EMERGÊNCIA E DESENVOLVIMENTO INICIAL DA CABAÇA Lagenaria siceraria EM DIFERENTES SUBSTRATOS DE ORIGEM ORGÂNICA

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1 EMERGÊNCIA E DESENVOLVIMENTO INICIAL DA CABAÇA Lagenaria siceraria EM DIFERENTES SUBSTRATOS DE ORIGEM ORGÂNICA Márcio Facundo Aragão 1, Maria de Fatima Nascimento dos Santos 2, Francisca Gleiciane Nascimento Lopes 3, Antônio de Assis Lopes Souza 5, Francisco José Carvalho Moreira 4 RESUMO: O substrato é o insumo de maior importância para garantir à emergência e desenvolvimento inicial de plântulas. O trabalho foi desenvolvido no IFCE/Campus Sobral CE, com o objetivo de avaliar a influência dos substratos sobre a porcentagem de emergência desenvolvimento inicial de plântulas de cabaça. As sementes foram distribuídas em bandejas de isopor em DIC (7 x 4), sendo os substratos (S1. areia; S2. Solo; S3. Esterco caprino; S4. Solo + Esterco Caprino; S5. Fibra de coco; S6. Solo + Fibra de coco e S7. Solo + Esterco + Fibra de coco) com quatro repetições. Foram avaliadas: a porcentagem de emergência (%E), Índice de velocidade de emergência (IVE), tempo médio de emergência (TME), altura das plantas (AP), comprimento de raiz (CR), massa seca da parte aérea (MSPA) e massa seca de raiz (MSR). O substrato S3 e S4 influenciaram positivamente todas as variáveis analisadas e o substrato S7 demostrou os menores valores para todas as variáveis. PALAVRAS-CHAVE: porongo, propagação, sementes. EMERGENCY AND INITIAL DEVELOPMENT OF THE Lagenaria siceraria CABAÇA IN DIFFERENT SUBSTRATES OF ORGANIC ORIGIN ABSTRACT: The substrate is the most important input to guarantee the emergence and early development of seedlings. The work was developed at the IFCE/Campus Sobral - CE, with the objective of evaluating the influence of the substrates on the percentage of emergency initial development of gourd seedlings. The seeds were distributed in styrofoam trays in DIC (7 x 4), the substrates (S1, sand, S2, Solo, S3, goat manure, S4, Solo + Goat, S5, Coconut fiber and S7. Soil + Spray + Coconut fiber) with four replicates. The percentage of emergence (%E), emergency speed index (ESI), mean emergency time (MET), plant height (PH), root length (RL), dry shoot mass (DSM) and root dry mass (RDS) were evaluated. Substrate S3 and S4 positively influenced all analyzed variables and substrate S7 showed the lowest values for all variables. KEYWORDS: porongo, propagation, seeds. INTRODUÇÃO A cultura do porongo ou cabaça Lagenaria siceraria (Mol). Standl é uma Cucurbitaceae muito importante para a agricultura familiar em várias regiões do Brasil e no 1 Mestrando em Engenharia Agrícola, Dpto de Engenharia Agrícola, UFC, Fortaleza. marcioaragao26@gmail.com 2 Graduando em Zootecnia, UVA Vale do Acaraú, Sobral CE, Tecnico em Fruticultura, IFCE/Campus Sobral. 3 Discente de Irrigação e Drenagem, IFCE/Campus Sobral, Sobral, CE. 4 Discente de Irrigação e Drenagem, IFCE/Campus Sobral, Sobral, CE. 5 Doutorando em Biotecnologia RENORBIO/UFRN, prof. do Eixo Recursos Naturais, IFCE/Campus Sobral CE.

2 continente africano, a África é o centro de diversidade genética para a L. siceraria. O cultivo da cabaça proporciona empregos no campo (Trevisol, 2013). O cultivo dessas espécies é típico de produtores familiares, em sistema de produção com baixo uso de tecnologia, devido ao pouco interesse de grandes produtores e empresa fornecedores de insumos agrícolas. O fruto da cabaça é comercializado seco e utilizado para fazer artesanato, produção de cuias e recipientes para armazenamento de água. Existem diversas maneiras de propagação de plantas, os mais conhecidos são por sementes, estacas e enxertia, os produtores brasileiros, entretanto, preferem produzir mudas das sementes, na propagação por sementes o insumo mais importante é o substrato (Zorzeto, 2011). Muitas espécies as sementes são o meio de perpetuação natural, para ter sucesso na propagação e necessária tem o conhecimento das características da espécie em estudo e das sementes. Para obter produção de mudas em escala comercial é fundamental conhecer as características do substrato utilizado para produzir as mudas (Aragão et al., 2016), pois os substratos influenciam a emergência e desenvolvimento inicial das plantas. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes tipos de substratos na emergência e desenvolvimento inicial de plântulas de cabaça. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em ambiente telado (sombrite 50% de luz) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará Campus Sobral - CE. O clima está classificado de acordo com Köppen como Aw, tropical quente chuvoso semiárido com pluviometria média anual de 854 mm, temperatura média de 28 ºC e a altitude de 70 metros. Utilizaram-se quatro bandejas de polietileno de 162 células, onde foi efetuada semeadura, no dia 07 de fevereiro de 2018 iniciamos o experimento, colocando-se uma semente por célula, nos sete substratos testados, totalizando 448 sementes. Para manter os substratos propícios à germinação, eram realizadas duas irrigações diárias. O delineamento estatístico utilizado neste ensaio foi o DIC, sendo sete tipos de substrato (1. areia; 2. Solo; 3. Esterco caprino; 4. Solo + esterco caprino; 5. Fibra de coco (não comercial); 6. solo + fibra de coco; 7. Solo + esterco + fibra de coco), como quatro repetições e 16 sementes em cada, caracterizando uma unidade experimental. Após 30 dias depois da semeadura foram mensuradas as seguintes variáveis: percentual de emergência germinação (% E); índice de velocidade de emergência (IVE); tempo médio de

3 emergência (TME); altura da plântula (AP); peso seco da parte aérea (PSPA). Os dados foram submetidos à análise de variância e, quando significativas, submetidos ao teste de Tukey a 5,0% de probabilidade, utilizando o software SISVAR versão 5.6 gratuita (Ferreira, 2015). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1, encontra-se a análise de variância (ANOVA), com os valores dos quadrados médios para as variáveis de emergência e desenvolvimento inicial de plântulas de cabaça (porongo) L. siceraria em função de diferentes composições de substrato de origem orgânica, na qual se especifica seus efeitos nas variáveis, porcentagem de emergência, índice de velocidade de emergência, tempo médio de emergência, altura da planta, comprimento da raiz e matéria seca da parte aérea e da raiz, onde observa-se haver efeito significativo ao nível de 1,0% para todas as variáveis. Tabela 1. Resumo da Análise de Variância (ANOVA), valores dos quadrados médios e coeficientes de variação das variáveis de porcentagem de emergência (%E), índice de velocidade de emergência (IVE) e tempo médio de emergência (TME) e desenvolvimento inicial, altura da planta (AP), comprimento da raiz (CR), peso seco fresca da parte área (PSPA), peso seco da raiz (PSR), IFCE Campus Sobral, Sobral - CE, Fontes de Quadrados Médios GL Variação % EMER IVE TME AP CR PSPA PSR Substrato ,64 ** 36,163 ** 0,0199 ** 8,172 ** 29,299 ** 0,233 ** 0,357 ** Erro 21 15,702 0,388 0, ,295 0,161 0,0018 0,0453 Cv (%) - 8,61 35,91 29,14 15,11 9,42 3,86 3,09 ** valor significativo ao nível de 1,0% pelo teste F. Com relação ao coeficiente de variável (CV%) índice de velocidade de emergência e tempo médio de germinação foram as variáveis que apresentou o maior valor 35,91 e 29,14 respectivamente. Valores de CV alto nestas duas variáveis podem ser explicados pela a irregularidade da emergência das sementes, causado pelos os efeitos dos diferentes tipos de substrato acompanhado da baixa qualidade das sementes coletadas de espécies silvestres. Em estudos realizados por Santana e Ranal (2000) utilizado sementes de uma espécie silvestre, o coeficiente de variação destas sementes apresentou maior valor de coeficiente de variação do que experimentos realizados com sementes de uma espécie melhorada geneticamente. De acordo com a composição do substrato Resende et al., (2011) afirmam que o substrato desempenha papel é importante na emergência e no desenvolvimento inicial das plântulas.

4 Na Tabela 2 é apresentado às medias dos tratamentos de todas as variáveis analisadas nos diferentes tipos de substrato de origem orgânica, com pode ser observado o substrato formado por solo + esterco caprino proporcional os maiores medias em todas as variáveis analisadas. Tabela 2. Médias dos tratamentos com os substratos Areia, solo (SO), esterco caprino (EST), fibra de coco (FC), solo e esterco caprino (SO+EST), solo e fibra de coco (SO+PC) e solo, esterco caprino e fibra de coco (SO+EST+PC), para as variáveis analisadas. IFCE Campus Sobral, Sobral - CE, Tratamentos/ Médias dos Tratamentos Substratos % EMER IVE TME AP CR PSPA PSR S1 47,42 c 1,31 cb 0,16 bc 3,62 b 4,90 b 1,07 c 0,94 ab S2 33,30 de 0,95 c 0,10 c 2,82 bc 2,37 c 1,00 cd 0,69 abc S3 67,90 b 2,42 b 0,21 ab 5,04 a 6,45 a 1,38 b 1,01 a S4 78,32 a 4,17 a 0,27 a 5,81 a 6,93 a 1,51 a 1,08 a S5 41,50 cd 1,65 cb 0,19 abc 3,70 b 4,35 b 1,06 c 0,76 ab S6 31,22 e 1,07 cb 0,09 c 2,05 c 1,86 cd 0,91 de 0,50 bc S7 18,33 f 0,55 c 0,09 c 2,10 c 1,00 d 0,85 e 0,24 c Os valores seguidos pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o teste de Tukey (p 0,05). Com relação ao substrato formado apenas por esterco caprino apresentou medias menores, mais não diferiu estatisticamente do substrato solo + esterno caprino nas variáveis, tempo médio de emergência, altura da planta, comprimento da raiz e peso da raiz. O ótimo desempenho do substrato contendo esterco caprino segundo Araújo et al. (2010), pode ser explicado devido o esterco ser de origem orgânica, rico em macro nutrientes como Nitrogênio e Enxofre. Os resultados apresentados na Tabela 2 mostraram que o substrato formando por dois tipos de composto orgânico apresentam as melhores condições para a emergência e o desenvolvimento inicial de plântulas de cabaça com valores de 78,32 % e 5,04 centímetro para emergência e altura da planta respectivamente. Já quando o substrato quando composto com três diferentes tipos de material prejudicou todas as variáveis analisada obtendo as piores medias em todas as variáveis, para porcentagem de emergência e altura planta apresentou médias de 18,33% e 2,10 cm, respectivamente. O desempenho do substrato esterco caprino e solo + esterco caprino tiveram resultados parecido com os resultados encontrado por Crippa e Ferreira (2015), utilizando um substrato comercial obteve alta eficiência em produção de mudas de repolho, proporcionando maior área foliar, comprimento de raiz, peso seco da parte aérea e peso seco parte raiz. O substrato composto por solo + esterco caprino + Fibra de coco não apresentou

5 resultados satisfatório devido a sua composição, pode ter causado efeito adversos nas sementes, com isso, comprometeu a emergência, mostrando que substrato com mais de três diferentes materiais na sua composição é prejudicial a emergência e desenvolvimento inicial de plântulas de cabaça, além de ser mais trabalho a formulação do substrato com três tipos de matérias. Estudo realizado por Klein (2015), testando a utilização de substratos alternativos para produção de mudas, fala sobre a importância da busca por novas alternativas de substrato, porém é necessário ter precaução nas composições que formam o substrato, sendo necessários estudos sobre adaptação das culturas neste meio, para evita efeitos adversos na formação de mudas. CONCLUSÕES Os substratos esterco caprino e o substrato quando combinado com solo e esterco caprino apresentaram as melhores médias para todas as variáveis analisadas, sendo que a combinação solo e esterco caprino superior. Quando o substrato é composto por três materiais solo, esterco caprino e fibra de coco triturada influenciaram negativamente todas as variáveis analisadas, prejudicando a emergência e o desenvolvimento inicial das plântulas de cabaça. AGRADECIMENTOS REFERÊNCIAS ARAGÃO, M. F.; MOREIRA, F. J. C.; ABREU, A. M, DA. S.; SOUZA, A, DE. A. L.; LOPES, F. G. N. Avaliação de substratos na emergência e desenvolvimento inicial de cambucá amarelo. Anais, IX Connepi Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, ARAÚJO, W. B. M.; ALENCAR, R. D.; MENDONÇA, V. MEDEIROS, E. V.; ANDRADE, R. C.; ARAÚJO, R. R. Esterco caprino na composição de substratos para formação de mudas de mamoeiro. Ciência e Agrotecnologia, v.34, n.1, p , 2010.

6 CRIPPA, J. P. B.; FERREIRA, L. G. Desenvolvimento de mudas de repolho em diferentes tipos de bandeja e substrato. Connect online, N. 12, FERREIRA, D. F. Sisvar: a Guide for its Bootstrap procedures in multiple comparisons. Ciência e Agrotecnologia, v. 38, n.2, p , KLEIN, C. Utilização de substratos alternativos para produção de mudas. Revista Brasileira de Energias Renováveis, V. 4, Pág , RESENDE, S. V.; CREPALDI, I. C.; PELACANI, C. R.; BRITO, A. L. Influência da luz e substrato na germinação e desenvolvimento inicial de duas espécies de Calliandra benth. (Mimosoideae - Leguminosae) endêmicas da chapada diamantina, Bahia. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.35, n.1, p , SANTANA, D. G de.; RANAL, M.; A. Análise estatística na germinação. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal. 12 (Edição Especial): , TREVISOL, W. Morfologia e fenologia do porongo: produtividade e qualidade da cuia. Pag Tese (Doutorado em Agronomia fitotecnia) Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Piracicaba-SP, ZORZETO, T. Q. Caracterização física e química de substratos para plantas e sua avaliação no rendimento do morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.). Pag Dissertação, (Mestrado em Agronomia), Instituto Agronômico. Campinas, 2011.