COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E COMBATE AO CRIME ORGANIZADO PROJETO DE LEI Nº 156, DE 2018

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1 COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E COMBATE AO CRIME ORGANIZADO PROJETO DE LEI Nº 156, DE 2018 Modifica a Lei , que dispõe sobre a proibição de revista íntima de funcionárias nos locais de trabalho e trata da revista íntima em ambientes prisionais e dá outras providências. Autor: Deputado Rafael Oliveira : I RELATÓRIO O projeto de lei nº 156/2018 busca modificar a Lei , que dispõe sobre a proibição de revista íntima de funcionárias nos locais de trabalho e trata da revista íntima em ambientes prisionais. Dentre suas inovações, o projeto de lei cria obrigações para que os procedimentos de revistas sejam feitos de forma mecânica, a partir de equipamentos como detectores de metais, aparelhos de raio-x, entre outros, com parâmetros definidos pelo Conselho Nacional de Justiça, Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária e os órgãos responsáveis pela unidade. Ainda, incumbe o Poder Executivo de publicitar nos estabelecimentos prisionais esta peça legislativa. Em sua justificação, o Sr. Deputado explana que o objetivo do projeto de lei é dispor de mecanismos para proteção da dignidade da pessoa, em especial das mulheres, e combater abusos e práticas vexatórias a que são expostas diante da revista em estabelecimentos penais, em especial a revista íntima, como trouxe o relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos sobre Mulheres Encarceradas. Apensado ao projeto de lei supramencionado, encontra-se o projeto de lei nº 158/2018, que dispõe sobre o sistema de revista aos visitantes nos estabelecimentos prisionais de qualquer espécie e dá outras providências. No projeto apensado, além de estabelecer o direito à revista mecânica, se proíbe a revista íntima e se veda a revista manual. Justifica-se o projeto de lei, segundo a Sra. Deputada autora, pelo princípio da dignidade humana. Conforme explica, ao aplicar a revista íntima, o Estado submete aos familiares dos presos a situação semelhante a condenação, em atitude que viola seu direito a intimidade e integridade, e prejudica a manutenção dos vínculos familiares dos

2 indivíduos em situação de restrição de liberdade. Ainda, apontam-se dados da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo, de 2012, apontando que de aproximadamente 3,5 milhões de pessoas submetidas à revista íntima em todo o Estado, apenas em 0,03% dos casos houve apreensão de objetos proibidos, e menos de 10% deste total foram apreendidos celulares, o que indica segundo a Autora que estes encontram outros meios para adentrar o ambiente prisional. Em 02 de julho de 2018, foi designado o Sr. como do projeto de lei nº 156/2018, em tramitação com o projeto de lei nº 158/2018, apensado, no âmbito da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. É o relatório. II VOTO DO RELATOR O cerne das propostas analisadas é a proteção da dignidade humana, princípio fundamental da República, e a proteção contra a tortura, tratamentos degradantes e inviolabilidade da intimidade e da honra das pessoas, garantias fundamentais dos brasileiros e estrangeiros residentes no país. Em que pese a existência de legislação voltada para a revista em estabelecimentos prisionais em alguns Estados da Federação 1 e o ordenamento jurídico pertinente sobre os 1 Lei Estadual /97 do Estado de Minas Gerais; Lei Estadual 6.611/01 do Estado do Espírito Santo; Lei Estadual 8.370/03 do Estado do Rio Grande do Norte. direitos individuais, persistem os relatos de abusos praticados por agentes do Estado durante a revista em visitantes de unidades prisionais 2. Não obstante a existência destes relatos, na elaboração da Lei , de 15 de abril de 2016, a parte que trazia menção ao sistema prisional foi vetada 3, em razão da possibilidade de se compreender o artigo vetado como uma autorização de revistas íntimas, de forma que dita lei, com sua redação atual, apenas trata da proibição da revista íntima de funcionárias e de clientes do sexo feminino em empresas privadas e na Administração Pública. O projeto de lei nº 156/18 busca corrigir esta deficiência, ao incorporar novos artigos à lei existente, onde define a forma como deve ser feita a revista. Todavia, ainda que não seja necessário um esforço hermenêutico por parte deste para compreender que o acréscimo do parágrafo único ao art. 1º da Lei /16 busca proibir

3 a revista íntima dos visitantes de estabelecimentos prisionais, o caput da referida lei proíbe que se adotem qualquer prática de revista íntima de suas funcionárias e de clientes do sexo feminino. Nesse sentido, deixa-se aberta à interpretação, tanto do judiciário, quanto dos agentes executores, quem seriam de fato os clientes do sistema prisional, que na opinião deste seriam os presidiários e presidiárias, e não os visitantes dos mesmos, permanecendo assim o déficit protetivo para os indivíduos que justificam a existência do referido projeto de lei. Feitas as devidas considerações a respeito do projeto de lei nº 156/18, passemos agora a analisar o projeto de lei nº 158/18. O projeto de lei nº 158/18 também propõe inovações legislativas a respeito do uso de equipamentos mecânicos para a realização da revista, sendo entretanto mais claro a respeito de quem seriam os visitantes dos estabelecimentos prisionais parágrafo único do art. 1º, e sobre os tipos de revista vedadas. Contudo, visualizo questões do texto que poderiam ser aprimoradas. A escrita do caput do art. 1º precisa ser corrigida, e a do caput do art. 2º pode levar à interpretação de que a proibição da revista íntima é para todos os presentes em estabelecimento prisional, ainda que em seu parágrafo único haja a menção aos visitantes. Desta forma, se propõe emenda para adequação destas questões. O art. 3º veda o uso de revista manual, porém, em seu 3º dispensa da revista mecânica gestantes e usuários de marca-passo. Desta maneira, gestantes e usuários de marca-passo ficariam dispensados de qualquer forma de revista corporal, o que na concepção do gera prejuízos para o controle de substâncias e para o funcionamento das unidades prisionais. Para sanar esta questão, se propõe em emenda a permissão de revista manual nos mesmos, conforme realizado por exemplo nos aeroportos, por força da Resolução ANAC nº 207, de 2011, e também a alteração para portadores de dispositivos médicos implantáveis, para abranger também os portadores de implante coclear, e outros. Concluindo, no art. 5º, o projeto de lei determina que as atribuições referentes à aprovação desta lei serão exercidas pelo Ministério da Justiça, sem ter esclarecido em na proposta legislativa quais são as atribuições geradas pelo texto legal. Nesse sentido, se propõe a supressão do mesmo.

4 Em face das duas propostas apresentadas, e buscando a melhor solução formal para assunto tão relevante, o presente julgou ser mais pertinente e oportuno a criação de um novo normativo, ao invés da modificação do normativo presente proposto pelo projeto de lei nº 156/18, de forma a prezar tanto pela proteção atual da Lei /16, quanto para gerar a proteção desejada. Isto posto, voto pela rejeição total do projeto de lei nº 156/18, e pela aprovação do projeto de lei nº 158/18, com emendas, onde o realizou alterações julgadas pertinente. CONCLUSÃO Em síntese, buscando aprimorar a qualidade da legislação, de forma que a legislação responda, da melhor forma, às exigências de eficácia, eficiência e efetividade, que seu conteúdo seja claro, preciso e conciso, e que sua sistematização facilite a aplicação e o entendimento da lei pelos seus destinatários, voto pela rejeição total do projeto de lei nº 156/18, e pela aprovação do projeto de lei nº 158/18, com as emendas sugeridas. COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E COMBATE AO CRIME ORGANIZADO EMENDA SUBSTITUTIVA Modifica o Art. 1º do PL 158/2018, para qualificação formal do projeto de lei. Art. 1º O art. 1º do PL 158/2018 passa a vigorar com a seguinte redação:... Art. 1º A revista de visitantes nos estabelecimentos prisionais estaduais e federais, necessária à segurança, deverá ser realizada de forma a garantir a dignidade humana.

5 Parágrafo único. Considera-se visitante todo aquele que adentra em estabelecimento prisional com interesse em manter contato direto ou indireto com detento, ou para prestação de serviço de ordem terceirizada (NR) EMENDA MODIFICATIVA Nº 2 Modifica o caput do Art. 2º do PL 158/2018. Art. 1º O caput do art. 2º do PL 158/2018 passa a vigorar com a seguinte redação:

6 ... Art. 2 Fica proibida a revista íntima de visitantes em qualquer estabelecimento prisional de todo território nacional (NR) EMENDA SUPRESSIVA Nº 1 Suprime o Art. 5º do PL 158/2018. Art. 1º Suprime o art. 5º do PL 158/2018, em epígrafe... Art. 5 As atribuições referentes à aprovação desta lei serão exercidas pelo Ministério da Justiça (NR) EMENDA SUBSTITUTIVA Nº 1 Substitui o Art. 3º ao PL 158/2018. Art. 3º Todo visitante que adentrar em estabelecimento prisional terá assegurado o direito a revista mecânica, sendo vedada a negação da autorização de entrada pelo visitante se recusar a realizar exame clínico invasivo ou por se recusar a passar por procedimentos de desnudamento, esforço físico repetitivo ou espelhos. 1º O processo de revista mecânica deve atender a um padrão que garanta a segurança do estabelecimento prisional.

7 2 O processo de revista mecânica deve ser conduzido por funcionários treinados para este fim, com o auxílio de aparelhos de raio-x, scanner corporal ou equipamentos eletrônicos detectores de metais. 3º Ficam dispensados da revista mecânica gestantes e visitantes portadores de dispositivos médicos implantáveis. 4º Visitantes que se enquadram na exceção do 3º deverão se passar por revista manual. EMENDA ADITIVA Nº 1 Acrescenta o seguinte parágrafo ao Art. 3º do PL 158/2018. Art. 1º O art. 3º do PL 158/2018 passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 3º º Após o processo de revista, na impossibilidade de assegurar que o visitante não porta item proibido, o seu acesso às áreas restritas de segurança será negado (NR) EMENDA ADITIVA Nº 2 Acrescenta art. ao PL 158/2018, para

8 permitir a utilização de recursos de Fundos Federais específicos para aquisição de equipamentos necessários para a execução do projeto de lei. Art. 1º O PL 158/2018 passa a vigorar acrescido com a seguinte redação:... Art. Autoriza a União a utilizar e a repassar aos Estados recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública, do Fundo Penitenciário Nacional, e do Fundo de Defesa de Direitos Difusos, para a aquisição dos equipamentos necessários para o devido cumprimento desta lei (NR) EMENDA ADITIVA Nº 3 Acrescenta art. ao PL 158/2018, atribuindo ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária a elaboração de relatórios bianuais sobre a situação das revistas de visitantes nos presídios federais e estaduais. Art. 1º O PL 158/2018 passa a vigorar acrescido com a seguinte redação:... Art. O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária deverá em 2019, e a partir de então bianualmente, elaborar relatórios a situação das revistas de visitantes nos estabelecimentos prisionais. Parágrafo único. Os itens abordados no relatório serão definidos por portaria do Conselho Nacional de Política Criminal e

9 Penitenciária, e deverá conter minimamente questões sobre a disponibilidade dos meios necessários para cumprir está legislação, funcionamento dos mesmos e o índice de visitantes presos em flagrante buscando adentrar o estabelecimento prisional com itens proibidos (NR)