ANÁLISE DA MOTRICIDADE GLOBAL, EQUILÍBRIO E ORGANIZAÇÃO TEMPORAL EM ALUNOS DO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

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1 Carlos Henrique da Silva David Campelo da Cruz Thiago Roosevelt Borges Melo ANÁLISE DA MOTRICIDADE GLOBAL, EQUILÍBRIO E ORGANIZAÇÃO TEMPORAL EM ALUNOS DO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL Artigo apresentado ao Curso de Licenciatura em Educação Física como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Educação Física. Orientador: Prof. Dr. Elvio Marcos Boato Assinatura do orientador Assinatura da avaliadora

2 Análise da Motricidade Global, Equilíbrio e Organização Temporal em Alunos do 6º ano do Ensino Fundamental RESUMO O objetivo desse artigo foi avaliar a motricidade global, o equilíbrio e a organização temporal em alunos do 6 ano do Ensino Fundamental que não tiveram aulas de Educação Física e não praticaram alguma modalidade esportiva durante o Ensino Fundamental. A amostra foi composta por 18 alunos do 6º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública da cidade de Ceilândia-DF. Diante dos dados apresentados nesse estudo, observou-se que grande parte dos alunos não apresentou bons resultados nos testes, estando fora da idade motora nos itens avaliados o que pode significar que a falta de Educação Física Escolar nas séries iniciais e na Educação Infantil leva a déficits no desenvolvimento motor. Tais resultados apontam para a necessidade de mais estudos longitudinais voltados a área que, além de levantar tais problemas, possam buscar uma possível solução para os mesmos, que pode ser a implantação de aulas Educação Física ministrada por um profissional da área nas series iniciais do Ensino Fundamental e na Educação Infantil, conforme legislação vigente no País. PALAVRAS-CHAVE Motricidade global, equilíbrio, organização temporal, Educação Física.

3 1 INTRODUÇÃO O profissional de Educação Física exerce um papel fundamental nas series iniciais do ensino fundamental, porém no cenário atual da educação brasileira são poucas as escolas que podem contar com esses profissionais. Em geral nas series iniciais do ensino fundamental e na educação infantil, as aulas de Educação Física, com algumas exceções, não são ministradas por profissionais da área, e sim desenvolvidas por meio da unidocência, ou seja, essas aulas são ministradas pelo próprio professor da classe, no caso um pedagogo, conforme afirma Darido e Rangel (2005, apud RODRIGUES et al 2011). Porém, esses profissionais carecem de formação adequada para ministrar as aulas de Educação Física que são fundamentais para o desenvolvimento da criança, além de fazer avaliações do desenvolvimento motor das mesmas. Diante da importância do professor de Educação Física, Rosa Neto (2002) destaca que o conhecimento de provas para avaliar o desenvolvimento motor da criança permite prevenir as dificuldades de aprendizagem escolar. O desenvolvimento motor é um processo sequencial, relacionado à idade cronológica, trazido pela interação entre os requisitos das tarefas, a biologia do individuo e as condições ambientais, sendo inerentes as mudanças sociais, intelectuais e emocionais, segundo Gallahue e Ozmun apud ROSA NETO et al, (2010). Ainda segundo Gallahue (2005), o desenvolvimento motor é uma mudança progressiva no comportamento motor de uma pessoa desencadeado pela interação de tarefa de movimento com a biologia do individuo e as condições do ambiente de aprendizado. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) acrescentam que, principalmente no que diz respeito às habilidades motoras, os alunos devem vivenciar os movimentos numa multiplicidade de situações, de modo que construam um repertório amplo. Dentro desta concepção, a avaliação motora deve ser rotina nas escolas, possibilitando um melhor diagnostico da criança, com um conhecimento mais aprofundado de suas possibilidades e limitações reais

4 (ROSA NETO et al., 2010). Ainda segundo os PCN s (BRASÍL, 1997), as avaliações dentro desta área se resumem a alguns testes de força, resistência e flexibilidade, medindo apenas a aptidão física do aluno. Já Rosa Neto et al (2010), afirmam que a aptidão motora não vem recebendo o devido acompanhamento e as crianças que apresentam dificuldades nas realizações de algumas tarefas sendo, sob a perspectiva do senso comum, frequentemente chamadas de descoordenadas ou desajeitadas. Sendo assim, o objetivo desse artigo foi avaliar a Motricidade Global, o Equilíbrio e a Organização temporal em alunos do 6 ano do Ensino Fundamental que não tiveram aulas de Educação Física e não praticaram alguma modalidade esportiva durante o Ensino Fundamental. 2 METODOLOGIA 2.1 INSTRUMENTO Para tal analise foi aplicada a Escala de Desenvolvimento Motor proposta por (ROSA NETO, 2002), como Motricidade Global, Equilíbrio e Organização temporal. 2.2 AMOSTRA A amostra desse estudo foi composta por 18 alunos sendo 14 meninas e 4 meninos matriculados no Centro de Ensino Fundamental 12 de Ceilândia, Unidade de Ensino da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal. Os alunos foram selecionados considerando o fato de não terem tido aulas de educação física e nem participado de alguma modalidade esportiva nos quatro primeiros anos do Ensino Fundamental. Os alunos que fizeram parte da amostra tinham 11 anos de idade cronológica, não eram repetentes e estavam cursando o 6 ano do ensino fundamental.

5 2.3 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS Para a seleção dos alunos que participaram da pesquisa, foi entregue um questionário composto por três perguntas para identificar quais alunos seriam adequados para o estudo. Tal questionário tinha como objetivo saber se os alunos tiveram aulas de educação física nas séries iniciais, se em algum momento da infância participaram de alguma modalidade esportiva e saber a idade dos alunos. Depois de selecionados os alunos que tiveram os requisitos corretos para participarem do estudo, foi entregue um termo de consentimento livre e esclarecido para que os pais ou responsáveis autorizassem a participação de tais alunos na pesquisa. Para mensurar o nível de desenvolvimento motor dos alunos foram utilizados os testes específicos para idade cronológica de onze anos da Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto (2002). Foram aplicados testes de Motricidade Global, Equilíbrio e Organização temporal. Todos os testes foram aplicados no mesmo local para todos os alunos e foi respeitando a ordem dos testes proposta pelo autor. O tempo de aplicação dos testes teve em média 20 minutos. Os participantes foram avaliados como propõe a E.D.M, e caso o aluno tivesse êxito no teste específico conseguiria nota 1, caso contrário 0(zero) e em alguns testes específicos nota 0,5 caso não conseguissem concluir perfeitamente o teste. Comparando-se o resultado obtido com a idade cronológica (em meses), foi determinado se há atraso, avanço ou se está na faixa normal do desenvolvimento motor de cada criança. 3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS Abaixo são apresentados e discutidos os resultados obtidos na aplicação dos testes durante a realização desse estudo.

6 Figura 1: motricidade global No teste de Motricidade Global, proposto para sua idade cronológica, 66,67% dos alunos concluíram com perfeição os testes e 33,33% não concluíram a atividade, mostrando que não estavam com a Motricidade Global compatível com a sua idade motora cronológica. Um estudo realizado por Crippa et al (2003) com crianças que praticaram Educação Física com profissional da área demonstrou que tais alunos obtiveram um resultado satisfatório. Tal fato pode apontar para a conclusão de que alunos que não têm uma prática sistemática de atividade física com professores habilitados apresentam déficit no desenvolvimento da motricidade global. Figura 2: Equilíbrio

7 Já nos testes que mensuraram o Equilíbrio os alunos tiveram uma queda no rendimento. Neles, os alunos que obtiveram êxito foram 44,44% e os alunos que não conseguiram concluir o teste foram de 55,56% da amostra. No estudo Crippa et al (2003) com alunos que tiveram Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental, os resultados foram diferentes: os alunos estavam no padrão desejado para sua idade cronológica. Diante dos resultados desfavoráveis apresentados pelos alunos nessa pesquisa, pode-se notar o quão prejudicial é a falta de uma atividade tão importante para os alunos nas séries iniciais, principalmente considerando o que diz Rosa Neto (2002) quando destaca que o equilíbrio é a base primordial de toda ação diferenciada dos segmentos corporais. Figura 3: Organização temporal No teste que avaliou a Organização Temporal nos alunos, a amostra apresentou um grande déficit similar ao equilíbrio, sendo que parte significativa dos participantes não conseguiu concluir o teste e apenas 44,44% dos alunos concluíram os testes com perfeição. No estudo de Crippa et al (2003), realizado com alunos que praticam atividade física na escola desde as séries iniciais, os mesmos conseguiram um bom rendimento na organização temporal sendo compatível idade cronológica.

8 Diante dos dados apresentados nesse estudo, observou-se que grande parte dos alunos não estava com a Motricidade Global, Equilíbrio e Organização temporal compatíveis com sua idade cronológica. Nesse ponto, é importante ressaltar que os alunos investigados não praticaram educação física nas séries iniciais, podendo ser esse o motivo para apresentarem aspectos motores inferiores a sua idade cronológica. Diante disso uma interferência torna-se necessária para adequar os alunos na sua respectiva idade cronológica, ou seja, é preciso que se faça um trabalho de Educação Física visando a recuperação desses déficits. Em geral nas séries iniciais do ensino fundamental e na educação infantil as aulas de Educação Física, com algumas exceções, não são ministradas por profissionais da área, e sim desenvolvidas por meio da unidocência conforme afirma Darido e Rangel (apud RODRIGUES et al 2011). Um estudo realizado por Cotrim et al (2011) demonstra que crianças que tiveram aulas de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental I com um professor de Educação Física apresentaram um desenvolvimento motor maior quando comparado com crianças que cursaram as mesmas séries iniciais e que tiveram atividades recreativas ministradas pelo professor responsável pela turma. Tais aulas devem ser ministradas por profissionais da área segundo Ethepare, Pereira e Zinn (2003) e o profissional mais preparado para trabalhar o desenvolvimento físico e motor da criança, é o professor de Educação Física, pois possui maior embasamento, tanto teórico quanto prático, para trabalhar com a Educação Física nas séries iniciais e ainda é capaz de reconhecer melhor os objetivos de cada prática, o que muitas vezes não acontece com o professor de classe, que aplica exercícios sem saber claramente aonde quer chegar. Outro estudo feito por Lopes e Farjalla (2009) demonstrou que as aulas de Educação Física potencializam o processo de desenvolvimento motor, baseando-se nos resultados obtidos, em que os alunos de escola particular que tinham aulas de Educação Física, obtiveram melhores resultados quando analisados de maneira geral em comparação com os alunos de rede pública que não tinham essas mesmas aulas. Segundo Schirmer, Fontoura e Nunes (apud Rosa Neto et al, 2007) a Educação Física adquire papel importante na

9 medida em que pode estruturar o ambiente adequado para a criança, oferecendo experiências, resultando assim numa grande auxiliar e promotora do desenvolvimento humano, em especial ao desenvolvimento motor. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com bases nos resultados obtidos nesse estudo evidencia-se um déficit significativo dos alunos que participaram da pesquisa na motricidade global, equilíbrio e organização temporal. Enfatiza-se que esses alunos chegaram ao Ensino Fundamental II sem ter vivenciado aulas de Educação Física com profissional especializado anteriormente. Tais resultados apontam para a necessidade de mais estudos longitudinais voltados a área que, além de levantar tais problemas, possam buscar uma possível solução para os mesmos, que pode ser a implantação de aulas de Educação Física ministradas por um profissional da área nas series iniciais do Ensino Fundamental e na Educação Infantil, conforme legislação vigente no País.

10 5 REFERÊNCIAS Brasil. Secretária de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, COTRIM, Joao Roberto; LEMOS, Anderson Garcia; NÉRI JÚNIOR, Joao Evangelista; BARELA, José Angelo. Desenvolvimento de habilidades motoras fundamentais em crianças com diferentes contextos escolares. R. da Educação Física/UEM, Maringá, v. 4, n. 22, p ,4. Trim CRIPPA, Liamara Regina; SOUZA, Janaina Medeiros; SIMONI, Silvia; ROCCA, Renata Della. Avaliação motora de pré-escolares que praticam atividades recreativas. R. da Educação Física/UEM, Maringá, v. 2, n. 14, p.13-20, 2. sem ETCHEPARE, Luciene Sanchotene; PEREIRA, Érico Felden; ZINN, Joao Luiz. Educação física nas series iniciais do ensino fundamental. R. da Educação Física/UEM, Maringá, v. 1, n. 14, p.59-66, 1. sem GALLAHUE, David L.; OZMUN, John C.. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Bebês, Crianças, Adolescentes e Adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte Editora, p. LOPES, Gabriela Beghini; FARJALLA, Renato. Desenvolvimento motor de crianças pré-escolares de escolas publica e privada de Petrópolis. R. Min. Educ. Fis., Viçosa, v. 1, n. 17, p.38-49, RODRIGUES, Rosenan Brum; POSTAI, Elisandra; KATZER, Juliana Izabel; PALMA, Luciana Erina; CORAZZA, Sara Teresinha. Tempo de Reação e Equilíbrio de Escolares com e sem Professor de Educação Física nas Séries Iniciais. Pensar a Prática, Goiania, v. 2, n. 14, p.1-15, Não é um mês valido! ROSA NETO, Francisco. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed, p. ROSA NETO, Francisco; ALMEIDA, Geciely M. Fogaça de; CAON, Giane. Desenvolvimento motor de crianças com indicadores de dificuldades na aprendizagem escolar. R. Bras. Ci. e Mov., Brasília, v. 1, n. 15, p.45-51, ROSA NETO, Francisco; SANTOS, Ana Paula Maurilia dos; XAVIER, Regina Ferrazoli Camargo; AMARO, Kassandra Nunes. A importância da avaliação motora em escolares: analise da confiabilidade da escala de desenvolvimento motor. Rev. Bras. Cineantropom Hum., Florianópolis, v. 6, n. 12, p , abr