INFORME N 11/2018. Introdução

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1 INFORME N 11/2018 Ementa: Medida Provisória nº 859, de Altera a Lei nº 8.036/90, que dispõe sobre o FGTS, para viabilizar a aplicação de recursos do Fundo em operações de crédito destinadas às entidades hospitalares filantrópicas e sem fins lucrativos que participem de forma complementar do SUS. Introdução Foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira, dia 27 de novembro de 2018, a Medida Provisória nº 859/2018 que determina que os empréstimos do FGTS para os hospitais filantrópicos e sem fins lucrativos poderão ser realizados até o final do ano de A referida MP altera a Lei nº 8.036/90 (Lei do FGTS). Na realidade, a nova medida provisória é um desdobramento da MP 848/2018, que criou uma linha de crédito com recursos do FGTS para emprestar dinheiro aos hospitais filantrópicos que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Antes dessa MP o FGTS só podia ser aplicado em habitação, saneamento básico e infraestrutura urbana. O Governo alega que a edição da Medida Provisória é necessária para conter o endividamento dos hospitais filantrópicos, que representam 53% do total de atendimentos realizados pelo SUS. Segundo o Ministério da Saúde, em 968 municípios a assistência hospitalar é realizada exclusivamente por estas instituições.

2 A história do FGTS O FGTS foi instituído em 1966 e nasceu como uma opção ao regime de estabilidade que os trabalhadores tinham ao completar 10 anos de contrato de trabalho com o mesmo empregador. Neste caso, o empregador tinha a obrigação de depositar em uma conta vinculada o percentual de recursos para a formação de uma reserva financeira relativa ao tempo de serviço, que poderia ser utilizada pelo trabalhador nos casos de demissão. Porém, naquela época, ainda facultava-se ao trabalhador optar pelo FGTS ou pelo instituto da estabilidade. A partir da Constituição Federal de 1988, a adesão ao FGTS deixou de ser optativa, passando a ser um direito social de todo empregado com contrato de trabalho formal regido pela Consolidação das Leis de Trabalho CLT. Extinguiu-se, assim, a possibilidade de opção entre os institutos e por consequência a estabilidade. O cadastro do FGTS é constituído por contas vinculadas em nome dos trabalhadores, que recebem depósitos mensais efetuados pelos empregadores (equivalentes a 8% do salário) acrescidos de atualização monetária e juros, conforme previsto em lei. Os resultados do FGTS são formados por aplicações financeiras, multas, atualização monetária, receitas patrimoniais, juros moratórios devidos, entre outras. Além do benefício direto, os recursos do FGTS depositados mensalmente nas contas dos trabalhadores, enquanto não utilizados, são aplicados pelo governo em programas de habitação, saneamento básico e infraestrutura urbana. Atualmente regido pela Lei nº 8.036/1990, regulamentada pelo Decreto nº /1990, o FGTS é gerido e administrado por um Conselho Curador.

3 O Conselho Curador do FGTS é a instância máxima de deliberação. Formado por 24 representantes, que incluem membros do Governo Federal, de entidades dos trabalhadores e dos empregadores. O Conselho aprova, de forma colegiada, as decisões do Fundo. O Ministro do Trabalho ocupa a presidência do referido Conselho. Além disso, é o responsável pela apuração dos débitos e das infrações praticadas pelos empregadores. Já o Ministério das Cidades é o responsável pela elaboração do orçamento e gestão da aplicação do FGTS, além de ocupar a vice-presidência do Conselho. A CAIXA é o Agente Operador dos recursos do FGTS. O banco centraliza todos os recolhimentos mensais e controla todas as contas vinculadas, em nome dos trabalhadores. A CAIXA emite ainda os Certificados de Regularidade do FGTS (CRF), que atestam se os empregadores e tomadores de recurso estão em dia com suas obrigações. Ademais, define procedimentos operacionais, que serão necessários à execução dos programas de habitação popular, saneamento básico e infraestrutura. Dessa forma, o FGTS é um fundo financeiro de natureza privada sob gestão pública e, embora possua patrimônio, não tem personalidade jurídica própria, utilizando o mesmo número do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CNPJ da CAIXA, seu Agente Operador. O que muda com a nova Medida Provisória? Conforme mencionado, a Medida Provisória nº 859/2018 na verdade é um desdobramento de outra Medida Provisória, a de nº 848/18, que foi publicada em agosto de Ambas alteram a Lei nº 8.036/90 (Lei do FGTS), objetivando viabilizar a aplicação de recursos do Fundo em operações de crédito destinadas às entidades hospitalares filantrópicas e sem fins lucrativos que participam de forma complementar do Sistema Único de Saúde.

4 Antes das referidas Medidas Provisórias, a Lei nº 8.036/90, que foi alterada pela Lei nº /2007, já permitia a aplicação de recursos do FGTS, por meio da criação de um Fundo de investimento, destinado para empreendimentos dos setores da construção, reforma, ampliação ou implantação de empreendimentos de infraestrutura em rodovias, portos, hidrovias, ferrovias, energia e saneamento. A Medida Provisória nº 848/2018, autorizou o FGTS a realizar investimentos destinados também às entidades hospitalares filantrópicas e sem fins lucrativos que participam de forma complementar do SUS. De acordo com o texto, será limitado 5% do FGTS para o novo investimento. O orçamento poderá ser usado pelos hospitais para refinanciar dívidas, viabilizar novos investimentos, adquirir equipamentos e custeio. Após receberem o incentivo, as instituições terão até dez anos para pagamento, sem carência. Os operadores de crédito são o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo a MP 859, o risco dos empréstimos aos hospitais filantrópicos ficará a cargo dos três bancos que são agentes financeiros da linha de crédito criada pela MP 848 (Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES). A MP 859, no entanto, permite que as taxas de juros dos empréstimos tragam embutidas um percentual para suportar o risco dos empréstimos. O risco será definido pelo Conselho Curador do FGTS, desde que limitado a 3%. A taxa de juros da linha de crédito para os hospitais filantrópicos foi definida pela MP 848, e será limitada a uma das modalidades de financiamento habitacional, que hoje está entre 7,85% e 9% ao ano.

5 No tocante às garantias das operações, o texto da MP 859 estabelece que poderão ser exigidas de forma isolada ou cumulativa. Neste diapasão, a lei do FGTS estabelece uma série de garantias que podem ser fornecidas pelo tomador do empréstimo, como hipoteca, seguro de crédito, aval em nota promissória e fiança bancária. Com a MP 859, todos os tomadores, incluindo os hospitais filantrópicos, poderão fornecer um tipo único de garantia ou um mix delas. Além disso, a nova MP determina que o Ministério da Saúde regulamente e acompanhe a execução do novo investimento, e ainda subsidie o Conselho Curador com estudos técnicos necessários ao seu aprimoramento operacional, definindo metas a serem alcançadas nas operações de crédito destinadas às entidades hospitalares filantrópicas e sem fins lucrativos que participam de forma complementar do SUS. Por fim, a nova MP (859/2018) determina que o Fundo possa realizar essas operações até o final do ano de Tramitação das Medidas Provisórias A MP 859 será analisada agora em uma comissão mista. É nesta fase que são realizadas as audiências públicas e apresentadas as emendas ao texto. O texto aprovado na comissão será votado posteriormente nos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado. Já a MP 848 está em análise no Plenário da Câmara dos Deputados, para votação final. Ressalta-se que as Medidas Provisórias possuem prazo para serem votadas pelo Congresso Nacional. O prazo da MP 848 se encerra no dia 14/12/2018 e o da MP 859, no dia 07/03/2019.

6 nº 909, de 27 de novembro de 2018 Res olu ção Ademais, cumpre ressaltar que, no dia 28 de novembro de 2018, um dia após a publicação da nova MP 859/2018, foi publicada a Resolução nº 909 do Presidente do Conselho Curador do FGTS (Ministério do Trabalho) que regulamenta o investimento e cria um Programa de Crédito destinado às entidades hospitalares filantrópicas e sem fins lucrativos que participem de forma complementar do SUS, o FGTS-Saúde. A referida resolução tem vigência até o dia 31 de dezembro de A ZAC coloca-se à disposição para dirimir quaisquer dúvidas. Brasília, 28 e novembro de Segue o texto da MP nº 859/2018. Segue anexo o texto da Resolução nº 909/2018.

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