III ESTUDO DA TERMODECOMPOSIÇÃO DO LODO DE ESGOTO E DO RESIDUO SÓLIDO VEGETAL USADO NA SORÇÃO DE METAIS
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1 III ESTUDO DA TERMODECOMPOSIÇÃO DO LODO DE ESGOTO E DO RESIDUO SÓLIDO VEGETAL USADO NA SORÇÃO DE METAIS Aldre Jorge Morais Barros (1) Doutorando em Química pela UFPB. Mestre em Engenharia Sanitária pela UFCG. Químico Industrial pela UEPB. Valderi Duarte Leite Doutor em Hidráulica e Saneamento pela USP. Mestre em Engenharia Sanitária pela UFPB. Engenheiro Químico pela UFPB. Professor Titular do DQ/CCT/UEPB. Vandeci Dias dos Santos Doutora em Química pela USP. Bacharel em Química pela UFRN. Professora Titular do DQ/CCT/UEPB. José Carlos Oliveira Santos Doutor e Mestre em Química pela UFPB. Licenciado em Química pela UEPB. Professor Titular do DQ/CCT/UEPB. Antonio Gouveia Souza Doutor em Química pela UNICAMP. Bacharel em Química pela UFPB. Licenciado em Química pela UEPB. Professor Adjunto do DQ/CCEN/UFPB. Endereço (1) : Rua João Agripino dos Santos, 252 Três Irmãs, Campina Grande, Paraíba, CEP , Brasil. Tel.: (83) , Fax: (83) ajmbarros@hotmail.com. RESUMO A poluição do meio ambiente por metais pode causar alterações das propriedades físicas, químicas e biológicas da massa de água, comprometendo o seu uso para o consumo humano e para outros tipos de atividades, dependendo do grau de poluição ou contaminação. Os tratamentos convencionais de efluentes contendo metais pesados produzem quantidades significativas de subprodutos com características recalcitrantes. Portanto, a busca por soluções técnicas de tratamento de efluentes contendo concentrações significativas de metais pesados que produzam efluentes dentro dos padrões legais, e que o lodo gerado apresente viabilidade técnica e econômica de utilização torna-se sempre prioritário. Dentre estas novas tecnologias encontramos a sorção que engloba os processos de fisissorção e quimissorção dos metais pelos substratos orgânicos. Logo este trabalho teve como objetivo avaliar a estabilidade dos compostos químicos formados entre o metal (Cr 3+ e Zn 2+ ) e dois biossorventes (lodo de esgoto e resíduos sólidos orgânicos) durante o processo de sorção. Utilizou-se de duas técnicas de análise térmica (TG e DSC) na investigação que a interação metal-absorvente por proporcionar alterações nas características físico-químicas dos dois biossorventes. Os dados das curvas de TG dos dois biossorventes apresentaram diferenças significativas logo após a sorção dos metais pesados, sendo confirmado também pela análise das curvas de DSC que apresentaram também modificações no perfil das curvas, ocorrendo o deslocamento de eventos nos dois tipos de substratos estudados e pelo aumento do teor de cinzas. As amostras demonstrando que durante o processo de sorção, ocorreu uma interação de natureza físico-química entre os biossorventes e os metais, produzindo compostos com maior estabilidade. PALAVRAS-CHAVE: Biossorventes, metais pesados, sorção, análise térmica. INTRODUÇÃO Comumente, a expressão metal pesado é usada para designar os elementos químicos metálicos contaminantes do ar, água, solo, plantas e alimentos. Por definição, designa-se como metal pesado todo aquele elemento que tem massa específica maior que 5 g cm -3. Entretanto, ao contrário do que se pensa, estes elementos têm a sua ação benéfica para microrganismos, plantas e animais em concentrações assimiláveis pelos seres vivos segundo as suas necessidades metabólicas (Pinto et al, 2001; Duarte, 2003), mais devido o alto poder poluidor e contaminante da sociedade moderna, estes elementos atingiram concentrações impróprias, tornando-se danosos ao meio ambiente em níveis elevados. A necessidade do desenvolvimento de tecnologias limpas, que em sua concepção não causem nenhum dano ao meio ambiente tem ganhado importância destacada no mundo atual (Barros Jr. et al, 2002; Eccles, 1995). ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1
2 Dentre estas novas tecnologias o processo da sorção, que tem propriedade de acumular ou concentrar metais em materiais orgânicos vivos ou mortos por intermédio dos processos de sorção (Arican et al, 2002). A sorção engloba dois sistemas distintos: o primeiro é a absorção, que consiste na remoção de um contaminante de uma fase gasosa, liquida ou sólida em outra fase; o segundo sistema, a adsorção ocorre pela condensação e concentração dos íons ou moléculas de uma fase para outra, ocorrendo com a ação de fisissorção (forças intermoleculares) e quimissorção (ligações químicas) entre os íons ou moléculas do absorvente e do adsorvato (íons metálicos) (Arican et al, 2002; Sawyer et al, 1994). Portanto, a eficiência da remoção de uma espécie química esta relacionada com a natureza constituinte do absorvente usado na sorção do metal, e atualmente na capacidade que o substrato usado neste processo tenha a propriedade de proporcionar a recuperação do elemento químico para sua reutilização industrial (Volesky, 1989). A análise térmica é um conjunto de técnicas que permite medir as mudanças de uma propriedade física ou químicas de uma substância ou material em função da temperatura ou tempo. Dentre as técnicas termoanalíticas, destaca-se termogravimetria (TG) baseia-se no estudo da variação de massa (perda ou ganho) de uma dada amostra, resultante de transformação física (sublimação, evaporação, condensação) ou química (degradação, decomposição, oxidação, fusão) em função do tempo e da temperatura, e em segundo lugar a calorimetria exploratória diferencial (DSC) que pode ser definido como um método que mede as temperaturas e o fluxo de calor associado com as transições dos materiais em função da temperatura e do tempo, fornecendo informações qualitativas e quantitativas sobre mudanças químicas que envolvem processos endotérmicos (absorção de calor), exotérmicos (evolução de calor) ou mudanças na estabilidade térmica (Souza et al, 2004; Mothé e Azevedo, 2002; Hatakeyama e Quinn, 1997). Este trabalho teve como objetivo avaliar a estabilidade térmica dos compostos formados no lodo de esgoto sanitário (LES) e num resíduo sólido orgânico (RSO) submetido ao processo de biossorção em reatores alimentados com soluções de metais pesados por intermédio da análise térmica (TG/DSC). MATERIAL E MÉTODOS Sistema experimental O sistema experimental para realização deste trabalho foi instalado e monitorado no Laboratório de Saneamento Ambiental do DQ/CCT/UEPB localizado na Estação Experimental de Tratamento Biológico de Esgoto Sanitário (EXTRABES), no bairro do Tambor, na cidade de Campina Grande, PB. O sistema experimental era constituído de dois reatores de seção circular de fluxo ascendente com volume útil de seis litros, construído com tubos de PVC de 10,0 cm diâmetro interno e 50,0 cm de altura (Figura 1). Estes reatores foram fixados em suportes de madeira. O sistema incluía duas prateleiras, uma superior, colocada a dois metros de altura do solo, para servir de suporte aos recipientes de quatro litros contendo soluções sintéticas dos sais dos metais. A segunda prateleira foi fixada a 40,0 cm do solo, que servia de suporte aos dois coletores da solução efluente dos reatores com a capacidade de 1,0 litros. Na montagem dos reatores foram fixadas torneiras de plásticos ( = 1,2 cm) e mangueiras de polietileno ( = 1,2 cm) para permitir a introdução e saída das soluções por todo sistema operacional. Como controlador de vazão utilizou-se de kits de equipo (material médico hospitalar para aplicação intravenosa de soro fisiológico). No interior de cada reator foram colocados brita e areia formando um filtro e uma tela de metal ( = 0,1 cm) que servir de separação entre o filtro e o biossorvente. O lodo de esgoto sanitário (LES) foi coletado de um reator UASB, seguido pelo acondicionamento em uma caixa de fibra de vidro de seção retangular para secagem ao ar, este resíduo era revolvido diariamente para facilitar a secagem, que ocorreu num período de 14 dias, o LES seco foi triturado e passado numa peneira de malha ( = 0,4 cm) e acondicionado em recipientes plásticos. Os resíduos sólidos orgânicos (RSO) utilizados no sistema experimental constaram de amostras pontuais de resíduos vegetais coletados na central de abastecimento de Campina Grande da empresa paraibana de serviços agrícolas (EMPASA), o qual foi triturado e seco ao ar por 10 dias, passando pelo mesmo procedimento de peneiramento e acondicionamento do LES. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2
3 Figura 1. Sistema de sorção. Da série de dois reatores, um foi carregado com 2,0 kg de LES e o outro reator com uma massa de 1,4 kg de RSO. Os dois reatores foram operados durante 60 dias e alimentados com uma solução conjunta de cloreto de cromo III (CrCl 3 ) e cloreto de zinco II (ZnCl 2 ) com a concentração de 50,00±0,15 mg L -1 para cada metal. A vazão diária nos reatores foi 100 ml d -1 com de tempo detenção hidráulica de 10 dias. Na Tabela 1 está sendo apresentados os resultados das análises físico-químicas nos biossorventes in natura e bioestabilizado dos dois reatores usados no processo de sorção dos metais. Os métodos utilizados nos procedimentos analíticos estão sendo apresentados na Tabela 2 (APHA et al, 1995). Tabela 1. Caracterização de Físico-química das amostras RSO e LES. Parâmetros RSO LES in natura bioestabilizad o in natura Bioestabilizado Umidade (%) 9,64 7,33 8,79 8,58 ph 7,90 6,70 6,60 6,20 Alcalinidade (mg L -1 ) Sólidos totais (%) 90,36 92,67 91,21 91,42 Sólidos totais fixos (%) 46,38 56,91 43,95 42,20 Sólidos totais voláteis (%) 43,98 35,76 47,26 49,23 Carbono Orgânico total (%) 24,43 18,87 26,26 27,36 Demanda química de oxigênio (mg kg -1 ) N total (mg kg -1 ) 26,04 86,52 26,32 3,24 P total (mg kg -1 ) 12,80 9,50 18,10 40,70 S total (mg kg -1 ) 16,58 17,99 29,25 3,76 Fe (mg kg -1 ) 5,02 7,06 23,79 14,86 Análise térmica O comportamento térmico (perda de massa) das amostras foi analisado pela termogravimetria (TG). As curvas foram obtidas em um equipamento denominado de termobalança, marca SHIMADZU, modelo TGA-50, sobre a atmosfera de ar com vazão constante de 20 ml min -1, as amostras foram acondicionadas numa célula de alumina, com uma razão de aquecimento do equipamento de 15 C min -1. A massa média das amostras foi de 8,5±0,5 mg, cujo intervalo da temperatura de estudo variou de 25 a 950 C para o RSO e LES in natura e entre 25 e 800 C para as amostras do bioestabilizado denominados de RSOM (RSO + metal) e LESM (LES + Metal). ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3
4 Tabela 2. Parâmetros e métodos analíticos usados na caracterização dos biossorventes. Parâmetro Umidade ph Alcalinidade Sólidos Totais e frações (STF e STV) Carbono Orgânico Total (COT) Demanda Química de Oxigênio (DQO) Nitrogênio Total Fósforo Total Enxofre Ferro Metodologia Gravimétrica Potenciométrica Potenciométrica Gravimétrica Matemático Refluxação Fechada do Dicromato de Potássio MicroKjedahl Colorimétrico Turbimétrico Espectrofotométrica As curvas DSC das amostras foram obtidas um calorímetro exploratório diferencial, marca SHIMADZU, modelo DSC-50, numa faixa de temperatura de C, com o objetivo de identificar as transições físicoquímicas das amostras. As amostras foram acondicionadas em uma célula de alumina, com razão de aquecimento de 15 C min -1, em atmosfera de nitrogênio, com uma vazão de 50 ml min -1. Foram tomadas amostras com massa média de 8,5±0,5 mg. RESULTADOS Na Tabela 3 e nas Figuras 2 e 3 estão sendo apresentados os dados referentes ao estudo das curvas de termogravimetria (TG) das amostras de resíduos orgânicos (RSO), resíduos orgânicos + metal (RSOM), lodo de esgoto sanitário (LES) e lodo de esgoto sanitário + metal (LESM). Os resultados obtidos demonstraram que as temperaturas de decomposição térmica das amostras que continham metais (Cr 3+ e Zn 2+ ), sofreram deslocamento nos valores observados no perfil das curvas de TG em relação às amostras in natura. Tabela 3. Dados obtidos das curvas TG das amostras. Amostras RSO RSOM LES LESM Parâmetros Eventos T pico ( C) 58,0 300,0 482,0 636,0 822,0 T inicial ( C) 28,0 176,0 410,0 589,0 750,0 Perda de Massa (%) 8,0 25,0 14,5 1,93 1,9 T pico ( C) 57,0 170,5 322,0 497,0 617,31 T inicial ( C) 28,0 120,7 261,0 595,0 595,74 Perda de Massa (%) 6,1 2,8 2,78 26,3 0,8 T pico ( C) 82,0 317,0 449,0 659,0 809,0 T inicial ( C) 31,0 180,0 387,0 610,0 804,0 Perda de Massa (%) 8,0 27,0 18,3 2,0 0,1 T pico ( C) 78,0 138,0 329,0 467,0 672,0 T inicial ( C) 47,0 126,0 267,0 410,0 647,0 Perda de Massa (%) 5,5 1,1 23,2 18,0 1,0 Os dados das curvas TG apresentados na Tabela 3 para o primeiro evento, demonstraram que as amostras inoculadas com metais apresentaram variação de temperatura inicial de decomposições diferentes das amostras que não foram submetidas ao processo de sorção, onde as amostras in natura (RSO e LES) apresentaram uma maior decomposição (perda de massa) em relação às amostras que sorveram os metais. Este tipo de comportamento pode ser observado nos outros quatro eventos que ocorreram durante a análise das curvas TG das amostras, fato este pode ser atribuído devido à constituição físico-química das quatro amostras, podendo ser explicado devido aos diferentes concentrações dos compostos que formam cada amostra (Tabela 1), como também da contribuição das frações orgânicas e inorgânicas presentes em cada amostra. Logo, as amostra RSOM e LESM apresentaram um aumento nas frações inorgânicas, que possivelmente ocorreu devido ao processo de mineralização dessas amostras, esta constatação pode ser confirmada pela diminuição das temperaturas de decomposição em relação às amostras RSO e LES. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4
5 Os comportamentos térmicos das amostras RSOM e LESM no segundo evento apresentaram uma menor decomposição em relação às outras duas amostras (RSO e LES), que apresentaram uma maior perda de massa neste evento devido à decomposição do carbono de origem orgânica. No terceiro evento o comportamento observado nas curvas de termodecomposição (Figura 2 e 3) e dados térmicos (Tabela 3) das amostras LES e LESM que proporcionaram maiores decomposições em relação às amostras RSO e RSOM, que continham uma maior quantidade de compostos inorgânicos em relação às amostras de maior decomposição em temperaturas entre 320 e 450 C. Nos dados do quarto evento, a termodecomposição das amostras RSOM e LEM apresentaram o mesmo comportamento observado no terceiro evento em relação às amostras RSO e LES, correspondendo às temperaturas entre 460 e 660 C, onde RSOM apresentou a maior decomposição (26,30%) em relação às outras três amostras, confirmando a presença de uma maior fração de compostos inorgânicos. 100 Perda de massa (%) RSOM RSO Temperatura ( o C) Figura 2. Curva de TG da amostra de resíduo sólido orgânico (RSO) e do RSO + metal (RSOM). Perda de massa (%) LES LESM Temperatura ( o C) Figura 3. Curva de TG da amostra de lodo de esgoto sanitário (LES) e do LES + metal (LESM). O quinto evento apresentou pequenas taxas de decomposição das quatro amostras em temperaturas acima de 600 C com redução mássica em torno de 0,07 a 1,94%. Analisando o processo total de termodecomposição das quatro amostras, pode-se ressaltar que as amostras RSO e LES apresentaram perda de massa entre 51,3% e 55,4%, respectivamente, referentes aos compostos orgânicos. As amostras RSOM e LESM apresentaram maior presença de compostos inorgânicos, reforçada pela sorção dos metais pelo RSO e LES, demonstrado pela redução das temperaturas de decomposição para valores menores que 200 C e acima de 600 C, que apresentaram uma fração orgânica total decomposta de 38,0% e 48,8% para RSOM e LESM, correspondentemente. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 5
6 Na Tabela 4 e nas Figuras 4 e 5 estão sendo apresentados os dados referentes ao estudo calorimétrico (DSC) das amostras de resíduos sólidos orgânicos (RSO), resíduos sólidos orgânicos + metal (RSOM), lodo de esgoto sanitário (LES) e lodo de esgoto sanitário + metal (LESM). Os resultados obtidos demonstraram que as temperaturas de decomposição térmica das amostras que continham metais (Cr 3+ e Zn 2+ ) sofreram deslocamento nos valores observados no perfil das curvas de DSC em relação às amostras in natura (RSO e LES). As quatro amostras apresentaram uma predominância de processos endotérmicos nos dois primeiros eventos seguido por um terceiro evento exotérmico segundo os dados de entalpia (ΔH) apresentados na Tabela 4. Com exceção da amostra de RSO que apresentou apenas dois eventos, sendo um endotérmico e o outro exotérmico. Tabela 4. Dados obtidos pela análise das curvas de DSC das amostras. Parâmetro Amostras s RSO RSOM LES LESM Eventos T pico ( C) 76,0 333,0 59,0 181,0 442,0 60,0 117,0 429,0 65,0 112,0 438,0 ΔH (J g -1 ) 95,7-5,0 54,2 4,9-20,7 52,2 7,9-12,4 60,0 20,5-8,5 5 Fluxo de calor (mw) RSO RSOM Temperatura ( o C) Figura 4. Curva de DSC da amostra de resíduo sólido orgânico (RSO) e do RSO + metal (RSOM). 9,0 Fluxo de calor (mw) 7,5 6,0 4,5 3,0 1,5 0,0-1,5 LES LESM Temperatura ( o C) Figura 5. Curva de DSC da amostra de lodo de esgoto sanitário (LES) e do LES + metal (LESM). A amostra de RSO apresentou no primeiro evento um ΔH endotérmico de 95,7 J g -1 a uma temperatura de 76,0 C, seguindo por um segundo evento com um ΔH exotérmico igual -5,0 J g -1 a uma temperatura de 333,0 C (Tabela 4 e Figura 4). A amostra do RSOM apresentou três eventos que apresentaram ΔH de 54,2, 4,9 e -20,7 J g -1, respectivamente, com temperaturas de transição de 59,0, 181,0 e 442,0 C para os três ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 6
7 eventos, correspondentemente. A amostra LES apresentou no primeiro e segundo evento um ΔH endotérmico de 52,2 e 7,9 J g -1 com temperaturas de 60,0 e 117,0 C, respectivamente, seguido por um evento exotérmico onde o ΔH foi igual -12,4 J g -1 numa temperatura de transição de 429,0 C (ver Tabela 4 e Figura 5). A amostra LESM submetido ao processo de sorção dos metais apresentou o mesmo comportamento do LES, ocorrendo diferentemente um deslocamento das temperaturas de transição de 65,0, 112,5 e 438,0 C, correspondentemente. Observou-se também um aumento da entalpia nos dois eventos endotérmicos que foram de 60,0 e 20,4 J g -1, seguido pela diminuição do ΔH exotérmico para valor de -8,47 J g -1 do terceiro evento. Os primeiros eventos das curvas de DSC das quatro amostras com características endotérmicas apresentaram valores elevados atribuído à perda de umidade (t < 125 C). O segundo evento relacionado com reação exotérmica da amostra RSO apresentou um comportamento de uma reação intramolecular, ou seja, um reordenamento da estrutura molecular dos compostos orgânicos que compõem a matéria orgânica da amostra estudada. Diferentemente o segundo evento do RSOM apresentou um comportamento endotérmico apresentado por uma transição relacionada à fusão de composto organo-mineral. A amostra de RSOM apresentou um terceiro evento exotérmico, que segundo a literatura especializada pode ser atribuído a ligações intermoleculares relacionados a acoplamento organo-mineral, em setores periféricos da matéria orgânica. Nas amostras de LES e LESM apresentaram os mesmo comportamento endotérmico nos segundo e terceiro evento, sendo que LESM apresentou um aumento nas temperaturas e no ΔH em relação ao LES, com exceção do segundo evento de LESM apresentou um aumento de 12,5 J g -1 em relação ao LES, esta relacionada continua perda de massa da amostra sugestionam a presença de ligações fortes na amostra LESM, podendo está relacionada, principalmente, ligações química. Segundo Mercê et al (2000) que estudaram a utilização de soluções de um biopolímero natural como agente complexante dos íons Co 2+, Mn 2+, Ni 2+ e Zn 2+, obtiveram curvas de TG e DSC que apresentaram temperaturas de degradação finais maiores que a curva do biopolímero, comportamento que também foi observado no estudo conduzido neste trabalho. Otero et al (2002) ao estudaram a termodecomposição de diferentes tipos de lodo através de curvas TG/DTG e DTA, observaram comportamento termoanalitico semelhante à amostra de lodo de esgoto sanitário e do resíduo sólido orgânico, sobretudo da amostra de LES. Mangrich et al (2000) que estudaram a termodecomposição e comportamento cinético de vermicompostos, que apresentaram picos de termodecomposição nas faixas de temperaturas semelhantes aos encontrados em nosso trabalho, entretanto a percentagem de perda de massa foi bastante alta dos vermicompostos, devido a maior participação da fração orgânica nestes compostos. Os estudos das curvas de DSC apresentaram comportamentos semelhantes aos observados neste trabalho, apresentando eventos indicativos de dois tipos de ligações: intramolecular e intermolecular. CONCLUSÃO Com base no trabalho realizado, concluiu-se que: As propriedades termoanalíticas e calorimétricas do lodo de esgoto e do resíduo orgânico apresentam modificações nas características físico-químicas quando são submetidos ao processo de sorção dos metais pesados. As técnicas de análise térmica apresentaram-se com boa reprodutibilidade na avaliação da interação entre os metais e os dois substratos estudados. Demonstrando assim que a quimissorção entre os adsorvatos (íons metálicos) e os biossorventes ocorreu de maneira efetiva e aumentou a estabilidade térmica dos compostos formados durante o processo de sorção. AGRADECIMENTOS Os autores deste trabalho agradecem ao CNPq e CAPES pelo apoio financeiro para realização desta pesquisa. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 7
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. APHA, AWWA, WEF. Standard Methods for the Examination of Waterwaste. 19th ed. American Public Health Association. American Water Works Associations, Water Environmental Federation. Washington, DC, p ARICAN, B., GOKEAY, C. F., YETIS, U. Mechanistics of nickel sorption by activated sludge. Process Biochemistry 37, p BARROS JR, L. M. B., MACEDO, G. R., DUARTE, M. M. L., SILVA, E. P., SILVA, S. F. Remoção de metais pesados presentes nas águas de produção de campos de petróleo. in: Anais do IV Congresso Brasileiro de Engenharia Química COBEQ, Natal DUARTE, M. S. B. Estudo do processo de biossorção de metais pesados em colunas verticais de resíduos sólidos orgânicos. Campina Grande/PB/Brasil. Dissertação de mestrado. PRODEMA/UEPB/UFPB. p ECCLES, H. Removal of heavy metals from effluent streams why select a biological process? Journal International Biodeterioration & Biodegradation 44 (5), p HATAKEYAMA, T., QUINN, F. X. Thermal Analysis: fundamental and applications to polymer science. John Wiley, New York, p MANGRICH, A. S., LOBO, M. A., TANCK, C. B., WYPYCH, F., TOLEDO, E. B. S., GUIMARÃES, E. Criterious preparation and characterization of earthworn-composts in view of animal waste recycling. Part I. correlation between chemical, thermal and FTIR spectroscopic analyses of four humic acids from earthworm-composted animal manure. Journal Brazilian Chemistry Society 11 (2), p MERCÊ, A. L. R., FERNANDES, E., MANGRICH, A. S., SIERAKOWSKI, M. R. Evaluation of the complexes of galactomannan of leucaena and Co 2+, Mn 2+, Ni 2+ and Zn 2+. Journal Brazilian Chemistry Society 1 (3), p MOTHÉ, C. G.; AZEVEDO, A. D. De. Análise Térmica de Materiais. Ieditora, São Paulo, p OTERO, M., CALVO, L. F., ESTRADA, B., GARCIA, A. I., MORÁN, A. Thermogravimetry as a technique for establishing the stabilization progress of sludge from wastewater treatment plants. Thermochemical Acta 389, p PINTO, G. A. S.; LEITE, S. G. F.; CUNHA, C. D.; MESQUITA, L. M. DE S. Aplicação de Microrganismos no Tratamento de Resíduos: A Remoção de Metais Pesados de Efluentes Líquidos. Disponível em: < >. Acesso em 06 dez SAWYER, C. N., MCCARTY, P. L., PARKIN, G. F. Chemistry for Environmental Engineering. 4th ed. McGraw-Hill. New York, p SOUZA, A. G.; SANTOS, J. C. O.; CONCEIÇÃO, M. M.; SILVA, M. C. D.; PRASAD, S. A Thermoanalytic and Kinetic Study of Sunflower Oil. Brazilian Journal of Chemical Engineering 21 (2), p VOLESKY, B. Biosorption of Heavy Metals. CRC Press, McGill University, Montreal, p ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 8
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