2011 separadamente para os anos iniciais e finais do Ensino Fundamental. Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do INEP (2012). Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do INEP (2012). Conclusões Os resultados alcançados pelo município de Campos dos Goytacazes nos índices educacionais e econômicos expostos são antagônicos e refletem a precariedade da educação no município mais rico da Região Norte Fluminense. Estudos como de Piquet (2007) demonstram que o recebimento de recursos não reverbera em melhorias concretas para a população, o mau uso dos recursos públicos é frequentemente propalado na mídia e em outros canais de comunicação. A Indústria do
13 Petróleo tampouco tem se mostrado eficaz no desenvolvimento regional, uma vez que esses recursos não dialogam com a região. É preciso esclarecer que o bom desempenho nos índices de qualidade de ensino é decorrente também de outras causas além da econômica, porém esses recursos podem proporcionar a implantação de políticas públicas adequadas ao aumento da oferta e qualidade da educação. Fatores intra e extraescolares como comprometimento das direções, coordenações e professores com a escola, articulação entre os profissionais, trabalho em equipe, compromisso e apoio dos pais no processo educacional são fundamentais para atingir os resultados esperados. Freitas (2007) salienta que a elaboração de políticas de Estado que potencializem ações nos municípios corroboram com a melhoria do ensino, da mesma forma, as avaliações institucionais o fazem. A gestão escolar deve valorizar as ações desenvolvidas na escola, não isoladamente, mas relacionando-as com as políticas públicas já existentes. A constante discussão a respeito do tema é imprescindível para a melhoria da educação no país. Assim, as avaliações e seus resultados permitem mais do que classificar sucesso ou fracasso, nos permite diagnosticar a situação para orientar ações a fim de corrigir problemas e garantir, conforme direito constitucional, uma educação pública de qualidade para todos. BIBLIOGRAFIA CITADA AVELLAR, Simone. VANINI, Eduardo. Instituições de ensino superior reprovadas no Rio são todas privadas. O Globo, Rio de Janeiro, 7 dez Disponível em: < Acesso em: 3 jun BORGES, André. Federalismo, dinâmica eleitoral e políticas públicas no Brasil: uma tipologia e algumas hipóteses. Sociologias, Porto Alegre, ano 12, no 24, mai./ago BRASIL. Decreto n de 24 de abril de Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 25 abr Disponível em: < Acesso em: 29 maio CÂMARA começa a discutir Orçamento de R$ 2,4 bilhões para In: Site Oficial da Câmara de Vereadores de Campos dos Goytacazes Disponível em: < bilhoes-para-2014/>. Acesso em 10 jun
14 1 DELFINO, JUALMIR. ROSINHA: GRATIFICAÇÃO PARA ESCOLA QUE ATINGIR META DO IDEB. CAMPOS DOS GOYTACAZES, 20 OUT DISPONÍVEL EM: < ACESSO EM: 10 JUN ECONOMIA. In: Campos Turismo Disponível em: < Acesso em: 10 jun ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Campos dos Goytacazes: TCE-RJ, Disponível em: < Acesso em: 10 jun FREITAS, Luiz Carlos de. Eliminação adiada: o ocaso das classes populares no interior da escola e a ocultação da (má) qualidade do ensino. Educ. Soc. [online]. 2007, vol.28, n.100, p Disponível em: < Acesso em: 10 jun IBGE. Censo Demográfico Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Disponível em: < Acesso em: 29 maio Produto Interno Bruto dos Municípios Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Disponível em: < Acesso em: 29 maio INEP. Censo Escolar. Brasília: Disponível em: < Acesso em: 10 maio Ideb 2011: Brasil continua a avançar. Brasília: Disponível em: < Acesso em: 10 maio INFOROYALTIES. Royalties e participações especiais. Disponível em: < Acesso em: 01 jun MORAES, Roberto. Mesmo com todos os royalties, Campos tem gasto per capita com Educação menor que a média dos municípios do mesmo porte no país. Blog do Roberto Moraes, 17 mar Disponível em: < Acesso em 20 jun Orçamento da Saúde e da Educação caem, proporcionalmente, nos últimos três anos em Campos. Blog do Roberto Moraes, 13 out Disponível em: < Acesso em 20 jun
15 1.1.1 ORÇAMENTO para 2013 é de R$ 2, 4 bilhões. In: Blog Campos em alerta Disponível em: < e-de-r-2-4-bilhoes.html>. Acesso em: 20 de jun PIQUET, Rosélia. Indústria do Petróleo e Dinâmica Regional: reflexões teóricometodológicas. In: PIQUET, R.; SERRA, R. (orgs). Petróleo e Região no Brasil, o desafio da abundância. Rio de Janeiro: Garamond, PNUD, Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil Disponível em: < Acesso em: 10 jun RICO, Elizabeth Melo (org.). Avaliação Educacional: o sistema nacional de avaliação da educação básica. São Paulo: Cortez, ANEXO I Ensino Fundamental Regular - Anos Iniciais IDEB 2011 e Projeção 2013 da Rede Municipal de Ensino do Estado do Rio de Janeiro Código do Município Nome do Município IDEB 2011 Projeção SANTO ANTONIO DE PADUA 5,9 5, MIGUEL PEREIRA 5,8 5, RIO DAS OSTRAS 5,7 5, TERESOPOLIS 5,7 5, TRAJANO DE MORAIS 5,6 6, APERIBE 5,5 6, PATY DO ALFERES 5,5 4, SAO JOSE DE UBA 5,5 6, COMENDADOR LEVY GASPARIAN 5,4 5, ITALVA 5,4 5, NOVA FRIBURGO 5,4 5, RIO DE JANEIRO 5,4 5, VOLTA REDONDA 5,4 5, MANGARATIBA 5,3 5, MIRACEMA 5,3 5, CASIMIRO DE ABREU 5,2 5, PIRAI 5,2 5, RESENDE 5,2 5, SANTA MARIA MADALENA 5,2 6, ANGRA DOS REIS 5,1 4, BARRA MANSA 5,1 5, QUATIS 5,1 5, QUISSAMA 5,1 4, SAO FIDELIS 5,1 4, BOM JESUS DO ITABAPOANA 5,0 5, ITAPERUNA 5,0 5, MACAE 5,0 5, PORTO REAL 5,0 4, SAO JOSE DO VALE DO RIO PRETO 5,0 4,8
16 ITATIAIA 4,9 4, MENDES 4,9 5, PARACAMBI 4,9 4, PETROPOLIS 4,9 5, PINHEIRAL 4,9 5, ENGENHEIRO PAULO DE FRONTIN 4,8 5, PARAIBA DO SUL 4,8 5, RIO BONITO 4,8 4, SAO JOAO DA BARRA 4,8 4, SAO SEBASTIAO DO ALTO 4,8 5, SAQUAREMA 4,8 4, CABO FRIO 4,7 5, CAMBUCI 4,7 5, ITAOCARA 4,7 4, SAO PEDRO DA ALDEIA 4,7 4, VALENCA 4,7 4,9 Código do Município Nome do Município IDEB 2011 Projeção VARRE-SAI 4,7 5, AREAL 4,6 4, ARMACAO DOS BUZIOS 4,6 5, BOM JARDIM 4,6 5, CONCEICAO DE MACABU 4,6 4, IGUABA GRANDE 4,6 4, ITABORAI 4,6 4, NITEROI 4,6 5, PORCIUNCULA 4,6 5, RIO DAS FLORES 4,6 4, ARARUAMA 4,5 5, ARRAIAL DO CABO 4,5 5, BARRA DO PIRAI 4,5 5, CARAPEBUS 4,5 4, ITAGUAI 4,5 4, NATIVIDADE 4,5 4, TANGUA 4,5 4, TRES RIOS 4,5 5, NILOPOLIS 4,4 4, PARATI 4,4 4, RIO CLARO 4,4 5, CARMO 4,3 4, DUAS BARRAS 4,3 5, DUQUE DE CAXIAS 4,3 4, GUAPIMIRIM 4,3 4, MARICA 4,3 5, SAO FRANCISCO DE ITABAPOANA 4,3 4, SEROPEDICA 4,3 4, CORDEIRO 4,2 5, MACUCO 4,2 5, QUEIMADOS 4,2 4, SAO JOAO DE MERITI 4,2 4,8
17 CACHOEIRAS DE MACACU 4,1 5, MESQUITA 4,1 4, NOVA IGUACU 4,1 4, SAO GONCALO 4,1 4, SAPUCAIA 4,1 5, SILVA JARDIM 4,1 5, VASSOURAS 4,1 4, CANTAGALO 3,9 4, LAJE DO MURIAE 3,9 5, MAGE 3,9 4, BELFORD ROXO 3,8 4, CARDOSO MOREIRA 3,8 4, JAPERI 3,8 4, CAMPOS DOS GOYTACAZES 3,6 4,0 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do INEP (2012).
18 ANEXO II Ensino Fundamental Regular - Anos Finais IDEB 2011 e Projeção 2013 da Rede Municipal de Ensino do Estado do Rio de Janeiro Código do Município Nome do Município IDEB 2011 Projeção BOM JESUS DO ITABAPOANA - 4, CACHOEIRAS DE MACACU - 4, CAMBUCI - 4, CANTAGALO - 5, CARMO - 5, CORDEIRO - 4, LAJE DO MURIAE - 5, SAO FRANCISCO DE ITABAPOANA - 4, SAO PEDRO DA ALDEIA - 4, VASSOURAS - 3, MIGUEL PEREIRA 5,6 5, PORCIUNCULA 5,3 5, SANTO ANTONIO DE PADUA 5,1 4, SAO FIDELIS 5,0 5, PARACAMBI 4,9 4, PATY DO ALFERES 4,9 5, SANTA MARIA MADALENA 4,9 5, APERIBE 4,8 4, ARRAIAL DO CABO 4,7 4, BARRA DO PIRAI 4,7 4, MIRACEMA 4,7 4, PINHEIRAL 4,7 4, RIO BONITO 4,7 4, BOM JARDIM 4,6 4, PARAIBA DO SUL 4,6 4, MANGARATIBA 4,5 4, NOVA FRIBURGO 4,5 5, PIRAI 4,5 4, RIO DAS OSTRAS 4,5 4, RIO DE JANEIRO 4,4 4, TERESOPOLIS 4,4 4, CARDOSO MOREIRA 4,3 4, ITALVA 4,3 4, QUEIMADOS 4,3 4, TANGUA 4,3 3, VOLTA REDONDA 4,3 5, ITAPERUNA 4,2 5, PETROPOLIS 4,2 4, SAO JOAO DA BARRA 4,2 4, TRES RIOS 4,2 4, BARRA MANSA 4,1 4, CONCEICAO DE MACABU 4,1 4,2
19 IGUABA GRANDE 4,1 4,3 Código do Município Nome do Município IDEB 2011 Projeção ITATIAIA 4,1 3, MACAE 4,1 4, NILOPOLIS 4,1 3, RESENDE 4,1 4, SAQUAREMA 4,1 4, ARMACAO DOS BUZIOS 4,0 4, ITAOCARA 4,0 4, MARICA 4,0 5, SAO JOSE DO VALE DO RIO PRETO 4,0 4, VALENCA 4,0 5, ANGRA DOS REIS 3,9 4, ARARUAMA 3,9 4, CASIMIRO DE ABREU 3,9 4, ENGENHEIRO PAULO DE FRONTIN 3,9 4, ITABORAI 3,9 4, ITAGUAI 3,9 3, QUISSAMA 3,9 4, RIO CLARO 3,9 4, CABO FRIO 3,8 4, COMENDADOR LEVY GASPARIAN 3,8 4, VARRE-SAI 3,8 3, AREAL 3,7 3, MENDES 3,7 4, NITEROI 3,7 4, RIO DAS FLORES 3,7 4, SEROPEDICA 3,7 4, GUAPIMIRIM 3,6 3, QUATIS 3,6 4, SILVA JARDIM 3,6 4, DUQUE DE CAXIAS 3,5 3, MESQUITA 3,5 4, NOVA IGUACU 3,5 4, SAO JOAO DE MERITI 3,5 3, CAMPOS DOS GOYTACAZES 3,4 3, MAGE 3,4 3, PORTO REAL 3,4 4, CARAPEBUS 3,3 4, DUAS BARRAS 3,3 4, SAPUCAIA 3,3 4, BELFORD ROXO 3,2 3, SAO GONCALO 3,2 3, NATIVIDADE 3,1 4, JAPERI 2,9 3, PARATI 2,9 4,9 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do INEP (2012).
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