O Romance Regencial pela editora Arqueiro: estratégias de mercado e formação do público leitor no Brasil

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Yan Aranha
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1 O Romance Regencial pela editora Arqueiro: estratégias de mercado e formação do público leitor no Brasil Resumo Esta pesquisa pretende traçar um panorama da atual situação do mercado editorial brasileiro para Romances Regenciais gênero romanesco inspirado pelos livros de Jane Austen, que possui como contexto histórico o período regencial inglês, de 1811 a 1820 por meio de um estudo de caso da editora Arqueiro. Para tanto, serão considerados os elementos paratextuais presentes no catálogo da editora em questão, desde o início das publicações do gênero, em 2013, até o primeiro semestre de 2017, bem como a colocação de seus livros em rankings de venda. Palavras-chave Editora Arqueiro, Romance Regencial, mercado editorial. Introdução É possível notar que, após o fenômeno de 50 Tons de Cinza, o mercado editorial passou a enxergar com novos olhos os romances voltados ao público feminino. Em meio a esse cenário mais vasto, que tem recebido cada vez mais investimentos no âmbito de diversas editoras, um subgênero que tem se destacado é o Romance Regencial, mais conhecido no Brasil como Romance de Época. Inaugurado em 1935 pela escritora Georgette Heyer, com Regency Buck, ou Romance Regencial, foi originalmente inspirado pelos livros de Jane Austen e possui como contexto histórico o período regencial inglês, de 1811 a Vale ressaltar, no entanto, que essa marcação temporal é apenas uma base e não é sempre rigidamente seguida, visto que os hábitos culturais de determinada época não mudam instantaneamente com a mudança do regime político. Embora existam exceções, estes livros em geral retratam a vida e os hábitos da classe alta, com destaque para a nobreza, descrevendo os eventos da chamada temporada social e de seu mercado de casamentos, tais como bailes, visitas matutinas, passeios de carruagem, idas ao teatro e caminhadas pelo famoso Hyde Park. Entre temas comumente abordados, estão os casamentos por conveniência, falsos noivados, apostas em clubes masculinos e diferenças entre classes sociais.

2 O Romance Regencial, porém, ainda se subdivide em dois: o Regencial Tradicional e o Regencial Histórico. O primeiro se destaca pela ênfase no romance e pela atenção aos detalhes históricos, que são explorados, tanto nas descrições quanto nos diálogos, com a maior verossimilhança possível. O segundo, por sua vez, preocupase menos com a veracidade histórica e insere, muitas vezes anacronicamente, dilemas modernos nos conflitos de seus protagonistas é neste ramo que encontramos cenas explícitas de sexo, por exemplo. Objetivo Livros semelhantes vêm sendo publicados no Brasil há décadas, principalmente no formato econômico para a venda em bancas de jornais, por novas editoras, como a Nova Cultural e a Harlequin, mas também por editoras tradicionais, como a Record e a Essência. Já é possível reparar, entretanto, em uma mudança gradual no mercado, desde 2013, com a inserção da editora Arqueiro neste nicho notadamente após a publicação da série Os Bridgertons, da Julia Quinn. Desde então, muitas outras casas editoriais, tanto grandes quanto independentes, passaram a investir no gênero, em especial a Gutenberg, cujo atual catálogo quase se compara em volume ao da Arqueiro. Colocando em números, até 2015 nenhum romance do gênero havia figurado na lista de livros de ficção mais vendidos do Publish News. Isso até o momento em que, por cinco meses, três lançamentos da editora Arqueiro se destacaram entre os vinte mais vendidos. Na sequência, em 2016, foram também três livros. Dessa vez eles foram relacionados na lista dos mais vendidos em oito meses diferentes; um deles, A Caminho do Altar, último volume da série Os Bridgertons, da Julia Quinn, entrou também na lista dos mais vendidos do ano, embora tenha ficado na vigésima e última posição. A partir daí, surge uma série de questionamentos relacionados ao sucesso editorial do gênero, e até que ponto ele se relaciona com o modo da editora de editar seus livros. Da seleção dos autores até a escolha do papel utilizado na impressão, uma série de fatores ao cargo da edição influencia no processo de apreensão e aceitação do livro pelo leitor. Teria a editora Arqueiro apenas sentido primeiro em que rumo estava se lançando o mercado, ou foram as escolhas e estratégias feitas por ela na produção dos livros que guiaram o leitor a procurar com mais frequência o Romance Regencial? Mais do que isso, houve mesmo uma maior busca por títulos deste gênero ou apenas uma mudança na plataforma de leitura adotada pelos consumidores, que antes preferiam as

3 edições de banca, mais baratas e discretas? De qualquer modo, que opções feitas pela editora influenciaram o leitor em suas próprias escolhas? Objetiva-se com a presente pesquisa, portanto, traçar um panorama da atual situação do mercado editorial brasileiro para Romances Regenciais por meio de um estudo de caso da editora Arqueiro. Metodologia A fim de investigar tais pontos, propõe-se analisar, com base no catálogo da editora Arqueiro, qual seria a fórmula empregada por esta na edição de seus livros. Para tanto, serão estudados, com base na definição de Gérard Genette, os paratextos presentes nos livros em questão isto é, o conteúdo que acompanha ou rodeia as obras, ou seja, excetuando o texto principal, tudo o que se converte em texto ou estratégias de comunicação de apoio. Considerando-se, inicialmente, os peritextos, ou seja, as informações adicionais contidas no próprio livro, ou seja, no perímetro do livro, tomamos como ponto de partida o exame e a comparação dos títulos, das capas, das informações contidas na folha de rosto e de outros elementos paratextuais presentes no espaço físico da obra. Seguindo para os epitextos, que são informações exteriores ao livro, teremos para análise uma miríade de conteúdos distribuídos por meio das mídias sociais e eventos da editora, bem como resenhas e críticas veiculadas em diversas plataformas. No caso de eventos, por exemplo, a editora promove, anualmente, desde 2013, ocasião do lançamento dos três primeiros Romances Regenciais de seu catálogo, encontros de fãs de romances de época. Além do propósito claro de divulgação dos livros, esse tipo de ocorrência parece instigar o comportamento do fã de não se ligar a uma série ou autor específico, mas a todo o gênero em geral. Por fim, será considerada na interpretação dos dados coletados, também, a vendagem dos livros, que seria um indicativo de sua aceitação (ou não) pelo público consumidor. Listas de livros mais vendidos semanalmente, mensalmente e anualmente organizadas por sites como o Publish News serviriam de base para isso.

4 Cronograma Referências 1. Fontes Catálogo de obras da editora Arqueiro, desde o início das publicações do gênero, em 2013, até o primeiro semestre de Informações disponíveis em: < Ranking de venda de livros no Brasil contabilizado pelo Publish News. Disponível em: < 2. Bibliografia CHARTIER, Roger. A Mão do Autor e a Mente do Editor. São Paulo: Editora Unesp, CHARTIER, Roger. Práticas da Leitura. São Paulo: Estação Liberdade, ª Edição. HODGE, Jane. The Private World of Georgette Heyer. Chicago: Sourcebooks, 2011.

5 KLOESTER, Jennifer. Georgette Heyer's Regency World. Chicago: Sourcebooks, RODALE, Maya. Dangerous Books For Girls: The Bad Reputation of Romance Novels Explained. Publicação independente, GENETTE, Gérard. Paratextos Editoriais. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009.

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